Roses And Demons: Warbloom escrita por JulianVK


Capítulo 61
Dura Realidade


Notas iniciais do capítulo

Quem ainda lembra do personagem que faz um "cameo" neste capítulo?



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Cansado depois de um dia de trabalho duro, o ferreiro deixou de lado sua forja para respirar o ar frio da noite. A despeito da temperatura e do fato de estar sem camisa, ele não parecia incomodado. Após subir até o topo da colina onde vivia, observou o céu escuro por algum tempo, absorto em seus pensamentos, até que finalmente se deu conta de que era hora de dormir. Porém, assim que se virou, escutou um estrondo que vinha de algum lugar ao longe.
-Parece que esta será uma noite bem tempestuosa.

Pedaços fumegantes caíam das bordas da cratera aberta na redoma de terra. Não havia barulho ou movimento no interior, apenas a fumaça que se erguia ao alto. Retornando lentamente ao solo, William não esboçava nenhuma reação violenta, quase como se estivesse satisfeito com o resultado de seu golpe. Porém, a poeira logo se espalhou o suficiente para que ele pudesse ver algo reluzente por baixo, que então se espatifou como vidro enquanto o que restava das rochas erguidas desmoronava.
-Estão todos vivos? – Perguntou Luna enquanto tossia.
-Eu acho que estou... – Respondeu Karin, um pouco confusa.
-Bom trabalho, Karin. Nossa defesa dupla salvou nossos pescoços, pelo menos dessa vez. – Elogiou Fernand, batendo a sujeira de sua armadura.
-Parece que o Elbio também está inteiro. –Yasmin apontou para o solo, onde o bruxo, embora coberto de poeira, ainda respirava.
-Como a Samantha foi a única que não disse nada, eu acho que ela morreu.
O comentário do soldado da terra era obviamente uma brincadeira, já que a discípula de Madame Papillon estava em pé e sem qualquer ferimento evidente. Inclusive, se mostrava disposta a agredir o rapaz, mas não havia tempo para isso. O inimigo, tendo clareza de que seu golpe não surtiu o efeito desejado, avançava uma vez mais para o combate corpo a corpo.
Por estar com os olhos fixos em Samantha, imaginando que ela tentaria atingi-lo como punição pelo que havia dito, Fernand foi o último a perceber que era justamente o alvo de seu antigo amigo. Ironicamente, foi a própria bruxa que o defendeu, tomando a dianteira e segurando o punho com o verso de suas garras. O impacto foi tão violento que por um momento ela temeu que as lâminas encostassem em seu peito, mas conseguiu resistir.
Enquanto o manipulador da terra praguejava, Luna e Yasmin se prepararam para atacar os flancos do adversário, cada uma lançando um projétil de seu respectivo elemento. Em resposta, William deu um salto para trás, elevando-se de forma humanamente impossível graças ao poder do vento, que ele logo teve de utilizar novamente, desta vez para levá-lo de volta ao solo e evitar um disparo de Karin.
Lá Fernand já o aguardava, atacando com seu machado na horizontal. Mas os reflexos do manipulador do vento surpreenderam quando ele deteve a lâmina ao segurar o cabo da arma com sua mão direita, oposta ao lado em que vinha o golpe. Sua intenção era então desferir um soco com o outro punho, mas uma dor súbita no tornozelo o fez se ajoelhar. Seus olhos instintivamente viraram para a direção do golpe e ele viu Luna com o braço ainda dobrado após o disparo.
-Agora você vai dormir um pouco, amigão.
Certo de que acertaria, Fernand não se importou de denunciar seu próximo golpe: visava atingir a cabeça do oponente com o cabo para nocauteá-lo, mas a força do vento que o envolvia era tanta que não foi possível fazer contato. Ainda assim, William não teve qualquer chance de contra-atacar, percebendo que Samantha estava prestes a golpeá-lo por trás. Ainda mais enfurecido, ele derrubou a bruxa e o soldado ao criar um furacão ao seu redor.
-William, você precisa acordar! Esse não é você!
Novamente em pé, o olhar do rapaz foi guiado para a direção da voz que o chamava e ele viu Yasmin avançando com sua espada em punho. Então correu de encontro, e a ex-capitã percebeu somente tarde demais que não era o alvo quando o manipulador ensandecido saltou sobre ela, evitando um golpe de espada, para então usar suas costas como apoio para um novo salto.
