Essas feridas parecem não cicatrizar

Essa dor é muito real

Isso é simplesmente mais do que o tempo pode apagar

Chovia muito aquele dia em Hogwarts. Fazia frio, não me lembro de ter sentido tanto frio como naquele dia de Março. Se não me falha a memória, já fazia uns seis meses que eu havia terminado com Sirius. Por mais que me doa admitir, eu o amava e sabia que jamais seria correspondida. Eu sabia que Sirius gostava de mim, mas não da mesma forma que eu gostava dele. Ele jamais será capaz de gostar de alguém. Ele mesmo me disse isso naquele mesmo dia.

– Desculpa ok? Por não ser o cara mais perfeito, mas é que você sabe que nunca vou te amar do jeito que você espera. Eu amo ser livre, e um relacionamento, bom... Você sabe né?! – Disse ele sorrindo do jeito que ninguém mais conseguia.

– Eu sei Sirius, não te odeio por isso. Também gosto de liberdade e não suporto a idéia me prender com alguém.

Mas era óbvio que era mentira. Desde que conheci o Sirius, por mais canalha que ele fosse, pensei em sair de Hogwarts e formar uma família linda e feliz com ele. Ridículo, claro, só hoje eu vejo como era sonhadora demais. A verdade é que eu não gostava de demonstrar meus sentimentos. A todo o momento, via as meninas chorarem por caras que partiram seus coraçãozinhos e simplesmente não queria ser como elas. Por isso, fiz uma barreira entre o amor e eu, uma que até pouco tempo antes desses acontecimentos, pensei que fosse indestrutível. Não ache que eu sou uma pessoa fria, mas se você um dia já amou tanto alguém, deve saber que é algo totalmente, digamos, doloroso e agora imagine essa pessoa sendo Sirius Black. Ele era na época o garoto mais lindo de Hogwarts, o mais mulherengo, o mais safado, o mais tudo. Ele era de todas, menos meu.

Foram tempos difíceis depois do ocorrido entre eu e Sirius. Tentávamos de todas as maneiras ficarmos de bem para que isso não afetasse o resto dos nossos amigos, mas era difícil e ele não colaborava nada. Lembro-me como se fosse ontem, todos os dias eu o via com uma garota diferente. Aquilo me fazia sangrar por dentro, eu queria gritar e chorar por ter sido tão burra e por causa dele ter derrubado as barreiras que me mantinham afastadas desse tipo de sentimento.

’O amor é o sentimento mais sublime que uma pessoa pode sentir,

E quando se ama tudo é muito intenso... Inclusive a dor. E a dor

De amar sem ser amado, é terrível. Indescritível, e somente aqueles

Que um dia passaram por uma situação assim podem entender.

O desespero de amar sozinho é como um veneno poderoso e sutil.

Vai matando aos poucos, destruindo tudo por dentro, silenciosamente... ’’

Naquele mesmo mês, Lily leu essa parte de seu livro trouxa para nós. Essa passagem era muito bela e vez com que todos nós pensássemos em alguém especial. Não posso negar que cada linha que traz no texto, via meu relacionamento com Sirius. Só que nada em todo mundo, bruxo ou trouxa, poderia me preparar pro que vinha a seguir.

– Viu só? Por isso que eu digo sempre, amar é pra idiotas. Olha pra mim, nunca amei ninguém nada minha vida e sou perfeitamente feliz! – Aquilo acabou comigo. Se antes já estava mal, agora estava devastada. Todos viraram pra me ver, quando eu digo todos, digo a Grifinória toda que estava no Salão Comunal naquele momento e tudo que eu mais queria era sair correndo dali, mas como o orgulho sempre fala mais alto....

– Sabe Sirius, você tem total razão! Pra que amar alguém e sofrer desse jeito né? Olha pra você, pode ter todas que quiser! Quem trocaria isso pra que se apegar em apenas uma pessoa pro resto de vida? Que idiota faria isso... – Me lembro de olhar divertido que ele me lançou e depois, nada me lembro. Acordei três dias depois na enfermaria, quando abri olhos pude ver todos ali, menos Sirius. É, de alguma forma eu já esperava por isso, o que encontrei dele foi uma folha de papel, escrita com uma letra rabiscada "Me desculpe."

Mas quer saber a verdade? Desde aquele último mês de Março que passei em Hogwarts, eu jamais o desculpei.