A Prova De Fogo escrita por Miss Swen


Capítulo 8
A melhor verdade de todas


Notas iniciais do capítulo

Baseada em spoilers do episódio 5x02 'Cloudy with a chance of murder'



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Champagne, decoração impecável, roupas de gala, pessoas importantes, conversas que na maioria das vezes abordavam assuntos financeiros.

Música, sorrisos, fotos e mais outros itens indispensáveis para uma festa do porte da que foi dada naquela noite pelo estúdio Hayrmall.

Eu certamente teria julgado aquilo tudo como ‘muito bem orquestrado’ se não fosse pelo fato de que alguém ali dentro havia cometido um assassinato.

As escutas estavam ótimas, podíamos ouvir tudo perfeitamente, as imagens permaneciam nítidas e tudo correu exatamente como planejado, o que é claro me surpreendeu.

Pouco mais de uma hora foi o tempo exato pra que o culpado desse as caras, mas enquanto isso não acontecia, Castle e Kristina circulavam pelo espaçoso salão como um mero ‘casal’.

Dançaram, conversaram sobre assuntos variados, dentre eles os livros de Castle, me peguei quase deixando escapar um sorriso vez ou outra que ele falava sobre o seu trabalho. Era evidente o quando amava o que fazia o que se tornava o principal ingrediente para o seu sucesso.

Ela também comentava algo de vez em quando, mas em momento algum tocou em pontos que me fizeram perder a concentração.

Em um determinado ponto Kristina se dirigiu até Allyson Jones e a questionou sobre o tal telefonema misterioso, obviamente que ela negou qualquer participação na morte de Grace Adams, mas mesmo assim as suspeitas não diminuíram.

Fhilip Jones anunciou que iria começar um discurso, senti que aquele era o momento certo para que tentássemos algo.

–Srta. Coterra... Ainda tem o número de quem ligou pra você naquela noite com a voz disfarçada? - perguntei ao sintonizar a escuta dela.

Kristina: Sim.

–Ótimo, preciso que ligue pra ele agora.

Kristina: Eu já tentei fazer isso mas não deu certo, sempre caía na caixa postal ou ficava chamando e ninguém atendia.

–É mas agora as coisas são diferentes, essa pessoa não espera que você tente agir durante a festa, e eu estou certa de que o assassino está aí dentro, por tanto ligue, temos que testar todas as possibilidades.

Kristina: Está bem.

Ela retirou o celular da pequena bolsa e após apertar alguns botões, o colocou na orelha, o local estava silencioso, somente a voz de Fhilip podia ser ouvida enquanto esbanjava palavras sobre compromisso com o jornalismo e o público.

Alguns segundos e um som quase imperceptível para nós que estávamos na van foi ouvido, semicerrei os olhos na direção da tela para captar cada detalhe do que estava acontecendo.

Foi então que percebi que Kristina estava claramente nervosa, fitando o chão e depois o palco, resolvi tomar partido:

–O que está acontecendo? - perguntei

Kristina: Está tocando detetive...

Fez um pausa e desligou o telefone, se virou para olhar para Castle e continou:

Kristina: E o som vêm do palco, é o celular... Do Fhilip.

Os convidados não deram importância para o som insignificante até que o mesmo parou, assim que foi desligado por seu proprietário.

–Vamos, não temos tempo! - exclamei saindo da van, seguida por Ryan e Esposito.

O que se seguiu foi uma sequência de gritos.

Adentramos o local e eu puder perceber o rosto de Fhilip mudar, parecia surpreso por nos ver ali, com certeza muito mais surpreso do que as outras pessoas.

–O que fazem aqui? Estão estragando a festa! - ele reclamou

–Esse é o menor dos seus problemas Sr. Jones. Por favor, nos acompanhe. - Esposito pediu

–Eu não vou a lugar algum, caso não tenham percebido, estou no meio de um discurso.

