E O Avatar Resurge escrita por Nati


Capítulo 4
Capítulo 4 - Nação do Fogo (parte 2)




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-O festival de dobras, acontece na segunda noite de Lua Cheia a cada seis meses, é uma coisa que foi inventada há pouco tempo para saudar os dobradores de água por ajudarem a salvar a Nação do Fogo de ataques direcionados a família real. – Ming explicou.

-Puxa, isso é legal! E o que acontece lá? – segui as meninas correndo.

-Lutas demonstrativas entre dominadores de fogo e de água. – disse Lee.

-Suponho que eu vá participar desse festival. – arrisquei.

-Claro que vai! Você é o Avatar e é uma dominadora de água, vai lutar comigo ou com Ming. – Lee entrou no palácio e seguiu por corredores até um quarto com uma porta dourada.

-Vem, temos que te arrumar. – Ming me puxou para dentro do quarto.

-Me arrumar? Mas se for uma luta quero minhas roupas da Tribo da Água!

-Fica calma, vai ter que vestir um vestido da corte, mas só durante o jantar, depois será dispensada pra se arrumar e as lutas se iniciaram. – disse Ming arrancando meu kimono preto.

-Ei! Posso me vestir sozinha pelo menos? – reclamei.

-Não antes de um banho! – Lee correu até outra porta e depois saiu com muito vapor por trás dela. – A água já está quente.

Fui para o banheiro e encostei a mão na água da banheira, estava fervendo.

-Vocês são canibais? – perguntei assustada e as irmãs me olharam confusas. – Querem me cozinhar?

-Ah, me desculpe, fiquei com pressa. – Lee colocou a mão na nuca.

-Tudo bem, dou um jeito nisso. – disse.

Fiz a temperatura da água ficar mais baixa e entrei na banheira. Lee e Ming ainda estavam me olhando.

-Podem me dar licença?

-Claro, desculpa! – Ming empurrou Lee para fora do banheiro.

Afundei a cabeça na água para molhar os cabelos. Fiquei um pouco a mais na banheira, meus músculos estavam relaxados e a sensação de estar coberta por água me fazia bem. Mas minha felicidade durou pouco.

-Já tomou banho? – Ming perguntou pelo lado de fora.

-Sim, estou saindo! – me apressei.

Me enrolei em uma toalha e corri para o quarto onde as meninas me esperavam com vestidos vermelhos. O vestido de Lee era vermelho com labaredas bordadas em dourado e Ming usava o vestido do mesmo modelo, porém com bordados de flores.

-Sempre se vestem com esses bordados nas roupas? – perguntei.

-Sim, Lee representa o lado forte e lutador da família, eu represento o lado afetuoso e pacifico. – Ming respondeu.

-Legal isso. – falei.

-Aqui está o seu. – Lee me mostrou um vestido igual ao delas, porém na cor azul da mesma cor do meu casaco e bordados brancos em forma de ondas.

-É lindo! – falei.

-Sim, eu sei, eu que escolhi. – Ming sorriu.

-Muito bom gosto. – falei.

Me vesti com muita ajuda das duas. O vestido era muito justo, eu sempre vesti roupas largas pra ter liberdade nos movimentos e dentro do vestido eu me senti dentro de uma garrafa.

-Ai... tem chance de soltar um pouco essas cordinhas? – perguntei para Ming enquanto ela trançava a fita do vestido atrás.

-Nenhuma chance.

-Mas eu não consigo respirar.

-Consegue sim, agora fica quieta para eu dar o nó.

Ming fechou o vestido e eu quase morri sem ar. Se respirar já era difícil imagina andar com aquele vestido, minhas pernas não tinham espaço para se mexer.

-Me desculpem vocês duas, mas eu não consigo andar com isso. – fui até uma penteadeira e remexi nas gavetas.

-Está procurando o que? – Lee veio até o meu lado.

-Alguma coisa pra cortar. – continuei abrindo todas as gavetas.

-Ah não você não vai cortar nada! – Ming me puxou para trás.

Olhei brava pra ela e olhei para a banheira devia estar cheia ainda. Dobrei a água até mim e antes que as meninas me impedissem cortei o vestido fazendo uma fenda na minha pena direita.

-Não pode fazer isso! – Ming ficou desesperada.

-Já fiz e... – coloquei a perna direita para fora da fenda. – Consigo andar agora.

-E ficou muito ousado. – Lee olhou e deu um sorriso brincalhão.

Coloquei a perna para dentro do vestido de novo. Ming e Lee riram e olharam para os vestidos delas.

