Pierce escrita por Yukari-chan


Capítulo 1
Tonight.


Notas iniciais do capítulo

Escutem a música enquanto estiverem lendo hehe -v- http://www.youtube.com/watch?v=0axOUrfNcvE
Tentei ser o mais fiel possível a ideia da música, então se vocês acharem ruim... Apenas sinto q
(Hachi boba, tá ótimo q)



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[Here with you now I'm good, still miss you
I don't know what I can do, we can't be true]


Mais um gole, a garrafa de cerveja já estava pela metade. O loiro suspirou ao sentir a brisa fria da noite em seu rosto, era realmente uma boa sensação. Gostava daqueles momentos de paz, em que podia ser sincero consigo mesmo. Nem tudo estava bem, mas pelo menos ele se sentia em paz.


Era quase um ritual, quando parecia doer demais, a ponto de todos os problemas se tornarem coisas enormes e assumirem a forma de muros intransponíveis, ele sentava ali, com algumas garrafas de qualquer coisa alcoólica. Não a ponto de ficar bêbado, mas para clarear a mente, e perceber que sempre acabava por transformar os problemas em monstros, e não por outro motivo; apenas porque Reita era autodestrutivo, e sabia disso.


Não do tipo que se corta e toma antidepressivos, mas do tipo que se detesta. Odiava-se pelas decisões que não tomava e por tudo aquilo que não era. Detestava as coisas que dizia, e mais ainda aquelas que deixava de dizer. Quando conviver si mesmo estava se tornando algo insuportável, ele ia para aquele terraço.


Tinha tido muita sorte, anos atrás, ao comprar aquele apartamento. Era algo bem simples. Uma espécie de estúdio, e não tinha divisórias de cômodos exceto a do banheiro. Entretanto, por ser no último andar, dava acesso àquela cobertura, isso foi o que fez com ele se apaixonasse pelo local.


Por muito tempo, as lembranças que aquele – que era seu lugar preferido – trazia o impediam de ir até ali. Talvez a melhor maneira de definir o que o fazia estar novamente ali, foi o fato de ter feito as pazes com o passado, de finalmente ter aceitado todas aquelas coisas que ele não poderia mudar, não importava o quanto quisesse. Em verdade, voltar ali foi essencial para que essa aceitação pudesse acontecer.


Parece estranho, mas um dia ele simplesmente percebeu que não era um pesadelo, e que quando acordasse nada estaria diferente. Teria que levantar e suportar os próprios erros, as mágoas e até a traição. Levantar e viver.


Era o que ele vinha fazendo. Com o tempo, as coisas iam voltando aos seus lugares, e mesmo que os machucados ainda estivessem ali em algum lugar, isso já não importava.


Recostou a cabeça na parede ao lado da qual estava sentado, logo os pensamentos começaram a vagar, por coisas e lugares que fugiam do seu controle. Estava dando o último gole na garrafa de cerveja, quando o barulho da porta sendo aberta – e consequentemente rangendo – no andar inferior chamou sua atenção.


Reita deu um sorriso triste.


Ele nunca havia pedido a chave, e Uruha nunca havia devolvido. De sua parte, porque sabia que quando pedisse, provavelmente nunca mais o veria, e ainda não sabia se isso era bom ou ruim. Da parte do outro loiro, ele não sabia. E como saber poderia ser doloroso, preferia que continuasse assim.


Era impossível dizer quando isso tudo havia começado, apenas sabia que já não doía absurdamente como da primeira vez que aconteceu. Ver Uruha não lhe despedaçou, nem mesmo fez com que ele ficasse com o merecido sentimento de raiva, foi apenas triste – por muitos motivos, e nenhum deles era o que parecia ser.


Não tinha nenhum conhecimento de quando o outro apareceria, não fazia perguntas e sempre tentava se convencer de que ele não voltaria a fazer isso. Sabia que eventualmente isso aconteceria.


Logo no começo, demorou muito até que ele aparecesse, depois se tornou algo constante. E então ele simplesmente passava meses sem aparecer. Reita não tinha mais seu telefone, nem mesmo fazia ideia de onde ele morava. E mesmo que soubesse, jamais iria ligar.


Era assim que funcionava entre os dois.


Kouyou passou pela porta do terraço, e se sentou ao lado de Akira, pegando uma das garrafas do isopor que ele trouxera.


