E O Avatar Resurge escrita por Nati


Capítulo 2
Capítulo 2 - Reino da Terra


Notas iniciais do capítulo

Treinamento com Masami e Mitsue.



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Minha vida virou de cabeça para baixo depois que descobriram que eu era o Avatar, eu teria que ir para o Reino de Terra, acho que os não-dobradores o chamam de Japão, ou alguma coisa do gênero, dizem que fica em uma tal de Ásia, mas eu não sei as histórias dos não-dobradores.

  Antes de partir eu me sentei no meu banco de gelo que fica de frente para o mar, de alguma forma só de olhar para ele fazia eu me sentir mais calma e confiante.

  Voltei para a aldeia para me despedir, minha mãe me consolava e era tão bom ficar nos braços dela que eu não queria sair dali nunca mais. Ela me convenceu a ir, disse que era importante para a aldeia e que ela estava muito feliz por mim, aquilo me deixou um pouco feliz, mas eu ainda teria que partir.

  Começamos a viagem. Eu fiquei olhando para a aldeia se afastando cada vez mais até sumir de vista e eu me dei conta de que eu não iria voltar tão cedo.

  A viagem até o Reino da Terra foi muito rápida e tranqüila, quando atracamos no porto Titoh foi logo providenciando contato com Mitsue o membro da Lótus Branca do Reino da Terra.

  -Mitsue? É uma mulher? – perguntei.

  -Sim, Mitsue é a única mulher da Lótus Branca, ela ira treiná-la. – Titoh respondeu.

  Dei um suspiro pesado, achava que dobrar a terra não seria uma coisa que eu fizesse bem.

  Chegamos a uma casa, na verdade era uma mansão enorme toda em mármore branco com colunas, janelas e portas douradas. Quando entramos eu me senti mal, nunca havia visto tantas riquezas em um só lugar, tudo era muito bem decorado com peças douradas, prateadas e de bronze, algumas eram verdes. As paredes tinham pinturas e fotografias de pessoas que deveriam ser da família e olhando essas pinturas encontrei duas que reconheci na hora.

  -Olha Titoh, é a Toph Beifong! – mostrei para ele a foto na parede do lado esquerdo da sala, era uma mulher cega com o cabelo preso e alto com uma tiara com o símbolo da policia da antiga Cidade da Republica. – E aquela do lado é a Lin Beifong, filha dela! – mostrei-lhe a outra mulher do lado dela com os cabelos curtos e olhar autoritário.

  -Sim Nikki, Mitsue é da antiga família Beifong. – Titoh sorriu pra mim, talvez satisfeito por eu ter as reconhecido.  

  -Bem vindos a minha casa!

  Olhei em direção a voz e vi uma mulher no alto da escada que ficava no meio da sala, ela vestia um vestido com vários tons de verde, o cabelo era muito preto e estava preso no alto da cabeça com alguns adereços dourados em forma de flores, os olhos verdes eram alegres, a maquiagem estava impecável e os lábios eram de um vermelho cor de sangue incrível, ela deveria ter uns 35 anos e era muito bonita.

  -Bem vinda Avatar Nikki, é uma honra tê-la em minha casa. – ela se curvou pra mim e eu fiquei muito sem graça. – Meu nome é Mitsue Beifong.

  -Muito obrigada pela hospitalidade Senhora Beifong, será um prazer enorme treinar a dobra de terra com a senhora, eu estou muito ansiosa. – me curvei para ela também.

  -Vejo que reconheceu dois membros da minha família. – ela sorriu.

  -Sim, li muito dobre a Guerra dos Cem Anos, Toph era uma dobradora de terra excelente assim como sua filha Lin na época da Avatar Korra. – falei sorrindo.

  -Tem toda razão. – Mitsue pareceu satisfeita.

  -Quando ela começará a treinar? – Titoh perguntou.

  -Podemos começar agora se quiserem. – Mitsue desceu a escada e foi até a porta. – Masami! – ela chamou sem gritar.

  -Quem é Masami? – perguntei a Titoh.

  -Filho dela, mas por que ela o está chamando? – ele olhou pra mim com duvida.

  -Me chamou mamãe? – um garoto apareceu na porta.

  O garoto tinha o cabelo da cor dos da mãe, o mesmo sorriso também, tinha um rosto muito lindo e delicado, não era comum um dobrador de terra ser tão bonito e ele tinha os olhos verdes da cor das florestas.

  -Sim querido, ali está a Avatar Nikki. – ela gesticulou para mim.

  -É uma honra conhecer o Avatar! – ele sorriu pra mim e eu senti meu rosto queimar.

  -Bem, tenho uma tarefa para você meu filho, - ele abaixou a cabeça para a mãe e ela continuou. – você será responsável por treinar o Avatar.

