Roses And Demons: Warbloom escrita por JulianVK


Capítulo 90
Fico Muito Feliz


Notas iniciais do capítulo

Ainda bem que o Nyah está de volta. E como eu não deixei de escrever nesse meio tempo, hoje vou atualizar a história com dois capítulos.



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Passei toda a minha infância morando numa cabana no meio de um bosque junto com meu pai, que ganhava a vida como lenhador. Soube através dele que minha mãe morreu quando eu tinha apenas três anos e a única coisa que consigo me lembrar dela é uma presença aconchegante.
Não foi uma época ruim, para falar a verdade. A maior parte do tempo eu passava brincando entre árvores ou numa construção antiga e abandonada nas proximidades, mas também ajudava a manter a casa limpa e estudava os livros que meu pai arrumava para mim. Professores? Mesmo hoje em dia apenas um nobre teria condições de pagar isso. Ele também me ensinou muitas coisas sobre a floresta e também sobre a importância dos laços com outras pessoas, que um amigo era tão importante quanto um familiar. Mas o mais importante que aprendi foi a me defender, todo dia eu treinava o corpo e me tornava mais forte.
Uma vez por semana o acompanhava a uma vila próxima, onde ele vendia a lenha e eu passava o dia inteiro brincando com outras crianças. Nunca entendi porque tínhamos de morar tão longe, já que havia outros lenhadores vivendo lá. Só quando já tinha onze fui saber a verdade.
Meu pai revelou que, quando jovem, era um artista marcial que viajava pelo mundo, procurando rivais dignos. Mas ele abandonou sua jornada quando encontrou uma mulher sábia de Empericia, que o ensinou muitas coisas, as mesmas coisas que depois me foram repassadas.
Infelizmente ela padeceu de uma doença e o grupo que ela liderava se fragmentou, abandonando o templo que chamavam de lar, as ruínas que tanto visitei quando criança. E meu pai escolheu ficar lá para proteger o lugar e seus segredos, como uma última homenagem à mulher que amou. Diante disso, eu sabia que era minha responsabilidade continuar o legado dela.
Esse tal de Ent até que lembra um pouco o homem que me criou. Admiro sua determinação, seu respeito e sua coragem, mas eu também tenho algo muito importante para defender aqui. Não posso ser derrotada, de forma alguma.

