Roses And Demons: Warbloom escrita por JulianVK


Capítulo 92
O Que Quero Provar


Notas iniciais do capítulo

Às pessoas que pensam que Ent deveria ter morrido no capítulo anterior só posso dizer o seguinte: não era essa a vontade de Adriel. Sinto muito.



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Poucos dias atrás, Viper caminhava sozinha pelos corredores frios e mal iluminados do subsolo do Forte Brokefront. Não havia muito lá, com exceção das celas e depósitos de equipamentos. Com os ouvidos atentos, ela seguia devagar para que seus passos não ecoassem pela rocha. Então, ao passar ao lado de uma porta de madeira grossa, ela ouviu algo que parecia um suspiro longo e pesado.
Com um rangido estridente, a porta se abriu, revelando o interior de uma sala cheia de caixas transbordando de munição para arcos e bestas. A única luz vinha de um lampião colocado sobre pacotes empilhados e revelava a presença de uma pessoa. Alguém que sequer pareceu se importar com a chegada da controladora do veneno.
Embora lá fosse sempre frio, ainda mais no inverno, a mulher de cabelos longos e cinzentos vestia apenas roupas simples. Naquele momento estava fazendo flexões de braço em ritmo lento, mas constante. Ao vê-la, Priscilla colocou a mão sobre os próprios cabelos e balançou a cabeça.
–Então você estava aí! Todos estavam pirando porque você sumiu!
Mas Spectra não respondeu e continuou absorta em seu exercício. Olhando mais de perto, Viper pôde ver o suor que escorria da testa da amiga e o vapor que enchia o ar cada vez que ela arfava.
–É sério, se o Ent descobrir isso vai lhe dar uma bronca.
Camilla finalmente parou, colocou-se em pé e limpou seu rosto com a manga. Seu rosto não demonstrava nenhum traço de alegria.
–Ele repreender alguém por treinar? Essa é nova.
–Agora são três horas da manhã! Nem Ent é tão obsessivo!
Depois de um resmungo incompreensível, a controladora da névoa se desfez em seu elemento e atravessou o recinto, desaparecendo rapidamente pelo corredor. Lívida, Viper gritou para o nada.
–Eu juro que conto isso para ele!

