The Perfect Ball escrita por Rocky


Capítulo 9
Get drunk


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demoraaa! Esse capítulo já estava pronto há alguns dias, mas eu queria melhorar ele ao máximo. Porémmmm, narrar uma história no ponto de vista de alguém bêbado é difícil pra caramba e acho que a Piper não pareceu louca o suficiente em palavras como ela estava na minha cabeça aushuashush anyway, espero que gostem ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/259781/chapter/9

– Você é bem bonitinha! – disse a garota loira. Dei um sorriso discreto.

Já fazia um tempo que estávamos sentados na areia e o sol começava a se por. Todos os outros três estavam bebendo e conversando sobre bobagens, o casal parecia se beijar a cada 40 segundos. Ariane estava ao meu lado e só observava as ondas ao longe.

– Por que está aqui? Você não parece ser como eles. – perguntei.

Ela deu uma risada e botou o cabelo atrás da orelha.

– Não sei exatamente. Gosto da sensação de estar fugindo de tudo. Às vezes bebo até desmaiar, depois me arrependo. Não era o que eu queria para a minha vida. E então tudo volta. Lembro-me pelo que estou aqui, do que estou fugindo, e então bebo novamente. Os momentos em que o efeito está passando são os piores, como agora. Não sei quanto tempo mais vou aguentar sóbria.

Olhei para o chão. Com apenas algumas horas, sabia que eu não era a única que tinha uma vida ruim, nem de longe.

– Do que está fugindo então?

Ela demorou um tempo para responder.

– Todos temos os nossos demônios. Temos que descobrir sozinhos como destruí-los. Alguns já estão tão fortes que precisam de uma força extra, como isso aqui. - Ariane pegou uma garrafa perto do menino ruivo e a abriu. Seus olhos não pareciam mais tão tristes.

– Acho que já é hora de ficar feliz novamente. – falou, e deu um gole na bebida que eu não identifiquei. – Você iria gostar da sensação.

– Me dê logo isso aí.

Peguei a garrafa da mão dela e dei vários goles. Senti o conteúdo descendo por minha garganta, queimando tudo em seu caminho. Era ótimo e estranho ao mesmo tempo. Eu tinha ficado com Ariane só observando os outros, acho que por algum velho sentido de juízo. Agora não restava nada que me prendesse mais. O pôr do sol trazia consigo a melancolia, como se a vida estivesse indo embora junto com a luz. Era uma boa hora para seguir em frente.

– Pode ficar com essa aí, eu pego outra. – disse ela, ao ver que eu não iria parar de beber tão rapidamente. – Dave, May, temos que ir. Quase na hora do festival. Ainda temos que pegar uma roupa para nossa nova amiga Pips. – Ari deu uma piscadinha.

Minhas bochechas coraram ao lembrar que eu ainda estava de camiseta e chinelos. Todos os outros estavam vestidos de preto e com roupas legais e dignas de ir a um festival. Não pensei muito em como Ariane iria comprar roupas, já que eles pareciam ter gastado todo o dinheiro com bebidas e maconha.

– Vamos logo então. Podemos dar um trato em você. – disse o garoto Dave. Ele tinha o cabelo loiro queimado de sol e não tirava a mão da bunda de May. Não sabia se ela deixava porque gostava disso ou porque gostava de Dave.

Ariane pegou as coisas no chão e enfiou tudo no porta-malas, e o outro garoto que eu não sabia o nome começou a dirigir em direção a cidade. Tudo estava tão triste e devagar, minha cabeça começou a doer quando o carro acelerou.

As placas passavam rapidamente e eu não conseguia ler o que estava escrito, nem prestar atenção no que eles estavam conversando. Minha cabeça começava a doer e eu enxergava luzes que não estavam lá antes. Deixei o vento agitar meus cabelos, dando inúmeros goles na garrafa que rapidamente se tornara uma amiga.

Não sabia se tinha passado muito tempo até virmos as primeiras casas na beira da areia, seguidas pelos pequenos prédios da cidade. O garoto dirigiu até estarmos bem em frente a um bazar de roupas que pareciam ter sido escolhidas unicamente para roqueiros.

Ariane desceu do carro e eu a segui.

– Espera aqui do lado fora, a gente volta rapidinho. – disse ela e foi com Dave até dentro da loja. Eu sentei cambaleante no meio fio. Acho que estava fazendo efeito, finalmente. Eu via tudo torto. Não demorou mais que cinco minutos até os dois voltarem com a bolsa que antes estava vazia, agora enorme.

– Não escolhemos muito, mas você não precisa usar se não quiser. – disse Dave.

Eu abri a bolsa e fiquei surpresa.

– Vocês roubaram?

– É claro. É um brechó, ninguém liga para o que tem dentro dessa merda.

Olhei em seus olhos azuis e fiquei surpresa. Eu nem conhecia essas pessoas e elas já roubavam coisas para mim. Que tipo de gente faz isso? Eles eram muito legais. Queria que Ariane fosse minha melhor amiga.

Isso era estar bêbada? Peguei um vestido rasgado e ri. Nunca tinha usado algo como aquilo. Fui para dentro do carro e coloquei o mais rápido que consegui, pelo menos uma vez na vida ia ficar estilosa. O vestido era sem mangas e tinha lados cavados que mostravam meu sutiã inteiro, com a parte de baixo tão rasgada e destruída que eu tinha certeza que não cobria toda a minha bunda.

– Olha! Faz ventinho. – mostrei para Ariane. Ela riu, então não sei se achou legal ou se minha bunda era engraçada. Peguei a bota que eles tinham me dado e calcei. Era um pouco maior que o meu pé e fazia um barulho quando eu andava. – Vamos logo!

Eles demoraram a entrar no carro. O que tinha acontecido? Não estavam mais animados? Por que eu estava muito feliz. As luzes dos postes pareciam como o sol em um dia quente. Era divertido. Minha garrafa já estava quase na metade e eu mal tinha visto.

– Ariiiiii, tá acabando!

– Não vou te dar outra agora, Pipes. – disse ela, rindo.

– Ariane, você vai cuidar dela se ela desmaiar. Quero só ver! – falou o Dave. Ele era bonito, como eu não tinha percebido ainda?

– Não vou desmaiar! To super bem!

– Ela está bem, viu? – falou Ariane. Ela era uma boa amiga!

– Ei Piper, quer um desse aqui? – May me deu um cigarro igual ao que ela tinha na boca. Eu peguei e olhei direito.

– Não sei fumar.

– Nunca fumou? – perguntou Ariane.

– Não. Como se faz? – falei. Fiquei triste de repente. Todos eles sabiam fumar e eu não. Como isso podia acontecer? Senti que ia chorar, mas Ariane pegou o cigarro da minha mão.

– Primeiro você segura desse jeito, tá vendo?- ela segurou entre os dedos indicador e médio. Isso eu sabia. Todo mundo finge que tá fumando pelo menos uma vez na vida. – Depois bota a pontinha na boca e faz como se você tivesse puxando um canudinho. Se tentar respirar, você vai engasgar.

– Entendi.

Peguei o cigarro do jeito que ela falou e “puxei”. Era legal, mas quando soltei a fumaça comecei a tossir e achei que fosse morrer. Queria gritar Ariane, então ela deu uns tapas nas minhas costas até que tudo saiu e eu respirei aliviada. Todos estavam rindo. Poxa vida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!