–E caso o senhor não tenha percebido, estamos investigando um assassinato, nada é mais importante do que isso! - afirmei – Agora, nos acompanhe!

Eu não fiz a menor questão de ser gentil e muito menos delicada.

Após um olhar que expressava a raiva que sentia, ele concordou em nos seguir.

Podia sentir os olhares de todos, as especulações que faziam, e a banda no fundo que tentava reanimar a festa ao ver que todos comentavam sobre nossa entrada repentina.

Ao sairmos, vi Castle e Kristina logo atrás de nós, e então uma voz surgiu ao fundo.

–Ei! Será que alguém pode me dizer o que está acontecendo aqui?

Era a voz de Allyson.

–Sra. Jones, estamos levando seu ex-marido para um interrogatório.

–Isso é sobre a Grace? - ela perguntou ao se aproximar

Eu assenti.

–Fhilip, o que você fez?

–Nada!

–Eu vou com vocês.

–Senhora...

–Eu faço questão! Quero ver até que ponto ele foi capaz de ir.

Antes que a discussão entre os dois se iniciasse, eu concordei, coloquei o suspeito no meu carro e vi Castle conduzir Kristina até a Ferrari para que nos acompanhasse também, afinal, precisava prestar depoimento.

Em algum momento Allyson pegou seu carro e também nos seguiu.

Ao chegarmos na NYPD, falei para Esposito levar Fhilip até a sala de interrogatório e me virei para Ryan.

–Tome o depoimento da Srta. Coterra. Quero que ela repita tudo o que nos contou na van hoje mais cedo.

–Tudo bem, mas... Enquanto a Sra. Jones...

–Não se preocupe, ela não vai tentar nada, nem se quisesse ela poderia, afinal, está metida nisso até o pescoço.

–Ok.

Vi quando ele avisou Kristina sobre o que tinha que ser feito e os dois se afastaram, Castle sentou na cadeira ao lado da minha mesa e ao passar por ele dei um sorriso tímido, e ele retribuiu.

Ao entrar na sala nº2 vi Fhilip sentado, não demonstrando nada além de raiva por ter que estar ali.

–Nem sei por onde começar Sr. Jones... Oh, espere. Me lembrei! Que tal pelo fato de não ter dito toda a verdade da última vez?! - perguntei ao me sentar em frente a ele

–Do que está falando?

–Do seu celular ser o mesmo usado para se comunicar com Kristina Coterra, a quem o senhor pediu que mandasse um recado para Grace.

–Ah isso! Não tem nada demais, eu pedi sim.

–E posso saber o motivo?

–Resumidamente: eu ouvi quando Kristina contou a Allyson sobre o encontro de Grace e Peter no hotel, e fiquei irritado ao perceber que ela não pretendia tomar nenhuma atitude diante disso. Ela estava desistindo, ia permitir que nosso filho descobrisse a verdade, depois de tudo o que passamos pra que ele não sofresse com isso ela ia simplesmente deixar que acontecesse.

–E o senhor queria evitar?

–Exatamente.

–E o que pretendia fazer? Se encontrar com ela na festa hoje, conversar, oferecer dinheiro, talvez até apelar pra algo mais físico... - provoquei

–Eu não entendi.

–Pois eu acho que sabe exatamente do que eu estou falando. Acho que algo saiu errado e você teve que fugir um pouco do seu plano, alguma coisa fez com que precisasse agir rapidamente, afinal, tinha que manter Grace calada a qualquer custo não é mesmo?

Ele suspirou de um jeito debochado.

–Olhe detetive, a única coisa que tem contra mim é o número do meu celular, e eu admito, realmente liguei para Kristina e me fiz passar pela minha ex-esposa. Mas isso não prova nada, além de que eu queria resolver a situação, mas é claro que alguém foi mais rápido do que eu.

Quando pensei em continuar, alguém bateu na porta, era Ryan.

–Vocês podem vir aqui um minutinho?

