Totgeliebt - Amou Até A Morte! escrita por Shadow


Capítulo 1
Capítulo 1




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–Acho que somos os últimos à sair do shopping. Onde foram todos que estavam no cinema?

– Todos estão no estacionamento agora. Estaríamos lá se você não inventasse de ir ao banheiro à essa hora.

– Bill meu amor,essas coisas não controlamos, vai ser rápido.

– Gostou do filme ?

– Não do final, achei horrível ele ter abandonado ela.

Ele sorriu pra mim, com aquele mesmo sorriso que sempre iluminava meu dia. Como uma boba apaixonada eu o perguntei :

– Você vai me abandonar?

Ele segurou em forte em minha mão,direcionou seu olhar ao meu e disse:

– Nunca!

Estávamos no fim do corredor, estávamos com as mãos juntas, éramos tão jovens mas já sabíamos o que o nosso amor significava. Na porta do banheiro ele me deu um abraço e pediu pra mim não demorar. Eu fui em direção a entrada. Virei de costas e ouvi um suspiro, como se ele pensasse que era uma despedida.

No lugar havia uma sala grande com vários banheiros, entrei em um qualquer porque queria Bill comigo novamente, depois daquele filme de terror um abraço apertado de quem eu amo seria ótimo.

Depois de fazer tudo o que tinha que fazer, abri a porta de onde eu havia entrado, me espantei porque Bill estava lá. Eu já ia me preparando pra perguntar o que ele estava fazendo naquele banheiro feminino, mas ele me impediu de falar colocando seu dedo indicador sobre minha boca. Ele parecia nervoso, passou a mão em meu rosto e puxou meu cabelo para atrás da orelha ,e sussurrou em meu ouvido:

– Um homem estranho entrou aqui, fiquei preocupado e vim ver se estava bem.

Ele pegou minha mão e quase que me arrastando puxou meu braço em direção à porta dizendo em tom de voz baixa:

– Vamos!

Não tive tempo de pensar em nada, logo após suas palavras veio um grande estrondo da porta de um banheiro que estava em frente a nós que se abriu. Bill logo me levou para trás dele com o impulso do susto, ele parecia estar relativamente assustado com aquilo. De dentro da porta saiu um homem, não pude ver bem seu rosto, mas seu corpo era malhado, ele tinha uma tatuagem no braço esquerdo de uma cobra, ele estava tonto e meio bêbado. Reparei que ele tinha uma faca em sua mão que estava junto a sua calça jeans. A faca era afiada e parecia ser de um açougueiro, ele tinha cicatrizes por toda a mão, talvez fossem acidentes de trabalho. O homem pediu para Bill tirar tudo o que tinha nos bolsos, Bill ia fazer isso, mas ao colocar a mão em seu bolso direito pareceu tatear algo que não iria dar a ele. E foi o que ele fez, disse ao assaltante que não iria dar nada era melhor o homem nos deixar sair em paz. Eu o puxei para traz e disse para ele dar logo tudo o que tinha. Por um curto momento ele se virou pra mim com uma expressão de desespero e disse que não pudia. Tive raiva dele. Pela primeira vez em minha vida tive raiva dele. Ele sabia que era perigoso mas ainda assim resolveu confrontar o ladrão, como pode se arriscar assim, eu sempre soube que ele não tinha juízo mas ele nunca demonstrou nenhum interesse em bens materiais, mas também acho que ele não faria isso por um celular ou um relógio qualquer.

O homem ficou com raiva dele também, por tê-lo desobedecido. Ele fez um som com a boca que parecia ser de um touro bravo relinchando. Ele veio em direção à Bill e na hora meu coração disparou como um foguete, a raiva do Bill havia passado e sido trocada pelo medo de que o homem fizesse algo com ele.

Em meio a minha preocupação o ladrão agarrou Bill pelos ombros e deu um soco em seu rosto, meu sangue gelou por um momento, eu tentei gritar mas minha garganta estava queimando por dentro, eu só pude chorar ao ver meu amor em uma luta. Apesar de meu desespero o soco não parecia ter sido tão forte, o homem estava tão alcoolizado que errou. Mesmo tendo tentado dar com muita força, o soco não foi certeiro e resvalou o rosto de Bill, o homem ficou com ainda mais raiva e o jogou no chão gelado, perto de uma das muitas pias que haviam no banheiro. O impulso foi tão forte que Bill poderia ter machucado suas costas, ele teria hematomas por longos dias. Não tive tempo para pensar isso, se tivesse provavelmente eu teria surtado em ê-lo cair.

