Capítulo 3: Naquela praça...

Cheguei em casa por dentro de umas 15:30, parei no caminho para fazer um lanche já que não teria almoço pronto em casa, e a preguiça me batia forte. Minha mãe trabalhava como enfermeira e meu pai era advogado, então era sempre difícil encontrá-los em casa durante a semana.

Abri a porta da sala e a fechei com os pés, joguei minha mochila pesada no chão e desabei sobre o sofá. Quem me visse naquela hora com certeza acharia que todos os problemas do mundo estavam sobre mim ... Mas não, estava preocupado apenas com uma coisa.

Será que ele estava bem?

E parando pra pensar, não era SÓ ele, era também aquela voz que me pareceu tão liberta. Tá Joon, você está ficando louco.

Peguei minha mochila do chão e subi as escadas em direção ao meu quarto. Tomei um banho, e logo meu celular tocou.

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– Alô?– Eu disse ainda pingando com a toalha amarrada na cintura.

– Oi Joon, tudo feito, ele ja está em casa.

– Ah valeu mesmo G.O, mas só agora?

– Nem, é que tinha acabado a bateria do meu celular, dai só deu pra eu ligar agora.

– Escuta G.O, você por acaso, assim, só pra saber mesmo, perguntou o número do celular dele?

– Não por quê?

– Nada, nada não. To desligando aqui.

– Tchau, se cuida.

– Você também.

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Me troquei e desci para assistir alguma coisa, para ver se eu me livrava daqueles pensamentos já cansativos.

Depois de algumas horas, estava quase adormecendo, quando ouvi a porta da sala se abrindo, me assustei, mas logo notei que era meu pai.

– Pai? O que o senhor está fazendo aqui? Ainda são 19:10.

– Filho, eu vou fazer uma viajem a negócios, urgente - Ele dizia enquanto se apressava para pegar todos os seus pertences, e eu o seguia pela casa. - A sua mãe já sabe e eu vou voltar semana que vem.

– Mas assim? do nada?

– Na verdade, eu estava planejando essa viajem a um bom tempo, mas tivemos que adiantá-la.

– Tudo bem. - Eu já estava acostumado a esse meu pai ausente.

– Quando eu voltar, quero conhecer sua namorada. - Disse piscando seu olho enquanto saia com as malas para fora de casa.

– Tá, dai eu aproveito e conheço ela também.

– Tchau!

– Tchau.

Fechei a porta e parti para a cozinha, jantei, ou melhor, fiz um bom lanche (vou acabar ficando obeso), e subi, como não tinha nada pra fazer fiquei lendo alguma coisa até pegar no sono de novo. Acho que preciso de um emprego.

Terça - Feira.

Acordei com meu celular tocando loucamente a música sorry sorry. Quando fui olhar o identificador de chamadas, quis tacá-lo na parede. Era Key.

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– Quê?

– BOM DIA TIGRÃO!– WTF?

– Bom dia. Que que você quer? Não aguentou esperar eu chegar na escola é?

– Ah, eu só queria te acordar de um jeitinho especial, não posso caro amigo?

– Key...eu não tenho dinheiro.

– Mas eu não ia te pedir dinheiro Joon, eu só queria saber por quê você está com o Onew.

E o G.O já abriu a boca.

– E isso é da sua conta? - É, eu era um pouquinho bravo assim que acordava.

– Anda me conta, por quê tá andando com ele?

– Ah Key, ele tava sozinho.

– Ah jura Mister óbvio? Ai você foi dar uma de salvador dos pobres oprimidos e foi falar com o forever alone da escola?

– Na verdade não foi isso.

– Foi o que então?

– Aish Key pra que você quer saber isso?

– Porque eu sou seu amigo...

– Tá eu te conto. Mas pode ser outro dia?

– Tudo bem...

– Agora eu posso ir me arrumar?

– Tá bom seu feio. Beijo.

– haha, beijos tchau.

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Levantei, fiz tudo o que tinha que fazer em casa, e já ia sair. Quando notei que havia um bilhete em cima da mesa da cozinha, era de minha mãe.

" Bom dia Joon, a sua tia fez uma cirurgia e eu vou ficar cuidando dela por uns 3 dias, você fica bem sozinho querido? Qualquer coisa me ligue. Beijos, eu te amo. "

Aish, e a preguiça de fazer tudo sozinho onde fica? Parece que o dono da pizzaria vai ficar feliz essa semana.

Sai de casa e fui andando até a escola, não tava afim de pegar ônibus lotado hoje. Estava passando por uma praça próxima a escola, quando avistei um rapaz de cabelos castanhos e olhos brilhantes, usava uma calça tão comum como a sua camisa, e lia um livro qualquer. Era Onew.

– Bom dia... - Me aproximei com cuidado com medo de incomodá-lo.

