Reencontro - Kelsey e Dhiren escrita por miss lost


Capítulo 1
Capítulo Único!


Notas iniciais do capítulo

One-Shot. Queridas leitoras, espero que vocês aprovem! Escrevi essa pequena passagem entre Kelsey e Dhiren assim que terminei de ler o livro "A maldição do tigre", com uma pequena ajuda e inspiração de Miss Tay. Totalmente Kelsey e Dhiren! Evento Pós Maldição do Tigre! Até as notas finais! ^^



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"O passado não reconhece o seu lugar: esta sempre presente."

Mário Quintana

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Kelsey Hayes

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A chuva batia com força nas janelas de minha pequenina casa, que mais me lembrava um chalé do século passado.

Abracei minhas pernas, enquanto me encolhia na poltrona, observando a chuva cair com força do lado de fora.

Inconscientemente, apertei meus dedos ao redor do livro de poesia esquecido em meu colo, e me perdi em pensamentos.

Por mais que eu tentasse, a cada dia ficava mais difícil esquecer de meu passado recente.

E principalmente dele.

Meu peito retorcia em dor só de me lembrar o quanto sentia sua falta.

Era de se imaginar que, quando conheci Ren naquele circo, e me senti profundamente ligava à ele e a sua solidão, não seria fácil romper a nossa conexão.

O que dizer então depois que descobri quem ele realmente era e o quanto o destino estava transpassando barreiras para nos manter juntos?

Eu sempre o amaria profundamente e desejaria sua presença constante ao meu lado, mas ainda tinha confiança de que fora o melhor nos separar.

Ele vivera 300 anos aprisionado em sua forma de tigre!

Sem poder conversar e interagir com outros humanos, e sem desfrutar de sua vida humana.

E agora que havíamos conseguido quebrar uma parte da maldição, nada mais justo do que ele poder ter a chance de aproveitar suas 6 horas como humano.

Eu não ficaria em seu caminho, amarrando-o à mim.

Uma garota simples e comum, que nada sabia da vida.

Não importa o quanto eu o amasse.

Como bem me definira no passado, eu continuava sendo um rabanete deslocado e sem graça no meio de um banquete dos Deuses.

Suspirei profundamente, desejando intimamente que a maldita dor em meu peito pudesse amenizar com o tempo.

Era tudo o que eu queria.

Porque eu tinha plena consciência de que ela nunca poderia simplesmente evaporar e sumir para sempre, enquanto meu coração ferido pulsasse de amor e paixão pelo meu Príncipe Indiano.

Passei meus dedos sobre Fanindra, presa em meu pulso, em sua habitual forma de pulseira.

Ela fora o único elo que me restara com a vida que eu deixara para trás, na Índia.

A única coisa que me impedia de acreditar que tudo que eu vivenciaria nos últimos meses não haviam sido apenas um sonho maluco e surreal demais.

Que eu, na realidade, estava destinada em ser a protegida de uma Guerreira Mística poderosa.

Que eu, na realidade, simplesmente me apaixonara por um cara completamente irresistível e charmoso.

Que eu, na realidade, realmente o havia deixado para trás, com o coração sangrando.

Como de costume, lágrimas grossas e quentes escorreram de meus olhos, enquanto eu tentava lidar com a culpa que corroía cada centímetro do meu corpo.

Por mais que eu torrasse os neurônios de tanto pensar nisso, simplesmente não conseguia encontrar uma atitude melhor daquela que eu havia tomado.

Os olhos jade de Fanindra brilharam levemente, chamando minha atenção.

Desde que eu voltara ao Oregon, ela se mantinha completamente imóvel, parada em sua forma inocente.

Era a primeira vez que ela demonstrava que por baixo de sua pele dura, preciosa e fria, havia um ser vivo.

Talvez minha tristeza fosse tamanha que, até ela podia sentí-la.

Acariciei-a suavemente.

– Eu sei. Também sinto falta dele. Mas eu vou aprender a superar. - murmurei, tentando parecer que eu não era a única ali com o coração destroçado pela saudade.

Passei meus dedos em meu rosto, recolhendo as lágrimas.

Felizmente a vontade de chorar havia passado, mas um vazio horrível habitava dentro de mim.

