The Curse escrita por Camila Dornelles


Capítulo 1
Capítulo Unico




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- O que você faz aqui? Como me achou? – perguntou a bela mulher erguendo-se da poltrona em que estava sentada. Katherine ou Katerina fitou o vampiro a sua frente com um misto de surpresa, confusão e medo no olhar. A mesma usava um vestido negro que ia até acima de seus joelhos e era tomara que caia, os sapatos eram de salto alto vinho e os braços estavam desnudos naquela tarde fria de outono. A biblioteca em que a vampira se encontrava estava vazia, as janelas todas fechadas, e como ela também era vampira, não sentia o frio que fazia do lado de fora.

- Precisamos conversar. – disse a voz rouca e ao mesmo tempo grave do belo e elegante vampiro a sua frente.

- Você deixou Mystic Falls. – constatou a mulher.

- A Família Real se dissipou. Mikael está morto, Esther e Finn se foram, Kol fugiu, Rebekah e Klaus continuam lá para a infelicidade da pobre Elena, e eu aqui estou.

- Veio me procurar?

- Talvez. – Elijah se aproximou de uma estante e passou os dedos delicadamente pelos livros ali dispostos – Tem algo que você precisa saber.

- Sobre o que? – ela já havia fechado o livro e se levantou colocando-o de volta a seu lugar.

- Venha comigo Katerina. – ele fez um gesto para que ela o acompanhasse.

- Katherine. – ralhou baixinho – Prefiro Katherine.

- Venha comigo. – repetiu sorrindo de lado.

- Onde vamos?

- Andar e conversar.

            Katherine suspirou, porque não?

            Pegou sua bolsa e ignorando o braço que ele lhe oferecia, partiu para fora da biblioteca, o vampiro Original a seguiu de perto.

- Aqui, pegue isto, podem achar estranho você sem casaco com essa temperatura lá fora. – murmurou ele antes de tirar o sobretudo negro que usava e colocar sobre os ombros dela, ficando com uma blusa de lã cinza escura.

- Obrigada. – sussurrou talvez confusa e surpresa com o ato. Ou não, afinal, ela e ele se conheciam há tanto tempo, e Elijah sempre fora um cavalheiro, quando queria, é claro.

            Os dois caminharam em silêncio pelas ruas um tanto calmas até uma bela praça, onde haviam muitas árvores de folhagem amarela, laranja e marrom. Haviam bancos espalhados por todo o lado e uma família fazia piquenique por perto. No centro da praça havia um lago, alguns patos passeavam para lá e para cá, bem poucos, afinal, era quase inverno e tudo mais. Ao redor do lago, por toda sua volta, grades de proteção um tanto já desbotadas por efeitos do tempo em que haviam sido colocadas.

            Elijah sentou-se num dos bancos e Katherine apoiou-se suas costas na grade de proteção, cruzando os braços, ela o fitou. Os cabelos castanhos meio arrepiados, a pose pomposa, virado levemente para sua direção.

- Estou esperando.

- É complicado. – ele sussurrou num fio de voz e ela teve a impressão de que foi um pensamento alto, então, ignorou – Você sabe que eu e minha família somos ou fomos os primeiros vampiros. Há mais de dois mil anos atrás.

- Sim, eu sei. – ela o fitou, esperando um tanto impaciente que ele seguisse logo com aquilo.

- No lugar onde vivíamos, havia uma garota. Bela garota, seu nome era Tatia. Cabelos castanhos e longos, pele clarinha, olhos castanhos. Eu me apaixonei por ela. E ela foi a primeira de todas as outras. Nik também se apaixonou por ela. Quando viramos vampiros, nossos pais nos deram sangue para que a transformação fosse completa, e era o sangue de Tatia. Ela tinha ido.

            Katherine suspirou e assentiu, já sabia daquela parte da história. Onde ele queria chegar afinal?

- Cem anos depois de ter me tornado um vampiro, ela voltou.