-Pode fazer isso mais duas vezes? – Ming olhou com expectativa.

-Mas é claro! – falei.

Fiz a fenda nos vestidos delas e corremos para a abertura do festival.

Festival Fogo & Água, maravilha de festival, gente da Tribo da Água, comida da Tribo da Água, artesanatos da Tribo da Água. Me senti bem a vontade. O jantar foi magnífico, me apresentaram a todos formalmente. Vários dobradores da Tribo da Água do Norte aparecerem e vieram me cumprimentar, achei que os dobradores da Tribo da Água do Sul também viessem, mas se eles não participavam do festival. Continuei na cola de Ming e Lee por que elas me mostravam tudo da cidade imperial, as pessoas eram muito receptivas e me cumprimentavam com sorriso no rosto.

-Vocês têm súditos bem legais. – falei.

-Sim, são os melhores. – Lee falou.

Continuamos a andar pela cidade e um grupo de meninos passou olhando para as meninas, sorri e Ming e Lee ficaram coradas.

-Pelo que vejo vocês têm pretendentes. – falei rindo.

-Mais ou menos. Ziroh e Meiko são nossos... amigos. – Ming riu baixinho.

-Mas Lin olhou pra você. – Lee sorriu.

Meu rosto começou a arder.

-Parem de brincadeiras vocês duas, ele só me cumprimentou. – falei com vergonha.

-Não, não. Ele deu um sorrisinho. – disse Ming.

Olhei para trás em direção aos garotos e o do meio continuava olhando para mim.

-Ming, acho que vou chamar Meiko para comer alguma coisa. – Lee falou olhando para Ming.

-Sim Lee, eu vou chamar Ziroh para dar uma voltinha pelo festival. – as duas deram risadinhas e se afastaram.

-Espera ai, não vão me deixar sozinha né? – elas continuaram andando. – Ah não meninas! Eu não conheço nada aqui!.

Elas olharam para mim rindo e foram falar com os meninos. Lee estava com um garoto alto com feições fortes. Ming estava com um mais baixo um pouco de aspecto brincalhão. O garoto do meio olhou para os casais ao lado sorrindo e depois começou a andar em minha direção.

-Ah não. – sussurrei.

Cobri o rosto com a mão comecei a andar para longe dele indo em direção a uma ponte. Quando estava no meio da ponte uma voz rouca e calma chamou meu nome.

-Nikki.

Virei para trás e vi o garoto que as meninas falaram: Lin.

-Ah, oi. – falei indiferente.

-Quem diria que eu iria encontrar a Avatar aqui.

-Todos. Estou aqui treinando a dobra de fogo. – continuei indiferente

-Nossa. – ele riu um pouco. – Acho que você gosta de privacidade.

-Gosto sim.

-Eu acho...

Ele começou a falar, mas uma voz em um alto falante o interrompeu.

-Os dobradores estão sendo dispensados para se preparar para os duelos de dobras. Obrigado. – o auto-falante comunicou.

-Tenho que ir. – falei virando as costas.

-Tudo bem, nos veremos outro dia? – ele perguntou.

-Talvez.

Corri para o meu quarto e vesti meu kimono, calça de pele e botas de lã da Tribo da Água e voltei para o festival. Encontrei Ming e Lee já vestidas para o duelo.

-E ai Arrasa-coração? – Lee falou num tom brincalhão.

-Vamos parar com brincadeiras? Eu preciso me concentrar para o duelo. – falei brava.

-Lee para de deixar ela nervosa, daqui a pouco vão nos chamar. – Ming reclamou.

-O que não pode fazer nesse duelo? – perguntei tentando mudar de assunto.

-Não machucar e não matar. – Ming respondeu.

-Tudo bem então parece fácil. – dei de ombros.

Fomos para uma salinha de espera, haviam dobradores de fogo e de água, todos sorrindo e se preparando. Quando me viram me cumprimentaram se curvando e eu fiz o mesmo. Comecei a me preparar dobrando a água de uns vasos espalhados por toda a sala. Enquanto eu me aquecia ouvi o apresentador do festival anunciando as lutas.

-Princesa Ming lutará contra Kintoh.

Ming ficou indiferente.

-Princesa Lee lutará contra Kya.

-Uma garota? Estão duvidando da minha capacidade? – Lee ficou irritada.

Ming chegou perto de mim e sussurrou no meu ouvido.

-Não falei que ela era exibida?

Dei uma risadinha.

O locutor continuou anunciando as lutas até chegar ao meu nome.

-A Avatar Nikki, - gritos e palmas vinham lá de fora. – lutará contra Lin.