Resolvi fazer um pouco de chá para descontrair minha mente de pensamentos dolorosos.

Minutos depois, voltei a meu cantinho favorito, segurando firmemente a caneca quente em minhas mãos, para que ela pudesse aquecer meus dedos enregelados.

Bebericando o chá de camomila aos poucos, pensei no que faria da minha vida daqui para frente.

Frequentar a faculdade era uma certeza.

Afinal, ele já me matriculara na faculdade mais cara da região.

Não havia como reverter isso sem ter uma conversa com ele.

E ligar para ele continuava sendo algo totalmente fora de cogitação.

Infelizmente, eu também não tivera como me livrar do cartão de crédito "ilimitado" muito menos do Porsche azul e luxuoso, estacionado em frente à minha casinha e tomando chuva.

Querendo ou não, eu tinha que aceitar os fatos.

Eu não tinha como me sustentar, afinal, não havia como eu trabalhar sendo que estava sendo caçada por um feiticeiro místico que adoraria enfiar uma adaga em meu peito

Por isso, era óbvio que o cartão sem limites viera numa boa hora.

Agora, quanto ao carro...

Eu podia trocá-lo, se quisesse.

Mas algo me impedia de fazer isso.

E eu sabia muito bem que tinha relação com o fato de sua cor fascinante ser exatamente da mesma cor dos olhos dele.

"Masoquista." - me acusei.

Abri o livro que estivera lendo mais cedo, resolvendo me perder outra vez nos milhares de poemas enquanto ouvia ao longe o barulho da chuva diminuir aos poucos, até parar por completo.

Não sei quanto tempo passei perdida na leitura, até uma batida ressonante na porta de entrada ecoou pela casa.

Dei um pulo de susto, sentindo-me repentinamente inquieta.

Mas ignorando os alertas confusos que apitavam em minha mente, levantei-me da poltrona e fui atender à porta.

Entretanto, ao invés de fazer como qualquer pessoa sã e perguntar quem era, eu apenas fui abrindo a porta.

E como resultado de minha atitude impensada, quase tive um ataque do coração ao deslumbrar a pessoa parada à minha porta.

Pisquei várias vezes, só para constatar que não era um sonho.

Como a cada vez que abri e fechei meus olhos, ele continuou lá, deduzi que eu estava acordada. E bem acordada.

Alagan Dhiren Rajaram me fitava com um misto de emoções em suas belas feições.

Alegria. Raiva. Saudade. Dor. Amor. Carinho.

Não consegui me mexer. Muito menos encontrar minha voz.

Estava completamente perdida naqueles olhos azuis intensos e inesquecíveis.

Afinal, quantas vezes me apanhara desejando tê-los novamente sobre mim, esquadrinhando minha alma?

Apesar de fazer poucos meses que eu o deixara para trás, senti como se fizessem anos.

Meus pulmões respiraram a doce fragância que Ren exalava, jubilando-se, como se há muito tempo eu não pudesse respirar direito.

Tudo que eu estivera tentando enterrar dentro de mim veio à tona, me sufocando.

E antes mesmo que pudesse controlar, as lágrimas voltaram com força, saltando de meus olhos.

Com ele tão perto de mim, meu coração gritava desesperadamente por ele, negando-se a continuar fingindo que eu era forte o bastante para viver sem ele.

A expressão no rosto de Ren modificou-se para uma preocupação sem fim por mim.

E antes que minha visão ficasse embassada demais para enxergar, pude avistar uma mão morena se esticar em minha direção.

No segundo seguinte, um toque ardente em meu rosto me fez estremecer.

Com ele ali, me tocando, seria impossível encontrar forças para mandá-lo embora.

Eu sentira falta demais dele.

Inexplicavelmente, meu corpo tinha uma consciência absurda do dele, e pude sentir o que ele faria antes mesmo que ele se aproximasse mais de mim.

Num último resquício de sanidade mental, me afastei de seu toque, e me pus a tentar fechar a porta.

Entretanto, ela encontrou um forte impecílio antes que pudesse chegar à tranca.

Uma mão enorme e incrivelmente forte a impedia.

– Por favor, vá embora.– consegui sussurrar, com a voz embargada.

