Vi-me num sítio escuro, estranho e desconhecido. Levantei-me devagar e vi um vulto negro. Olhei em volta confusa e perguntei:
–Hum...Onde estou??
–Oi Kuroi.
–Essa voz...
–Você não lembra de mim? -ouvi o som da katana sendo desembanhada
–Uchiha...-arregalei os olhos
Se sente perdida? Se sente triste? Apaixonada?
Sabe o que é o amor?
–Q-quem é você?
Sua sombra, Kuroi Mystia. Eu sou seu passado! Seu presente! E seu futuro!
Eu fico nas sombras, posso me ferir que não vou gritar, eu sou você.
Se liberte dessa sua concha.
–E...eu não sei do que está falando....
Sério? Quantas vezes você quis deixar tudo para ir atrás da sua irmã? Quanta vezes já quis pegar nas suas coisas e deixar essa vida de konuichi para trás? Quantas vezes quis que o tempo parasse nos bons momentos?
–Pára! Pára! Pára! - gritei e tapei os ouvidos.
–Mys...
–Quem é vo...Onee-sama... - afirmei com lágrimas nos olhos
–Você....
–O que está esperando? - ela perguntou fria
–O-o quê?
–O que está esperando para deixar essa vida? Você não pertence a Konoha.
–Não! Você está enganada, Konan. Esse aí é mesmo meu sítio. Onde está a Hina, a Ino, o Naruto...
–Mas ele não está...
–Ele?
–Apenas pense nisso, irmãzinha.
Tudo voltou a ficar negro, eu me afastava, o chão saia debaixo de meus pés.
–Espere!
Acordei ofegante e assustada. Já se tinha passado uma semana desde aquela missão, seria hoje que eu seria liberada do hospital, mas, nessa semana esses sonhos ainda não tinham parado, o Uchiha, a minha onee-sama, essa voz...Ah! Estou dando em doida.
–Senhorita. - Shizune abriu a porta. - Chegou a hora de ir embora.
–Shizune-san...-suspirei- Tô indo.
–Suas roupas estão no ármário, senhorita. - Shizune avisou e saiu fechando a porta.
–Huh... - levantei-me devagar da cama de hospital e abri a porta do armário, retirando as minhas roupas.
Arranjei-me o mais depressa possível e fui em direcção à recepção onde as minhas amigas me esperavam.
–Minha morena linda! - acenou Ino
–Mys-chan. - Hinata sorriu.
–Oi. - falou Sakura.
–Hey my people - abri um sorriso.
–Como você está? - perguntou Hinata enquanto caminhava comigo até à porta seguida por Ino e Sakura.
–Bem melhor, mas...-esitei um pouco.
–Mas? - perguntou Sakura impaciente.
–Hum...nada de mais.
–Agora vai ter que dizer. - Falou Ino
–Hina...me ajuda....
–Vai ter mesmo que dizer, Mys. - ela riu
–Hina - suspirei - é que eu tive uns pesadelos meio que estranhos.
–Estranhos? - perguntou Sakura curiosa
–Sim...a minha irmã e o...
–O? - Hina insnetivou-me a continuar.
–Ninguém. - pus um fim na conversa - E que tal a gente ir comer alguma coisa na minha casa? - desviei o assunto.
–Não posso, tenho treinamento. - Respondeu Sakura.
–Nós vamos. - Hina e Ino falaram em unissom
–Que bom - eu sorri. - Oh e que pena Saky...
–É mesmo - ela deu de ombros - Vou indo, tá? - Ela sorriu e acenou se distanciando
–Uau que clima vocês duas. - comentou Ino
–O que foi Ino?
–Não se faça de desentendida, Mys. Tu e a Saky tá na cara que não são as melhores amigas.
–Nem nunca fomos.
–Hum...não arrumem confusão, por favor.
–Pode deixar, Hina. -sorri
–Ah, garotas do meu coração querem me ajudar na floricultura hoje de tarde? Ela tá por minha conta nessa tarde e tenho trabalho atrasado.
–Eu...eu...não posso - gaguejou Hina - eu e o Naruto-kun...ah...
–Vocês são sair de novo, né? - eu ri - Pode contar comigo, Ino. Não quero morrer de tédio.