Fiquei estática, sem reação nenhuma, vi Lee e Ming rindo e falando alguma coisa que eu não entendi. Mas que droga! Por que esse tal de Lin? Naquele instante eu já estava com vontade de esquecer que o duelo era demonstrativo e dar uns tapas naquele garoto.

-Quem diria em Nikki? O Lin... – Ming começou a rir.

-Ninguém diria, mas se eu ficar mais enfezada eu vou esquecer que é só uma brincadeirinha. – sai de perto delas.

Continuei dobrando a água dos vasos com mais raiva, estava queimando de vontade que ele fizesse algum movimento forte para eu revidar com o dobro de força. A água dos potes estava começando a levantar e virar estacas de gelo.

A minha luta foi a ultima como um “grande final” e por mim seria uma grande luta.

O ringue era um quadrado enorme com várias rachaduras, havia quatro potes com água um em cada ponta e mais quatro nos meios das bordas. Lin estava na minha frente sorrindo e eu mantive minha cara fechada.

Começou a luta.

Corri para frente e saltei fazendo um arco de água voar por cima da cabeça de Lin. Ele deu um chute circular fazendo um circulo de fogo no ar, dois socos para frente e um chute circular baixo fazendo um rosto sorridente de fogo.

-Gosta de graça? Vou te dar a graça! – fiquei nervosa.

Dobrei estacas de gelo e joguei aos lados dele fazendo buracos no chão. Sorri e ele me olhou assustado. Lin deu dois chutes seguidos e vários socos direto, fazendo muitas chamas virem em minha direção, para eu desviar tive que dar saltos para trás e mortais laterais. Consegui me proteger de quase todas as bolas de fogo, mas uma atingiu minha perna esquerda queimando a calça e fazendo uma queimadura de segundo grau. Olhei minha perna ferida e meu sangue ferveu na hora. Fiz uma parede de água em minha volta e comecei a jogar dardos de gelo o mais rápido que conseguia, dobrei um filete de água e joguei com pressão atingindo o chão bem ao lado do pé direito de Lin fazendo uma rachadura enorme. Lin se defendia mais do que atacava, mas eu não fiquei com pena dele, minha perna deveria estar ardendo, mas eu estava com tanta raiva que não sentia nada, só pensava em retalhar aquele projeto de dobrador de fogo. Continuei atacando sem defesa enquanto Lin se defendia como podia até que ele saiu do ringue. Permaneci no meio respirando com dificuldade e Lin estava do mesmo jeito.

-Pelo que vemos acho que tivemos um final incrível e de algum modo esperado. – o locutor falou. – Nem precisamos de juízes para saber que Avatar Nikki ganhou a luta.

Vários gritos e aplausos agitavam o festival, continuei encarando Lin e ele foi embora.

Corri para o meu quarto e tranquei a porta com força. Sentei na cama e comecei a chorar, minha perna estava doendo muito e quando a olhei de novo percebi que não era só uma queimadura de segundo grau, a pele tinha saído do lugar deixando minha perna em carne viva. Os pelos da calça estavam encostando no ferimento causando mais dor. Me arrependi até o ultimo fio de cabelo por faltar nas aulas de cura da Tribo da Água.

Entrei no banheiro, mergulhei minha perna n’água e tentei fazer os movimentos de cura, mas nada acontecia.

-Mas que droga água! Vai, começa a brilhar um pouquinho! – resmunguei.

A única coisa que eu conseguia fazer era refrescar a pele e mais nada. Enquanto eu estava no banheiro alguém bateu na porta.

-Quem é? – perguntei tentando manter a voz firme.

-É a Ming!

-E a Lee!

-Ah meninas, podem entrar. – relaxei a voz.

Elas entraram com tudo no banheiro e me viram com a perna dentro d’água.

-Mas o que aconteceu lá?! – Ming estava com a voz exaltada.

-Me desculpem, mas eu não deixei a perna dele em carne viva! – respondi com raiva.

-Isso está muito feio! – Lee falou preocupada.

-Pois é, mas eu não sei curar. – falei.

-Precisamos te levar a um curandeiro então. – disse Ming.

-Se puderem me ajudar eu agradeço muito. Eu preciso de algum pano pra enrolar a perna. – falei.

-Claro. – Lee pegou o lençol que forrava o colchão, rasgou e enrolou na minha perna com muito cuidado.

Elas me levaram a um curandeiro esquisito.

-Meninas. - chamei baixinho enquanto o curandeiro se afastou.

Elas se aproximaram e eu falei:

-Eu não confio nesse cara.

