Roses And Demons: Warbloom escrita por JulianVK


Capítulo 100
Erika e Viper


Notas iniciais do capítulo

Agora que cheguei nesta marca, gostaria de fazer uma homenagem. Ganhei e perdi muitos leitores desde que comecei, há uns três anos atrás. Saber que havia alguém lendo sempre foi a minha motivação para criar um capítulo novo a cada semana.

Portanto, nada mais justo que eu agradeça a Elierme, vulgo Boneco de Neve, vulgo Snowpuppet, que acompanhou esta história desde os seus primórdios e continua um leitor fiel. Considerando-se todas as vezes que me senti saturado, posso dizer sem sombra de dúvida que foi graças a você que Roses and Demons chegou a 200 capítulos.

Muito obrigado por dedicar seu tempo a cada semana para ler e comentar, Boneco de Neve. Muito obrigado mesmo.



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Lince Walters mantinha uma expressão feroz no rosto, mas seu corpo o traía a todo o momento. As pernas cambaleavam, os braços sequer tinham força para erguer a espada e o peito arfava com a intensidade de um moribundo. Ainda estava em pé, mas era evidente que a batalha contra Electron exigira um preço muito alto. Então, por mais que detestasse a ideia de deixar seus subordinados lutando sozinhos, precisava se afastar caso não quisesse se tornar mais uma casualidade.
Na retaguarda de seu exército ele logo viu a figura de Froz, que coordenava os esforços empericianos com uma expressão desagradada. Preocupado, Lince se aproximou do major e esperou ele terminar de gritar algumas ordens antes de fazer seu questionamento.
–Como você avalia nossa situação, senhor?
–Pelos deuses, Walters! Olhe para você, parece que se engalfinhou com um filhote de dragão!
–Major, dragões são apenas um mito.
–Isso pouco importa agora. O fato é que estamos entrando em desvantagem, tudo culpa daqueles manipuladores chesordianos. Nem mesmo a força das bruxas consegue equilibrar a batalha a nosso favor.
–Vamos bater em retirada? – Lince propôs a decisão que provavelmente tomaria caso ainda estivesse no comando.
–E você pensa tão pouco assim de nossos soldados? Ainda temos a chance de vencer! – Respondeu o líder quase em tom colérico.
–Eu sei, major, mas a quantidade de baixas que teremos apostando numa chance tão incerta é...
–Aceitável. Agora vá fazer algo de útil, Walters.
Resignado, Lince questionou a si mesmo se havia tomado a decisão correta, enganando o controlador dos relâmpagos para garantir uma vitória para si. Vencer um confronto tão pessoal daquela forma não lhe trazia prazer algum e agora, diante das possibilidades restritas de sofrer uma derrota ou reduzir o número de comandados à casa das dezenas, remoía sua escolha constantemente.
Será que se realmente tivesse tentando convencer Froz a aceitar uma trégua a situação teria se desenrolado de uma forma menos tenebrosa? Ele jamais saberia.

