A Prova De Fogo escrita por Miss Swen


Capítulo 6
Apenas admita


Notas iniciais do capítulo

Baseada em spoilers do episódio 5x02 'Cloudy with a chance of murder'



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Minha garganta seca, mãos suando, eu mordia os lábios com uma intensidade assustadora, como uma certa ‘válvula de escape’.

Castle estava poucos passos a minha frente, discando o número de Kristina, que eu me recusava a perguntar como ele havia conseguido.

Alguns segundos de espera e ela atendeu:

–Oi, Kristina? Sou eu Rick... Tudo bem, eu só queria falar sobre aquele convite que você me fez hoje mais cedo...

Só de imaginar a voz dela ao dizer que se lembrava, minha irritação aumentou.

–Então, eu pensei melhor, e resolvi aceitar. Estou mesmo precisando me distrair um pouco... Certo... - ele semicerrou os olhos, parecia atento – E a que horas eu passo aí pra te buscar? ... As 19:00? - olhou para mim – Ok, combinado então, te vejo mais tarde. Tchau.

Desligou o telefone e olhou para mim, felizmente consegui me recompor rápido o bastante para que ele não notasse o quanto eu estava compenetrada nos detalhes da conversa dos dois.

–E então? - tentei parecer desinteressada, mas acho que não deu certo, pois ele me respondeu com aquele sorriso irônico de sempre.

–Tudo resolvido! - falou ao guardar o celular no bolso

–Pelo que eu entendi, você vai buscá-la as 19:00 hrs, certo? - perguntei

–Certo. - parecia esperar que eu dissesse algo mais, e como não disse, continuou – Agora é com você e os rapazes... Sabe, a parte da escuta e tudo mais.

–Sim, eu sei. Ryan já está vendo isso e...

Fui interrompida por Ryan que entrou na sala, chamando minha atenção.

–Beckett, tudo pronto com as escutas. - informou ao se aproximar.

–Ok, temos que acertar mais alguns detalhes e...

–Como vai funcionar? - perguntou Castle, me interrompendo.

–Você vai usá-la na sua roupa, e nós vamos poder ouvir tudo o que você disser e você poderá nos ouvir também. - Ryan explicou.

–Legal! Mas enquanto as imagens?

–Teremos livre acesso ao circuito interno de câmeras do estúdio. - também explicou – Agora só falta falarmos sobre como você deve se comportar.

A expressão de Castle era de curiosidade, suponho que não contava com a parte na qual teria que fazer exatamente o que disséssemos.

–Eu ia chegar nesse ponto. - falei com um olhar repreensivo, me referindo a interrupção que tinha sofrido – Não tem mistério, é só agir naturalmente, como se fosse um encontro de verdade.

–O que pra você não vai ser um problema né?! - Ryan provocou, mas sem saber que aquilo atingia mais a mim do que ao seu verdadeiro alvo

Castle deu um sorriso de deboche.

–Vocês estão esquecendo a parte em que eu tenho que induzi-la a confessar. - ele disse

–Não é isso necessariamente, você só precisa prestar atenção com as pessoas com quem ela fala e como fala, e é claro, tem que ficar sempre perto dela, pra que nós possamos escutar tudo.

–Sim senhora! - disse batendo continência – E onde vocês vão estar esse tempo todo? - perguntou ao desfazer a pose

–Do lado de fora, em uma van.

–Entendi.

Ryan e eu nos dirigimos até minha mesa onde discutimos mais alguns detalhes a respeito do plano, enquanto Castle olhava o quadro com as informações do caso.

Então falou:

–Não sei não, mas acho que a lista de gente que gostaria de matar essa moça pode ser bem grande. - comentou, fazendo com que olhássemos para ele

–Por quê diz isso? - perguntei

–Bom, pra começar pelo lugar onde ela trabalhava. O pessoal da mídia é muito ‘feroz’ quando se trata de cobrir alguma matéria, isso sem contar o fato dela estar envolvida nesse monte de esposas e maridos infiéis. Acho que a maioria deles teria motivo suficiente pra querer matá-la.