– Bom dia Joon! - Ele respondeu com um sorriso no rosto, tirando sua concentração do livro para olhar pra mim.

– Atrapalho?

– De forma alguma.

Avistei ainda alguns machucados em seu rosto, ele tinha uma aparência tão fraca, frágil, lábios que mereciam sorrir, pele que precisava de carinho.

– Posso me sentar com você?

– Claro.

Ele disse já retirando sua mochila de seu lado a colocando entre as pernas, dando em pequeno espaço para eu sentar ao seu lado. E foi o que fiz.

– Por quê esta aqui? Daqui a pouco já bate o sinal.

– Não faz diferença eu estar aqui ou lá Joon, gosto daqui, e tão ... bom.

– Aqui só tem árvores. - Não queria ser ignorante, mas eu gostava mais, bem ... de tecnologia.

– Eu sei. - Respondeu sorrindo. - Mas é aqui o único lugar onde não ficam me enchendo, e tem flores muito bonitas aqui também. - Ele logo apontou seu indicador a um girassol plantado a nossa frente.

– É, realmente é muito bonito.

Não consegui virar o rosto, Onew era tão delicado, tão lindo, que eu poderia ficar ali olhando pra ele durante horas, sem me importar. Algo nele me chamou a atenção, não sabia se era sua história, ou se eu era um completo idiota. Queria a amizade dele, e sentia que ele também queria a minha.

– Você tem amigos Onew? - Não resisti a essa pergunta.

– Ninguém quer ser amigo de um cara como eu. - Ele disse fechando seu livro e fitou o chão.

– Eu virei ninguém agora?

Onew levantou a cabeça e me olhou, eu não sabia se aquela expressão era de risou ou de choro, mas tinha certeza que ele estava feliz, e eu mais ainda, por saber que eu era o motivo da felicidade dele.

– Você...

– Anda vamos. - Eu disse me levantando e estendendo minha mão direita a ele. - Não podemos nos atrasar não é?

– É. - Ele segurou minha mão e sorriu, e logo partimos para as aulas.

~ Le sala de aula~

– Nossa! Eu achei que essa aula não ia acabar nunca. - Thunder disse fechando seu caderno de matemática.

– Deus que me livre dessas contas do demônio, eu não entendo nada! - Típica frase de Taemin, não havia uma aula de matemática em que ele não dissesse aquilo. - Preciso de férias.

– Você entendeu aquele negócio Joon?

Não respondi. Meus pensamentos estavam tão longe... Na verdade, estavam a 2 quadras da escola naquela praça.

– JOON!!!

– Ai que é Jonghyun? - Me assustei.

– Cara onde você tava?

– Ué, aqui no mesmo lugar que vocês.

– Não não, você estava em qualquer lugar, menos aqui. - Key disse se sentando na carteira ao meu lado.

– Namoradinha é?

– Namoradinha "Onew" Seungho?

– Você é cheio de graça né Key?

– Chegou hoje na escola com ele por quê então?

– Gente não é nada já disse. Eu só estava pensando como eu vou me virar em casa.

Tá, eu podia ter arrumado uma desculpa melhor, mas tempo pra pensar eu não tinha.

– O que houve na sua casa? - Minho disse se aproximando.

– Saiu de onde criatura? - Key respondeu assustado.

– Do banheiro.

– Credo.

– Ué vai dizer que você não usa?

– ENTÃO ... Meu pai foi viajar a negócios e minha mãe vai ficar fora por uns 3 dias cuidando da minha tia.

– FESTA!!!!

– Nem pensar Jonghyun! Eu não to afim de arrumar casa.

– Ah mas pelomenos vamos nos juntas lá, a casa ta livre cara.

– Aish tá bom, mas quando? Hoje ainda é terça e meus pais já estarão em casa sábado.

– Quinta e sexta não tem aula cabeção! Não lê os bilhetes não? - Minho diz dando um tapa na minha cabeça. - Vai ter uma palestra contra as drogas, vem quem quiser.

– Sério? Ótimo, então amanhã todo mundo topa?

– Beleza.

– Ei Joon, aproveita e convida o Onew, queremos conhecer ele! - Seungho disse animado.

– Ele não tem que convidá-lo, a noite vai ser do nosso grupo não é?

– Ah mas ele parece ser um cara legal. - Thunder diz tentando convencer Taemin.

O que havia dado nele? Ele não era assim.

– Vou tentar convidá-lo. - Eu disse sorrindo, mas eu sabia que ele não iria querer, com certeza iria achar que ficaria deslocado.

– Bom seus lindos, eu vou visitar o Mir que tá com uma gripe daquelas, alguém vem comigo?

– Não quero pegar vírus, obrigado.

– Nossa Jonghyun, você tem um coração tão bom.

– Eu vou com você Key, aproveito e dou uma passada na biblioteca.

– G.O DE ONDE VOCÊ SURGIU?

– Tava dormindo ali.

