Roses And Demons: Warbloom escrita por JulianVK


Capítulo 95
Soldado para Soldado


Notas iniciais do capítulo

Talvez não tenha ficado claro no capítulo anterior, mas só para constar. A Jenipher cuja história é contado no início não é a bruxa Jenipher Chaneel, e sim aquela da história mencionada por Anya no capítulo 193. Além disso, bruxas empericianas NÃO usam codinomes. Na verdade Esther Chaneel mentiu que seu primeiro nome era Jenipher para Anya e todas as suas colegas.



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O maior problema com os manipuladores não é, como as pessoas sem visão costumam pensar, o fato de que eles, bem... manipulam os elementos. Isso é o que os define, mas é uma visão extremamente simplista. Não é como se eles comandassem forças elementais tão terríveis que ninguém – exceto outro manipulador – seria capaz de deter, ou que suas habilidades sejam limitadas e previsíveis.
Não, o problema com esses infelizes que saem por aí ateando fogo em tudo ou alagando seu quarto por acidente – eu não guardo rancor disso, até porque o pobre coitado sofreu uma morte terrível um ano depois – é que eles são extremamente complexos. Poderes de manipulação se manifestam raramente e de maneiras muito diferentes, sem contar que estão sempre evoluindo.
Para um estudioso com certeza esse tópico é um prato cheio. Não duvido que seja possível entender como funciona o processo de controle elemental através da pura vontade humana, quem sabe até prever como os poderes de um determinado indivíduo devam se comportar. Mas eu não trabalho com teorias, meu dever é algo absurdamente prático.
Sendo assim, quando você é um capitão e se depara com um inimigo que possui esse tipo de poder, é impossível saber o que o desgraçado vai aprontar. Ele pode soltar fogo pela boca, raios pelos olhos ou possuir terríveis vapores venenosos flatulentos. Claro, normalmente isso não acontece, mas não posso considerar que sejam situações completamente impossíveis.
Minha maior insatisfação com certeza é o fato de que Chesord tem manipuladores demais. Enquanto na minha vida eu só conheci cinco – Fernand, William, os irmãos Prominence e Elan Namdaed – no pouco tempo que estive neste reino inimigo já encontrei quatro que são nossos aliados e descobri que existem outros doze – extremamente poderosos, diga-se de passagem – que trabalham diretamente sob o comando do rei.
Um desses babacas, o nome eu desconheço, deve ter algum problema pessoal comigo e eu tenho de dar um jeito de derrotá-lo. A seu favor ele tem o poder de manipular eletricidade – foi só o que o vi fazendo até agora – e uma lança mágica que pode voltar para suas mãos a qualquer momento. Minha sorte é que ele não parece ter muito bom senso e acha normal participar de uma guerra sem usar qualquer tipo de proteção. Além disso, tenho certeza de que sou melhor que ele no mano a mano.
Com certeza eu consigo vencer, só preciso me concentrar, analisar com cuidado seu estilo de luta e suas habilidades, e encontrar uma fraqueza. Coisas demais dependem de mim para ser derrotado agora. Aliás, acho que eu deveria perguntar o nome dele.