–É verdade, nunca desconsiderei isso, mas há fortes indícios de que esteja realmente ligado a questão do envolvimento do pai dela com a mãe de Peter Jones.

–Eu sei, só que mesmo assim, também tem chance de ser alguém de fora, alguém em quem a gente ainda não pensou.

–Só que não basta pensar, precisamos de algo que torne essa pessoa realmente suspeita.

–Eu sei, é só que...

Ele iria terminar, mas a chegada de Esposito fez com quem se calasse.

–Hey Beckett, novidades! - informou com certo entusiasmo

–O que foi?

–Falei com Fhilip Jones, contei que sabíamos sobre a traição da Sra. Jones, e é claro que ele ficou irritado, mas concordou em colaborar. E quando eu falei o nome da vítima, ele ficou bem alterado.

–Continue. - pedi

–Ele disse que por várias vezes viu a ex esposa tratando Grace mal, ela a ofendia, humilhava e etc. Só que a coisa ficou pior depois que ela descobriu que Peter era irmão dela, diz que tentou conversar sobre o assunto, resolver as coisas, mas Allyson mandou que ela se afastasse e que esquecesse tudo, até ofereceu dinheiro pra que ela fosse embora da cidade.

–Mas pelo visto ela não aceitou.

–Não mesmo, o que com certeza só deixou Allyson ainda mais irritada e determinada em fazer com que ela ficasse quieta.

–E seria fácil pra ela contar com a ajuda de Kristina nisso, já que trabalham juntas. - Ryan opinou

–É, mas nós precisamos de provas. Esposito cheque as finanças da Sra. Jones e verifique qualquer gasto estranho.

–Ok.

–Ah, já ia esquecendo. Castle vai a uma festa no estúdio Hayrmall hoje a noite, vai estar infiltrado pra tentar descobrir para quem Kristina trabalhava.

–E como conseguiu convite? - Esposito perguntou

Eu tinha a resposta, e ela saiu como se arranhasse minha garganta.

–Ela o convidou.

–Oh, sei. - se aproximou de Castle com um ar descontraído – Só espero que você se comporte e fique longe de encrenca.

–Eu não entendi. - ele disse, com cara de ofendido

–Ah você sabe... Você, junto com uma mulher bonita que é suspeita de assassinato... - ergueu as sobrancelhas – A gente já sabe como esse tipo de coisa sempre termina.

–Ei! Eu sei ser profissional ok!?

–Se você diz...

–Chega gente. Esposito, as finanças! - eu relembrei

Ele me olhou por um instante e foi até sua mesa, fazer o que eu tinha pedido.

“A gente já sabe como esse tipo de coisa sempre termina.”

É, eu não poderia culpar Esposito por expressar sua opinião, nem mesmo dizer que ele estava errado, e isso por dois motivos:

1- Defender Castle significaria ter que explicar o motivo pelo qual ele havia mudado.

2- No fundo eu ainda não sabia se ele havia de fato mudado.

Sim, essa última hipótese me angustiou, mas era a mais pura verdade.

Eu não teria condições de defendê-lo em voz alta, sendo que nem mesmo mentalmente eu conseguia fazer isso. Nem mesmo quando estava sozinha eu não podia afirmar para mim mesma que Castle não era o mesmo de antes, e essa dúvida estava me matando.

Obviamente de um jeito silencioso, já que eu nunca permitira que ninguém soubesse da minha dor, muito menos ele.

–Beckett! - Ryan me chamou, acenando em frente ao meu rosto – Beckett!

–Oi... Ah, desculpe, eu me distraí. O que foi? - disse tentando parecendo calma

–Castle me disse que combinou de buscar Kristina às 19:00 hrs, é melhor nós nos prepararmos.

Presumo que eles tiveram esse rápido diálogo enquanto eu viajava em pensamentos e não pude ouvi-los.

