Thomas se apoiou na bancada do quarto branco, observando Brenda, que estava deitada, o lençol a cobrindo ate metade do peito.
Ele nunca devia ter deixado-a ali. Ele sabia que nao era seguro, ele devia ter insistido. Mas é claro que estava falando de Brenda. Teimosa de mais para aceitar que estava errada, ate alguma coisa mais séria acontecer.
Ele encontrou o bloco de desenho dela em cima da bancada. Sua mão passou de leve pela capa azul, abrindo-o devagar.
O primeiro desenho era a mesm a imagem que Thomas tinha no papel de parede no celular. Eles dois, abraçados na frente do museu. A única cor do desenho era vermelho do guarda chuva.
Ele folheou as páginas, curioso, encontrando vários desenhos dele. Alguns dele dormindo, outros dele com um livro no colo, e outros dele sorrindo, com os olhos azuis destacados pelo lápis de cor. A menina ruiva que estava parada do lado de fora do quarto de Brenda também estava retratada em vários desenhos.
-Thomas?- Brenda murmurou, abrindo os olhos parcialmente. Ele parou do lado dela, segurando sua mão.
-Estou aqui. -ele respondeu, vendo ela abrir um sorriso.
-Isso é bom.- Ela sussurrou. -Não vai embora ok? Fica comigo.
-Eu não vou a lugar nenhum. -ele falou, sentando do lado dela na cama, deixando que ela o abraçasse. Ela fechou os olhos, se aninhando no peito de Thomas. Sua respiração calma e constante, seu cabelo caindo sobre o rosto. Ele ainda tinha aquele mesmo cheiro de uva.
Ele passou a noite em claro, os braços em volta de Brenda, observando o peito dela subir e descer levemente. Ela parecia tão tranqüila, tão pacifica. Era quase como um sonho ter ela de volta em seus braços. Depois de sonhar tantas vezes com aquilo, era difícil acreditar que era realmente verdade. Ele se beliscara varias vezes para ter certeza que estava acordado.
O sol tinha raiado a pouco quando alguém bateu na porta. Branda soltou um murmuro irritado, sem ao menos dar sinal de que sequer estava acordando.
A menina ruiva dos desenhos entrou, fechando a porta atrás dela.
-Hum... Olá. -Ela falou, sorrindo para Thomas e se aproximando de beira da cama, e segurando o pé de Brenda, o balançado. -ACORDA! TÁ NA HORA, VAMOS MULHER! - ela gritou assustando tanto a Brenda quanto a Thomas.
-Vadia. -Brenda falou entredentes, lançando um olhar assassino para a menina.-Por que perturba o meu sono Gwenever?
-Ah, não sei. Acho que acordei pensando "Hoje eu vou matar a Brenda do coração." -ela respondeu. Brenda sentou na cama, esfregando os olhos com as costas da mão.
-Eu tava dormindo. -Brenda choramingou.
-É ótimo que você sabe conjugar um verbo. Estava, não mais. Você tem que me contar o que aconteceu ontem.
-Eu também quero saber isso. -Thomas murmurou, recebendo um olhar irritado de Brenda.
-Vocês não podiam esperar até pelo menos nove da manhã?
-Quem te acordou foi ela e não eu. -Thomas se defendeu. -Eu passei a noite toda quietinho te vendo dormir.
-Obrigada Thomas.-Ela falou, ficando vermelha e se inclinando pra frente, dando um beijinho no rosto de Thomas, que sorriu.
-Sim, sim, vocês são uma gracinha juntos, agora, podemos? -Ela perguntou, sentando na beira da cama.
-Se eu não falar, você não vai me deixar em paz, né Gwen? -A menina negou com a cabeça. -Ok, vamos lá.
Brenda relatou os fatos, sem parar nem um minuto para respirar. Thomas e Gwen escutavam a cada detalhe, atentos. Quando ela acabou, Gwen olhava para Brenda preocupada e Thomas estava sentado com uma perna fora da cama e os braços cruzados.
-Eu te disse. -Ele murmurou.
-Sim Thomas, obrigada. Quer continuar jogando isso na minha cara, ou já foi o suficiente?
-Já foi o suficiente, to de boa. -Ele falou, com um sorriso de canto de boca.
-Isso não é legal. - Gwen murmurou.
-Ah, não diga?- Brenda falou, a voz carregada de sarcasmo.
-Cacete, acordou atacada hoje. -Gwen resmungou.
-Eu falei, mas não quis me ouvir, é nisso que dá. -Thomas falou, pra ninguém em especial.
-Eu achei que estávamos mais seguros comigo aqui. -Ela falou, com a voz começando a ficar chorosa. -Que você estava mais...
Thomas a puxou para perto dele, passando os braços em volta de seu ombro e beijando o topo da sua cabeça.
-Ei, não chora. Eu tava só implicando com você.- Ele falou, enquanto Brenda apertava os braços em volta dele, escondendo a cabeça em seu ombro.- Bren, eu vou tirar você daqui.
Os olhos de Brenda se estreitaram, e ela tirou a cabeça do ombro de Thomas.
-Thomas, eu não...
-Você vai continuar insistindo que tá mais segura aqui do que comigo? -Ele perguntou, encarando Brenda, que tinha ficado muito branca.
-Eu não posso Thomas, você viu o que aconteceu, eu não vou.
-Ah, mas vai sim.- Para a surpresa de Brenda e um pouco da de Thomas, foi Gwen quem falou.
-Como é? -Ela perguntou, olhando surpresa para a amiga, que estava de braços cruzados, encostada na parede, com os dedos batendo de leve contra o braço.
-Brenda, VOCÊ viu o que aconteceu? Você quase foi SEQÜESTRADA. Está mais do que provado que você não esta tão segura quanto pensa.
-De que lado você está? -Ela perguntou irritada.
-Do dele, por que ele está CERTO! A gente sabe que você é teimosa pra cacete, e que não vai admitir que tá errada, mas você simplesmente esta ignorando o fato do que aconteceu. Só Deus sabe por que você esta fazendo isso, mas a gente não vai deixar essa sua cabeça dura acabar com a sua vida, estamos entendidos? -Gwen falou, num tom tão autoritário, que Thomas teve vontade de bater continência e responder "Sim Senhora" como aqueles caras do exercito. Brenda engoliu a seco. -Eu perguntei se estamos entendidas.
-Ok Gwen, estamos entendidas. Você venceu.-Ela falou, soltando um longo suspiro.
-Muito bem. Thomas?- Ela falou, virando para encara-lo. -Qual o plano?