Mr. And Mrs. Oliver escrita por lsf


Capítulo 3
Really meeting in the janitor’s closet.


Notas iniciais do capítulo

Não estava pretendendo postar esse capítulo tão cedo, mas como hoje é meu aniversário resolvi dar esse presente a vocês. É um dos capítulos que mais gostei de escrever e tem a nossa primeira cena Bade :} (estraguei a surpresa, haha).
Vou avisando que acontece muita coisa que pode deixar bastante gente confusa, mas ainda assim espero que gostem :3
ENJOY!



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POV Jade


Acordei era mais ou menos sete horas com a Cat me olhando, com aqueles imensos olhos castanhos, o que soava tanto quanto perturbador para mim. Meu pai não havia saído ontem à noite, o que significava que alguém iria chegar hoje cedo aqui em casa, e que provavelmente seria o meu avô.

O meu avô era o tipo de cara que começaria a gritar com ele e o chamar de perdedor, se o visse naquele tipo de estado que eu já o vira tantas vezes. Meu pai priorizava muito isso, porque afinal, meu avô era um cara importante e uma palavra dele contra meu pai, destruiria sua carreira. Certo que meu avô crescera pobre, e basicamente fizera dinheiro do dia para a noite, sozinho, até onde eu sabia. Construíra seu próprio império com suas próprias mãos. A minha avó havia falecido no parto do meu pai, o que dificultou muito a criação do meu pai. Não como se ele pudesse ou realmente fosse reclamar, mas era como eu. Roy West era o tipo de cara frio e calculista que passaria por cima da felicidade do próprio filho.


“Vovô está aqui.” – Ela disse, a voz com uma mistura de felicidade e tensão. Não me culpe se não reconheço direito o que tem na voz dela, mas eu acabei de acordar. “Porque você acha que ele veio?”


“Para a páscoa é que não é.” – Eu disse, começando a me situar melhor. Sentei na cama e percebi que Cat estava com uma girafa de pelúcia nos braços. “Vamos, Cat. Vamos nos arrumar para a escola e enrolar o máximo possível para descer.” – Eu sabia que seria um tanto em vão, já que em menos de uma hora Ryder ia chegar para nos levar à escola. Cat assentiu e então voltou ao seu quarto, enquanto fui tomar um banho rápido. Coloquei roupas que geralmente uso, ou em um padrão parecido. Fui até o quarto da Cat e vi que ela também já estava pronta. Começamos a descer as escadas vagarosamente, até que vi que Ryder estava sentado em um dos bancos da cozinha, em frente ao meu avô.


“... Olha, garoto, é melhor que você faça isso agora, antes que te machuque mais.” – Meu avô estava falando, enquanto meu pai só assistia a conversa pensativo, com uma xícara de café na mão. Ele parou no momento em que percebeu que eu e Cat estávamos ali. Ergui uma sobrancelha, porque, meu avô agindo como se tivesse alguma preocupação com o sentimento de qualquer outro ser é algo a ser realmente apreciado. Ou talvez estudado. Então ele saiu do banco e abriu os braços, para que Cat fosse o abraçar. Eu só acenei com a mão, e observei tanto Ryder quanto meu pai, decepcionados. Ryder estava totalmente desconfortável, chegando apenas a se levantar do banco, sem nem me cumprimentar. Mandei-lhe um olhar pouco apreensivo, mas ele deu de ombros. Obviamente eu não estava entendendo porra nenhuma. Peguei uma xícara de café e tomei apressadamente, enquanto olhava para o relógio. Olhei para Ryder, que se despediu de meu pai e avô rapidamente, da mesma forma que eu fiz, enquanto Cat deu um abraço em cada.

O resto do dia foi tão rápido quanto como chegamos à escola.




Felizmente, hoje resolvi almoçar com Ryder e uns amigos dele e ao final da aula, ele foi me levar em casa, junto com a Cat.


“Hey amor, quer entrar?” – Perguntei a ele. Ele assentiu, ainda desconfiado. Logo que entramos, fomos direto ao meu quarto, passando inclusive por umas malas do meu avô que estavam no corredor.


“Jade, precisamos conversar.” – Ele disse, enquanto eu me sentava em minha cama.


“Ok, mas, seja rápido. Ninguém gosta de términos de namoro longos.” – Eu falei como se não fizesse a mínima diferença estar falando de uma relação de anos ou de uma sopa. Ele arregalou os olhos, mas me conhecia bem, então se sentou ao meu lado e segurou minha mão.


“Você tem que saber de certas coisas que seu avô me contou hoje. Nós precisamos terminar, pois você e Beck Oliver vão se casar.” – Dessa vez fui eu quem arregalou os olhos, e quando abri minha boca para protestar, ele me silenciou e continuou falando: “Quando seu avô era jovem e estava começando a crescer industrialmente, ele encontrou um cara chamado Charlie James Oliver, que estava na mesma situação. Ambos concordaram em começar a trabalhar juntos, unindo suas empresas. Ao fazer isso, concordaram em que seus filhos deveriam se casar para firmar o acordo e caso isso viesse a não acontecer, a parte da família que desistisse do acordo perderia tudo. Porém, os únicos filhos de ambos nasceram homens, o que fez o acordo passar para a próxima geração.” – Ele explicou calmamente, observando as lágrimas brotarem em meus olhos.