Eu, Hina e Ino fomos na minha casa, fizemos um lanche e passamos um bom tempo fofocando, jogando verdade ou desafio, estive contando detalhes da minha missão, pintamos as unhas, estive me informando das novidades de Konoha ou como eu lhes chamo "últimas fofoquices de Konoha", enfim coisas de garotas, temos direito, né?
A um certo momento, Hina olhou as horas e um sorriso cresceu rapidamente no seu rosto.
–Tá na hora, né? - eu sorri
–É...-ela corou e se levantou. - Então...tchau, meninas.
–Tchau aí - disse Ino acenando.
–Tchau e boa sorte - acenei também.
Hina saiu de minha casa já apressada e fechou a porta atrás de si. Fiquei algum tempo a olhar para nada quando Ino me interrompeu.
–Hum...e se a gente fosse indo?
–Parece-me bem, Ino-chan. - sorri e levantei-me
–Ué, espera. - Ino me seguiu.
Abri a porta e sai juntamente com Ino, andar pelas ruas de Konoha parecia algo novo depois de tanto tempo no hospital. Olhava à volta e tinha gente fofocando enquanto me olhava, o meu regresso se tornou uma fofoca, hein? Tinha gente que passava e me olhava com cara surpresa, fiquei uma semana fora de acção e meio mundo acha que eu morri? Tsc, que ruim.
Entrei na floricultura com a Ino, a mãe dela havia deixado a porta aberta e Shikamaru se encontrava lá dentro.
–Oi Shika-kun. - falei enquanto entrava.
–Oi Shikamaru - Ino entrou na minha frente e se apressou a vestir um avental.
–Awn. - ele arregalou os olhos - você ainda está viva garota?
–Tsc, Shika, essa doeu. Vai dormir que você tá cheio de sono.
–Deixa de gozar, sua problemática.
–Viu, Mys, já tá roubando o lugar da Temari. - riu Ino.
–Preguiçoso - suspirei. - E aí, Ino, que tem pra gente fazer?
–Bem, podemos começar por limpar isso aí e depois talvez pôr uma flores novas que chegaram.
–Tá. - assenti com a cabeça.
–E você, Shikamaru?
–Eu o quê, Ino?
–Que você quer?
–Ah, nada. - ele deu de ombros - Só vi a porta aberta e então decidi entrar pra ver se você tava por aqui.
–Você realmente não vive sem mim.
–Tsc. - ele suspirou - Suas problemáticas.
–Mas, já que está aí, Shika-kun... - fiz uma pausa - Você poderia nos ajudar, né?
–E-eu?
–Sim, você. - fiz olhos de cachorro pra ele
–Tudo bem... - ele suspirou e eu passei uma vassoura para a mão dele.
–Agora vai, trabalha, preguiçoso - riu Ino
Eu fui com Ino buscar as flores às traseiras e começei a arruma-las com ela.
Hum...-bocejou Shikamaru-Sono...
–Tsc, preguiçoso. - provocou Ino
–É...mas tem quem goste de mim desse jeito, né, Mys?
–É! Não se mete com o meu Shika-kun - abraçei ele
–Uau, amizade - ela riu
–É para isso que servem os melhores amigos - ri junto
De um momento para o outro ouviu-se um barulho alto eu me virei preocupada, mas logo fiquei sem jeito.
–Shi-shika-kun....
–Ele adormeceu. - gota - Esse preguiçoso
–É mesmo, Ino.
–Acorda logo! - dei com a vassoura nele como se o estivesse a varrer do chão
–Awn, deixa eu dormir.
–Vai pra casa, garoto. - suspirou Ino
–Tô indo - Shikamaru sai correndo da floricultura.
–Seu preguiçoso, você me paga! - Ino gritou sorrindo
Ri da cara boba dos dois, sabem viver em Konoha é uma experiência bastante...huh, divertida? Eh, divertida.
Nas duas horas seguintes eu e Ino acabamos de limpar a floricultura, estava tudo num brinquinho, o chão estava limpo, as flores mudadas, tudo organizado...
O Sol estava a pôr-se e Ino apressou-se a olhar as horas no relógio.