–Oh, é! Vamos! - concordei pegando meu casaco

–Eu preciso passar em casa primeiro. - Castle falou ao notar que estávamos prontos para sair

–Por quê? - eu estava surpresa

–Bom, porque eu quero tomar um banho e me arrumar direito. - aquilo soou como se fosse extremamente óbvio, para ele é claro.

–Eu não vejo necessidade. - olhei dentro dos seus olhos, procurando que ele entendesse e desistisse da ideia

–Pense comigo, se queremos que isso pareça um encontro real, eu tenho que estar vestido à caráter.

“Droga!” Eu pensei ao perceber que ele podia estar certo.

Alguns segundos até que eu consegui formular uma resposta.

–Tudo bem, com tanto que não demore.

–Vou ser rápido! E vocês podem vir comigo, e aí me seguem de carro até casa dela e depois até o estúdio. O que acham? - seu tom de voz denotava animação

“Seguir de carro?”

Foi só então que me dei conta de que ele precisaria levá-la em seu carro, onde eu não teria controle sobre o que fizessem, já que instalar câmeras no veículo beiraria a insanidade, e eu não estava disposta a isso.

–Por mim tudo bem. - Ryan respondeu ao ver que eu continuava calada, e olhou para mim

–É, por mim também. - não estava nada bem, mas eu precisava fingir o contrário

Fui até a mesa de Esposito.

–E aí, conseguiu?

–Sim, foi mais fácil do que eu pensava.- disse olhando para uma folha, depois para mim – E você não vai acreditar, Allyson fez vários depósitos em uma conta ao longo de dois anos.

–E de quem era essa conta?

–Aí é que está! Ninguem mais ninguém menos do que Kristina Coterra.

Eu consegui deter um sorriso que quase me dominou.

–Então ela contratou Kristina!

–Isso.

–Talvez nem precisemos mais fazer com que Castle se infiltre na festa.

Tal possibilidade me animou.

–Eu acho melhor a gente manter esse plano, porque mesmo tendo o suficiente para interrogar Allyson Jones, ainda precisamos de uma confissão, coisa que eu não acredito que ela vá dar de livre e espontânea vontade. Pelo menos com o Castle lá dentro nós temos um meio mais seguro de conseguir que ela fale, e caso não dê certo, podemos usar as finanças.

Minha alegria durou pouco, tentar contestar as palavras de Esposito não era uma alternativa.

–Tem razão.

Comuniquei à Gates o que iríamos fazer e como seria, e após receber o consentimento dela, nos dirigimos até a casa de Castle.

Todos na van, Ryan dirigia, eu ao seu lado e Esposito e Castle atrás.

Em alguns momentos eu via Castle animado com os computadores que o veículo possuía, hora ou outra ele questionava Esposito sobre alguns botões e os dois riam.

Vez ou outra Ryan olhava pelo retrovisor e sorria ao vê-los.

Eu até tentei fazer o mesmo, ignorar para onde estávamos indo e que seria feito dali em diante, mas minha cabeça não me deixava mentir, em nenhum momento consegui esquecer a realidade.

Olhei pela janela na tentativa de me distrair, mas só o que pude perceber era a linda noite que começava a se formar lá fora, uma noite na qual eu poderia estar aproveitando de outra forma, uma noite na qual poderia ter encontrado o assassino de outra maneira, numa noite em que Castle estaria se arrumando para sair comigo, e não com outra mulher, que o desejava e ainda por cima era suspeita de assassinato.

Cerca de vinte minutos depois e estávamos parados do outro lado da rua do prédio de Castle, ele desceu e antes de fechar a porta, disse:

–Eu te mando uma mensagem quando estiver saindo Beckett. - sorriu

Assenti e liberei um fraco sorriso.

Eu olhava no relógio sempre que podia, tentando não levantar suspeitas do meu nervosismo.

Ryan e Esposito conversavam sobre algo que eu não me lembro direito, já que não estava empenhada em ouvir.