“Eu não quero que você se vá, você é meu tudo, Ryder. Eu estava quebrada, despedaçada e caindo cada vez mais em um abismo e você veio e me tirou de tudo isso. Você foi minha fortaleza quando eu não tinha mais forças para ter uma própria. Você me mostrou o quão bom o café era, e me deu meu primeiro par de tesouras. Ajudou-me quando meu pai chegava bêbado em casa, quando Cat tinha algum problema e eu não conseguia resolver sozinha. Fez tanto por mim que eu nunca poderia recompensá-lo.” – Eu desabafei, o abraçando e deixando cair lágrimas em sua camiseta. Não sou o tipo de pessoa que chora, sinceramente, ainda mais na frente de um garoto... Mas Ryder era diferente. “Além de meu namorado, você é meu melhor amigo, lembra?” – O encarei e vi seus olhos azuis marejados, lágrimas caindo.


“Uma hora ou outra isso ia acontecer, meu amor. Eu já estou no meu último ano, quando eu sair daqui quero ir para New York, fazer faculdade lá. Sem contar que, com o histórico do meu pai no exército, tenho grandes chances de ser chamado para servir. Jade, encare os fatos: Sempre fui muito mais seu melhor amigo do que seu namorado. Eu sei que o que você sente pelo Beck é diferente do que sente por mim e não pode ser comparado, pois é um sentimento diferente. Nós passamos coisas, juntos, que muita gente teria desistido e nós seguimos firmes. Compartilhamos coisas que ninguém jamais poderá tirar de nós, tivemos tantas primeiras vezes juntos; a primeira vez que você dirigiu um carro, a primeira vez que andamos de mãos dadas, a primeira vez que você chorou no meu ombro e principalmente, a nossa primeira vez como namorados.” – Sua entonação na última frase foi mais apaixonada. “Quero continuar sendo seu melhor amigo, mas não posso mais ser seu namorado.” – E então eu perdi a calma.


“NÃO? E TUDO AQUILO QUE NÓS PLANEJAMOS? E TUDO AQUILO QUE DISSEMOS? E QUANDO DISSEMOS QUE NUNCA DESISTIRIAMOS UM DO OUTRO?” – Eu rompi em cima dele, deixando que meus muros caíssem totalmente.


“Jade, não estou desistindo de você. Só não posso vê-la mais dessa forma. Desculpe-me.” – Ele sorriu magoado. Então, ele me deu um beijo surpresa. Foi calmo, com toda a paixão que poderia ter. Deixou-me mais calma, então ele me deu um abraço longo, que terminou com ele segurando meus ombros. “Jadelynn August West, agora, eu vou sair por aquela porta e vou deixar de ser seu namorado. Você poderá contar comigo para o que der e vier, mas como seu melhor amigo. Prometa-me, que vai dar um trato naquele moleque, assim como deu em mim. E você, mocinha, vai seguir em frente. Vai seguir em frente porque você é a pessoa mais talentosa, bonita, inteligente e incrível que eu já conheci. E é por isso que eu te amo tanto, minha melhor amiga.” – Ele sorriu pouco confiante, se levantou, virou as costas e saiu. Senti um aperto enorme em meu peito, um grito feito de agonia querendo me deixar e então eu percebi o quão molhado meu rosto já estava. Deitei-me na cama e me virei contra o travesseiro, soltando um urro cheio de mágoa.

Não é como se você fosse me ver assim muitas vezes, aliás, era a segunda vez que me lembrava de sentir um vazio tão grande no peito; a primeira tinha sido quando minha mãe morreu.




Acordo assim que ouço alguns passos do corredor, e me parecem bem agitados, violentos. A porta abre e um feixe de luz, com uma silhueta pequena demais para ser o meu pai, faz com que eu cubra minha cabeça com o edredom, e a pessoa entra no quarto. Então, a luz é ligada e eu destampo um pouco meus olhos e posso ver que é a Cat. Reviro os meus olhos e volto para baixo do cobertor. Sinto Cat se sentando ao meu lado na cama, e respiro profundamente.


“Sabe, Jade, ficar na cama não vai ajudar em nada.” – Ela tira o cobertor de cima da minha cabeça e me faz sentar na cama. Encaro-a como se fosse uma estranha. Ela ergue uma sobrancelha pra mim e noto uma semelhança, afinal, somos irmãs. “Eu sei que Ryder foi muito pra você, e acredite, ele foi para mim também. Ele foi quase que um pai para mim, quando o meu não podia ser. Ele é uma espécie de irmão mais velho e agora ele teve que ir e seguir com a vida dele por motivos que ele mesmo me contou, exatamente o que contou para você. Tem muita gente preocupada com você, porque você é importante para todos nós. Mas quem se importa? Sei que você não liga pra maioria delas, mas, hoje mais cedo, o Andre veio aqui em casa, e me perguntou onde você estava, que ele viria para te tirar daqui. E quer saber? Eu não sei onde a Jade que eu conheço está, porque essa aqui não é a que foi forte para mim, para o nosso pai que talvez nem merecesse.” – E com isso, ela deu um tapinha carinhoso na minha perna e saiu do quarto.


