Olhei na direcção em que a menina olhava. “Finalmente, o famoso tio fantasma!”

Era um homem, magro mas com alguns músculos que se deixavam
ver por detrás de uma camisa branca justa, quase transparente, e umas calças de ganga claras. O seu cabelo tinha tons castanhos-claros e loiros muito despenteados.
O homem não erguia muito a cabeça e fazia lembrar o género de homem que se encontra num parque de estacionamento publico a pedir moeda para te arranjar um lugar. Agente bem sabe que não era realmente necessário alguem nos indicar o lugar, mas eles fazem pressão psicológica para arranjar alguns trocos a condutores preocupados com o seu veículo.

- Hey – Ouvi da boca do tal tio, a sua voz agora era mais perceptível do que na noite anterior.

Sarah correu até ao tio, a sua cabeça quase chegava á sua cintura,podem imaginar como era alto. Abraçou as pernas magras dele e fechou os olhos, demonstrando assim as saudades que tinha daquele homem.

- Sarah…me larga um pouco querida! – Pediu com algum ressentimento

- Desculpe tio – largou as suas pernas – Tio, almoça “mais mim”!

- Não querida, o tio não está muito bem-disposto – forçou um sorriso - mas coma você querida!

- Mas você tem de comer! – Retorquiu a criança

- O tio já come qualquer coisa, mas volte ao seu almoço Sarah, está com um óptimo aspecto!

“Olha, outro herbívoro, este também só deve comer verdes. Óptimo aspecto? A mim me deu ânsias só de o fazer.”

- Foi a Tita quem fez “pa mim” – a criança sorridente apontou para mim me olhando com orgulho.

O homem olhou para mim também, como se não tivera notado pela minha fraca presença, encostada ao lava-loiça observando. As atenções estavam agora em mim, o que me deixou nervosa.

- A Tita? – Me olhou com algum receio e surpresa

- Tim – exclamou envaidecida – é a minha “Anha” – sorriu

- Ama, Sarah, é ama que se diz – ri um pouco – Prazer, Rita Fernandes! – Lhe estiquei a mão

A figura masculina me olhou de frente, finalmente podia ver melhor o seu rosto magro e pálido, com barba clara, vários piercings, uns olhos castanhos mel e umas grandes olheiras. O tal de Bi me olhou na cara por momentos e depois a minha mão. Esticou a sua mão apertando a minha levemente.

- Tio Bi – Retorquiu com um breve sorriso.