- O que quer dizer com “voltou”? – ela o fitou, claramente interessada, o que o fez sorrir de lado. – Ela não tinha morrido?

- Sim. Mas voltou. Seu nome era Marry. Era outra pessoa, mas exatamente como Tatia mesmo cabelo, mesmos olhos, mesmo sorriso, mesmo jeito delicado, exatamente igual. No começo fiquei confuso. Ela me garantiu que não conhecia nenhuma Tatia. Eu ainda era apaixonado por ela, obviamente, então, tratei de corteja-la. Infelizmente, dias depois, ela se foi.

- Ela morreu? – Katherine arregalou levemente os olhos – O que está tentando me contar afinal Elijah? Seu longo histórico de relacionamentos fracassados?

- Tem parte nisso.

- Fale de uma vez! – ela suspirou.

- Você tem uma maldição Katerina. – falou de uma vez, fitando-a.

- A do sangue Petrova. Sim, eu já sei disso.

- Não. Não esta. – Elijah suspirou – Outra.

- Que outra? Eu não tenho duas maldições! – exclamou, fitando-o, indignada – Seria muito azar para uma pessoa só.

- Mas você tem. Na verdade, nós dois temos. – ele olhou para longe.

- Não estou entendendo. – a mulher sentou-se ao seu lado e cruzou as pernas.

            Elijah suspirou, em conflito. Estava ali só para contar aquela história, e agora, estava fraquejando? Talvez devesse ir embora, mas já falara demais para isso. Deveria seguir em frente, contar tudo a ela.

- Marry morreu dias depois de me conhecer. E então, cem anos depois ela voltou, outro corpo, outro nome, outra cidade, mas sempre a mesma. Os mesmos olhos, o mesmo sorriso, sempre a mesma. E então se foi, e dali cem anos apareceu novamente. Sempre o mesmo ciclo, eu me aproximava, mesmo que fosse sem querer, nos apaixonávamos, eu a pedia em casamento, ela aceitava e então, horas depois, ela morria. Nunca a fiz minha, em nenhuma de suas vidas, ela sempre partia antes. E assim os anos foram se passando até que uma delas surgiu, talvez a mais rebelde de todas, esta, se chamava Katarina. – de canto de olho, ele viu que a vampira arregalou os olhos, confusa – Mas, por desgraça do destino, esta garota trazia o sangue Petrova, que seria usado para ativar a maldição de meu irmão, Niklaus.

- Está dizendo que eu...?

- Sim Katherine. Você é uma das reencarnações de Tatia. Vinda para mim a cada cem anos, partindo dias após me conhecer. E foi o que houve com você, por ser um pouco mais esperta e travessa que as outras, você estava com sangue de vampiro no corpo, você se matou, e então, vampira. Por fazer isso, a maldição parou, congelou, creio eu. Por ser vampira, não podendo morrer mais, pois, cem anos depois, não havia outra, nem mais cem anos depois, e nem depois... Só você.

- E Elena?

- Elena é a cópia, tem o sangue Petrova, ela não é. Eu sinto. Não me apaixonei por ela quando a vi, como aconteceu com as outras. Eu já sabia da existência dela quando fui a Mystic Falls. É você Katarina. A ultima reencarnação da mulher que eu amo.

- Eu... Eu não entendo. – ela fitou o chão para então erguer os olhos e fitar o vampiro Original a sua frente – Porque nunca me disse antes?

- Eu nunca disse. A nenhuma delas, nenhuma soube que eu era um vampiro, nenhuma soube das reencarnações ou seja lá como pode se chamar isso. Eu não contei antes porque sabia que seria arriscado, agora muito mais, afinal, com a maldição Petrova e tudo mais. Temi que você fugisse. E mesmo sem saber disto você fugiu de mim.

- Não fugi de você. Fugi de Klaus.