Eu estava totalmente paralisada. Ver a Cat assim é algo que não acontece com tanta facilidade. Levantei-me, agora já mais acostumada com a luz e fui me olhar no espelho. Comprovei o que a Cat disse, porque eu estava descabelada, com a maquiagem extremamente borrada, fedendo. Aliás, havia tomado uns dois banhos, mas tinha me alimentado mal e passado os dias inteiros na cama. Tomei um banho longo, olhei o relógio e vi que eram mais de dez horas da noite. Ajeitei um pouco o meu quarto e vi alguns cadernos meus que tinha trazido para casa, para ver se tinha algo para amanhã. Então me deitei na cama, e fiquei ali, pensando. Eu realmente precisava de um tempo para me recompor, mas talvez tenha excedido esse tempo. Fiquei pensando em cada palavra que Ryder me disse, não é como se não tivesse pensado tempo suficiente nisso, mas dessa vez teve uma frase que pesou mais na minha mente:


“Prometa-me, que vai dar um trato naquele moleque, assim como deu em mim.”




No outro dia de manhã, acordei praticamente atrasada, com a Cat gritando no meu ouvido que hoje era eu que teria que dirigir e mais dezenas de coisas que eu sinceramente não prestei atenção. Levantei-me e me vesti tão rápido quanto eu pude, cumprimentei meu pai e meu avô e saímos de carro. Cat me impediu de parar para comprar um café, provavelmente porque Ryder estaria por lá. Quando olhei pro relógio, percebi que não estávamos atrasadas porcaria nenhuma. Cheguei brava ao estacionamento, pois sabia que agora só conseguiria café na hora do almoço. Ouvi alguma voz conhecida, que vinha de dentro da escola. Quando entrei na escola, fui direto ao meu armário e parece que ninguém notou minha presença, além da Cat, óbvio.


“... Não, Tori, eu não quero me casar com ela! Eu a odeio! Porque você não entende isso?” – Ele bateu a porta do seu armário, enquanto tomava mais um gole do café que estava em sua outra mão. Tori olhou pra ele como se avisasse que eu poderia estar ouvindo e desviei a atenção para o meu armário. Então, depois de jogar o material que precisaria para a primeira aula dentro da minha bolsa, fui em direção ao Beck e a Tori.


“Beck, será que poderíamos conversar?” – Perguntei e Beck deu de ombros, enquanto Tori arqueou as sobrancelhas. “A sós.” – Terminei, em um tom mais grave, enquanto Tori dava de ombros e saía. “Estenda sua mão.” – Ele ponderou por alguns segundos e então estendeu a mão. Agarrei seu pulso e o levei em direção ao armário do zelador, ficando contra a porta. Ele colocou o café em cima do balcão que tinha ao nosso lado e passou a mão pelos cabelos.


“Olha, Jade, quero ser sincero com você... Eu não suporto essa ideia de casamento arranjado, e...”


“Beck, você é virgem?” – Sinceramente, eu não dava a mínima pra resposta, ou qualquer coisa, mas eu realmente achei que a reação dele seria engraçada, se ele ainda fosse o mesmo Beck que conheci. Talvez fosse divertido deixá-lo desconfortável.


“Oi? O quê? Jade, que tipo de pergunta é essa, eu...” – Achei engraçado o modo em que ele ficou tímido de uma hora para a outra, de como abaixou a cabeça e começou a corar, e então, inconscientemente, eu sorri enquanto arqueava uma sobrancelha em questionamento. Eu não consegui mais prestar atenção no que ele estava dizendo, me perdi olhando para aqueles lábios que estavam secos, em como se movimentavam e a voz doce que saia deles. E já que eu não ia ouvir, ele teria que parar de falar. Então eu o beijei. Foi árduo no começo, mas desesperado. Tinha gosto de saudade, de pedido de desculpas. Então, quando a língua dele pediu passagem em minha boca, coloquei meus braços em volta do pescoço dele e ele me segurou pelas coxas, me levantando para que eu pudesse prender minhas pernas em volta de sua cintura e então ele me prensou contra a porta. Sua boca tinha um gosto de menta misturado a café e eu gostava disso. Mas, obviamente nada seria tão fácil assim. Parei o beijo, desprendi as pernas da cintura dele e ouvi meu coturno batendo forte no chão. Passei a mão nas minhas roupas e meu cabelo, ajeitando-os, enquanto ele me olhava confuso. Peguei o copo de café que estava no balcão, tirei a tampa e o cheirei.


“É do tipo que eu gosto.” – Então dei as costas a ele, abri a porta e saí andando, deixando um garoto descabelado, com as roupas amassadas, uma marca de coturno na perna e totalmente paralisado, no armário do zelador.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Não gostaram? Acham que tem alguma coisa que pode melhorar? Preferiam a Jade com o Ryder? Ou ela deve torturar o Beck mais um pouco?
Mandem-me um review e prometo que levarei suas respostas em consideração :3