Heads Will Roll escrita por Camila Dornelles


Capítulo 1
Capítulo Unico




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Sempre fui a segunda em tudo. Absolutamente tudo. Todos me deixavam sempre em segunda mão. Papai e mamãe foram os primeiros. Quando nasci, eles mal ligaram! Andrômeda era a preferida. A mais velha, a garota prodígio. Sempre dando orgulho a nossos pais, apesar de ter pertencido a Sonserina, ela não era como nós, sonserinos. Astutos, engenhosos. Ela era como uma corvina. Deve ter pedido, ou melhor, implorado ao Chapéu Seletor que lhe colocasse na Sonserina, só para deixar papai e mamãe orgulhosos. E a filha da mãe conseguiu. Com aqueles olhinhos castanhos amorosos... Andrômeda era uma sonsa. Sempre tão carinhosa, gentil. Embora na frente de nossos pais ela sempre tenha mantido a linha, tendo as feições duras, sem expressão quando eu e a pequena Cessy éramos castigadas. Mas eu podia ver em seus olhos, por dentro ela gritava para que mamãe parasse. Principalmente quando era Cessy quem era punida. Andy sempre adorou aquela coisinha. Já eu...

Quando nasci, não houve festa.

Logo depois de um tempo, eu entendi o por que. Eu tinha sido um acidente. Mamãe esquecera-se de tomar poção em uma noite dessas, e o resultado: Eu.

Eles não gostaram de mim no começo. Papai dizia que meu cabelo era muito feio quando eu tinha quatro anos e que jamais conseguiria me casar daquele jeito. Andy então se sentava comigo e penteava meus longos cabelos negros, enquanto pequenas lágrimas confusas e assustadas caiam por meu rosto. Foi a primeira e a ultima vez que eu chorei.

Depois disso, eu fiz de tudo. Tudo mesmo para que papai se orgulhasse. Eu me certificava que sua comida estava em perfeita ordem, ajeitava seus travesseiros, até beijo de boa noite eu acheguei a lhe dar. Patético. Eu sei. Mas quando se quer aceitação, se faz de tudo. Ainda mais porque ele era meu pai, e eu queria que se orgulhasse de mim. Mas as coisas não mudaram muito. Só depois que fui para Hogwarts. Mal o Chapéu tocou minha cabeça e já anunciara o que eu, e todos lá presentes já sabíamos. “Sonserina!”

Os aplausos fortes da mesa verde e prata. Meu momento de glória. Caminhando até a mesa das serpentes, eu podia sentir. O sorriso. O sorriso Black, aquele que Andrômeda nunca dera de verdade. O sorriso de orgulho. Orgulho por estar pertencendo a uma casa onde só os vencedores e destemidos ficavam. Sonserina era a casa dos Black. E a partir daquele dia, minha casa.

Quando fiz um ano, nasceu Narcisa. Loirinha. Olhos prateados. Nada a ver com o resto da família. Morenos de olhos castanhos. Papai insiste que temos ancestrais albinos como ela, mamãe diz o mesmo de seu lado da família. Acreditei, fazer o que. Com o passar dos anos, Narcisa foi adquirindo um dom. O dom da beleza. Ela sem duvidas era linda. Mais que eu. Mais que Andrômeda. Mais até que mamãe. Os cabelos loiros caiam em cascatas por suas costas, os olhos prateados no começo eram amorosos como os de Andy, mas com o tempo foram ficando duros e sem emoção. Graças a mim.

Em Hogwarts, as coisas não eram muito diferentes. Éramos as irmãs Black. Andrômeda era a irmã da inteligência. Narcisa, a irmã da beleza. E eu? Bem, eu não sabia ainda.

“Você é má.” Dizia Regulo a mim quando matei um testrálio na floresta proibida.

“Obrigada.”

Então eu descobri. Eu era a maldade. Andrômeda era a irmã da inteligência, Narcisa, a irmã da beleza, e eu, Bellatrix. A irmã da maldade.


Nunca amei. Digo, já amei, eu acho. Não sabia distinguir muito meus sentimentos além de raiva, dor e maldade quando era adolescente. Um garoto me chamava à atenção. Droga. Ele era meu primo. Sirius. Um grifo. Decadência? É, eu sei. Ele tinha mesmo que ter ido pra Grifinória? Idiota.

Foi uma paixão passageira. Afinal, um dia, eu o peguei de beijos e carícias envolventes com minha irmã, Narcisa. Aquilo doeu. E sim, eu me peguei divagando depois, eu meu quarto, sozinha, as mãos másculas e quentes apertando minha cintura, descendo para as cochas, movimentos idênticos aos que ele fazia em Narcisa.

Ela sempre conseguira tudo, até ele!

Depois, meus olhos passaram pela mesa verde prata, e o loiro albino me chamou a atenção. Lucio não era bonito. Mas ele tinha poder, e um nome, era o que eu precisava. Imaginem... Uma Black e um Malfoy, isso seria maravilhoso! Mas novamente, Narcisa o tirou de mim quando papai ordenou que ela se casasse com ele.

Agora diga-me. Porque ela? Casou antes. A mais nova! Não devia ter sido eu? Ela nem queria casar com Lucio! Ela o odiava, já eu faria qualquer coisa por ele. Qual é. É um Malfoy. Quem não gostaria de ser uma Malfoy? Ter o status, o poder, passar na rua e as pessoas terem medo de você. Eu adoraria. – não que eu precise ser uma Malfoy pras pessoas terem medo de mim – por isso que sou assim. São muitos motivos não? Mas sabe, uma coisinha de nada pode ser o suficiente para te mudar totalmente. Uma amizade perdida, um amor não correspondido, um abandono dos pais. No meu caso, tudo isso contribuiu para me tornar o que sou hoje. Um monstro. Sou a maldade em pessoa. Uma bruxa, como alguns já disseram. Eu não tenho coração, nunca vou ter. Isso é um fato. Ninguém pode mudar o que já está feito há tempos, desde que nasci. Eu sou uma bruxa, e este dia é meu. Eu tenho raiva. Eu tenho dor. Eu tenho vontade de matar. E é o que farei. Pois eu não tenho coração, sou uma pedra, fria, calculista, e quero a morte.

Aqui vai um recado a você, trouxa ou bruxo, se entrar no meu caminho, vai morrer. Todos vão morrer em minhas mãos. Eu tenho sede, sede de vingança, sede de matar. E apesar de você lutar pra ficar vivo, seu corpo começa a se arrepiar. Pois nenhum mero mortal pode resistir a maldade do terror. E nesta noite, cabeças vão rolar.



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Notas finais do capítulo

Fim.



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