-Relaxa, ele é ótimo! – Ming tentou me tranqüilizar.

Olhei desconfiada pra ele. O cara era muito esquisito, vestia roupas vermelhas e remexia uns vidros e coisas penduradas. O curandeiro veio até mim com algumas coisas e de repente pousou a mão com a maior força bem em cima da queimadura.

-AHHHHH! – dei um gritou alto. – MAIS QUE COISA! AI! ISSO TA DOENDO! – reclamei brava.

-Shh! Isso faz parte da cura. – o curandeiro falou com os olhos fechados.

-Não! Isso dói! Cura com água não dói nada! Agora me dêem licença que eu vou procurar uma dobradora de água no festival! – levantei com raiva e sai da sala enfurecida.

Cheguei no meio da praça do festival e perguntei se havia alguma curandeira presente. Uma garota baixa com um vestido da Tribo da Água do Norte, cabelos presos em um rabo-de-cavalo chegou perto de mim e pediu para que eu sentasse.

-Isso ta bem feio. – ela falou calmamente.

-É eu sei, e o curandeiro doido daqui ainda me deu um tapa bem em cima. – falei suspirando enquanto ela tocava de leve o machucado.

-Você tem água ai? – ela perguntou calmamente.

-Hum... não. – respondi.

-Eu vou buscar então. – ela falou se levantando.

As pessoas começaram a se aglomerar em volta e pareciam preocupadas. A garota voltou com um pote d’água e começou a dobrar a água sobre o machucado.

-Ainda bem que encontrei você. – falei.

-Acho que foi sorte. – ela sorriu.

-Como é seu nome?

-Kya.

-Ah, você que lutou com a Lee.

-Sim, mas ela não gostou muito eu acho. – o sorriso se desfez do rosto dela.

-Não tome isso como pessoal, é que Lee gosta de desafios. – sorri um pouco.

-Claro, acho que eu entendo... – Kya fez uma pausa. – Nação do Fogo né?

-É, Nação do Fogo.

A água estava começando a brilhar e eu já estava sentindo minha perna ficar melhor.

-Quantos anos você tem? – perguntei para Kya.

-13, e você?

-15, mas depois dessa loucura de Avatar me sinto com duzentos.

-De certa forma é verdade, até se você se sentisse com mil.

Nós rimos.

-Quer dizer que agora a Tribo da Água do Norte treina as meninas para lutas também. – tentei mudar de assunto.

-Sim, a muitos anos atrás. Mais ou menos depois que o Avatar Aang ajudou a salvar a Tribo da Água do Norte durante a guerra com a Nação do Fogo. Katara tentou treinar com o Mestre Pakku, mas ele recusou treiná-la e ela tanto insistiu e provou que merecia e que era boa então Pakku a ensinou a dobrar e desde então a Tribo da Água passou a permitir que meninas lutassem.

-Legal, mas hoje eu vi que eu não deveria ter faltado às aulas de cura. – falei.

-Eu queria ter faltado as aulas de cura... são absolutamente chatas. – ela suspirou.

-Mas... muito úteis. – reforcei.

-Sim, muito útil. – Kya revirou os olhos.

Kya terminou a dobra e falou pra eu tomar cuidado com o ferimento, ele ainda estava sensível e que iria cicatrizar em mais ou menos dois dias.

Durante esses dois dias passei o tempo todo no dentro do palácio recebendo aulas teóricas de como ser uma boa dominadora de fogo e blá, blá, blá...

-Vamos ver como anda esse fogo? – Ming perguntou animada.

-Vou tomar isso como uma brincadeira inofensiva e inocente. – arqueei a sobrancelha.

-Desculpa... enfim, se concentre e foque suas energias na palma da sua mão. – disse Ming.

-Como assim? – perguntei confusa.

-Vamos ver como anda o seu fogo, literalmente. – Lee falou. – Assim.

Lee abriu a palma da mão e uma chama grande e azul saiu da mão dela.

-Ah, entendi. – falei.

Fechei os olhos e tentei me concentrar, não sei o que pensei na hora mas quando abri os olhos novamente havia uma bola de fogo flutuando na palma da minha mão.

-Eu fiz isso? – perguntei assustada.

-Finalmente conseguiu! – Ming quase pulava de alegria.

-Eu consegui! HÁ! – me concentrei mais um pouco e a chama aumentou.

-Isso! Dá um soco pra ver! – Lee sugeriu.

Dei um soco e uma labareda saiu da minha mão.

-Isso é muito legal! – dei mais um soco.