Esposito e eu saímos e seguimos Ryan até a sala onde ele nos mostrou algo que definiu o rumo daquele caso.

–Isso é o que eu acho que é? - Esposito perguntou

–É sim. - apontou pra tela que exibia o vídeo de segurança do hotel onde a vítima estava hospedada – E esse aqui é o mesmo cara que estava naquela sala falando com vocês.

–Fhilip Jones. - eu falei ao reconhecer o rosto dele, nitidamente exibido pelas câmeras do hotel – Como não vimos isso antes?

–Porque a gravação foi alterada, alguem apagou a parte em que ele aparece no vídeo, eu percebi que tinha alguma coisa estranha, então um pouco antes de irmos pra festa ver o que conseguíamos, dei um jeito de desfazer a armação, e aí está o resultado!

–Pegamos ele! - afirmei

–Isso.- Esposito concordou

Me virei para sair, mas lembrei de algo e voltei:

–E a Srta. Coterra? Já disse tudo?

–Sim, ela foi bem mais prática dessa vez.

–E onde ela está agora?

–Acho que... - olhou pela janela – Falando com o Castle.

–Ok, bom, vamos lá.

Falei normalmente, mas assim que passei pela porta olhei disfarçadamente para Castle e Kristina que conversavam, e vi o momento exato em que se dirigiam para a sala de descanso.

Retomei a concentração e continuei andando, para concluir o que havia começado.

–Bom, acho que eu já posso ir não é?! - Fhilip fez menção de se levantar

–Não, não pode. - fiz sinal para que sentasse novamente

–Ah por favor, o que ainda querem comigo?

–No momento, apenas a sua confissão.

–Como?

–Não pode mais negar Sr. Jones, agora nós temos provas!

O semblante dele mudou.

–Como assim?

–Temos um vídeo que mostra claramente a sua entrada no hotel, depois no quarto de Grace e finalmente a sua saída. E veja só, o horário bate com o estipulado da morte dela.

–Eu... - tentou dizer algo, mas parou

–Onde está sua confiança agora?

–Não é o que parece.

–Ah não? Pois parece que você foi até o hotel e matou aquela moça, e tudo porque ela ameaçou destruir a sua vida perfeita. Estou certa?

–Não! - se exaltou

–Então me diga o que aconteceu naquela noite.

Suspirou outra vez, fechou os olhos por alguns segundos até que falou:

–Eu não queria machucá-la, eu só queria conversar... Mas ela... Ela não ficava quieta, não me deixava falar.

–Continue.

–Eu sabia que Kristina ia fazer o que tinha sido pedido, então fiquei mais calmo, eu achei que na festa eu poderia conversar com ela, fazê-la entender o quanto aquela história toda ia afetar o Peter, eu só queria o melhor pra ele.

–E acha que o melhor foi mentir e matar a irmã dele?

–Não foi assim, eu fiquei apavorado porque estava em casa e do nada ele chegou, nervoso e irritado, eu nunca tinha visto ele daquele jeito... Ele não percebeu que eu estava lá e subiu para o quarto. Eu pensei que a Grace tivesse contado a ele, achei que fosse tarde demais e quando me dei conta já estava na porta do quarto dela.

–E o que aconteceu em seguida?

–Ela ficou surpresa em me ver mas já entendeu do que se tratava e quando eu perguntei se ela tinha dito alguma coisa pro Peter ela negou, e do nada começou a me xingar, disse que ele merecia uma família melhor, uma vida melhor. Que não precisava de todo o dinheiro que eu tinha, mas sim de gente se preocupasse de verdade com ele. E foi então que ela falou uma coisa que me deixou furioso.

Os olhos dele brilhavam com as lembranças.

–Que coisa? - Esposito perguntou

–Que... O pai dela teria sido uma influência melhor pra ele, que podia não ter nem metade do meu poder e dinheiro, mas que com certeza faria um diferença significativa no caráter do Peter.

–E depois?

