Roses And Demons: Warbloom escrita por JulianVK


Capítulo 98
Coração Caloroso


Notas iniciais do capítulo

No fim das contas resolvi ajustar o nome do capítulo. Imagino que caloroso passe uma mensagem mais próxima do que quero dizer.

Além disso, estou novamente considerando um novo nome para a terceira fase de Roses and Demons. Talvez se chame Wilting Flowers.



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O Forte Brokefront possuía uma pequena ala reservada para tratamentos médicos. Infelizmente, o lugar não era grande o bastante para acomodar todos os feridos, tanto que eles passaram a ser colocados em recintos próximos. Os médicos tentavam não pensar em como ficaria a situação após o final do combate, pois se começassem a se preocupar com isso dificilmente conseguiriam se concentrar na tarefa atual.
Um dos feridos em questão era Ent, que descansava sobre uma maca enquanto outro velho analisava seu peito e abdômen, pressionando diversos pontos e levando o controlador das plantas a grunhir de dor.
–É o melhor que posso fazer por você agora, outros guerreiros também precisam da minha magia. – O homem barbado e com mantos brancos era um sábio, capaz de usar magia Airalos para ajudar na recuperação do corpo humano. – Mas nunca mais faça uma loucura como esta.
Ele apontou para a pele acima da costela que havia sido fraturada durante a batalha contra a líder das bruxas. Agora havia uma cicatriz no lugar, mas que não era consequência do golpe que ele recebera.
–Eu precisava de uma forma de manter o osso no lugar.
–Não deveria sequer ter continuado a lutar naquelas condições! Francamente, usar sua manipulação para perfurar o próprio corpo e segurar uma costela quebrada com um broto? Nunca pensei que veria loucura dessas.
–E como está Anya? – Perguntou Ent, ansioso para mudar de assunto.
–A mulher que você trouxe? Vai sobreviver, um dos médicos conseguiu fazer o coração dela voltar a bater.
–Muito obrigado. Agora vá ajudar os outros, eu já lhe tomei tempo demais.
–Sim, tem toda a razão. Mas quero lhe dar uma última sugestão, Ent.
–Pois não?
–Você já está velho demais para romances, ainda mais com nossos inimigos.

Gabrielle tinha tanta vontade de acertar as contas quanto Aurora, graças à ocasião em que algumas de suas irmãs fizeram um sacrifício para salvá-la. Se antes já não conseguia dar vazão à sua personalidade, normalmente descontraída, agora havia encontrado um estado de seriedade absoluta. Assim era a irmã de Gabriel, sempre preocupada em cumprir com seus deveres da melhor forma possível.
Um detalhe, contudo, deixava a bruxa um tanto perplexa. Embora a controladora do gelo mantivesse um olhar fixo e desafiador, assim como sua tradicional aurora para se proteger, praticamente não revidava. Ao invés disso, continuava a perder terreno, até que finalmente Gabrielle começou a desconfiar que estivesse sendo conduzida a uma armadilha.
–Já estou cansada de correr atrás de você, vai lutar ou não?
–Aqui já está bom o suficiente.
A discípula de Anya sentiu uma pontada de preocupação e olhou rapidamente ao redor, mas não viu nada que parecesse dar alguma vantagem em particular à adversária. O único aspecto que chamava sua atenção era que estavam afastadas dos demais combatentes, não havia um único soldado em pé ali perto.
–Essa luta é só nossa, não há motivo para envolver outras pessoas.
Nisto Gabrielle concordava, tendo a consciência de que se ambas se enfrentassem para valer haveria um grande risco de ferirem outras pessoas no processo, inclusive seus aliados. Contudo, ela somente se deu conta da real intenção da guerreira da Ordem quando seu corpo quase contorceu com calafrios.
–De novo isso...
Aurora não tinha dúvidas de que precisaria aproveitar suas habilidades ao máximo para vencer uma inimiga tão resistente. Porém, não era seu desejo criar um campo coberto de cadáveres congelados para alcançar esse objetivo. Lá, afastada dos demais, não precisava se restringir.
D’Illusie sabia disso e considerou a possibilidade de recuar, trazendo a luta de volta a onde havia começado, a fim de forçar a inimiga a abandonar sua vantagem. Porém, o que Gabrielle via nos olhos dela era uma determinação perigosa. Não, Aurora não abriria mão de sua única chance real de vencer, e se a bruxa realmente recuasse, só o que conseguiria seria colocar seus aliados e suas irmãs em perigo.
–Não me subestime, garota do gelo. Eu posso muito bem derrotar você aqui!
–O nome é Aurora.
–Um prazer então, pode me chamar de Gabrielle.
A controladora do gelo baixou o olhar por um único instante. – O prazer será todo meu depois que eu te derrotar. – E então lançou uma saraivada de espinhos de gelo.
–Você já deveria saber que isso é inútil.
De fato, os espinhos não causaram nenhum ferimento na bruxa, que sequer precisou se mover. Contudo, Maya estava satisfeita com isso e continuou atacando da mesma forma.
–“Não importa, só de manter o seu corpo assim você já está gastando sua energia. Eventualmente você sucumbirá ao frio!”
Mesmo que as estacas se espatifassem ao entrar ao atingi-la e não lhe causassem o mínimo desconforto, a temperatura que continuava a baixar já incomodava a discípula de Anya.
–“Preciso me movimentar um pouco para espantar esse frio!”
Gabrielle arremessou seu martelo, forçando a controladora do gelo a parar seus golpes. Ao invés de criar uma barreira com seu elemento misto, ela considerou mais seguro se esquivar, já preparada para evitar o próximo ataque da adversária que agora se aproximava.
Embora fosse canhota, a bruxa desferiu um soco com a mão direita, mas bastou a Aurora dar um passo para trás. Ainda assim, algo a preocupou: agora que observava com atenção, parecia haver uma linha prateada e translúcida, quase imperceptível, presa à palma da mão esquerda da garota de cabelos negros.
Num misto de instinto e pensamento, Maya se abaixou e evitou por um triz o martelo que retornava para as mãos de Gabrielle. Contudo, a esquiva desajeitada a colocou numa situação difícil em que D’Illusie pisoteou o solo, fazendo a guerreira da Ordem cair e rolar com o impacto.
–“Parece até as magias que nós usamos para trazer nossas armas de volta!”
De fato, Aurora estava correta. Aquela era a magia de Gabrielle: Vínculo, um poder que tornava seu martelo praticamente parte do seu corpo.