Logo que Bill foi empurrado o homem levou a faca em sua direção. Meu pulso não pulsava mais.Não vi bem o que eu estava fazendo, mas, no momento que ele apontou a faca pra Bill eu fui correndo em sua direção e segurei a faca com minhas mãos antes que ele chegasse perto dele. Minhas mãos agora estavam cortadas mas só queria saber se Bill estava bem, estava totalmente histérica para tirá-lo dali e levá-lo para um lugar seguro.

O ladrão se virou com pressa pra mim, Bill ainda estava naquele chão. O homem olhou com uma expressão que o fez parecer preocupado com o que iria fazer, como se o que viesse depois fosse mudar toda a sua vida. Sem dar valor ao que sentia ele atirou a faca em meu estômago. Sabe aquela sensação de um friozinho na barriga, eu estava sentindo, literalmente. Foi a maior dor da minha vida, não a facada mas sim ouvir a voz desesperada de Bill gritando: - Não. Ele parecia se perder em pensamentos sobre o futuro. Estava totalmente dolorido e com uma expressão melancólica, seus olhos estavam tristes como nunca antes. E pela primeira vez eu o vi chorar. Ele estava pálido e tremulo, mesmo de longe pude ouvir sua respiração ofegante. Senti culpa, talvez a culpa fosse minha mesmo.

O homem soltou aquela faca cravada em mim. O vento me enviou para traz e eu cai. Nesse momento eu pude ver o rosto dele. Era assustador, em cada linha de expressão eu sentia uma sensação de terror. Naquele instante soube que aquele rosto estaria pra sempre em meus pesadelos.

Ele logo me enviou um olhar como se estivesse pensando que eu não iria mais causas problemas. Eu olhei rapidamente para meu corte, era mais profundo que eu imaginava. Atravessava toda a minha barriga em horizontal. Estava doendo muito, como se meu estomago estivesse saindo do lugar. Eu podia sentir meu sangue todo saindo como se um furacão levasse tudo o que eu tinha.

O bandido virou-se para trás, onde Bill estava. Eu quis correr e impedir, mas não sentia nada abaixo da cintura. Ele revistou o bolso do Bill e tirou tudo o que tinha. Bill já parecia não se importar, na verdade ele congelou olhando pra mim, como se não acreditasse no que via, ele mal piscava. No bolso direito do Bill só havia uma coisa, uma caixinha azul felpuda. O homem abriu a caixa e lá tinha um pequeno anel, uma aliança que era a cara do Bill, na verdade era minha cara. Eu não acredito, Bill pretendia me pedir em casamento naquele dia. Eu jamais pensei que pudesse ficar tão feliz com aquilo. Ele realmente só se casaria com alguém que o fizesse saber que é para sempre!

Bill continuava fixo em mim. Eu agradeço que algo tenha feito pra Bill sair ileso. O homem tirou o anel da caixinha e a jogou dentro de uma pia.

Celulares, carteira e cartão de créditos foram todos levados. O homem simplesmente saiu pela porta sem ver o estrago que havia feito. Ele pareceu não reconhecer o Bill, talvez porque estava bem escuro. Bill e eu sempre vamos ao cinema à noite para que não haja nenhum problema com fãs e outras pessoas o reconhecendo e estragando nosso encontro.

Logo que o homem saiu Bill veio correndo em minha direção. Ajoelhou-se ao meu lado, ele estava com a respiração pesada. Parecia não saber o que fazer. Ele foi em direção a porta, com certeza para chamar ajuda, mas pensei que aquele poderia ser meu ultimo momento viva, e eu queria passar com ele. Eu chamei seu nome com um tom de dor. Ele se virou às pressas e olhando em meus olhos soube o que eu queria. Ele chegou mais perto e colocou suas pernas em cima das minhas e com muito cuidado tirou a faca de meu abdômen. Ele levantou a faca para cima contra a luz da lâmpada, ele olhou para ela como se pensasse em suicido. Acho que ele pensou seriamente nisso, mas ele queria me ajudar. Eu o perguntei se não faria nenhuma bobagem se algo acontecesse comigo.

–Nada vai acontecer com você -disse ele, embora parecesse não acreditar nas próprias palavras.