  Titoh não gostou da idéia, disse que ele era muito novo para me ensinar.

  -Aang e Toph tinham praticamente a mesma idade, e foi ela que o ensinou a dobra de terra, e ainda descobriu sozinha como dobrar o metal! – Mitsue o enfrentou.

  -Mesmo assim não estamos falando do Avatar Aang e sim da Avatar Nikki! – ele gritou com ela.

  -Ora, não venha com essa, meu filho tem 15 anos e já serve ao exercito do Reino da Terra como comandante, ele sabe muito mais do que eu, já treinou soldados muito mais velhos do que ele! – Mitsue defendia o filho.

  -Quer saber, Nikki está sob sua responsabilidade enquanto estiver no Reino da Terra, treine-a como quiser! – Titoh saiu pela porta me deixando com Mitsue e Masami.

  -Legal, vou ficar sozinha aqui. – falei.

  -Mas estaremos aqui meu bem. – Mitsue falou com a mesma voz doce com que me cumprimentara.

  -Eu quero dizer que vou ficar sem ninguém da Tribo da Água do Sul aqui, foi muito difícil deixar a minha casa e agora Titoh me deixou sem ninguém. – segurei o braço direito, um sinal de quando eu ficava triste.

  -Olha, vamos fazer o possível para que se sinta em casa aqui. – ela sorriu pra mim e colocou a mão no meu ombro. – Venha, vou mostrar o seu quarto e quando estiver pronta podemos começar o seu treino.

  -Claro. – sorri para Mitsue como um gesto de gratidão.

  Subimos as escadas de mármore branco e chegamos a um corredor gigantesco com muitas portas, entramos em uma que eu nem prestei atenção em qual seria. O quarto era muito luxuoso, a cama era enorme e os cobertores e cortinas tinham um tom de verde claro, havia um guarda roupa grande e ao lado uma penteadeira com alguns cosméticos, - como se eu fosse usar. – tinham pinturas de paisagem em algumas paredes e uma varanda que dava para o campo de treino que ficava ao lado da casa.

  -Nossa... esse quarto é demais! – falei encantada.

  -Bem, fique a vontade e se precisar é só chamar, esperamos você para o treino. – Mitsue foi virando as costas quando a chamei.

  -Senhora Beifong, como faço pra chegar lá em baixo e no campo de treino? – tentei não parecer tão idiota.

  -O mordomo estará na escada, ele te levará até o campo. – ela saiu sorrindo me deixando sozinha no quarto.

  -Isso é incrível! – continuei olhando o quarto e depois fui para a varanda.

  Masami já estava treinando, ele usava calça marrom com sapatilha de luta e uma camiseta verde.

  Tirei a blusa de pele azul e guardei com o maior cuidado no guarda roupas, minha mãe tinha feito ela pra mim. Ela fora tingida com uma tinta especial, as barras eram brancas e bem no meio havia o símbolo da Tribo da Água do Sul e um detalhe em branco abaixo da gola. Estava vestida com uma camiseta azul-clara sem mangas e a calça de pele eu não tirei assim como minhas botas por que elas eram muito confortáveis para treinar. Me olhei no espelho e meu cabelo estava todo despenteado, as fitas de couro azul que o prendiam em uma trança estavam soltas, talvez pelo cansaço da viagem eu tinha enormes manchas escuras em volta dos olhos como um panda e isso realça e muito o tão claro que são o meus olhos. A íris do meu olho é uma coisa muito estranha, por minha dobra eles tinham que ser um tom de azul turquesa, mas eles eram azul-claro, não como azul-celeste, mas um azul meio acinzentado, da cor do gelo pode-se dizer, mas um pouca coisa mais escuro.

  Fui para o corredor e segui em direção a escada e lá estava o mordomo, ele me levou até o campo de treino e encontrei Mitsue e Masami treinando. Eles eram muito bons, tanto Mitsue como o filho. Aproximei-me deles e eles interromperam a luta rindo.

  -Que bom que veio, mamãe iria me dar um show! – Masami falou sorrindo para mãe.

  -Por favor, sem falsa modéstia filho! – ela sorria.

  Os dois eram felizes juntos, deveriam ser mais unidos do que qualquer família.

  -Sem mais conversa. – Masami se aproximou de mim e puxou meu braço para que eu ficasse ao lado dele e da mãe. – Vou te ensinar os movimentos básicos e assim vamos avançando quando você for melhorando.

  -Entendi. – falei.

  -Vamos começar, fique com as pernas abertas e retas e flexione bem os joelhos para que sua panturrilha e sua coxa anterior formem um ângulo reto. – ele me mostrou.

  -Como um lutador de sumô? – perguntei.

