Reyna ainda estava em seu quarto, batendo um pé continuamente no chão em sinal de impaciência e ansiedade. Ficaria presa ali até a guerra terminar se não conseguisse se libertar, e aquilo a estava frustrando. Não havia conseguido convencer Stannis de deixá-la lutar.

Sentando-se na cama, Reyna respirou fundo, tentando encontrar um jeito de escapar. Minutos depois, ouviu o som de passos. A porta se abriu. Heidor entrou, e trazia uma armadura feminina nas mãos - Reyna mal sabia que algo assim existia.

– Sei que você não aguentaria ficar aqui ao invés de defender seu reino. - Heidor falou. - Vista, é hora de lutar, Pequeno Rouxinol.

O apelido não incomodou Reyna, pois estava grata demais por aquela oportunidade. Heidor se retirou antes que ela pudesse falar algo, correndo para voltar à luta, o som do metal de sua armadura tilintando distantemente enquanto Reyna se vestia com a armadura.

Pegou sua adaga. Oh, a tempos esperava ter uma oportunidade de usá-la. Agora, a oportunidade estava à sua frente... e não era muito animador. Mas era hora de lutar por sua sobrevivência e pela sobrevivência das pessoas que amava.

–-x--

Jason acordou sobressaltado. O clangor das espadas ecoava lá fora. Podia-se ouvir gritos de dor e de fúria. A guerra começara há apenas algumas horas, mas já estava feroz como um leão. Jason não esperava o contrário, uma vez que Joffrey parecia ser um inimigo poderoso e ambos Joffrey e Stannis já se preparavam para um cerco e, mais do que tudo, se preparavam para lutar pelo que desejavam e pelo que acreditavam.

Queria ajudar. Sentia que Reyna também estava lá fora. Além disso, Heidor, que o havia ajudado, estava combatendo também. E caso aquilo continuasse, vidas inocentes seriam tiradas. Quantas pessoas que nunca pensaram em lutar deveriam agora estar tendo de tocar em uma espada, lutando contra um exército bem treinado e que havia sido preparado por um longo tempo - talvez anos - para aquele momento? Um momento cuja duração era incerta, tão como sua sobrevivência. Um momento que não podia ser impedido, parado ou suavizado. Um momento que ameaçava eles mesmos e as pessoas que amavam.

Todavia, com o que lutaria? Nunca tocara em uma lâmina também, apenas uma vez, em seu momento de fuga quando criança.

Não importava. Daria um jeito. Os anos que sofreu tentando sobreviver, várias pessoas que tiveram uma vida praticamente perfeita sofreriam agora, de outra maneira. Não era justo. Jason sabia que Stannis conquistara tudo justamente, e não se afeiçoara com Joffrey. Aliás, Joffrey... se Reyna caísse nas mãos dele... céus! As possíveis coisas que poderiam acontecer à sua amada caso isso acontecesse mandavam calafrios por sua espinha. Acharia alguma arma de alguma forma.

Ele se levantou, pegou a tocha que queimava na parede e andou pelo local, procurando uma saída. Não teve de caminhar muito até achar algo... não era uma saída, mas sim uma armadura, um escudo e uma espada perfeitamente embainhada. Parecia caber bem em Jason - ele imaginava quem a colocara lá.

Pegou a armadura e a vestiu com dificuldade e pressa, porém teve excelência na execução da atividade. Como um camponês, mesmo em sua parca idade ele já havia aprendido a manusear armaduras, caso viesse a ser um servo. Desembainhou a espada - cabia bem em sua mão. O peso não o atrapalhava - era como se a espada tivesse sido forjada especialmente para ele. O escudo também.

Voltou a procurar uma saída, e logo a encontrou. Um grande cavalo branco o esperava. Era um belo animal, forte, esbelto e com uma expressão feroz. Com um leve sorriso, montou-o e cavalgou para a guerra. Talvez fosse sua última cavalgada, seu último suspiro. Mas algo lhe dizia que valeria a pena.