Remember escrita por Mary Jane


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. Boa leitura (:



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   Eu estava sonhando, só pode. Vi todos os meus amigos juntos em uma fogueira na beira da praia, cantando e tocando, como nunca tivéssemos nos separado. Eu não os via há dois exatos anos, porque viajei com minha mãe, Laura, que nem sequer deu a oportunidade de me despedir.

   Acordei, meio atordoada, mas, certamente feliz, por ter sonhado com as pessoas que me acolheram por toda a minha vida. Eu estava com muitas saudades, mas teria que agüentar mais alguns anos ali, em Phoenix, segundo minha mãe. Levantei-me e comecei a ir em direção ao seu quarto, para tentar, mais uma vez, convencê-la de que era melhor irmos embora.

   Assim que entrei, a vi deitada, como sempre, em sua cama, coberta por colchas de veludo lilás. Cheguei perto dela e sentei ao seu lado. Antes de acordá-la, dei um longo suspiro, e, logo depois, a balancei.

- Mãe? – ela não se mexeu, parecia até que não estava respirando. – Vamos, mãe, acorde. É importante. – ela continuava parada. Comecei a ficar muito preocupada. – Mãe. Mãe, acorda! Por favor, não me deixa aqui. Fala comigo! – agora, eu a balançava com mais força. Peguei suas mãos e chequei a pulsação. Não estava batendo. O coração dela tinha parado. Corri e peguei o telefone, discando o número da ambulância.

* ligação mode on *

- Alô? – perguntei, aflita.

- Em que posso ajudá-la, senhora? – falou uma doce e calma voz de mulher.

- Por favor, minha mãe, ela não quer acordar. Já chequei a pulsação e não está batendo, ela também não está respirando.

- Poderia me informar quem está falando e de onde?

- Aqui é Mary Owen, rua 14, casa, número 659.

- A ambulância chega daqui a dois minutos. Fique calma, senhora.

- Pode deixar, obrigada.

* ligação mode off *

   Sentei ao lado da minha mãe, e as lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. Eu tinha deixado minha vida pra trás, para poder viajar, viver um pouco mais perto da minha mãe, e ela ia me deixar assim, do nada. Isso não é justo. Nem eu, nem ela, merecemos um final assim.

   Pouco tempo depois, os paramédicos chegaram na minha casa. Pegaram a minha mãe e levaram para a ambulância, e eu fiz questão de ir no carro, junto com ela. Não queria perder nem mais um segundo com minha mãe.

   Chegando no hospital, a enfermeira me colocou em um tipo de sala de espera, enquanto levaram a minha mãe para o centro cirúrgico. Fiquei andando de um lado para o outro, sem paciência. De repente, me veio a mente uma das pessoas mais especiais da minha vida, e que eu precisava aqui do meu lado, agora. Então, fui até a recepcionista.

- Com licença, eu posso usar seu telefone?

- Claro. Aqui está.

- Obrigada. – dei um sorriso forçado e disquei um número já conhecido.

* ligação mode on *

- Alô? – assim que terminou de falar, bocejou.

- Chris, é a Mary.

- Oi meu amor, o que houve para você me ligar essa hora da madrugada?

- Eu preciso de você agora. – comecei a chorar. – Estou no hospital. Mamãe está na sala de cirurgia, e eu não sei o que está acontecendo, ninguém quer me contar nada.

- Mamãe? Mas o que...? Esquece, eu to indo pra Phoenix agora. Não saia daí, tudo bem? Eu amo você, e é isso que importa agora.

- Eu também te amo, Chris. Não demora.

- Ta certo. Tchau.

* ligação mode off*

   Chris Owen, meu irmão mais velho, e que eu amo mais que tudo na minha vida. Morávamos em Grandview, eu, Chris e mamãe, mas não passávamos mais que duas horas juntos, então, quem cuidou de mim até meus quatorze anos foi meu irmão. Até que chegou o dia em que minha mãe me chamou para irmos morar em Phoenix, ela já tinha conversado com Chris, mas ele estava no sexto período da faculdade de arquitetura, e não ia deixar nada disso pra trás. Eu vim com a minha mãe, mas Chris ficou em Grandview, porém, nunca deixamos de nos falar.

