Capítulo 1: Segredos

O céu estava escuro e não era possível ver estrela alguma. O vento soprava de forma lenta, como se estivesse dançando uma calma melodia. Sakura caminhava lentamente pelas ruas desertas de Konoha. Isso já havia se tornado um hábito, já que não precisava mais se preocupar com sua casa visto que ninguém estaria lá, esperando por ela. Seus pais morreram a algumas semanas, tentando defender uma garotinha de ninjas patifes. Eles não conseguiram fazer muita coisa, pois eram meros civis. ‘’Pelo menos morreram de forma nobre’’, era o que a garota pensava na tentativa de se consolar. Ela estava sozinha. Ainda tinha seus amigos, mas a sensação de solidão não a deixava em momento algum. Podia não ter mais seus pais consigo, mas ainda tinha pessoas que se importavam com ela, então porque essa sensação? Lembrou-se de Naruto, seu melhor amigo, eles se aproximaram tanto que ela já o considerava um irmão. Ele continuava o mesmo baka de sempre, ás vezes parecia que nunca deixaria de ser o ninja hiperativo que nunca pensava antes de falar, porém, em raras ocasiões, ele se portava de forma firme e segura, nem parecia a mesma pessoa.

Estava tão distraída que nem percebeu que já estava em frente de casa. Ela riu, havia se tornado uma das mais respeitadas kunoichis da vila e deixava-se distrair ao ponto de nem perceber onde estava. Mas ela merecia um desconto, as coisas não estavam fáceis.

Entrou na casa bagunçada, cheia de caixas e coisas amontoadas nos cantos. Sakura decidiu se mudar, não conseguiria viver ali, não sem seus pais. Já havia escolhido um apartamento mais ao centro de Konoha, o local era ótimo e ainda ficava perto do hospital. A garota trabalhava como medica-nin quando não tinha missões, suas habilidades eram extraordinárias, o esperado da pupila da Hokage. Talvez, se um dia se cansasse da vida ninja, pudesse dar mais atenção a isso. Sentou-se no sofá e suspirou.

– Tenha paciência Sakura. – Disse cansada. – Vamos lá, vamos terminar isso logo.

Levantou-se e foi em direção a um velho armário que ficava no quarto de sua mãe, ele estaria vazio se não fosse por alguns objetos empoeirados de diferentes tamanhos. A kunoichi observou um pequeno baú, azul desbotado com desenhos de ondas em relevo que parecia ser muito antigo. Pegou o baú e começou a contornar os desenhos com o dedo, de forma delicada, assim como fez anos atrás. Ela se lembrava de uma das poucas vezes que sua mãe ficara nervosa e gritara com ela.

Flashback On:

–Querida, por favor, pegue um porta-retratos lá no armário que está no quarto da mamãe. Vamos colocar essa foto aqui na estante, você está tão fofa nela. – A mulher de cabelos loiros e olhos verdes disse de forma doce, elas estavam escolhendo algumas fotos para decorar a casa.

A pequena menina de cinco anos corria pela casa animada, adorava ter fotos suas espalhadas pela casa. Suas, junto com sua mãe e seu pai. Abriu a porta do armário e procurou com o olhar algum porta-retrato. Parou ao observar um pequeno baú, muito bonito, escondido ao canto. Pegou o baú e passou os pequenos dedos pelo desenho das ondas em relevo. Ficou pensando que o que tinha lá dentro devia ser muito bonito e importante, pois seria um desperdício guardar algo dispensável dentro dele. Tentou abri-lo, e só aí percebeu que precisaria de uma chave. Ficou triste por um momento, ela queria tanto, mas tanto, saber o que tinha naquele baú. Despertou-se de seus pensamentos com o grito de sua mãe.

–SAKURA! O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? – Yuko gritou desesperada. Isso não podia estar acontecendo! Por sorte sempre fora prevenida e por isso guardava a chave em um lugar seguro. Aquele baú era o seu maior temor, seu maior segredo. Ela não podia deixar que Sakura descobrisse o que aquilo escondia. Não. Pelo menos não agora. O mais sensato era esperar a menina crescer e, quem sabe, se tivesse coragem, contar-lhe a verdade.

A criança soltou o objeto com o susto e direcionou seus grandes olhos verdes aos de sua mãe. O que ela fez? Era a primeira vez que sua mãe gritava assim com ela. Sentiu vontade de chorar. Sempre se esforçou para ser uma ótima filha.

– O que eu fiz mamãe? – Perguntou a pequena já com lágrimas nos olhos. Só então Yuko percebeu o que tinha feito. Ela gritou com Sakura. Nunca tinha feito isso, sempre era paciente e se esforçava para ser uma boa mãe. Sempre carinhosa, alegre, amorosa... Não devia ter perdido o controle. Mas agora era tarde. A única coisa que podia fazer era pedir desculpas e fazer com que a filha esquecesse o baú.

– Ah querida, me desculpa. Eu estava nervosa e perdi o controle. Eu prometo que nunca mais vou gritar com você, está bem? Nunca. – Yoko abraçou Sakura, que estava chorando, e começou a afagar os cabelos rosados dela, assim como fazia todos os dias antes de colocá-la pra dormir.

– Tá tudo bem mamãe! – Sakura pode ver nos olhos da mãe o quanto ela estava arrependida. Talvez não tenha sido uma boa ideia mexer naquele baú. – Eu te amo muito mamãe, muito mesmo. – Disse a pequena retribuindo o abraço da mãe com força.

– Também te amo, filha. Só me prometa que não vai mexer nesse baú de novo, tá bem? – Yoko disse da forma mais doce que conseguiu, ela precisava ter certeza que a filha não procuraria mais o baú.

–Eu prometo. – Disse a pequena sorridente, já esquecendo o baú, pegando um porta-retratos qualquer e puxando a mãe para continuarem a escolherem fotos.

Flashback Off

Sakura colocou o baú sobre a cama, estava determinada a encontrar a chave e descobrir o que havia de tão importante nele. Não tinha certeza se a chave estava na casa, mas teria que começar por algum lugar, não é mesmo? Sabia que demoraria, mas não iria desistir. Algo a dizia que o que estava escondido no baú não seria nada bom...