Tudo isto passou pela mente de Anya num instante, enquanto ela observava o adversário caído. Com quase o corpo todo enrolado em madeira, ele parecia uma aberração da floresta com rosto humano, de cuja boca e nariz escorria sangue. A bruxa tinha certeza de que Ent estava vivo, mas esperava que o ataque anterior tivesse sido o suficiente para deixá-lo inconsciente.
–Jamais recebi um golpe tão... magnífico.
O velho abriu os olhos devagar e se colocou em pé, enquanto as plantas que cobriam sua cabeça se desenrolavam e caíam. Wald assistiu com desgosto, não via mais sentido naquela luta e não desejava feri-lo mais. Mas a luta claramente não havia chegado ao fim e, se o fato de ele ter se levantado já era surpreendente, não se comparava à surpresa que a combatente sentiu ao vê-lo sorrindo.
–Realmente, eu fico muito feliz por conhecer uma pessoa como você, Anya.
–Do que está falando? Estamos no meio de uma batalha! – A bruxa exclamou, confusa.
–Você é a rival mais honrada e respeitável que poderia existir. E para demonstrar o quanto eu a admiro, vou lutar com todas as forças, até não conseguir mais levantar.
Ent sequer parecia um velho falando dessa forma e, de fato, não se sentia tão animado com algo há muitos anos. Provavelmente desde seu encontro com Fabius Illumire, outra pessoa por quem ele tinha um apreço enorme.
Agora toda a proteção que antes envolvia o guerreiro da ordem estava espalhada pelo chão e seu corpo mais uma vez desguarnecido. Ainda assim, ele não se importava, pois sabia que aquilo não o salvaria de mais um ataque. Não havia desistido ainda da luta, mas para ter alguma chance de vitória seria necessário arriscar.
–“Agora não posso cometer mais um erro sequer.” – O controlador das plantas manteve a mente focada enquanto sua oponente avançava, seus movimentos rápidos demais para que o corpo dele pudesse acompanhar, mas o mesmo não se podia dizer da manipulação elemental.
Uma miríade de raízes pequenas e compridas explodiu do solo traçando movimentos de chicotada, tirando o alvo de Anya de seu campo de visão. Ela sequer hesitou e suportou os golpes, destruindo as plantas em seu caminho com os punhos. Mas ao atravessar aquele emaranhado, seu inimigo havia desaparecido. Virou-se rapidamente, mas ele também não estava atrás.
Uma raiz afastada das demais serviu como cabo de apoio para Ent e ele conseguiu se posicionar acima da rival, atingindo-a com um chute na nuca. Mesmo usando toda sua força, o ataque pareceu não tê-la incomodado e obrigou o homem a lançar o próprio corpo para frente e de volta ao chão para evitar uma retaliação.
Mas Wald não estava disposta a lhe dar tempo para pensar em outra estratégia e o alcançaria num único salto, mas a distância deste foi muito mais curta que o esperado, pois mais raízes se enrolaram em seus pés e a puxaram para o chão. Ao mesmo tempo, o guerreiro da Ordem já havia erguido um tronco de um metro de diâmetro à sua frente, que então começou a cair sobre a bruxa derrubada.
Anya não demorou a se ergueu novamente e colocou os braços sobre a cabeça. Ent se assustou ao entender a intenção dela e mais ainda quando a mulher conseguiu segurar o tronco.
–Ela é um monstro...
Ent se afastou o quanto pôde, dando passos para trás, e saltou quando viu a madeira sendo lançada em sua direção. Por pouco não foi atingido e caiu desajeitado no chão, sentindo uma fisgada de dor na costela fraturada. A bruxa tomou essa oportunidade para avançar novamente, mas dessa vez saltando ora para um lado, ora para outro, dificultando qualquer tentativa de derrubá-la novamente.
O velho sabia que não conseguiria segurá-la uma segunda vez, mas justamente por isso teve tempo de improvisar outra solução. Tão concentrada que estava, Wald não percebeu antes de ouvir um grito de surpresa: o oponente havia usado sua manipulação para agarrar um soldado empericiano e arremessá-lo. Como resultado, a mestra de Erika foi atingida a um passo de distância de seu destino e rolou pelo chão.
Dessa vez Ent critou raízes maiores e arremessou a bruxa no ar antes que ela pudesse resistir. Em seguida fez com que elas a chicoteassem, e a última a empurrou com violência contra o chão, a cinco metros de distância do controlador.
–Não posso continuar gastando tanta energia assim...
Mas no segundo seguinte Anya já estava levantando e arrancando do solo a planta que a atingiu e segurando-a enquanto girava no lugar. Ao completar a volta, atingiu o inimigo, colocando-o no chão outra vez. Depois ela ergueu a raiz e desceu com a violência de uma marreta, mas Ent foi capaz de rolar para o lado e se safar por um triz.
–Seus truques realmente são engenhosos, mas isso não adianta nada se não for capaz de me machucar. Minha resistência física é muito maior do que a sua.
–“Ela tem razão. E para piorar, tenho certeza de que atingi o bracelete no meu último ataque, e mesmo assim nem consegui arranhá-lo.” – Naquela situação desesperadora, o controlador das plantas não conseguia pensar numa forma de vencer, mas seu sorriso não havia desaparecido. – Mesmo assim eu prometi que lutaria enquanto conseguisse me manter em pé, certo?
–Por que você precisa complicar tanto? – Repreendeu a bruxa, irritada.
–Deve ser parte da minha natureza.
Como havia sido desde o momento em que Libero Repagula foi liberada, Anya deu o primeiro passo adiante. A vantagem era dela e estava começando a perder a paciência com aquele confronto. Por outro lado, Ent estava verdadeiramente acuado desta vez e sentia seu corpo tremer. Mas muito maior que o medo de ser vencido era o de se passar por fracote. Antes do final da luta, antes de cair, o controlador das plantas queria deixar bem claro para sua rival que era um guerreiro que merecia ser lembrado.


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Notas finais do capítulo

A batalha entre Ent e Anya chega ao fim e outra bruxa terá de encarar o poder da Ordem da Rosa Branca.

Capítulo 191: Um Coração que Parou de Bater

Em breve. (na verdade já está pronto)



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