Batalhar na defensiva não era exatamente algo que agradava Lince Walters, mas ele era inteligente o suficiente para entender que, contra um inimigo mais poderoso, a cautela era uma aliada maior que a ousadia. Electron obviamente não fazia cerimônia em usar ataques à distância, mas buscava ser metódico e preciso em suas manipulações para não criar oportunidades de contra-ataque.
Mesmo tendo condições de defender os ataques com sua própria arma, o capitão empericiano favorecia esquivas, pois temia que seu oponente pudesse usar o metal para atingi-lo com uma descarga elétrica caso houvesse contato prolongado. Por outro lado, sua graça no manuseio da espada colocava o manipulador em situações perigosas, e não foram poucas as vezes em que ele quase se viu ferido.
O combate prosseguia feroz, enquanto os outros ao redor pareciam incapazes de tirar a atenção dos lutadores. Embora continuassem a trocar golpes com os soldados inimigos, todos olhavam de relance com frequência, como que buscando reafirmar a certeza de que deveriam batalhar e não fugir. Mas justamente quando a disputa estava chegando ao auge, Walters deu alguns passos para trás e ergueu sua mão livre, a esquerda.
–Espere só um momento.
–Se pensa que vou aceitar um pedido de rendição agora. – Respondeu o controlador do relâmpago, um tanto transtornado. – Logo vai notar que está errado. Eu não posso mais ignorar todas as mortes que você e seu exército nos causaram!
–Acha que faço isso porque gosto?! – Retrucou o capitão antes que pudesse ser atacado novamente. – A culpa dessa batalha não é minha ou sua, mas sim dos reis de Empericia e Chesord que nos enviaram para matar e morrer. O pesar que sinto é o mesmo que o seu.
–Onde você quer chegar? – Resmungou Leonard, um tanto a contragosto.
–Lugar nenhum, não temos outra escolha aqui senão lutar e perecer. Mas você bem que poderia me dizer o seu nome.
–O meu...? – ele sentiu até vontade de rir, que pergunta para se fazer naquela hora! Mas imaginou que o inimigo tinha seus motivos e, pelo respeito que havia criado por alguém dedicado ao dever, aquiesceu. – Eu sou Electron.
–É um prazer, sou o capitão Lince Walters. Agora, em guarda!
O empericiano não atacou imediatamente, esperou uma reação de sua oposição, que veio na forma de um relâmpago. Com um passo rápido para o lado, o capitão o evitou e então desviou de outro lançado contra sua cabeça. Aproveitando o movimento em que se abaixava, desferiu um corte horizontal contra as pernas de Leonard.
A lâmina se chocou com o cabo da lança que se entrepôs no caminho. Lince rapidamente a recolheu e girou enquanto erguia o corpo, repetindo o ataque anterior agora pelo outro lado, visando a cabeça. Foi a vez do controlador dos raios se abaixar, mas lhe deu a chance de disparar rapidamente uma rajada elétrica.
A ofensiva lançada na pressa não era tão poderosa, mas ainda assim fez Walters sentir todo o corpo formigar. Ele aguentou em pé e, quando se viu alvo de uma investida da lança, tirou-a do caminho com o punho esquerdo e depois retornou o braço com uma cotovelada no peito de seu oponente.
O movimento seguinte seria uma punhalada com a espada no mesmo local, mas o guerreiro da ordem imediatamente começou a liberar energia por todo o corpo. Mesmo sabendo que poderia receber um contra ataque fulminante, o capitão não recuou. Porém, no último instante, largou sua arma e se afastou o quanto pôde. A espada foi atingida por um raio poderoso e se elevou no ar, girando.
Lince não perdeu tempo em recolher a arma de um aliado caído e voltou a encarar Electron. Os dois arfavam, começando a sentir o cansaço oriundo do enorme desgaste físico. Da parte do primeiro porque era obrigado a esquivar o tempo todo, algo difícil de se fazer com uma armadura. E do segundo porque não tinha outra opção senão usar continuamente sua manipulação, o que também esgotava as energias que tinha.
–Você estava falando sério quando disse que estava disposto a lutar e perecer. – Disse Leonard, com a mão direita sobre o peito, talvez verificando se realmente não tinha se ferido no último embate.
–Não espero que entenda, mas é isso que significa ser um soldado. E por mais que eu seja promovido, no fim das contas jamais deixarei de ser um.
–Para falar a verdade, eu entendo muito bem. – O discurso não era exatamente o mesmo de seu pai, Marcus Thoulash, mas o manipulador concordava que defender a pátria como guerreiro exigia a capacidade de fazer sacrifícios. Além disso, ele também havia sido treinado para integrar um exército. – No fundo, também sou um soldado.
–A grande ironia é que se um de nós, figuras de autoridade, for morto, o conflito se encaminhará mais rápido para o final. Mas ao menos quero que esta luta seja de soldado para soldado.
–Assim seja então, Walters. Até a morte!
–Será um prazer, Electron!


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Notas finais do capítulo

Mesmo melhores que o outro em suas especialidades, no fim das contas os dois estão...

Capítulo 196: Equilibrados

Em breve.



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