–Eu me lembro de poucas coisas depois disso, foi como se eu ficasse cego, ela não podia dizer aquilo! Eu fiz o melhor que pude por ele. Mesmo depois de descobrir que não tínhamos o mesmo sangue, mesmo depois do divórcio eu não me afastei, eu sempre o considerei como meu filho! Meu! - enfatizou – Eu peguei a primeira coisa que vi na minha frente e parti pra cima dela, quando percebi ela já estava sobre a cama... Morta.

–Tudo isso por um segredo?

–Vocês não entendem, ela chegou do nada, tudo estava bem até ela aparecer com seu jeito curioso e descobrir o que não devia. Ela não quis ficar quieta, falou mais do que sabia e eu não consegui me conter. Não podia deixar que ela estragasse o pouco que ainda restava da minha família.

Era isso, o motivo, o culpado.

Tudo estava bem ali na minha frente, o caso estava encerrado.

Dei voz de prisão e Esposito o levou até a cela

Saí da sala e avistei a Sra. Jones que veio ao meu encontro.

–Detetive... - seus olhos estavam marejados – Eu vi o Fhilip passar algemado... Ele...

Eu assenti ao ver que ela não conseguiria terminar a frase.

–Oh meu Deus!

–Senhora...

–Eu sei o que deve pensar, você falou com a Kristina então não é difícil presumir.

–Eu não penso nada.

–Mesmo assim quero que saiba que tudo o que fiz foi pra proteger o meu filho, pra poupá-lo de uma coisa que revelaria um erro de passado, um erro que por ironia me deu o maior presente da minha vida. Eu nunca chegaria a esse ponto, disso tenho certeza, eu nunca faria nada contra ela, nada físico se é que me entende. - abriu um sorriso fraco – Mas essa história já foi longe demais, está na hora de colocar um ponto final nisso tudo, e a melhor forma de começar nada mais é do que pela verdade.

–Quer dizer...

–Quero dizer que vou conversar com meu filho, vou falar a verdade. Seja qual for a reação dele, pelo menos vou ter certeza de que ninguém mais vai precisar morrer por causa disso.

–Eu entendo.

–Bom de qualquer maneira, obrigada e... Boa noite.

–Boa noite.

Fiquei parada por alguns segundos, observando Allyson ir embora, e comecei a pensar no que a aguardava. A conversa com Peter não seria fácil, isso iria deixa-lo furioso, fazer com que se sentisse enganado, traído e machucado.

Mas por outro lado traria uma certa paz, já que todos os fatos seriam revelados e todas as verdade seriam expostas, de uma vez por todas.

Balancei de leve a cabeça para me livrar das últimas conclusões e fui até Ryan e Esposito que conversavam animadamente alguns metros adiante.

–Hey, acho que por hoje chega não é?! - falei sorrindo

–É, acho que sim. Bom, mas eu vou indo, já está tarde e Jenny está me esperando. - Ryan disse ao vestir o casaco

–Ok.

–Eu também já vou, estou cansado. Boa noite! - foi a vez de Esposito se despedir

–Boa noite... Mas antes... Algum de vocês viu o Castle? - tentei parecer despreocupada

–Acho que está na sala de descanso. - Ryan respondeu – Boa noite.

–Boa noite rapazes.

Os dois entraram juntos no elevador e assim que a porta se fechou eu fui em direção a sala de descanso, um sorriso sutil surgiu nos meus lábios sem que eu me desse conta ao imaginar que ele estaria logo ali, mas desapareceu ao me deparar com Kristina de pé em um canto da sala, eu teria dado meia volta e ignorado a presença dela, mas já era tarde, ela já havia me visto.

–Olá detetive. - disse sorrindo

–Oi... O que ainda faz aqui?

–Eu estava falando com o Rick e...

Eu detestava toda vez que ela o chamava assim, soava tão íntimo, tão pessoal.

–E onde ele está? - perguntei, interrompendo-a

–Recebeu uma ligação e saiu, mas já deve estar voltando.