– Ah nossa.

– Vamos?

– Vamos sim, até pessoal!

Todos nós nos retiramos da sala de aula, mas eu dei uma parada no bebedouro.

Os corredores já estavam vazios, quando eu parei ao perceber o som baixo de piano que ecoava aquele lugar. Era aquela voz novamente. Aquela voz maravilhosa a qual eu torcia para ouvir de novo. Me apoiei na porta da sala de música, e depois de uns 3 minutos, um bilhete a atravessou.

"Você está ai não está?"

– Estou. - Respondi meio encabulado. - Eu sinto que conheço você, essa sua voz ... ela não me é estranha. No começo até era, mas agora...

"Eu te lembro alguém?"

– Sim. - E se não fosse Onew? Se fosse, ele teria me contado. Não, não era ele. - Mas isso não importa. Por favor, cante...

"Sabe Joon, você é engraçado. Parece que está viciado por uma voz que nunca vai ouvir cantar fora dessa sala."

Fiquei chocado. Eu realmente nunca iria conhecer o dono daquela voz?

– É, acho que estou mesmo viciado em você.

" Em mim? Ou na minha voz?"

Cheguei a uma conclusão certa.

– Na verdade, nos dois. No mesmo momento em que ouvi a sua voz, quis saber quem era você. Você me viciou em uma ilusão que não vou conhecer atrávez dessa porta.

A resposta demorou um pouco a chegar. Eu sabia que eram só dois dias, que esse foi o acontecimento mais rápido da minha vida. Mas, essa voz, o Onew... essas duas observações que entraram na minha cabeça sem permissão, estavam me deixando sem ar.

Eu estava mesmo apaixonado apenas pelas cordas vocais de alguém?

"Não se iluda Joonie."

Joonie? rá, que bonitinho.

– Por favor, só cante pra mim?

"Todos os dias, apenas pra você."

Meia hora havia se passado, recebi o bilhete dizendo que eu já poderia ir embora, tentei me esconder atrás de uma parede no corredor para vê-lo saindo, mas a única coisa que ouvi foi o barulho da fechadura da sala se abrindo, mas ninguém saiu de lá.

Parti para o saída do colégio para procurar Onew, ia convidá-lo para ir a minha casa com os meninos. Confesso que estava um pouco nervoso. Dei a volta na escola mas não o encontrei, quando estava quase desistindo sinto alguém me tocando no ombro.

– Oooooii...

Coração? Depois desse susto você ainda bate?

– Oi Tae. - Disse meio desanimado.

– Sabe, eu só vim dizer que você está lindo hoje. - Ele disse corando. Tá, nesse momento nem vocês nem eu to entendo porra nenhuma.

– Ahnnn...Obrigado. - Eu acho que dei uma coradinha.

– Ah! Eu queria saber se você não quer ir tomar um sorvete comigo?

Eu ia aceitar, só que eu vi ao longe uma criaturinha saindo da escola escutando música de cabeça baixa.

– Talvez outro dia, Minnie. Eu tenho uma coisa pra fazer.

Sem nem esperar a resposta, sai correndo em direção a Onew.

– Onew!! - Gritei antes de abraçá-lo por trás.

– Ah, Oi! - Ele disse sorrindo. Eu já disse o quanto eu amo o sorriso desse menino? Nossa, que gay isso..., enfim, logo em seguida o soltei ficando de frente pra ele.

– Onew, eu queria te fazer um convite.

– ahnn...convite?

– É. Bom, amanhã depois da aula, a galera vai lá em casa porque quinta e sexta não tem aula e os meus pais não vão estar lá.

– Que galera?

– Bom você sabe: O Jonghyun, Minho, o G.O, o Thunder, Key, Seungho, acho que o Mir não vai por causa da gripe, eu e o Taemin.

– Taemin... - repetiu ele, como que pensando - eu acho melhor eu não ir Joon...

– Por quê?

– É a SUA galera, não a minha.

– Ué, pode ser a NOSSA galera... - Sorri pra ele, tentando passar confiança.

– Aish como você faz isso? - Perguntou ele, rindo.

– Isso o quê?

– Não sei, mas me convenceu.

– Então você vai? - Disse já me animando.

– Tudo bem, eu vou. - Ele respondeu-me sorrindo.

Eu devo ter corado, porque eu senti meu rosto esquentando. O que estava acontecendo?

– Joonie Hyung? - Chamou ele.

– Sim? ... OH WAIT, me chamou de quê?

– De Joonie. Por quê? E-e-u não posso? D-desculpa Hyung! - Ele corou.

– Pode sim, é que todo mundo me chama só de Joon, mas ficou bonitinho esse apelido na sua voz. Detalhes a parte, o que você ia me dizer?

–Ah...Quer tomar um sorvete?

– Claro!

Sorri. Nunca me pareceu tão certo tomar um sorvete.