-Vamos lá Miss Fire temos que treinar de verdade agora. – Ming e Lee me puxaram para o campo de treino.

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-O festival de dobras, acontece na segunda noite de Lua Cheia a cada seis meses, é uma coisa que foi inventada há pouco tempo para saudar os dobradores de água por ajudarem a salvar a Nação do Fogo de ataques direcionados a família real. – Ming explicou.

-Puxa, isso é legal! E o que acontece lá? – segui as meninas correndo.

-Lutas demonstrativas entre dominadores de fogo e de água. – disse Lee.

-Suponho que eu vá participar desse festival. – arrisquei.

-Claro que vai! Você é o Avatar e é uma dominadora de água, vai lutar comigo ou com Ming. – Lee entrou no palácio e seguiu por corredores até um quarto com uma porta dourada.

-Vem, temos que te arrumar. – Ming me puxou para dentro do quarto.

-Me arrumar? Mas se for uma luta quero minhas roupas da Tribo da Água!

-Fica calma, vai ter que vestir um vestido da corte, mas só durante o jantar, depois será dispensada pra se arrumar e as lutas se iniciaram. – disse Ming arrancando meu kimono preto.

-Ei! Posso me vestir sozinha pelo menos? – reclamei.

-Não antes de um banho! – Lee correu até outra porta e depois saiu com muito vapor por trás dela. – A água já está quente.

Fui para o banheiro e encostei a mão na água da banheira, estava fervendo.

-Vocês são canibais? – perguntei assustada e as irmãs me olharam confusas. – Querem me cozinhar?

-Ah, me desculpe, fiquei com pressa. – Lee colocou a mão na nuca.

-Tudo bem, dou um jeito nisso. – disse.

Fiz a temperatura da água ficar mais baixa e entrei na banheira. Lee e Ming ainda estavam me olhando.

-Podem me dar licença?

-Claro, desculpa! – Ming empurrou Lee para fora do banheiro.

Afundei a cabeça na água para molhar os cabelos. Fiquei um pouco a mais na banheira, meus músculos estavam relaxados e a sensação de estar coberta por água me fazia bem. Mas minha felicidade durou pouco.

-Já tomou banho? – Ming perguntou pelo lado de fora.

-Sim, estou saindo! – me apressei.

Me enrolei em uma toalha e corri para o quarto onde as meninas me esperavam com vestidos vermelhos. O vestido de Lee era vermelho com labaredas bordadas em dourado e Ming usava o vestido do mesmo modelo, porém com bordados de flores.

-Sempre se vestem com esses bordados nas roupas? – perguntei.

-Sim, Lee representa o lado forte e lutador da família, eu represento o lado afetuoso e pacifico. – Ming respondeu.

-Legal isso. – falei.

-Aqui está o seu. – Lee me mostrou um vestido igual ao delas, porém na cor azul da mesma cor do meu casaco e bordados brancos em forma de ondas.

-É lindo! – falei.

-Sim, eu sei, eu que escolhi. – Ming sorriu.

-Muito bom gosto. – falei.

Me vesti com muita ajuda das duas. O vestido era muito justo, eu sempre vesti roupas largas pra ter liberdade nos movimentos e dentro do vestido eu me senti dentro de uma garrafa.

-Ai... tem chance de soltar um pouco essas cordinhas? – perguntei para Ming enquanto ela trançava a fita do vestido atrás.

-Nenhuma chance.

-Mas eu não consigo respirar.

-Consegue sim, agora fica quieta para eu dar o nó.

Ming fechou o vestido e eu quase morri sem ar. Se respirar já era difícil imagina andar com aquele vestido, minhas pernas não tinham espaço para se mexer.

-Me desculpem vocês duas, mas eu não consigo andar com isso. – fui até uma penteadeira e remexi nas gavetas.

-Está procurando o que? – Lee veio até o meu lado.

-Alguma coisa pra cortar. – continuei abrindo todas as gavetas.

-Ah não você não vai cortar nada! – Ming me puxou para trás.

Olhei brava pra ela e olhei para a banheira devia estar cheia ainda. Dobrei a água até mim e antes que as meninas me impedissem cortei o vestido fazendo uma fenda na minha pena direita.

-Não pode fazer isso! – Ming ficou desesperada.

-Já fiz e... – coloquei a perna direita para fora da fenda. – Consigo andar agora.

-E ficou muito ousado. – Lee olhou e deu um sorriso brincalhão.

Coloquei a perna para dentro do vestido de novo. Ming e Lee riram e olharam para os vestidos delas.

-Pode fazer isso mais duas vezes? – Ming olhou com expectativa.