–Podemos conversar? – ele disse após abrir a cerveja e dar alguns goles, quebrando um longo silêncio. Não um silêncio incômodo, apenas necessário.


Não houve resposta, apenas um menear de cabeça. Entretanto, não foi de imediato que o mais alto começou a falar, mas tudo bem, porque Kouyou era assim. Sempre tinha seu tempo pra tudo, e não adiantava querer que ele fosse diferente. Akira entendia isso, como poucas pessoas no mundo. Por muito tempo, foi até mesmo fascinado por isso, como por todo o resto...


–Às vezes sinto sua falta, por isso venho aqui. Eu não queria que muitas coisas tivessem sido assim, do jeito que foram...


–Você não me deve explicações. Não mais. – Reita foi rápido naquela resposta. Nunca haviam realmente falado sobre aquilo, em todo esse tempo. Sinceramente? Ele preferia continuar assim.


Não falar sobre algo não muda o fato de que tenha acontecido, mas o tempo passa, e ele havia simplesmente aprendido a aceitar aqueles fatos, do jeito que havia mentido pra si mesmo que aconteceram. Não queria saber a verdade, ou uma outra versão, ou dar espaço para uma nova decepção. No final, de que adianta?


Uruha apenas concordou, com um aceno breve de cabeça. No fundo sabia que não deveria estar ali, mas era tão egoísta a ponto de não conseguir evitar a vontade de fazê-lo. Queria tanto dizer o quanto sentia muito, que às vezes se odiava...


Mas era doloroso, como se as palavras fossem espinhos em sua garganta. Isso pelo simples motivo de que ele havia errado de forma irreversível, e nada do que dissesse mudaria tal fato.


Mesmo aquelas noites que passavam no telhado, fingindo que nada havia acontecido – ou pelo menos era o que ele fazia –, elas iriam simplesmente acabar. Primeiro se tornariam espaçadas, até que finalmente a coragem de ir esvanecesse. Ou Akira encontrasse outra pessoa e trocasse a fechadura.


Pensava nisso todas as vezes que ia até ali, sempre que a chave encaixava, sentia um alívio inexplicável. Esse sentimento o deixava doente ao mesmo tempo, era tão absurdo se sentir assim depois de tudo, ainda mais quando o motivo da felicidade era o fato de o outro ainda não ter conseguido superá-lo.


Já tinha feito sua escolha – mesmo que na época tivesse sido inevitável. Apenas seus atos o levaram até ali, deveria apenas conviver com eles e aceitar o que mais viesse.


–Sabe Uru, você não precisa se forçar a continuar com ele ou a ser feliz dessa forma apenas para provar que valeu à pena ter me deixado, ou fazer o que fez. – foi Reita quem acabou por quebrar o silêncio. – Na verdade, você não precisa se forçar a essas coisas por nada, muito menos por isso.


–Até porque, isso já não importaria, não é mesmo? – a resposta veio acompanhada de um riso triste.


–Nada mais importaria pra nós dois. É algo que apenas... Deixou de existir.


–Reita, eu...


–Não foi falta de amor ou uma traição tola, Kouyou. Você sabe disso. Sabe o que fez, sabe por que fez. Sabe que nós dois estávamos nos matando. Isso não me impede de continuar sentindo o que quer que seja por você, e não te impede de sentir minha falta.


“É só...”


–Apenas não é.


–Apenas não é. – repetiu, enquanto esticava o braço para tocar no rosto de Koyou.


–Você ainda me ama, Aki?


–Provavelmente, sempre vou amar. – com um suspiro, a resposta veio acompanhada daquela verdade que conseguia ser tão dolorosa quanto libertadora.


–Não quero que amanheça. Nunca mais. – Uruha encostou a testa na de Reita, mesmo sabendo que não poderia parar o tempo.


Os dois sabiam que aquela mesma história já tinha tido seu fim há muito tempo, mesmo que parecesse viva naquela noite. Eles não podiam impedir o sol de nascer.




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Notas finais do capítulo

Conceived Dream aqui porque essa molier é preguiçosa demais pra vir postar a própria fic Q
Espero que a betagem esteja boa (?)
Eu amei a fic e acho que vocês gostaram também he -v-
Reviews pra essa preguiçosinha?



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