–Certo, obrigada e boa noite. - virei para sair mas parei quando ela continou:

–Tem um minuto?

–Pra que?

–Eu só queria falar com você por um instante. Pode ser?

Mas qual seria o assunto?

Outra mentira para me perturbar?

–Claro.

Permaneci parada na porta, não queria chegar perto dela.

Ao que me pareceu, ela também não fazia questão da proximidade, pois não deu um passo sequer, porém, não desistiu de falar:

–Eu estava enganada.

Aquilo soou como uma confissão.

–Sobre?

–Sobre o Rick e essa história de termos alguma coisa.

‘Rick’. Sim, o tom dela tinha o poder de fazer com que eu não gostasse de ouvir o nome dele, pelo simples fato de ser pronunciado por ela.

–Eu não entendi.

–Vocês certamente conversaram e já deve saber que aquele beijo que eu mencionei não aconteceu de verdade não é?

–É.

Ela sorriu.

–Imagino o que deve pensar e não vou tentar convencê-la dos motivos pelo qual inventei aquilo...

–E não precisa.

–Eu sei, mas ainda assim sinto que cometi um erro, não percebi a hora em que precisava parar, ele me deu todos os sinais, disse com todas as letras mas eu não me dei por vencida e achei que se inventasse algo você me diria mais do que ele estava dizendo. - cruzou os braços e fitou o chão por um breve momento antes de voltar a me encarar – Mas agora eu entendo e oficialmente desisto!

–Por quê está me dizendo isso?

–Porque eu vejo a relação de vocês, não é difícil perceber o quanto confiam e contam um com o outro.

–Somos parceiros, precisamos disso.

–Eu sei, e não estou tocando nesse assunto porque quero que me diga quem é a mulher por quem ele está interessado, se bem que a palavra ‘apaixonado’ seria mais apropriada, mas eu sei que não a usou pra não despertar ainda mais a minha curiosidade. - suspirou – Enfim, se conhece ela ou não, não importa, agora eu sei que o que ele sente por ela é real e não estou disposta a competir com isso.

–O que quer dizer com ‘agora eu sei’?

–Que durante esse poucos minutos que conversamos, foi o suficiente pra que ele me convencesse de que não é apenas mais um caso ou outra coisa qualquer.

–O que ele disse?

–Digamos que ele disse o que precisava dizer... Explicou os motivos pelo qual não está disposto a arriscar esse relacionamento, me falou um pouco sobre ela, nada revelador é claro, já que sabe muito bem contornar as entrelinhas. Não precisou de muito pra que eu me desse conta do que eu ainda recusava a acreditar.

–Que seria...

Para minha surpresa ela não respondeu, apenas pegou a bolsa que estava sobre a mesa e se aproximou de mim.

–Quem quer que seja essa mulher, eu espero sinceramente que ela saiba a sorte que tem. - sorriu – Porque de uma coisa eu não tenho dúvida: ele é louco por ela. - passou por mim – Boa noite Det. Beckett.

–Boa noite.

Os saltos dela faziam um barulho uniforme que ecoava pelo lugar e atingia meus ouvidos, mas não dispersava minha atenção.

Nada podia me tirar daquele momento, daquelas palavras que vieram da última pessoa que eu esperaria ouvir.

Kristina Coterra, a mulher que por tantas vezes me fez sentir tão vulnerável e insegura, havia acabado de afirmar para mim e para si mesma de que não competiria por Castle, pois agora sabia que os sentimentos dele eram reais.

“Ele é louco por ela.”

Repetir aquilo mentalmente me fez sorrir na hora.

Pude ver Castle sair do elevador e encontrar Kristina, os dois se despediram rapidamente e ela o beijou na bochecha.

Para minha surpresa aquilo não me incomodou, pela primeira vez eu acreditei que ele não sentia nada com o toque dela, pois era o meu que ele desejava e esperava.

Pois ele era louco por mim.