-Mas é claro! – falei.

Fiz a fenda nos vestidos delas e corremos para a abertura do festival.

Festival Fogo & Água, maravilha de festival, gente da Tribo da Água, comida da Tribo da Água, artesanatos da Tribo da Água. Me senti bem a vontade. O jantar foi magnífico, me apresentaram a todos formalmente. Vários dobradores da Tribo da Água do Norte aparecerem e vieram me cumprimentar, achei que os dobradores da Tribo da Água do Sul também viessem, mas se eles não participavam do festival. Continuei na cola de Ming e Lee por que elas me mostravam tudo da cidade imperial, as pessoas eram muito receptivas e me cumprimentavam com sorriso no rosto.

-Vocês têm súditos bem legais. – falei.

-Sim, são os melhores. – Lee falou.

Continuamos a andar pela cidade e um grupo de meninos passou olhando para as meninas, sorri e Ming e Lee ficaram coradas.

-Pelo que vejo vocês têm pretendentes. – falei rindo.

-Mais ou menos. Ziroh e Meiko são nossos... amigos. – Ming riu baixinho.

-Mas Lin olhou pra você. – Lee sorriu.

Meu rosto começou a arder.

-Parem de brincadeiras vocês duas, ele só me cumprimentou. – falei com vergonha.

-Não, não. Ele deu um sorrisinho. – disse Ming.

Olhei para trás em direção aos garotos e o do meio continuava olhando para mim.

-Ming, acho que vou chamar Meiko para comer alguma coisa. – Lee falou olhando para Ming.

-Sim Lee, eu vou chamar Ziroh para dar uma voltinha pelo festival. – as duas deram risadinhas e se afastaram.

-Espera ai, não vão me deixar sozinha né? – elas continuaram andando. – Ah não meninas! Eu não conheço nada aqui!.

Elas olharam para mim rindo e foram falar com os meninos. Lee estava com um garoto alto com feições fortes. Ming estava com um mais baixo um pouco de aspecto brincalhão. O garoto do meio olhou para os casais ao lado sorrindo e depois começou a andar em minha direção.

-Ah não. – sussurrei.

Cobri o rosto com a mão comecei a andar para longe dele indo em direção a uma ponte. Quando estava no meio da ponte uma voz rouca e calma chamou meu nome.

-Nikki.

Virei para trás e vi o garoto que as meninas falaram: Lin.

-Ah, oi. – falei indiferente.

-Quem diria que eu iria encontrar a Avatar aqui.

-Todos. Estou aqui treinando a dobra de fogo. – continuei indiferente

-Nossa. – ele riu um pouco. – Acho que você gosta de privacidade.

-Gosto sim.

-Eu acho...

Ele começou a falar, mas uma voz em um alto falante o interrompeu.

-Os dobradores estão sendo dispensados para se preparar para os duelos de dobras. Obrigado. – o auto-falante comunicou.

-Tenho que ir. – falei virando as costas.

-Tudo bem, nos veremos outro dia? – ele perguntou.

-Talvez.

Corri para o meu quarto e vesti meu kimono, calça de pele e botas de lã da Tribo da Água e voltei para o festival. Encontrei Ming e Lee já vestidas para o duelo.

-E ai Arrasa-coração? – Lee falou num tom brincalhão.

-Vamos parar com brincadeiras? Eu preciso me concentrar para o duelo. – falei brava.

-Lee para de deixar ela nervosa, daqui a pouco vão nos chamar. – Ming reclamou.

-O que não pode fazer nesse duelo? – perguntei tentando mudar de assunto.

-Não machucar e não matar. – Ming respondeu.

-Tudo bem então parece fácil. – dei de ombros.

Fomos para uma salinha de espera, haviam dobradores de fogo e de água, todos sorrindo e se preparando. Quando me viram me cumprimentaram se curvando e eu fiz o mesmo. Comecei a me preparar dobrando a água de uns vasos espalhados por toda a sala. Enquanto eu me aquecia ouvi o apresentador do festival anunciando as lutas.

-Princesa Ming lutará contra Kintoh.

Ming ficou indiferente.

-Princesa Lee lutará contra Kya.

-Uma garota? Estão duvidando da minha capacidade? – Lee ficou irritada.

Ming chegou perto de mim e sussurrou no meu ouvido.

-Não falei que ela era exibida?

Dei uma risadinha.

O locutor continuou anunciando as lutas até chegar ao meu nome.

-A Avatar Nikki, - gritos e palmas vinham lá de fora. – lutará contra Lin.