  -Isso!

  Fiz o movimento que ele pediu.

  -Assim? – perguntei.

  -Quase, só precisa... – ele empurrou meu ombro para baixo e os músculos das minhas pernas pareciam que iriam pegar fogo por que estavam ardendo muito.

  -Ai! – sussurrei.

  -Dói não é? – ele falou sorrindo. – Agora coloque seu antebraço esquerdo na frente da sua testa e seu antebraço direito como se estivesse preso na sua cintura, mas não encoste no seu corpo, e mantenha seus punhos fechados. – ele mostrou de novo.

  Coloquei o antebraço direito na cintura com os dedos virados para o corpo e o antebraço esquerdo na frente da testa também com os dedos virados para o rosto.

  -Não, não! Virados para fora. – ele me mostrou de novo.

  Fiz do jeito que ele me ensinou e dessa vez acertei.

  -Agora passe o antebraço esquerdo para a cintura e estique o direito, como se fosse dar um soco. Depois dê o soco com o esquerdo e o direito coloca na cintura. Assim. – ele mostrou.

  Repeti o que ele fez sem errar.

  -Isso! – sorri satisfeita.

  -Faça de novo só que mais rápido e com força. – ele executou em 2 segundos o que eu tinha aprendido em 2 minutos.

  Fiz o movimento e duas pedras voaram para a fonte do jardim.

  -Desculpa! – olhei para Mitsue e ela estava estática.

  -Puxa vida! Você aprende rápido! – Masami sorria. – Faça de novo.

  Repeti o movimento várias vezes, mas durante a tarde fizemos mais movimentos e meu domínio sobre a terra estava se saindo bem, poucos estragos e nenhum grave.

  Aquela noite estava linda, era Lua Cheia e parecia que eu estava irradiando poderes. Depois do jantar fui para o jardim, pra me expor aos raios lunares, - Os dobradores de água faziam isso para adquirir mais poderes. – fiquei o lado da fonte brincando com a água e Masami ficou ao meu lado.

  -Lua linda não? – ele falou olhando para ela.

  -Sim, muito linda. – falei.

  -Você tem mais poderes na lua cheia? – Masami perguntou agora olhando pra mim.

  -Sim. A Lua foi a primeira dominadora de água...

  Comecei a contar a história e Masami me interrompeu.

  -E os homens aprenderam a dobrar a água observando como ela puxava e empurrava as marés e aprenderam a fazer o mesmo. Sei essa história. – ele sorriu. – Você pode dobrar sangue?

  -Não, poucos aprenderam a dobrar sangue, eu não aprendi por que ela é uma dobra proibida e não existem mais dobradores de sangue no mundo. – expliquei.

  -Pode dobrar pra eu ver? – ele pediu com educação na voz.

  -Posso. – sorri pra ele. – Acho que seria melhor você ficar longe da fonte. – gesticulei com a mão pra ele se afastar.

  -Claro! – ele saiu rapidinho e ficou em um banco do jardim.

  Respirei fundo e comecei a movimentar-me, movimentos fluídos e leves de começo e depois saltos e giros, a água da fonte se enchia e esvaziava conforme os movimentos que eu executava. Para o final fiz a água virar uma cobra e ela se enrolava em meu corpo e se erguia como uma naja. Soltei a “cobra” no chão e ela foi se arrastando para perto de Masami com a cabeça erguida, quando ela chegou aos pés dele fiz ela se esticar até ficar na altura dos olhos dele e a congelei, ela virou uma bela estátua de uma naja.

  -Que incrível! – ele murmurou. – Que tal uma luta?

  -Não, acho melhor não. Prefiro dobrar sem lutar. – virei as costas para ele. – Vou indo, temos um dia longo amanhã. – fui em direção a porta.

  Entrei no quarto e desabei na cama, o dia foi cansativo e amanhã eu iria começar o treino cedo então teria que estar disposta.

  Acordei e fui logo tomar banho, a água quente relaxou meus músculos e eu logo me senti descansada e pronta pra tudo.

  O café da manhã foi silencioso e rápido, em menos de trinta minutos já estávamos no campo de treino.

  Masami me ensinou mais movimentos e eu ia aprendendo rápido, a cada dia que se passava eu me sentia mais forte, logo eu estava erguendo pedras de duas toneladas sem suar. Masami e Mitsue começaram a lutar comigo para eu ir pegando as técnicas de lutas. Dez dias depois meu treino de dobra de terra tinha acabado.

  -Você aprendeu muito rápido! – Mitsue falou quando estávamos indo para a sala da mansão.

  -Acho que é por que eu já sabia dobrar, só tinha esquecido e com os treinos acabei lembrando. – tentei explicar.