Um grupo considerável de soldados empericianos havia preparado um ataque surpresa pela direção oposta à qual o exército principal marchava, na esperança de surpreender a retaguarda chesordiana e enfraquecer os flancos. Num primeiro momento a estratégia teve algum sucesso, mas logo o norte da campina começou a se encher de guerreiros caídos que se contorciam.
A responsável por isto era uma única mulher de cabelos de cor de esmeralda, levemente desalinhados e descendo até a altura de seus ombros. Usando um uniforme de caules nas cores azul e preta, Priscilla Minson, codinome Viper, dominou a situação com eficiência venenosa.
Diante dela, os poucos guerreiros e bruxas que restavam se viam hesitando, atônitos diante do perigo que a controladora do veneno representava, mas a atenção de todos subitamente se voltou para os gritos entre as fileiras chesordianas, onde soldados caíam jorrando sangue.
Eles rapidamente se espalharam, revelando o perigo que se movia com agilidade sobre-humana: uma bruxa de longos cabelos loiros e repartidos, com seu quimono tão manchado de sangue que a faixa amarelada com que o amarrava já começava a tomar tons de laranja.
–Erika! – Uma bruxa ali perto exclamou!
–Você não está brincando, pelo visto. – Comentou Priscilla após uma rápida verificação na situação de seus aliados tombados. Todos possuíam feridas em pontos vitais e provavelmente já estavam mortos.
–Como poderia depois de descobrir o tratamento que vocês dão às bruxas neste reino?
Ouvir isto trouxe uma lembrança à tona na mente de Viper. Embora não estivesse presente na ocasião, tendo sido enviada à batalha somente depois, descobriu algo interessante pela fofoca dos soldados de Brokefront.
–Então você é aquela bruxa empericiana que conseguiram capturar e que depois escapou.
–A própria.
–Depois do que você fez não vou mostrar um pingo de piedade. Vai desejar nunca ter saído da sua cela!
–Senhora Viper! – Um soldado deu um passo vacilante à frente enquanto exclamava, demonstrando a intenção de ajudar.
–Cuidem dos outros, essa bruxa é minha. E espero que você consiga me divertir um pouquinho, “Erika”. – Priscilla disse a última palavra com desdém e então lançou um jato esverdeado.
A princesa evadiu e a avançou num piscar de olhos, sua paciência com a inimiga já esgotada. Contudo, ela não foi a única a surpreender, pois seu golpe horizontal de adaga, direcionado ao pescoço, foi detido pela espada curva de Viper. Encadeou um segundo golpe com a mão esquerda e desta vez conseguiu derramar gotas do sangue da garota de cabelos verdes, mas apenas com um corte leve no ombro enquanto ela se afastava.
Erika não tinha intenção de lhe dar a menor chance de assumir uma postura ofensiva, mas ao dar o primeiro passo adiante começou a sentir tontura e quase perdeu o equilíbrio. Detendo seu avanço por completo, ela não entendia o que estava acontecendo.
–O que você... fez...?
–Você é mesmo burra, não é? Olhe bem para os seus amiguinhos gemendo no chão.
–Você injetou... alguma coisa...
–Exatamente. No caso deles eu até peguei leve, mas com você vai ser diferente. Eu vou entupi-la de veneno até morrer engasgada.
Viper lançou uma bolha ao alto e, quando estourou, fez chover toxinas sobre a cabeça da bruxa de cabelos dourados. Ainda aturdida e forçada a tomar uma decisão instantânea, ela se afastou rápido o bastante para evitar contato com a substância venenosa.
–“Ela deve ter me atingido sem que eu visse no instante que ataquei. Com poderes assim essa desgraçada pode mesmo conseguir me matar.” – A filha de Jack Secrett ponderou o que deveria fazer naquela ocasião. Sabia que se insistisse no confronto não teria condições de evitar todos os ataques venenosos. Sabia que se continuasse a lutar corria o risco de ser capturada novamente, até mesmo de perder a vida. Contudo. – “Se eu deixá-la agir à vontade, os soldados de Lince e minhas irmãs não terão a menor chance. Não tem mais ninguém aqui com condições de lutar contra ela.”
Erika lançou uma de suas adagas e, um segundo depois, lançou-se à frente. Tentando prever seus passos, Viper disparou a partir de sua mão esquerda quatro filetes serpenteantes que atingiram apenas o chão, mas impediram o caminho da veloz inimiga. Por fim, Priscilla defendeu a lâmina que ainda vinha em sua direção usando a própria espada, ou assim havia pensado.
Forçando seus limites, Secrett conseguiu recolher a adaga antes que ela chegasse ao alcance de sua oponente e, aproveitando a distração causada, saltou, atingindo-a com um chute na cabeça. A velocidade do golpe desnorteou Priscilla e, enquanto a via cair, a bruxa cruzou os braços para desferir um golpe perfurante em direção ao chão. Viper, contudo, não estava completamente à sua mercê e ergueu sua lâmina na horizontal, forçando a interrupção da atacante, que acabaria cortando os próprios pulsos se insistisse.
Antes mesmo da garota de cabelos de esmeralda chegar ao solo, mais quatro serpentes elementais surgiram, desta vez em direção ao alto, levando Erika a se afastar novamente. Porém, depois de vários passos ela teve de apoiar um joelho no chão, sentindo-se ainda mais nauseada que antes.
–D-De novo...
–Você é boa, admito, mas de pouco em pouco o seu corpo vai entorpecer e falhar. Sua chance de vencer foi perdida quanto eu a envenenei pela primeira vez.
A princesa não via mentiras naquelas palavras. Podia sentir com clareza que seus reflexos estavam cada vez mais imprecisos. Até mesmo usar sua magia era algo arriscado, pois podia ferir a si mesma.
–“Não tem como...”
Reunindo suas forças, ela conseguiu se colocar em pé. Contudo, suas pernas tremiam, e ela não sabia diferenciar se isto era um efeito do veneno ou se sentia medo da inimiga que se aproximava lentamente.


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Notas finais do capítulo

Enviada à Magna Academia, a princesa desejava uma vida muito diferente.

Capítulo 201: De Princesa a Bruxa

Em breve.



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