Fiquei estática, sem reação nenhuma, vi Lee e Ming rindo e falando alguma coisa que eu não entendi. Mas que droga! Por que esse tal de Lin? Naquele instante eu já estava com vontade de esquecer que o duelo era demonstrativo e dar uns tapas naquele garoto.

-Quem diria em Nikki? O Lin... – Ming começou a rir.

-Ninguém diria, mas se eu ficar mais enfezada eu vou esquecer que é só uma brincadeirinha. – sai de perto delas.

Continuei dobrando a água dos vasos com mais raiva, estava queimando de vontade que ele fizesse algum movimento forte para eu revidar com o dobro de força. A água dos potes estava começando a levantar e virar estacas de gelo.

A minha luta foi a ultima como um “grande final” e por mim seria uma grande luta.

O ringue era um quadrado enorme com várias rachaduras, havia quatro potes com água um em cada ponta e mais quatro nos meios das bordas. Lin estava na minha frente sorrindo e eu mantive minha cara fechada.

Começou a luta.

Corri para frente e saltei fazendo um arco de água voar por cima da cabeça de Lin. Ele deu um chute circular fazendo um circulo de fogo no ar, dois socos para frente e um chute circular baixo fazendo um rosto sorridente de fogo.

-Gosta de graça? Vou te dar a graça! – fiquei nervosa.

Dobrei estacas de gelo e joguei aos lados dele fazendo buracos no chão. Sorri e ele me olhou assustado. Lin deu dois chutes seguidos e vários socos direto, fazendo muitas chamas virem em minha direção, para eu desviar tive que dar saltos para trás e mortais laterais. Consegui me proteger de quase todas as bolas de fogo, mas uma atingiu minha perna esquerda queimando a calça e fazendo uma queimadura de segundo grau. Olhei minha perna ferida e meu sangue ferveu na hora. Fiz uma parede de água em minha volta e comecei a jogar dardos de gelo o mais rápido que conseguia, dobrei um filete de água e joguei com pressão atingindo o chão bem ao lado do pé direito de Lin fazendo uma rachadura enorme. Lin se defendia mais do que atacava, mas eu não fiquei com pena dele, minha perna deveria estar ardendo, mas eu estava com tanta raiva que não sentia nada, só pensava em retalhar aquele projeto de dobrador de fogo. Continuei atacando sem defesa enquanto Lin se defendia como podia até que ele saiu do ringue. Permaneci no meio respirando com dificuldade e Lin estava do mesmo jeito.

-Pelo que vemos acho que tivemos um final incrível e de algum modo esperado. – o locutor falou. – Nem precisamos de juízes para saber que Avatar Nikki ganhou a luta.

Vários gritos e aplausos agitavam o festival, continuei encarando Lin e ele foi embora.

Corri para o meu quarto e tranquei a porta com força. Sentei na cama e comecei a chorar, minha perna estava doendo muito e quando a olhei de novo percebi que não era só uma queimadura de segundo grau, a pele tinha saído do lugar deixando minha perna em carne viva. Os pelos da calça estavam encostando no ferimento causando mais dor. Me arrependi até o ultimo fio de cabelo por faltar nas aulas de cura da Tribo da Água.

Entrei no banheiro, mergulhei minha perna n’água e tentei fazer os movimentos de cura, mas nada acontecia.

-Mas que droga água! Vai, começa a brilhar um pouquinho! – resmunguei.

A única coisa que eu conseguia fazer era refrescar a pele e mais nada. Enquanto eu estava no banheiro alguém bateu na porta.

-Quem é? – perguntei tentando manter a voz firme.

-É a Ming!

-E a Lee!

-Ah meninas, podem entrar. – relaxei a voz.

Elas entraram com tudo no banheiro e me viram com a perna dentro d’água.

-Mas o que aconteceu lá?! – Ming estava com a voz exaltada.

-Me desculpem, mas eu não deixei a perna dele em carne viva! – respondi com raiva.

-Isso está muito feio! – Lee falou preocupada.

-Pois é, mas eu não sei curar. – falei.

-Precisamos te levar a um curandeiro então. – disse Ming.

-Se puderem me ajudar eu agradeço muito. Eu preciso de algum pano pra enrolar a perna. – falei.

-Claro. – Lee pegou o lençol que forrava o colchão, rasgou e enrolou na minha perna com muito cuidado.

Elas me levaram a um curandeiro esquisito.

-Meninas. - chamei baixinho enquanto o curandeiro se afastou.

Elas se aproximaram e eu falei:

-Eu não confio nesse cara.

-Relaxa, ele é ótimo! – Ming tentou me tranqüilizar.