Doía demais fazer isso, ainda mais quando isso me remetia à antigas lembranças do passado quando eu mesma me obrigara a deixá-lo livre, mas que outra opção havia?

A voz que habitou cada pensamento meu durante todos esses meses de separação, acariciou meus ouvidos.

– Você realmente quer que eu vá embora, Kelsey? - Ren me questionou num tom duro, mas eu o conhecia bem o suficiente para saber que minhas breves palavras o haviam magoado, afinal, sua dor sempre seria a minha dor.

Eu simplesmente não estava em condições de respondê-lo.

As emoções estavam uma bagunça dentro de mim.

Meu amor sem limites por ele lutava uma batalha ferrenha contra minha vontade de fazer o certo.

Continuei tentando fechar a porta, mas não consegui movê-la um milímetro.

Bufei com meu esforço, sentindo minhas mãos escorregarem aos poucos pela madeira da porta.

Última chance, Kelsey. Não quero machucá-la, então se afaste da porta, ou eu vou entrar à força. - Ren ameaçou.

Eu soube, no momento em que o vi, que não haveria como escapar da conversa que ele viera ter, mas mesmo assim continuei tentando fechar a porta, usando toda minha força.

Pude ouvir Ren suspirar pesadamente.

E no instante seguinte, senti ele canalizar sua força na porta.

Não havia como lutar contra aquilo. Era demais.

Minhas mãos escorregaram pela porta, sendo derrotadas, e senti meu corpo pender para trás, com a força que Ren havia empurrado a porta.

Eu sabia que ele provavelmente não havia usado toda sua força, com medo de machucar, mas o mínimo que ele usara fora demais para meu corpo.

Estava prestes a cair com tudo no chão, quando um par de braços quentes e fortes circularam minha cintura.

Os reconheci imediatamente.

Fechei meus olhos, com medo de ver Ren tão perto de mim.

O que não foi uma tática muito eficaz, afinal, embora eu não pudesse ver o Ren "real", minha mente estava cheia das imagens dele.

Ren como tigre...

Ren como homem...

Seus beijos ardentes sob minha pele e meus lábios...

Me perguntei como tivera coragem suficiente para largá-lo na Índia, quando estava óbvio o quanto eu o amava.

Senti seus dedos compridos acariciando minha bochecha, e em resposta à seu gesto carinhoso, me arrepiei.

Eu sentia uma vontade louca de abrir meus olhos e contemplar o homem mais perfeito do mundo.

Mas a parte teimosa dentro de mim ainda encontrava forças para se mostrar presente.

Eu estava ferrada.

Desejava receber suas carícias e falas de amor tanto quanto desejava mandá-lo me soltar.

Minhas emoções eram tão divergentes que tive medo de me espatifar aos pedaços a qualquer momento.

– Abra os olhos, Kelsey. – Ren pediu, sussurrando.

Sua voz estava perturbadoramente perto e incrivelmente triste. Aquilo me dilacerou.

Eu podia curar suas feridas. Eu queria isso.

Até quando ia continuar mentindo para mim mesma que não?

Desistindo de lutar contra todos os sentimentos que haviam entre nós, obedeci à seu pedido, perdendo qualquer traço de resistência.

Abri meus olhos lentamente, e quando meus olhos pousaram sobre o mar azul dos seus, um filme passou diante meus olhos.

A primeira vez em que o conheci, preso em sua jaula e com a alma perdida...

A primeira vez que toquei seu pelo branco e fofinho...

A primeira vez que seu corpo de tigre dormiu ao meu lado, aquecendo-me e protegendo-me...

A primeira vez que o vi como homem...

A primeira vez que nos beijamos...

Uma lágrima solitária e dolorosa escorreu de meus olhos, enquanto eu fitava o belíssimo Príncipe à minha frente, entretanto, antes que ela pudesse escorrer por meu rosto, Ren a recolheu.

À seu toque, inclinei minha cabeça em direção à sua mão.

Ele acariciou meu rosto com a maior delicadeza do mundo, enquanto seus olhos penetrantes perfuravam os meus.