Ele posicionou suas mãos contra a minha barriga, apertando-a. Não sei por que ele fez isso, só estava me causando mais dor. Ele olhou em suas mãos, estavam cobertas de sangue, ele pareceu estar nervoso. Ele acariciou meu rosto com sua mão suja. Contornou meus lábios com seu dedo, enchendo ela com meu próprio sangue, depois me beijou enquanto passava a mão esquerda em meu cabelo e minha nuca. O beijo foi algo que eu já mais havia sentido antes, tinha gosto de sangue e lágrima, mas era bom. Era bom como se eu pudesse sentir ele dentro de mim. Eu pude sentir seu coração bater, era uma melodia triste, como as de final de filme. Eu puder sentir seus lábios tocando os meus, sua boca deslizava suave sobre a minha. Eu achei que poderia ter sido meu último beijo. Ele se levantou e foi para onde estavam as pias. Pegou a caixinha que antes continha a aliança, deitou bem próximo a mim, abriu a caixa com pressa, ele parecia estar desesperado e nervoso. Ele levou mais perto de meu rosto, onde meu olhar podia alcançar, e olhando profundamente em meus olhos perguntou:

– Quer casar comigo?

Eu estava tão fraca, havia perdido tanto sangue. Eu queria dizer a ele tanta coisa mas eu só pude dizer em meio a um suspiro:

– Sim!

Ele sorriu aliviado, como se tivesse medo que eu dissesse não. Nesse instante eu olhei pro sorriso dele e sorri também. O sorriso dele me fez ficar segura, como sempre o sorriso dele me faz ficar. Era bom saber que ele estava bem, ele com aquele sorriso meigo me fez entender que não era o fim. Minha vida não iria acabar porque ele era minha vida, e ele iria continuar bem. Ele não demonstrava estar tão tranquilo. Parecia querer me acalmar com seu olhar mas estava com medo de me perder, mais do que eu estava com medo de deixá-lo sozinho. Ele fazia de tudo pra evitar que eu percebesse, só não conseguia conter o choro. Nunca havia visto ele tão abalado. Ele parecia estar pensando que seu mundo acabou. Ele sussurrou pra si mesmo que não iria mais sair daquele momento,e que meu rosto pedindo ajuda seria a ultima coisa que ele faria,depois de... Não completou a frase,deixou uma lacuna em meu coração, porque eu sabia o que ele era capaz de fazer. Bill me amava mais do que a vida dele, por isso não seria um problema para ele acabar com ela. Ele parecia até estar ansioso para que eu morresse e ele parasse de sentir dor logo, e ao mesmo tempo ele queria eu continuasse viva pra sempre. Ele pensou várias vezes em chamar alguém, mas ele sabia que eu tinha pouco tempo até partir.

Então ele deitou completamente ao meu lado. E colocou minha cabeça sobre seu peito, e assim ficamos. Pode ser que tenha passado apenas cinco minutos, mas pra mim foi com se nós tivéssemos passado horas e horas assim. Sem mover um músculo, apenas respirando fundo. Foram as melhores horas da minha vida, eu apenas sentia seu sangue passar lentamente em suas veias. Nós não nos olhamos até aquele momento, mas ainda assim eu poderia saber que ele estava mais tranquilo, talvez tivesse se consolado ou talvez já não sentisse mais nada a essa altura. Quase não conseguia deduzir o que ele sentia, se fosse uma ocasião normal tenho a certeza que saberia o que ele estava pensando, mas não naquele instante.

Eu estava fraca, tão fraca que eu não consegui respirar. Meus suspiros estavam se passando a um curto prazo. Eu me virei para ver o rosto do Bill. Percebi que todo esse tempo ele estava me observando. Ele também sentiu que era o fim, ele olhou-me com aquele olhar, aquele mesmo olhar que no dia em que nós nos conhecemos me fez saber quem era meu primeiro amor. Eu sempre lembro desse dia, porque toda vez que eu olho em seus olhos eu me apaixono novamente. Ele via que eu estava totalmente sem chances, tinha perdido muito sangue, agora pensava que se ele tivesse pedido ajuda seria provável que eu sobrevivesse, mas eu escolhi ficar com ele, e faria a mesma escolha um milhão de vezes. Ele olhou em meus olhos e perguntou:

–Você vai me abandonar?

–Nunca!

Ele segurou forte minha mão, sua mão devia estar gelada, eu não pude sentir, já havia passado um tempo que eu não sentia mais nada, nem dor, nem medo.

Eu não conseguia manter meus olhos abertos. Eles iam contra a minha vontade. Ainda olhando pra ele meu olho foi fechando, eu tentei evitar mas não tinha força pra lutar contra mim mesma. A imagem dele foi a ultima coisa que eu vi. Lembrei-me de que uma vez Bill havia me dito que ele estaria comigo até o final, ele me disse que no momento em que meu coração parasse de bater o dele pararia também, acredito nele, eu sempre acreditei.

Tudo se embaçou, virou um borrão no qual eu só via a sombra apagada das roupas escuras de Bill. Meus olhos foram se fechando lentamente, meu coração batia sem vontade. Até que meus olhos se fecharam completamente, me deixando em plena escuridão...


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