Olhei desconfiada pra ele. O cara era muito esquisito, vestia roupas vermelhas e remexia uns vidros e coisas penduradas. O curandeiro veio até mim com algumas coisas e de repente pousou a mão com a maior força bem em cima da queimadura.

-AHHHHH! – dei um gritou alto. – MAIS QUE COISA! AI! ISSO TA DOENDO! – reclamei brava.

-Shh! Isso faz parte da cura. – o curandeiro falou com os olhos fechados.

-Não! Isso dói! Cura com água não dói nada! Agora me dêem licença que eu vou procurar uma dobradora de água no festival! – levantei com raiva e sai da sala enfurecida.

Cheguei no meio da praça do festival e perguntei se havia alguma curandeira presente. Uma garota baixa com um vestido da Tribo da Água do Norte, cabelos presos em um rabo-de-cavalo chegou perto de mim e pediu para que eu sentasse.

-Isso ta bem feio. – ela falou calmamente.

-É eu sei, e o curandeiro doido daqui ainda me deu um tapa bem em cima. – falei suspirando enquanto ela tocava de leve o machucado.

-Você tem água ai? – ela perguntou calmamente.

-Hum... não. – respondi.

-Eu vou buscar então. – ela falou se levantando.

As pessoas começaram a se aglomerar em volta e pareciam preocupadas. A garota voltou com um pote d’água e começou a dobrar a água sobre o machucado.

-Ainda bem que encontrei você. – falei.

-Acho que foi sorte. – ela sorriu.

-Como é seu nome?

-Kya.

-Ah, você que lutou com a Lee.

-Sim, mas ela não gostou muito eu acho. – o sorriso se desfez do rosto dela.

-Não tome isso como pessoal, é que Lee gosta de desafios. – sorri um pouco.

-Claro, acho que eu entendo... – Kya fez uma pausa. – Nação do Fogo né?

-É, Nação do Fogo.

A água estava começando a brilhar e eu já estava sentindo minha perna ficar melhor.

-Quantos anos você tem? – perguntei para Kya.

-13, e você?

-15, mas depois dessa loucura de Avatar me sinto com duzentos.

-De certa forma é verdade, até se você se sentisse com mil.

Nós rimos.

-Quer dizer que agora a Tribo da Água do Norte treina as meninas para lutas também. – tentei mudar de assunto.

-Sim, a muitos anos atrás. Mais ou menos depois que o Avatar Aang ajudou a salvar a Tribo da Água do Norte durante a guerra com a Nação do Fogo. Katara tentou treinar com o Mestre Pakku, mas ele recusou treiná-la e ela tanto insistiu e provou que merecia e que era boa então Pakku a ensinou a dobrar e desde então a Tribo da Água passou a permitir que meninas lutassem.

-Legal, mas hoje eu vi que eu não deveria ter faltado às aulas de cura. – falei.

-Eu queria ter faltado as aulas de cura... são absolutamente chatas. – ela suspirou.

-Mas... muito úteis. – reforcei.

-Sim, muito útil. – Kya revirou os olhos.

Kya terminou a dobra e falou pra eu tomar cuidado com o ferimento, ele ainda estava sensível e que iria cicatrizar em mais ou menos dois dias.

Durante esses dois dias passei o tempo todo no dentro do palácio recebendo aulas teóricas de como ser uma boa dominadora de fogo e blá, blá, blá...

-Vamos ver como anda esse fogo? – Ming perguntou animada.

-Vou tomar isso como uma brincadeira inofensiva e inocente. – arqueei a sobrancelha.

-Desculpa... enfim, se concentre e foque suas energias na palma da sua mão. – disse Ming.

-Como assim? – perguntei confusa.

-Vamos ver como anda o seu fogo, literalmente. – Lee falou. – Assim.

Lee abriu a palma da mão e uma chama grande e azul saiu da mão dela.

-Ah, entendi. – falei.

Fechei os olhos e tentei me concentrar, não sei o que pensei na hora mas quando abri os olhos novamente havia uma bola de fogo flutuando na palma da minha mão.

-Eu fiz isso? – perguntei assustada.

-Finalmente conseguiu! – Ming quase pulava de alegria.

-Eu consegui! HÁ! – me concentrei mais um pouco e a chama aumentou.

-Isso! Dá um soco pra ver! – Lee sugeriu.

Dei um soco e uma labareda saiu da minha mão.

-Isso é muito legal! – dei mais um soco.

-Vamos lá Miss Fire temos que treinar de verdade agora. – Ming e Lee me puxaram para o campo de treino.


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