Distrito 11 escrita por esa


Capítulo 14
Tão Fraca


Notas iniciais do capítulo

demorei porque sou má hehe
desculpem a demora, sério mesmo :3
boa leitura procês e espero que gostem



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            -- JOSE! – comecei berrando forte, de uma maneira agressiva. Sentia as lágrimas do desespero rolando por minhas bochechas em fogo. Pensava que a Capital poderia tê-lo matado, pensava em tantas coisas. – Jose.

            Minha voz já estava fraca, os pensamentos rareando. Eu estava desistindo. Coloquei as mãos nos joelhos e curvei-me, sentindo o ódio e a dor consumir meu corpo, de meus pés à cabeça. Jose não estava mais ali. Então senti algo bater com força em minhas costas, derrubando-me no chão. À princípio achei que fosse outro bestante, já sacando rapidamente a faca e quase apunhalando o animal que era Jose, rindo em cima de mim.

            -- Ficou desesperada, não, tampinha? – ele brincou gargalhando, agarrando meus braços e rolando nós dois, de forma que, ainda no chão, fiquei sobre seu corpo. Ele passou os dedos com suavidade por minha face, secando as lágrimas que ainda ali restavam.

            -- Não tem graça! – berrei tentando socar lhes. Ele segurou minhas mãos e depositou um selinho em meus lábios. Não ligava para as pessoas que estavam assistindo, nem ao menos tive tempo de corar ou pensar antes de agir, apenas ataquei-o com beijos e mais beijos, em minha cabeça um plano começava à ser bolado.

            Não poderia falar o que queria para ele, à não se que eu sussurrasse em seus ouvidos. E que desculpa melhor para aquilo? Que hora melhor para tal ato? Então começamos à rolar e nos beijar. Encostei os lábios em sua orelha, dando mordidinhas enquanto sussurrava, para que o público não tivesse tempo para dúvidas.

            -- Ali tem uma porta. – uma mordidinha. – Bem à direita, acima de sua cabeça. Não olhe. Talvez, se tentarmos podemos correr por ela. – mais uma mordida, então concluiria meu plano. – Como necessitamos de um vencedor, faremos o seguinte: teremos uma briga agora, por qualquer motivo que você resolva inventar, então eu correrei até próximo da porta, onde “matarei” você, chutando-o para ela de modo que não dê à perceber o que estou fazendo. Assim, terá um vencedor. Independente de onde a porta der, corra e se salve. Eu te amo.

            Jose lançou-me um olhar maroto, como o que sempre lançava-me quando furtávamos as frutas nos pomares, ou caçamos os esquilos que habitavam as árvores de lá. Sabia que ele concordaria com o plano. Então ele me rolou com mais força, e ali apareceu a oportunidade para uma briga. Mas fui logo surpreendida ao vê-lo puxando a faca que estava presa à sua cintura.

            Ergui-me e sai correndo, em direção à porta, uma abertura quase imperceptível. O local no qual esta se encontrava ficava mais distante do que demonstrava ser. Corri por muito tempo, as pernas já pesando, Jose em meu encalço, um olhar diabólico, a expressão séria. Chegamos ao local.

            -- Você acha que isto é só uma brincadeira, não? – ele perguntou sério. Mais sério do que eu gostaria que estivesse. Um emaranhado de pensamentos tomando conta de minha cabeça. Jose estava apenas encenando, certo? – Você é tão fraca.

            Fraca. Jose nunca usara aquela palavra para referir-se à mim. Fraca. Eu podia ser muitas coisas, mas fraca eu não era. E não admitia que me chamassem assim.

            ¹-- Fraca! Fraca! – o garoto de cabelos encaracolados, pele morena sedosa e olhos verdes enormes apontava para mim, rindo e gargalhando. Logo mais garotos juntaram-se à ele, assim como várias outras meninas.

            Todos rindo, apontando e murmurando “fraca” para mim. Era uma das aulas de como carregar sacos pesados de frutas dos pomares até a praça, e à meus pés, um saco que continha o escrito “25k”. O meu reflexo na janela deixava óbvio que eu estava chorando, os cabelos louros trançados, divididos em duas trancinhas. Uma April Jonery com sete anos.

            O cenário mudou. Antes eu estava no meio de uma das ruas de terra que levava dos pomares à praça, de onde homens mais velhos, fortes e experientes levavam as frutas para os trens, que por sua vez, levavam-nas para a Capital. Lembro-me que certo dia, quando eu tinha quatorze anos, cuspira em algumas das frutas.

            ¹-- Você precisa ser forte, April! Forte por sua mãe e seus irmãos! – meu pai berrava para mim perto dos pomares, a neve caia impiedosa em seus cabelos e em suas roupas. Aquela fora a última vez que eu o vira.

            -- Não posso. – sussurrei para ele. As lágrimas banhando meu rosto. Flocos de neve atingindo minha pele, fazendo-a arder. Eu tinha treze anos. Na época cismava e dizia com orgulho que tinha treze anos e meio. – Eu só tenho treze anos.

            -- E meio! – ele falou sorrindo. Monstro. Era isso que ele era, um monstro. – Você vai conseguir, querida!

            -- Não vou. – minha voz estava abafada, sufocada pela garganta já fechada devido à tentativa inútil de segurar as lágrimas.

            -- Você é tão fraca, April! – ele falou olhando fundo em meus olhos, dando-me as costas e desaparecendo em meio à neve. Aquela fora a última vez em que eu o vira, e ele não fora doce, ou nem ao menos gentil comigo.

            -- Eu não sou fraca! – berrei golpeando o nariz de Jose com o cotovelo, fingindo golpeá-lo com o punhal, dando-lhes chutes, que não eram bem chutes, e sim empurrões.

            Como uma benção divina, um dos galhos da árvore bem acima de nossas cabeças se partiu, caindo bem perto de Jose, de modo que quando certifiquei-me de que havia colocando-o para dentro da porta, as folhas faziam parecer que ele ainda estava ali. O canhão disparou, e no mesmo segundo meu coração gelou.

            Será que eu havia mesmo o matado? Será que atrás da porta havia alguma armadilha? Senti o ar rodando, evaporando de meu corpo, os sentidos entorpecendo. Estava prestes à golpear à mim mesma com o punhal, pronta para matar-me, quando o vi. Um Jose em pé e acenando loucamente para mim, do outro lado da porta. Ele estava bem, e estava vivo. Ele virou as costas e correu para longe, até eu não poder mais distinguir os cabelos pretos.

            Alguma coisa parecia errada. Mas não consegui descobri o que era, pois algo acertou em cheio minha cabeça, fazendo-me apagar. A última coisa da qual me lembro fora o enorme aerodeslizador pairando sobre minha cabeça, e então a pancada, que me deixou no escuro.


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Notas finais do capítulo

e ai e ai?
não me matem, eu sei que sou má fazendo isso
MUAHAHAHAHAHA
hehe, comentem por favor, isso me motiva
3bj procês :333