  -Faz sentido. – Mitsue disse.

  Estávamos na porta esperando os membros da Lótus Branca da Nação do Fogo virem me buscar para eu começar a dobra de fogo, mas senti falta de uma pessoa.

  -Mitsue, onde está Masami? – perguntei.

  -Bem, acho que ele está no quarto. – ela deu um sorriso disfarçado. – Acho que está meio chateado.

  -Ah... Eu posso ir falar com ele? Me... ahn... despedir?

  -Claro, vai lá. Quando o Ling chegar eu te chamo. – ela falou sorrindo.

  Subi as escadas e fui para o quarto de Masami. Bati na porta e ele falou lá de dentro:

  -Pode entrar.

  A voz parecia exausta ou triste mesmo. Abri a porta e o encontrei sentado no canto da cama fitando o chão.

  -Vim me despedir. – falei baixinho.

  Masami virou o rosto rapidamente em minha direção, os olhos dele encontraram os meus e um sorriso tímido surgiu no rosto.

  -Achei que já tivesse ido. – ele disse.

  -Como eu disse, vim me despedir. Você não desceu então eu subi.

  Sentei ao lado dele na cama.

  -É que eu não estou me sentindo bem.

  Olhei bem para o rosto dele e percebi que ele estava mentindo.

  -Precisa de um médico? – ergui uma sobrancelha.

  -Não! – ele falou um pouco alto demais. – Quer dizer, não precisa, já estou melhorando.

  -Tudo bem, acho que é melhor eu descer.

  Levantei da cama e caminhei até a porta, mas Masami agarrou meu braço e falou:

  -Acho que bem... ahn... eu queria te dar tchau primeiro.

  -Então... tchau. – sorri e dei um beijo na bochecha dele.

  -Tchau.

  Fechei a porta e Masami me chamou novamente.

  -Eu quero te dar uma coisa. – ele pegou uma correntinha dourada do bolso e me entregou.

  Peguei a corrente na mão e percebi um pingente com o símbolo do Reino da Terra.

  -É lindo Masami! Muito obrigada! – coloquei a corrente no pescoço e os olhos de Masami pareciam brilhar.

  -Pra você lembrar mim...

  Ele me olhou espantado, como se não fosse isso que ele quis dizer. Meu rosto começou a arder e um sorriso escapou dos meus lábios.

   -Quer dizer... – ele deu um pigarro. – pra você se lembrar do Reino da Terra e da família Beifong. – o rosto dele ficou vermelho.

  -Claro, não vou esquecer de jeito nenhum.

  O abracei e logo Mitsue chamou.

  -Nikki, Ling chegou!

  -Estou indo Senhora Beifong! – gritei.

  Dei mais um abraço em Masami e ele me desejou sorte. Desci a escada aos pulos e vi Mitsue e um homem na porta, ele vestia um kimono vermelho com detalhes em preto e dourado, a barba branca era um pouco grande e os cabelos estavam presos no alto da cabeça. Os olhos castanhos claros pareciam brasa. Quando ele me olhou um sorriso diferente surgiu no rosto dele.

  -Que bela mocinha! – disse Ling.

  -Obrigada senhor. – cheguei mais perto dele e estendi a mão para um aperto. – Eu sou Nikki.

  -Ora! O Avatar! Prazer em conhecê-la. – ele apertou minha mão. – Está pronta pra ir para a Nação do Fogo?

  -Acho que sim. – respondi hesitante.

  -A embarcação está pronta, só vou dar os últimos ajustes. Vamos? – disse Ling.

  -Pode ir, eu vou logo depois. – Olhei para Mitsue. – Quero me despedir.

  -Claro, vamos partir em dez minutos.

  Fiz que sim com a cabeça e Ling saiu. Fiquei ao lado de Mitsue, ela parecia que iria chorar.

  -Muito obrigada por me receber e me treinar tão bem senhora Beifong. – me curvei.

  Antes que eu levantasse a cabeça Mitsue me puxou para um abraço, segurou meu rosto entre as mãos e me deu um beijo na testa.

  -Tenha muita sorte querida, fico honrada em ter tido a tarefa de treinar o Avatar, você é especial e vamos torcer e pedir aos espíritos que te protejam em sua jornada. Ser o Avatar é uma responsabilidade muito grande e eu acredito que você pode conseguir devolver a harmonia de volta ao mundo e devolver a identidade aos dobradores esquecidos.

  -Nossa, a senhora falando assim me dá muita motivação. – sorri agradecida.

  -Que bom, fico feliz então. – ela me abraçou de novo. – Agora vai antes que zarpem e deixem você aqui. – ela riu.

  -Claro, eu vou sim. Muito obrigada senhora Beifong.


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