–Terra chamando Kate. - ele disse sorrindo, ao notar que eu estava com o pensamento longe

–Oi, eu estava pensando.

–Percebi. Tudo bem? - perguntou olhando nos meus olhos

–Nunca esteve melhor!

–É bom saber disso.

–Mas então, Kristina disse que você recebeu uma ligação e saiu... Algum problema?

–Não, era só a minha editora mas eu já resolvi.

–Tem certeza?

–Tenho sim. Vamos?

–Vamos!

Peguei meu casaco e caminhei ao lado dele até o elevador, assim que a porta se fechou eu encostei minha mão na dele e sorri automaticamente ao sentir que ele se ajeitou para que nossos dedos se entrelaçassem.

No caminho até o apartamento dele, beijos e carícias foram liberados sem pudor, era como se não nos tocássemos a dias, a urgência nos dominava.

Ele teve certa dificuldade para abrir a porta e eu não pude deixar de rir, quando finalmente conseguiu eu tirei meu casaco e coloquei no sofá.

–O que faremos hoje? - perguntei

Ele já estava subindo as escadas e virou para mim com um sorriso malicioso, logo eu entendi o que queria dizer.

–Além disso é claro! - e sorri

–Bom, eu vou cozinhar pra você. - avisou ao mesmo tempo em que chegou ao segundo andar

Eu o esperei e quando ele desceu, perguntei:

–E posso saber o que vai preparar?

–Não, é surpresa.

–Ah Castle! Você sabe que eu detesto surpresas.

–Mas as minhas você adora! - chegou mais perto e sussurrou no meu ouvido – Ou estou enganado?

Eu fechei os olhos ao sentir a respiração dele tocar a minha pele.

–Está certo.

Se afastou sorrindo, sabia como me provocar e se divertia com isso, mas mesmo assim eu não conseguia ficar brava, era como um vício, quanto mais nos provocávamos, mais queríamos um ao outro.

Ele foi até a cozinha e começou a revirar os armários, escolhia o que usar e colocava sobre a pia.

Eu me aproximei e apoiei os cotovelos no balcão.

–Onde está a sua mãe?

Ele riu.

–Eu também gostaria de saber.

–Como assim?

–Ela deixou um bilhete. - ele apontou para a geladeira, que tinha um pequeno papel grudado na porta – Sem muitos detalhes, apenas o de sempre, compromisso com a nova peça e sem hora pra chegar. Sabe como ela é.

Então eu me perdi na imagem à minha frente, ele estava bem ali cozinhando algo para comermos juntos, sorria o tempo todo e me tratava com o maior carinho do mundo.

Eu senti algo preso na minha garganta, algo que precisava dizer, algo que tomava conta de todo o meu corpo e que estava finalmente pronta para falar em voz alta.

Era o momento, não sabia como seria sua reação mas eu não podia e nem queria mais guardar aquilo pra mim.

Respirei fundo, mas de um jeito leve.

–Isso me lembra uma história de quando eu era criança, devia ter uns dez ou onze anos, não lembro ao certo, minha mãe saiu e me deixou com a babá, ela não deu as instruções corretas e eu...

–Eu amo você. - falei num tom adequado, para me certificar de que ele escutaria

O barulho de uma bandeja caindo dentro da pia foi o que veio a seguir, eu olhei e vi como ele parou de se mexer e virou lentamente para mim.

Nossos olhares se cruzaram e abrimos um sorriso juntos.

Ambos entendíamos a importância daquilo.

Eu podia sentir o quanto ele esperava ouvir aquelas palavras, mas também não imaginou que seria tão de repente.

Deu a volta e parou na minha frente.

–Kate, eu tamb... - coloquei meu dedo indicador nos lábios dele

–Shhh... É minha vez. Eu... te ... amo - disse de novo, mas pausadamente para que não houvessem dúvidas do quanto era verdadeiro

Ele sorriu e o brilho nos seus olhos me mostrou o quanto aquelas palavras o deixavam feliz, encarei como um convite para um beijo e foi o que fiz.