- De nós dois. Eu estava com ele no começo. Depois nos afastamos e viemos a nos reencontrar em Mystic Falls. A culpa é da minha família. Mikael e Esther nos fizeram vampiros. E a natureza se vingou. Cada um de nós de uma maneira. Finn odeia ser um vampiro. Klaus é um híbrido. Rebekah é solitária, e eu e Kol, temos a maldição do amor impossível. Nós dois. Já com ele é uma bela garota com cachos loiros e bem definidos, olhos azuis brilhosos. Não sei se ele a encontra ainda, afinal, tem um tempo que não nos vemos. (Nota da autora: a loira lindja sou eu, ok people? Q Eu tinha que colocar isso) E a minha maldição é você.

- Devia ter me contado isso antes.

- Eu tive medo de perdê-la! E perdi... Só agora que eu percebi que você merecia saber a verdade, pois, a pesar de tudo, eu a amo Katherine. Sempre amei, desde que nos conhecemos, até hoje.

            Katherine o fitou, realmente surpresa com a declaração convicta. Se ela gostava dele? Sim. Elijah sempre fora um Lord incrível. Quando Klaus prometia diverti-la e não cumpria, Elijah estava sempre ali, levando-a para passear nos jardins, na biblioteca, entretendo-a dançando com a mesma num belo salão de dança dourado. Ele sempre fora um bom companheiro, mas, ela o amava?

            Naquela época, talvez não. Pois só tinha olhos para o belo nobre Niklaus que a cortejava e lhe enchia de presentes. Porém, não tinha nenhum deles até os dias atuais, agora um bracelete prateado, com pequenas pedrinhas brancas de cristais que, ao refletirem a luz do sol, lançavam pequenas arco-iris ela tinha. Era seu amuleto contra a luz do sol, mas, o presente que o nobre Elijah havia lhe dado para usar na noite em que conheceu Klaus, estava com ela até aquele momento.

            Isso significava algo, não?

- Eu gosto de você. – falou, baixinho, mais para si mesma do que para ele.

- Gosta?

- Você sempre foi meu Lord favorito.

            Os dois riram baixo e um vento mais forte passou pela praça. As folhas alaranjadas que estavam no chão após caírem das árvores flutuaram pelo ar, criando uma espécie de tempestade ao redor deles, porém, não era assustador, era belo. Incrível. Os dois olharam em volta, encantados.

            Elijah fitou-a, tirando um pedacinho de folha que se prendia nos cabelos castanhos e sedosos, em cachos por seus ombros. Katherine o fitou, vendo-o se aproximar lentamente, muito lentamente. Para então, erguer a mão e tocar a face macia e delicada, dedilhando levemente pelas bochechas coradas e pelos lábios fartos, que se entreabriram levemente. O que diabos ele estava fazendo com ela?

            Seu primeiro impulso foi querer se afastar, mas não o fez, e o segundo foi fechar os olhos, deixando-o fazer o que quisesse, sentindo seu toque calmo, com a ponta dos dedos, como se ele estivesse com medo de quebrá-la, ou não acreditasse que ela estava ali, a sua frente.

            Sem conter seus impulsos, Elijah a beijou. Katherine arfou levemente, surpresa, e então, sem se contar, enlaçou os braços no pescoço do Original, puxando-o mais para si, retribuindo o beijo apaixonado da mesma forma.

            Não se sabe se segundos, minutos ou horas se passaram quando os lábios dos dois se afastaram e eles se fitaram, arfantes.

- Eu te amo. – murmurou ele, a voz rouca.

- Eu te amo. – segredou bem baixinho, sorrindo de leve. Um sorriso verdadeiro.

- Eu te amo... – repetiu, sorrindo.

- Me pegue. – piscou a vampira e em segundo estava de pé, para então, desaparecer e aparecer novamente do outro lado do lago.

            Elijah riu baixo e se levantou, sumindo em seguida, correndo em direção a ela que continuava a fugir. Mas, bem lá no fundo, ele não queria pegá-la. Afinal, se pegasse, o jogo estaria acabado, não? E ele não queria que o jogo acabasse.

            Nunca mais.

Fim.


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