–Hora de ir para casa. - ela sorriu
Ino POV's
Hoje de manhã fui com as meninas buscar a Mystia no hospital. Sim, ela finalmente foi liberada.
Depois de lancharmos em casa dela, nós fomos para a floricultura.
Eu confesso que puxo ao lado da minha mãe no facto de ser distraída porque ela deixou tudo bagunçado e aberto quando saiu. Ela não tem remédio, mães...ai ai.
A Mystia me ajudou a limpar tudo antes da hora de fechar, a floricultura nunca está muito movimentada às sextas...Quem eu estou enganando? Isso passa a vida às moscas.
Estava a hora de ir embora e disse.
–Hora de ir para casa - sorri animada
–Huh? - ela pareceu acordar do seu transe - Desculpe, não ouvi.
A Mys tem estado estranha desde que saiu do hospital sempre pensativa e distraída, o que não é defenitivamente o género dela.
–Passa-se alguma coisa? - perguntei já deconfiada
Ela pareceu-me hesitar um pouco, mas, no fim respondeu.
–De jeito nenhum - riu sem jeito - Porque se passaria algo?
–Cê tá estranha desde hoje de manhã.
Pareceu-me de novo hesitante e nervosa. Ignorou a minha afirmação do jeito menos rude que arrumou e disse.
–É melhor a gente ir pra casa né?
–Foi isso que eu disse - murmurei num tom muito baixo.
–O quê? Não consigo ouvir você.
–Oh, deixa pra lá. Vai pra casa, até amanhã.
–Tudo bem. Tchau, tchau. - Mystia falou saindo.
Ino POV's OFF
Mystia POV's
Esses pesadelos estão a dar cabo de mim e até Ino deu conta o que é defenitivamente um problema.
Estava distraída andando até que choquei com alguém e cai no chão.
–Ah, me desculpe, eu....
–Não tem problema a culpa foi minha. - respondeu uma voz familiar.
–Huh? Sai? - olhei para cima.
–Sim, é meu nome. - ele estendeu a mão pra me ajudar a levantar. - Quando foi liberada do hospital?
–Hoje mesmo. - aceitei a sua ajuda e me levantei.
Olhei para o chão e reparei num desenho feito a carvão.
–Huh...isso é seu? - eu peguei o desenho e observei por uns minutos - Essa garota é bem bonita, hein?
–É mesmo, né? - ele sorriu
–Que bom que finalmente você arrumou alguém que te ama, Sai - sorri
–Mas...ela não é minha...
–Ah, - baixei a cabeça - desculpe.
–Porque se desculpa desse jeito? - Eu não o entendi direito.
–Ah, bem...eu...
–Ih! - ele riu - Você é estranha Kuroi Mystia.
Ele sorriu e saiu andando, fiquei observando a sua saída. Fiquei bastante confusa, ele seria maluco ou era impressão minha?
Segui para casa, a porta rangeu mal a abri. A minha casa estava toda fechada e escura.
Eu suspirei, entrei na sala e abri as janelas, sacudi o pó de alguns móveis e fiz o mesmo em todas as divisões.
Subi para o meu quarto onde notei algo estranho, apesar de não ter dado a mínima importância.
–Que saudades! - me joguei na cama e olhei para uma fotografia na mesinha de cabeceira.
Era uma foto antiga de meu time com o Kurama sensei que morreu à algum tempo.
Peguei no porta fotografias e a apertei forte contra o peito. Tem dias em que eu sou assim com saudades da infância e de todo o resto.
Voltei a deitar-me de costas na cama e acabei por adormecer.
Estava escuro, de novo sombrio.
–Saia dessa sua conchinha. - falou essa voz de novo.
–Quem é você? O que você quer? Sai da minha cabeça! - pus as mãos nos ouvidos.
–Eu já disse que eu sou VOCÊ. eu quero que você aprenda a viver, eu não saio enquanto você não aprender a viver.
–Eu não entendo.
–Já vi que sim.
–Mas, o que é aprender a viver?
–Vais ter de descobrir tu sozinha.
–O-o quê?
De novo tudo começou a desabar e eu senti o chão cair por debaixo de meus pés.