Prefácio

- Eu já estou indo, se houver algum problema aqui, não me avisem. Liguem para o meu assistente e ele vai resolver. – Disse enquanto passava por minha secretária, ela era uma chata. Todos aqui eram chatos, e por isso eu estava indo para casa, lá era o único lugar onde eu podia relaxar.

Saí o mais rápido possível daquele lugar, que eu mesmo construí, e entrei em meu carro que estava no estacionamento. Via o meu sonho se distanciar cada vez mais enquanto dirigia para minha casa.

Como algo podia ter mudado de tal forma? Eu tinha vivido por aquela empresa, anos e anos me dedicando àquilo, investindo, arriscado, para fazê-la se tornar um dos maiores conglomerados dos Estados Unidos e agora eu, o fundador, me sentia dessa forma, como se nada realmente me atraísse. Acordava todos os dias por um simples hábito, da mesma forma que eu me vestia, comia e trabalhava. Onde estava a grande emoção de viver?

Parei no sinal vermelho e fiz com que eu parasse de pensar nessas coisas. Se Carlisle estivesse por aqui ele já estaria me repreendendo por eu estar tão melancólico e minha mãe já teria feito com que ele me indicasse um bom psicólogo.

Quando finalmente a luz passou de vermelha para verde, um carro passou em alta velocidade no cruzamento, se eu não estivesse atento, teria acontecido um acidente grave. Era um taxi e eu senti pena do passageiro que estivesse ali, ou talvez fosse apenas uma emergência, o motorista barbeiro poderia estar levando uma grávida em trabalho de parto, ou um ferido...

Esquecendo o imprevisto, cheguei a minha casa e me dirigi a meu quarto. Relaxei um pouco após um banho e me deitei em minha cama. Sentia-me cansado, mas não era como se eu pudesse dormir. Desisti de tentar e liguei a televisão, estava passando o noticiário. Fiquei bem atento à parte de economia, quanto a moeda americana estaria valendo hoje? Oras, que diferença, alguns décimos... Agora era hora das noticias trágicas do dia.

- Em Los Angeles, uma série de acontecimentos estranhos têm se dado. Vitimas e testemunhas alegam que, ao subirem em um taxi, levam um susto tamanho. A então taxista, uma jovem, burla as leis de transito, não respeita os semáforos e nem os limites de velocidade. O retrato falado da moça já está sendo feito, câmeras gravaram essa tarde a maníaca em ação, mas, ao que parece, isso não irá ajudar a polícia a capturar a criminosa, já que ela age em determinados dias, com ordem aleatória, e segundo as autoridades, a placa do carro é trocada todas as... – A ancora do jornal falava, eu deixei de ouvi-la.

- Pelo menos assim a vida se torna um pouco mais emocionante... – Desliguei a televisão e decidi que não queria mais ficar acordado.

Naquela noite sonhei que estava a bordo de um taxi.