De volta ao campo de batalha, tanto Spectra quanto Jenipher já estavam com marcas do confronto que travavam. A controladora da névoa, mesmo sem poder usar seus talentos, era ágil e precisa. Por outro lado, a bruxa da Ordem Natural manuseava com habilidade uma arma desajeitada como o tridente, compensando sua falta de mobilidade com um alcance perigoso.
–Mesmo depois de tudo aquilo, você ainda me dá tanto trabalho. – Camilla não se deu conta que dizia seus pensamentos em voz alta.
–Não entendi o disse, mas você não deve se esquecer de que meu poder mágico é justamente privar meus inimigos de seus poderes elementais. É óbvio que eu treinei e muito minhas habilidades de luta corporal.
–É, faz sentido.
O braço se estendeu e traçou um arco com a adaga. Um passo para trás de Jenipher e então esta revidou realizando o mesmo movimento com seu tridente. Spectra chutou o cabo e saltou, prevendo que a inimiga usaria a outra extremidade da arma para tentar atingir os pés.
A bruxa recebeu um chute no rosto, mas não dedicou esforços para manter seu corpo em pé. Ao invés disso, ergueu o tridente numa trajetória circular. Camilla imediatamente estendeu os braços para baixo, detendo o ataque com suas adagas cruzadas.
Desequilibrada no retorno ao solo, ela já se preparava para defender outra vez enquanto Jenipher girava a arma junto com o próprio corpo. Mas a volta não se completou e, de costas para sua adversária, ela puxou o cabo para trás. Despreparada para um golpe com o lado não laminado, a controladora da névoa foi atingida no abdômen e arquejou, contorcendo-se de dor.
Sem perder tempo, a ruiva puxou o cabo de volta e completou o giro. Quando a arma parou, um filete de sangue escorria pela lâmina central, pingando gotas. Embora tivesse reagido a tempo e o corte em seu braço não fosse profundo, Spectra sentiu um abalo em sua convicção. Com efeito, desde o fracasso em sua última missão suas atitudes vinham seguindo um padrão que ela não compreendia completamente.
–“Por que estou aqui, lutando contra uma inimiga que Electron teria mais condições de vencer? Por que estou insistindo nisso quando minhas habilidades seriam muito mais úteis em outro lugar?”
As duas voltaram a trocar golpes, mas os sentimentos de confusão de Camilla a deixavam desfocada. Como resultado, Jenipher começava a sobrepujá-la e, a cada vez que seus olhares se encontravam, mais a primeira duvidava de si mesma.
–“Por que mesmo sendo minha inimiga eu não consigo odiá-la? Mesmo depois de tudo que ela me causou, por que sinto essa empatia?”
Um golpe perigoso arranhou seu rosto e mais um filete de sangue escorreu pelas lâminas do tridente de Jenipher. Somente agora Ellure percebia que seu corpo estava tremendo.
–“Por que estou indo tão longe para satisfazer meu orgulho?”
–Estou decepcionada com você, Spectra! Como você tem coragem de dizer que vai rasgar o futuro? – Genuinamente lamentando o rumo da batalha, Chaneel não parava de pressionar, esperando que talvez assim visse novamente na inimiga aquele aspecto que havia chamado sua atenção, que por momento a havia feito acreditar, durante o confronto anterior, que a vitória de Empericia não estava decidida ainda.
A controladora da névoa deu vários passos para trás e se endireitou. De olhos fechados, deixou escapar um pequeno suspiro, fazendo a bruxa que a combatia indagar se havia mesmo visto um pequeno sorriso no rosto dela ou se era apenas imaginação. Mas não havia tempo para pensar nisso, Jenipher logo teve de se defender das duas adagas que foram atiradas em sua direção.
A bruxa não sabia o que sua oponente esperava conseguir com isso, mas o próximo ataque, igual ao anterior, a fez perceber que estava sendo acuada. Já que o combate não rendia resultados, agora Camilla usava o vínculo mágico entre suas armas e os braceletes em seus braços para atacar de longe com um estoque virtualmente infinitos de adagas.
Mesmo assim, a habilidade da ruiva era tamanha que conseguia bloquear as duas lâminas com seu tridente. A situação se repetiu e o disparo foi detido, mas desta vez a controladora da névoa havia consigo enganá-la, pois havia lançado apenas uma adaga. O intervalo entre o arremesso da primeira e segunda foi de apenas alguns suficientes, o suficiente para atingir a perna esquerda da bruxa.
–“Eu não sei o que a estava deixando distraída, mas está na cara que colocou as ideias no lugar e não vai facilitar para mim. Se eu não trazer essa luta para perto de novo ela vai me enfraquecer até conseguir a vitória.”
Com esse pensamento, Chaneel arrancou a lâmina cravada na própria carne e avançou, cautelosa. As duas guerreiras voltaram a trocar golpes pelo campo de batalha, mas agora a mentalidade de Spectra era muito diferente. Ao invés de lutar pensando em superar a adversária apenas com sua agilidade e habilidade de combate, ela procurava pontos fracos que pudesse explorar.
Apesar disso, foi Jenipher quem primeiro viu uma oportunidade e recolheu um capacete abandonado no chão com a exterminada não laminada de seu tridente para, depois de um rápido giro, lançá-lo contra a inimiga que procurava se afastar. Atingida na cabeça e atordoada, ela pulou por instinto e, mesmo sem conseguir enxergar direito, atirou suas adagas. Incapaz de recolher a arma a tempo para se defender, a ruiva foi obrigada a colocar o braço esquerdo na frente do próprio rosto para servir de escudo.
Recomposta, Camilla chutou o abdômen desprotegido da bruxa e deu alguns passos rápidos para trás para não sofrer retaliação. Totalmente concentrada no combate, ela finalmente tinha encontrado a clareza de que tanto precisava.
–“A razão para eu querer tanto vencer essa luta não é porque quero provar que sou melhor que ela ou que meus companheiros. O que quero provar é que falei a verdade: que não existe futuro que não possa ser mudado para melhor.”
Contudo, a amiga de Erika e Gabrielle estava longe de perder o ímpeto de combater. O tridente em suas mãos começou a reluzir, encoberto por uma aura prateada, sobressaltando a controladora da névoa. Então a aura se expandiu para todos os lados e sumiu pouco depois de passar pelo corpo desta.


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Notas finais do capítulo

Jenipher alcança o segundo estágio de sua magia e se aproxima da verdadeira Ordem Natural.

Capítulo 193: Uma Magia que Reverte Tudo ao Estado Original

Em breve.



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