   Eu não deixei só Chris em Grandview. Deixei minhas melhores amigas, Annie, Liz e Ally, meus amigos, Connor, Bryan e Taylor, e, a pessoa da qual eu mais sentia falta. Meu namorado, Logan. Sem contar que eu não me adaptei à vida em Phoenix, não fiz amigos, enfim, não tive vida social.

   Enquanto eu estava sentada a quase quatro horas em uma sala com paredes azul de espera, entrou um homem que vestia um jaleco branco e tinha um estetoscópio em volta do pescoço, e sentou ao meu lado. Ficamos em silêncio por um longo momento, depois, ele o quebrou.

- Sabe, Mary, eu perdi meu pai quando eu tinha nove anos. Eu sei que é muito difícil superar esses acontecimentos. Mas, muitas vezes, temos que deixar as pessoas que amamos partir.

- Por que está me contando isso? – perguntei, olhando para o nada.

- Eu sei que vai ser difícil para você também. – continuei em silêncio. Minha mente não queria aceitar o que ele estava dizendo. – Sua mãe sofreu um derrame cerebral, e fizemos de tudo para reanimá-la, mas ela não resistiu. Eu sinto muito, Mary. – eu não podia acreditar.

- Eu não consigo acreditar. – as lágrimas já caiam pelo meu rosto. No mesmo momento, Chris entrou na sala de espera e eu corri para abraçá-lo. Nos seus braços, eu me sentia acolhida, protegida. Chorei até não poder mais.

- Mary, eu estou aqui com você, ok? Pode chorar o quanto quiser, vai ser bom pra você. Bota tudo pra fora.

- Como ela pôde me deixar dessa forma? – perguntei, entre soluços. Escutei Chris suspirar.

- Ela não deixou você porque quis, meu amor. Não foi escolha dela. Por favor, não pense dessa forma. – me afundei mais no seu abraço. – Olhe, vamos para sua casa, você faz a mala e troca de roupa, se não percebeu, ainda está de pijama. Vai morar comigo em Grandview. Não pode ficar sozinha aqui em Phoenix.

- Eu não quero ir para Grandview. Tenho medo de encarar meus amigos. Tenho medo de encarar Logan. De não ter explicação para não ter me despedido.

- Eles a amam da mesma forma que sempre amaram. E, um dia, você teria que enfrentá-los de qualquer jeito. – Chris segurou meu queixo, me fazendo o olhar nos olhos. – Você tem que enfrentar seus medos, Mary, por mais horríveis que eles sejam.

   Levantamos-nos e fomos andando até o carro. Durante o caminho, trocamos poucas palavras. Ainda estava tentando aceitar a ideia de que minha mãe tinha morrido. E de que eu iria voltar para Grandview.

   Entrei em casa e fui tomar um banho, enquanto Chris assistia TV na sala de visita. Depois arrumei minhas malas com tudo o que eu tinha, com tudo que pertencia apenas a mim. Desci as escadas, e, quando já estava na porta, olhei a casa por uma ultima vez. Lembrei de cada momento que passei com minha mãe ali. Me virei e saí.

   Coloquei minhas coisas na mala do carro, entrei e coloquei o cinto de segurança que Chris me obrigava a usar, mesmo tendo quase dezesseis anos. “Quem ama cuida.”, ele fala.

- Chris, eu estou com uma coisa martelando na minha cabeça.

- Fale o que é, meu amor. Quem sabe eu possa te ajudar.

- Quem vai enterrar a mamãe?

- Mary, eu cuidei de tudo. Não queria que você visse a mamãe naquele estado. Ela vai ser enterrada por uma pessoa de confiança. Fique tranquila, ok? Tente dormir um pouco na viagem. – eu assenti e ele beijou o topo da minha cabeça.

   Encostei minha cabeça no vidro do carro, coloquei os óculos de sol e fechei os olhos. Eu tinha que estar preparada para o que estava por vir. 


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