Estrada Das Abóboras escrita por james pajamas


Capítulo 3
Planos Pós-Aula




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O despertador que Bryan havia colocado no quarto de Aaron era irritante, mas naquele dia soou como o canto de pássaros. Desceu as escadas e viu Bryan preparando sanduíches de manteiga de amendoim com geleia de uva.

- A Bela Adormecida acordou. Quando cheguei no fim da tarde você já estava dormindo. Ou ainda estava dormindo? – brincava Bryan sem perder o bom humor.

- Eu acordei e vi o seu bilhete. Não tinha nada pra fazer em casa então resolvi conhecer um pouco do lugar aonde vou viver pelos próximos anos. Aprendi a chegar até lá, você precisava ver.

- Vai começar hoje? – perguntou Bryan.

- Não, apenas vou mostrar a documentação – dizia Aaron enquanto dava a primeira mordida no sanduíche.

- Quer uma carona? Eu tenho uma moto também. Consigo muita coisa nos bicos que faço. Deveria sair pra jogar baseball comigo qualquer dia desses – dizia Bryan.

Bryan era um cara grandão, loiro, usava óculos de sol sobre a testa mesmo em dias frios, um típico americano descompromissado. Nada do que ele aparentava ser ele era, parecia ter um cérebro pequeno, mas era um bom companheiro.

- Acho que não vou precisar, obrigado. Acho bom eu ir me acostumando a pegar meu caminho sozinho.

- Que horas você precisa estar lá? – perguntou Bryan.

- 09:00.

- Se conseguir fazer seu caminho em meia hora, me avise como.

Aaron alargou os olhos e foi correndo para o banheiro. Era lógico que tinha aceitado a carona. Estava muito engarrafado, então Aaron desceu na esquina da avenida e foi correndo até a faculdade. Estava sem ar.

- Me desculpe. Eu quase me atrasei com esse transito – dizia para uma mulher que trabalhava no balcão de entrada da faculdade.

Ela ignorou o que ele dizia enquanto conferia os seus documentos.

- Está tudo certo. Sua sala é logo encima, procure a senhorita Colleen.

- Não tenho que voltar aqui amanhã? – perguntou Aaron espantado.

A recepcionista pensou antes de falar.

- Sim. Para o seu segundo dia de aula.

Aaron correu em direção às escadas e facilmente reconheceu a sua sala, pois tinha o nome da professora na porta. Sentou-se na última cadeira da sala, a aula já havia começado. Era uma sala média, cada cadeira tinha uma grande mesa com um grande bloco de folhas para desenhos. O ambiente era muito bem iluminado, o lado ruim era ter que dividir a paisagem com antigos prédios que ficava do outro lado da rua. Por sorte, parecia que não tinha perdido muita coisa desde o início da aula. Isso até a Sra. Colleen fazer uma pergunta crucial:

- Você! Anotou o que eu disse?

Todos olharam para Aaron.

- Não, eu não trouxe meu caderno... – dizia Aaron envergonhado.

- Não precisa. O que está na sua frente não é grande o suficiente? – disse ela.

Aaron procurou por um lápis em sua bolsa cheia de documentos.

- Tome. Eu te empresto um – dizia uma voz caridosa em seu ouvido.

Era uma garota. Muito bela por sinal.

- Obrigado – disse Aaron sem conseguir parar para prestar muita atenção à garota, embora sua vontade fosse essa.

- Ela estava falando sobre o que vamos trabalhar nos próximos dois anos em suas aulas. Vamos começar com artes e desenho, na quinta vamos ter música e na sexta vamos ter as nossas aulas de teatro. Lógico que o horário vai se alternando com o passar dos semestres, já que o foco maior é a dramaturgia – dizia ela enquanto ia fazendo alguns rabiscos do plano de ensino no caderno de Aaron.

Só aí Aaron percebeu que ela estava sentada ao seu lado o tempo todo, falando em voz baixa para que ninguém ouvisse.

- Você está bem? Parece ter vindo de longe, parece cansado – dizia ela.

- Eu cheguei atrasado.

- Hm. Seja bem-vindo, Aaron de Maryland. Seja mais cuidadoso com as suas coisas.

- O que? Como sabe o meu nome? – perguntava Aaron espantado.

- Seus documentos estão caindo da sua pasta – dizia ela rindo.

Aaron logo se organizou. A professora falava algo sobre a sua carreira no mundo das artes e se gabava por ter sido professora de várias celebridades ainda conhecidas de hoje em dia. A voz da garota parecia mais interessante.

- Acho que não me apresentei ainda. Me chamo Brielle – dizia ela.

Brielle. Por que esse nome parecia tão conhecido pra mim? Ela não era a garota mais bonita que alguém já tinha visto, mas seu jeito gentil falava muito alto, assim como a sua voz. Era um pouco alta, aparentava ter a mesma idade de Aaron, tinha um nariz fino e bem desenhado. Tinha longos cabelos loiros e usava uma faixa na cabeça naquele dia. Seu vestido florido dava uma boa impressão.

Brielle agora parecia bastante concentrada na aula, embora o assunto não fosse tão empolgante. Aaron não estava apenas feliz pelo fato de ter conhecido uma garota, mas sobretudo alguém que o acolhesse. Olhou para ela durante toda a manhã, e ela o olhou em um tom repreensivo, como se quisesse que ele prestasse atenção na aula.

- É por isso que eu amo as artes. Espero poder ver muitos de vocês brilhando com o passar dos anos. Essa é a nossa primeira atividade do dia. Em seu intervalo de almoço, escreva o por que de você estar em uma das principais faculdades de artes do país. Vamos debater isso depois do almoço. Vejo vocês mais tarde – concluiu a Sra. Colleen.

- Ei! Aaron de Maryland! Você gosta de chá? – perguntou Brielle.

- O que? Eu adoro chá! – respondeu Aaron sem exitar.

- Tem uma casa de chá próxima daqui. Eu não conheço muita gente aqui, enfim, somos calouros. Pensei em chamar algumas pessoas pra irmos hoje à noite, após a aula.

- Parece fantástico! – respondeu Aaron.

Ela sorriu e continuou a guardar seu material em sua bolsa.

Aaron parecia estar lutando consigo mesmo para dizer algo. E disse.

- Brielle!

- Sim?

- Eu não tenho companhia para o almoço. Eu sou novo na cidade. Gostaria de dividir um cachorro quente comigo? – perguntou.

- Desculpe Aaron. Marquei de almoçar com o meu namorado. Desculpe mesmo. A gente se vê! – dizia ela enquanto ia embora.

Lembra quando eu falei de coisas chatas que só acontecem em filmes e às vezes parecem que nunca vão acontecer com a gente? Era disso que eu estava falando. Tudo o que Aaron queria era voltar pra casa naquele momento. Encarou todos que saiam da sala, foi o último a sair.


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