Devagar, uma mão na nuca para trazê-lo mais pra perto de mim, outra no rosto para sentir que ele estava ao meu alcance, que eu não iria perdê-lo de vista, que eu poderia tocá-lo sem medo de que algo nos afastasse.

Em poucos segundos o beijo se tornou mais urgente, apressado, intenso. Senti as mãos deles contornarem minha cintura me puxando para ainda mais perto, logo não havia o menor espaço entre nós e eu passei minhas mãos pelas costas dele, também tentando aproximá-lo, quase como se pudéssemos nos tornar um só.

Os lábios dele percorreram meu pescoço com rapidez e ao mesmo tempo com cuidado, eu quase desabei porque sempre me sentia como se fosse a primeira vez que ele me tocava.

–E o nosso jantar? - perguntei enquanto jogava a cabeça para trás dando livre acesso a ele

Ele parou e me olhou.

–Depois de tudo isso, acho que ele pode esperar não é?! - e sorriu, como se soubesse a minha resposta

–Com certeza!

E logo estávamos aos beijos de novo, em meio a tropeços e sorrisos começamos a subir as escadas, Castle colava ainda mais os nossos corpos e após um certo esforço, chegamos ao segundo piso.

Ele ficou atrás de mim, passou os braços ao meu redor e eu tombei a cabeça para o lado, não pude deixar de sorrir com os arrepios que o toque dele provocava no meu pescoço enquanto caminhávamos para o quarto.

Ao entrarmos ele fechou a porta rapidamente e foi só então que me dei conta de que simplesmente não conseguia tirar o sorriso do meu rosto, já não estava sob o meu controle.

Eu o vi se aproximar com agilidade e afastar o meu cabelo do pescoço, parecia ser o lugar que ele mais gostava de tocar naquele momento, parecia saber o quanto aquilo me instigava.

Começamos a desabotoar as blusas um do outro, sem deixar de sorrir, ao notar que ambas já estavam abertas nos beijamos de novo, dessa vez de um jeito suave, e ao mesmo tempo retiramos as peças simultaneamente, sem quebrar o beijo.

Nos aproximamos ainda mais, e começamos a andar em direção a cama, senti o corpo dele impulsionando o meu enquanto eu andava de ré.

Em um determinado ponto minhas pernas sentiram a madeira fria da cama e eu deitei nela, mordendo o lábio inferior, Castle se colocou sobre mim e passou a mão de leve pelo meu rosto, eu aconcheguei minha pele não mão dele e sorri de novo, com os olhos fechados.

As mãos dele desabotoaram minha calça ao mesmo tempo em que acariciavam a minha barriga, eu o beijei de novo, dessa vez sem sutileza, meu desejo era algo incontrolável e isso teria me assustado se eu não tivesse notado que ele se sentia do mesmo jeito.

Após retirar minha calça com cuidado eu fiz o mesmo com a dele, mas houve um pouco de dificuldade e ele se levantou e a tirou por conta própria, porém logo estava em cima de mim de novo, eu me senti perfeita naquele momento, como se meu corpo fosse feito exatamente para receber o dele sem o menor problema.

Mais beijos, eu passava minhas mãos pelas costas dele, depois pela nuca, às vezes tudo ao mesmo tempo.

Senti o toque dele nas minhas costas, me erguendo um pouco e abrindo o fecho do sutiã, a renda passou pela minha pele e logo ele lançou para algum lugar remoto do quarto.

Os lábios dele logo estavam concentrados entre os meus seios e depois em cada um deles, minha cabeça pressionava o travesseiro reagindo as incríveis sensações que me dominavam.

Ele foi deslizando sobre mim, depositando beijos ao longo de todo o meu corpo, as mãos acariciavam todos os lugares possíveis e eu ainda tentava entender como podia me sentir tão plena e realizada com contatos tão simples.