Karin atacou mais uma vez, imaginando que William pretendia alcançar um ponto alto, talvez até utilizar o mesmo relâmpago avassalador de antes, mas se enganou e sua rajada nada atingiu. Ao invés disso, o rapaz avançava em linha reta, a menos de dois metros do chão, na direção de Luna. Pronta para disparar uma flecha, a sacerdotisa perdeu por completo a concentração quando, obedecendo ao comando de seu manipulador, o vento a ergueu rapidamente em direção aos céus.
-Cuidado, Luna! – Gritou Fernand, tentando alcançar o agressor a tempo, mas sem sucesso.
Num instante, Storde já havia alcançado a garota e atingido seu abdômen com o punho, forçando-a a cuspir um pequeno jato de sangue. Finalmente perdendo o apoio, o corpo dela começava a cair e, assim que passou ao lado de William, este lançou um relâmpago negro que a devolveu violentamente ao solo.
O próprio manipulador do vento retornou logo em seguida, desviando de bolas de fogo e estacas negras. Karin, por sua vez, esqueceu completamente que deveria atacar também e, ao invés disso, correu na direção da sacerdotisa enquanto lágrimas vinham à tona.
-L-Luna, você vai ficar bem, não vai? – Perguntou a menina, ajoelhando-se ao lado da amiga abatida. Não houve resposta. – Luna, diz alguma coisa!
Enquanto isso, a batalha continuava feroz enquanto William evitava as lâminas dos três outros guerreiros com esquivas impressionantes, aguardando uma abertura para desferir um golpe decisivo.
-“Realmente, eles estão rendendo um excelente experimento. Foi um erro ter deixado a fúria dominá-lo por completo antes. Bastou eliminar um pouco da pressão psicológica que ele logo começou a lutar com um pouco mais de estratégia e prevalecer.” – Pensava o velho misterioso, assistindo ao longe. – “Creio que terei de retirar o que disse. Você realmente tem muito potencial, menino.”
Fernand agora estava caído, com uma das mãos sobre uma parte amassada de sua armadura. Yasmin e Samantha tentaram acertar o adversário, que foi mais rápido e tomou uma distância segura, pronto para atacá-las em seguida. Contudo, antes que tentasse algo, sua atenção novamente foi redirecionada, desta vez por um grito da manipuladora da luz.
-William, você passou dos limites!!!
Ele viu o cajado que a menina segurava com as duas mãos se partir em pedaços e então a luz o varreu. Quando os outros combatentes se deram conta, Karin estava inconsciente no chão e o inimigo também, no final de uma longa vala criada pelo ataque.
-K-Karin... – Gaguejou a ex-capitã, abismada.
-Ela conseguiu... – Até mesmo Samantha estava surpresa.
Fernand foi até o manipulador caído e se ajoelhou ao seu lado, observando com cuidado.
-Hah, não é tão durão agora. E não pense que não vou tirar sarro do fato de você ter sido derrotado por uma garotinha.
O peitoral da armadura do soldado se espatifou em meio a relâmpagos negros. Completamente desnorteado, ele se ergueu num impulso e cambaleou para trás enquanto William se colocava mais uma vez em pé e o ar ao seu redor estalava de forma ameaçadora.
-Argh, você não leva nada na brincadeira...? Seu desgraçado...
Fernand tombou e não levantou mais. William não se demorou, voltando seu olhar furioso para as duas guerreiras que ainda estavam em pé. Yasmin e Samantha sentiam calafrios diante daquele adversário que não queria se deixar vencer.
-Como foi que ele aguentou?
A pergunta da manipuladora de fogo não foi respondida, pois a bruxa estava absorta em seus próprios pensamentos. Pensamentos muito mais sinistros do que a Pyrath poderia imaginar.
-“Então esta é a dura realidade. Como eu temia, ele não cai e não deu nenhuma demonstração de estar lutando contra isso. Sendo assim, não tem outro jeito.”
A escuridão envolveu as garras de Samantha, tornando-as tão compridas quanto a espada de sua aliada. A luta estava prestes a se tornar sangrenta.


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Notas finais do capítulo

Sutileza, medo, agilidade e precisão. Estas são suas maiores armas.

Capítulo 162: Fantasma da Rosa Branca

Em breve.



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