O tempo que havíamos passado longe um do outro não haviam me tornado imune à sua beleza única e surreal, e assim, depois do que pareceu muito tempo, o pesar esmagador que comprimia meu peito desapareceu por completo e um misto de alívio e fascínio me invadiu ao observar atentamente os detalhes másculos de sua pele bronze dourada e seus cabelos pretos caindo levemente sobre seus olhos anís.

Seria impossível mandá-lo embora.

Suas mãos quentes percorreram todo meu rosto, como se estivesse memorizando-o, até que pararam sobre meus lábios.

Seus olhos desceram até eles.

Ren... - murmurei seu nome, deixando a saudade transbordar em cada sílaba.

Seus olhos azuis voltaram para os meus, e naquele breve olhar, pude notar o quanto ele sofria por mim.

Me senti mal por fazê-lo sofrer tanto.

Fiz menção de falar, mas ele tapou meus lábios.

– Só me escute, Kelsey. Kelsey... Como sentia saudade de proferir seu nome... Você não faz ideia. Eu sei que você acredita que fez o melhor por mim. Por minha humanidade. Mas você está enganada. Sempre esteve. Resmunguei sobre sua mão.

– Seja boazinha e me deixe terminar. - ele pediu, com seus hipnóticos olhos azuis. Não tive outra escolha se não concordar.

– Eu entendo seu ponto de vista. Agora eu entendo. Mas isso não muda nada. Por que não me importa viver para sempre como humano. Não me importa mais quebrar a maldição. Eu aceitaria de bom grado viver para sempre como tigre desde que tivesse você. - ele confessou, aumentando o aperto de seus braços ao me redor.

Meu corpo amoleceu à seu toque exigente e forte, enquanto suas palavras ecoavam em minha mente.

Ele estava dizendo exatamente tudo que acabaria com meus esforços para mantê-lo longe.

Não haveria como resistir.

Dhiren era um conjunto completo das coisas que eu apreciava num homem.

Eu sempre soube que ele estivera dizendo a verdade quando disse que me amava e que me queria.

Mas eu tinha tanto medo de me entregar novamente ao amor e sair machucada, no final.

Exatamente como acontecera quando perdera meus pais...

Mas eu não tinha escolha.

Eu teria que arriscar.

Não havia mais como recusar o amor que Ren estava me oferecendo.

O tempo que passamos longe um do outro só servira para deixar mais forte e incontrolável o amor que nutríamos um pelo outro.

Ele atravessara o mundo somente para me ver.

A verdade desse fato adentrou em mim aos poucos, recaindo suavemente sobre meu coração.

Eu só precisava confiar em Ren para me entregar à esse amor avassalador que habitava meu peito.

E, no fundo, eu sabia que poderia confiar minha vida à ele.

Mordi meu lábio, enquanto levantava minhas mãos e percorria os músculos dos braços de Ren.

Ele suspirou ao meu toque, e um sorriso esperançoso brilhou em seus lábios.

Ele aproximou nossos corpos, sentindo minha receptividade.

Suas mãos também ganharam vida, abandonando minha cintura e matando sua saudade de mim, enquanto percorriam com carinho minha coluna, subindo lentamente por minhas costas, me fazendo arfar.

Aproximei meu rosto do dele, ansiosa para ter seus lábios quentes e viciantes sobre os meus, enquanto ele fazia o mesmo.

Nossos lábios pairaram à centímetros um do outro.

Sua respiração pesada e quente banhou meu rosto.

Meus lábios queimavam de desejo pelo contato com os seus.

Entretanto, antes que ele me beijasse, ele revelou:

Iadala, uma vez você me prometeu que não me faria seu prisioneiro, mas devo lhe dizer que essa sempre foi uma promessa dedicada ao fracasso. Afinal, no instante em que suas mãos atravessaram as grades da jaula e me tocaram, eu virei seu cativo. Meu coração sempre será seu, pryatama.

E então, sem esperar mais, seus lábios grossos e ardentes tomaram os meus, eletrizando-os, fazendo-me perder o chão e ter consciência do quanto precisava de Dhiren em minha vida.

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FIM

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Notas finais do capítulo

Espero do fundo do coração que tenham gostado! E só para constar, escrevi esse pequeno trecho antes que o livro "O resgate do tigre" fosse lançado. Beijos à todas!



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