Agora que já estava se sentindo muito melhor, Ent ajudava os médicos no forte com o que podia. Fosse carregando feridos, buscando remédios ou simplesmente reconfortando os soldados com palavras de coragem. Ele não imaginou que veria Spectra surgir com um ferimento ensanguentado abaixo do peito.
–Santo Adriel, o que houve com você?
–Tive um pequeno problema com uma bruxa que anulava manipulações, mas pelo menos recuperei minha honra.
O velho imediatamente providenciou alguns objetos de primeiros socorros para limpar a ferida enquanto nenhum médico era capaz de atender a controladora da névoa.
–Que droga, eu consigo transformar meu corpo inteiro em névoa, mas não consigo nem sequer desfazer uma ferida na hora de reformá-lo...
–Felizmente parece que você vai sobreviver, não foi um corte muito fundo.
Os olhos de Camilla subitamente se encheram de melancolia quando sua mente a lembrou dos companheiros. Se até mesmo Ent estava ali, que coisas terríveis poderiam acontecer aos outros?
–Eu estou preocupada, Peter.
–Eu também, mas neste momento precisamos manter a confiança.
–A maioria de nós já está acostumada com essa realidade, mas eu gostaria que Vulcano e Aurora não estivessem aqui. Principalmente a Aurora, que ainda é tão inocente.
–Você se engana, Spectra. Há uma diferença entre ser inocente e ser otimista, e a presença dela foi muito importante para nos manter motivados mesmo depois da derrota que sofremos.
Camilla não encontrou palavras para responder e apenas fitou o olhar de seu colega enquanto finalmente recebia tratamento de um especialista. Já o controlador das plantas tinha mais a dizer.
–Além disso, ela tem um coração caloroso. É uma pessoa que se preocupa muito com o bem estar de seus amigos, jamais aceitaria ser deixada de lado numa situação tão perigosa.
–“Por favor fique bem, Aurora. Nosso grupo não será o mesmo sem o seu sorriso gentil.” – Pensou Spectra.

Gabrielle não perderia a oportunidade de desferir um golpe contra a inimiga caída e concentrou tanta densidade quanto conseguia em seu martelo, avançando vários passos, mais rápido do que a garota de cabelos brancos conseguiria se levantar.


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Notas finais do capítulo

Nem mesmo Gabrielle sabe o que sente por Gabriel, sua única família.

Capítulo 199: Meu Irmão

Em breve.



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