Ela está tão linda, digo quando é que ela não está linda?! Estava sentada no piano tocando algumas notas e vendo até onde o alcance vocal ia, ela é simplesmente perfeita.

 Fui entrando mais no auditório e quando dei por mim estava escondida atrás de uma das cortinas a admirando, tão bela, tão forte e tão frágil ao mesmo tempo; só de pensar que ela já foi minha eu tenho vontade de esmurrar a minha cara por ter a deixado ir.

 Fui andando um pouco mais pra frente e assim que ela notou a minha presença parou de tocar e catar. Droga! Como eu queria que as coisas tivessem sido diferentes entre nos duas.

 Ela me olhou com os olhos vermelhos, pude ver que ela estava se esforçando para não chorar, assim como eu também não queria chorar como sempre fazia toda vez que a via.

 Ela se levantou rapidamente do piano pegando algumas partituras consigo, me encarou me lançando um olhar triste e disse:

 - Esse é um ensaio particular – e seus olhos finalmente encontraram os meus.

 - Rachel – eu disse em vão porque ela me interrompeu.

 - Eu serei educada ok, não se preocupe. Se eu te ver no corredor eu irei fazer contato com os olhos, e eu não vou... Agora me dê licença eu tenho que voltar ao meu ensaio. – essa foi a minha vez de cortá-la.

 - Rachel, por favor. – eu a chamei  com a voz suplicante tentando chamar sua atenção.

 Dessa vez ela parou de mexer compulsivamente nos papeis e me deu atenção. Deus eu quase esqueci de como o meu coração acelera quando estou perto dela, de como minhas pernas ficam bambas e eu só falto morrer!

 Ela me encarou e uma lagrima solitária caiu de seus olhos, ela a limpou rapidamente com o dorso da mão e disse: - O que você está fazendo aqui? – eu soltei um suspiro pesado e encarei o chão, ela vendo que eu não dizia nada continuou – um dia você diz que me ama...

 - Eu sei – eu disse enquanto ela falava, e continuei – eu sinto muito Rachel. Eu cometi um erro, esse é o nosso ultimo ano. Eu nunca mais vou ter essa chance – eu disse, eu queria tanto, dizer que a amava a pegar em meus braços e nunca mais solta-la pra nada, queria a fazer minha novamente, a ouvir suspirando meu nome, me ligando no meio da noite porque teve um pesadelo, quero a minha Rachel só pra mim.

 - Quinn... eu não posso – ela disse segurando o choro.

 - Finn. – eu disse quase num sussurro, mas acho que ela ouviu.

 - Sim – ela me respondeu, mas eu não estava perguntando, eu sabia que era por causa daquele grande imbecil que não podíamos ficar juntas, ele sempre esteve entre nos.

 - Ele faz você se sentir linda? – eu perguntei indo mais perto dela – ele faz com que você se sinta especial? – já não havia mais distancia entre nos, uma mão minha estava em sua cintura e a outra acariciava o seu rosto.

 - Quinn – ela disse tentando se afastar, mas eu fui mais rápida e a segurei mais forte pela cintura.

 - Você é linda – eu disse olhando no mais profundo daqueles hipnotizastes olhos castanhos.

 - Certo – ela disse e se afastou de mim dando a volta no piano.

 - Rachel – eu disse baixo novamente, praticamente sussurrando o nome da minha amada.

 - Nã-não! – ela disse quando eu me aproximei novamente. – se eu me entregar a você e você me desapontar eu vou morrer.

 Aquelas palavras doíam mais do que tudo, eu a desapontei uma vez, não posso deixar que ela pense que vai acontecer novamente.

 - Rachel – eu disse chegando um pouco mais perto dela. Eu tinha que ser rápida e precisa e só tinha um jeito de arrancar essa dor do meu peito de uma vez, três simples palavras que precisavam ser perguntadas. – Você me ama?

 Ela me encarou assustada e ficou perdida olhando nos meus olhos, ela começou a gaguejar algumas palavras, mas nada saia.

 - Diga a verdade – eu disse e ela parou de tentar formar alguma coisa e me encarou novamente.

 Ela soltou a respiração que estava segurando desde que eu havia feito a pergunta a ela e disse: - Sim.

 Ela começou a chorar novamente, dessa vez sem vergonha de esconder as lagrimas; eu lutava fortemente para não chorar.

 - Podemos nos apaixonar novamente? – eu disse e ela correu para me abraçar.

 Suas lagrimas estavam molhando a minha blusa e o meu pescoço, mas eu não dou à mínima pra isso, sei que terei a minha garota novamente em meus braços e é isso que importa.

 Passado um tempo não consegui segurar as lagrimas e chorei baixinho, mas rapidamente as limpei, tinha que ser forte pela Rachel que estava desabando em meus braços.

 - Me desculpa – eu disse a encarando – eu sinto muito – e algumas lagrimas voltaram a cair.

 - Me beija – ela disse em resposta.

 Eu não demorei para juntar os lábios dela aos meus, aqueles lábios que eu tanto desejei, finalmente estavam tocando os meus novamente. As lagrimas cessaram e o beijo foi calmo, nossas línguas se tocando como se fosse à primeira vez, seus lábios se encaixando perfeitamente nos meus. Ah Deus, como eu senti falta do gosto desses lábios.

Cessamos o beijo por falta de ar, sua testa estava encostada na minha e nossa respiração descompassada. E olhando naqueles olhos cor de chocolate eu finalmente tive a certeza de que eu a queria para todo o sempre ao meu lado, e acima de tudo, que eu a amava.

 - Eu te amo Rachel – eu disse de olhos fechado e fui surpreendida com um beijo em resposta.