Senti os dedos dele segurarem a minha calcinha para em seguida retirá-la com cuidado, ele levantou a cabeça e retomou a posição sobre mim, sorrindo novamente, me pergunto se ele podia ver o brilho nos meus olhos, porque naquela altura eu já não conseguia mais me controlar.

Ele me beijou nos lábios, depois no rosto, testa e finalmente o pescoço.

Eu não queria que aquilo acabasse logo, queria que fosse especial, queria que fosse como a primeira vez, e sabia que ele sentia o mesmo pelo modo como estava me tratando.

Porém nosso desejo traía nossos pensamentos de ir com calma, nossa vontade de consumar aquele ato tão maravilhoso era maior do que podíamos suportar.

Em algum breve momento ele se afastou um pouco e retirou a única peça de roupa que ainda nos separava: sua boxer preta.

Pronto, nada mais impedia que aquilo que tanto desejávamos se tornasse real de novo, não haviam mais barreiras e foi assim que aconteceu, como se nunca tivesse acontecido antes, os toques, os movimentos, os beijos, o carinho.

Tudo era tão novo e especial, e isso só aumentava a vontade de seguir em frente e não parar mais.

Me lembro perfeitamente da imagem: ele em cima de mim, com os braços em volta do meu corpo, me segurando firmemente como se ainda tivesse medo de que eu tentasse fugir.

Sua respiração quente no meu pescoço, minhas unhas arranhando as costas dele como um sinal de que estava no caminho certo.

Olhou para mim outra vez e sorriu, o mais bonito sorriso que já tinha me dado desde então.

Mais um beijo, esse foi tranquilo, sem muita ‘invasão’, apenas para dizer mesmo que sem palavras o quanto tudo aquilo significava para cada um.

Quando já estávamos perto de atingir o clímax ele diminuiu a intensidade dos movimentos e eu involuntariamente fechei os olhos por alguns segundos, e quando os abri percebi que ele estava me observando sem deixar de se mexer, parecia que assim como eu, queria registrar cada instante para que nunca mais esquecêssemos o que estava acontecendo.

Sorrimos, e ao chegar ao limite juntos, liberamos um leve gemido uníssono, e minha cabeça pendeu para trás acompanhada pelos vários tremores que percorriam meu corpo.

Quando finalmente me recuperei, beijei o ombro de Castle e o abracei ainda com ele sobre mim, ficamos alguns segundos desse jeito, a pele quente dele exalava aquele perfume masculino que eu tanto adorava, era o cheiro dele, estava em toda parte e eu gostava disso, me sentia segura e acolhida, amada e desejada como nunca antes.

Então ao quebrarmos nossa união e ele se estabelecer ao meu lado, eu me aconcheguei em seu peito e podia ouvir seu coração, com os batimentos ainda acelerados, como os meus, e que aos poucos iam voltando ao normal.

Ali, naquele momento, no silêncio, com ele tão perto me fazendo carinho, passando a mão pelo meu cabelo, eu finalmente me dei conta de que não importava o que acontecesse nem quantos obstáculos enfrentássemos, pois era a mim que ele procuraria, pois era por mim que ele esperaria, pois era por mim que seu coração bateria mais forte toda vez que estivéssemos juntos, e nada e nem ninguém mudaria isso, pois agora eu lutaria até o fim para que a melhor coisa que já me aconteceu pudesse dar certo, custe o que custar.

E assim nós ficamos até pegarmos no sono, depois de termos feito amor, apenas sentindo o calor um do outro, e o único barulho vinha de nossas respirações que ao contrário de nossos corações, ainda estavam visivelmente alteradas e serviam como uma linda melodia para que nossos corpos cansados pudessem recuperar suas forças e certamente repetir tudo quando estivessem prontos.


FIM.



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Notas finais do capítulo

Dei o meu melhor na cena final, espero que gostem *---*
É o fim dessa fic, mas já tenho outra em construção, então, até logo!
Reviews??



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