Meia hora depois e eu não conseguia mais me conter, olhava para os lados, procurava me entreter com as pessoas que passavam pela rua mas não obtive sucesso.

Por mais que eu tentasse, a vontade de falar com Castle só crescia, ao invés de diminuir.

Então, por um impulso, eu falei:

–Ele está demorando!

Eles se calaram e olharam para mim. Ryan que estava com o corpo virado para trás, se ajeitou no banco e perguntou:

–O que?

–Castle! Ele subiu já tem meia hora, vai acabar se atrasando.

–Ah você sabe como ele é. - ele disse

Sim eu sabia, era vaidoso.

Mas isso só fez surgir mais uma dúvida:

“Por quê ele haveria de ser vaidoso para um encontro com Kristina?”

–Eu sei, mas mesmo assim... Acho melhor eu ir lá falar com ele. - tomei cuidado ao sugerir, não queria que notassem meu desejo gritante de evitar toda aquela situação.

–Não seria mais fácil ligar pra ele? - Esposito perguntou

Só que um telefonema não resolveria meus problemas, tinha que ser pessoalmente.

–Seria, mas eu também quero acertar algumas coisas sobre o plano todo... - eles se entreolharam e eu procurei outro modo de convencê-los antes que fosse tarde demais – Vocês o conhecem, sempre pode encontrar um jeito de fugir do combinado.

Pela primeira vez eu tinha dito a verdade, meu medo realmente era esse: que ele fugisse daquilo que foi estipulado, que agisse por impulso e fizesse algo fora do que havíamos pedido, mais especificamente, que fizesse algo com Kristina.

–É, faz sentido. - Esposito disse, sorrindo.

Ryan sorriu também e eu entendi aquilo como uma deixa para que eu saísse do carro, e foi o que fiz.

Atravessei a rua com certa pressa, passei pelo porteiro que já me conhecia e não fez objeção a minha entrada.

Apertei o botão do elevador, esperei a porta se abrir e entrei, apertei o botão do andar de Castle e me encostei na parede de vidro ao fundo, esperando que a porta fechasse, quando ela fechou eu respirei fundo e contei mentalmente os segundos até que abrisse novamente.

Parei em frente a porta dele e bati nela duas vezes, não queria parecer ansiosa, embora estivesse.

Ouvi o barulho da chave e a maçaneta girou.

Lá estava ele, fechando os últimos botões de uma camisa social branca, o cabelo levemente desgrenhado e um ar de surpresa por me ver ali.

–Kate? - perguntou abrindo mais a porta

–Oi, posso entrar? - sorri

–Pode, claro!

Abriu passagem e assim que eu entrei ele fechou a porta atrás de mim.

–Algum problema? - perguntou ao perceber que eu permanecia em silêncio, no meio da sala de estar

–Não, nenhum. Por quê?

–Bom, porque eu não sabia que você ia subir. O que disse pros rapazes?

Sorri ao me lembrar do meu esforço para parecer tranquila na frente dos dois, minutos atrás naquela van.

–Eu falei que ia te passar mais algumas instruções sobre o plano, pra ter certeza que você não ia sair da linha.

Mordi o lábio, e suponho que isso o fez perceber a verdadeira razão pela qual eu estava lá.

–Mas é claro que você não especificou a linha da qual eu não podia sair não é mesmo? - perguntou indo em direção às escadas.

–O que quer dizer com isso? - perguntei, seguindo-o até o quarto

Antes mesmo de entrar ele se virou para mim e se aproximou, dando um sorriso que fez meu coração acelerar.

Ele era tão... Tão... Fascinante!

–Seja sincera, ainda está com medo de que aconteça algo entre Kristina e eu não é mesmo? Por isso veio até aqui.

Sua respiração quente estava perto do meu rosto, o que quase me tirou do foco.

–‘Medo’ é uma palavra muito forte. - falei desviando da questão central

–E qual é a certa? - seu tom de voz era provocante, ele sabia o quanto aqueles pequenos gestos roubavam a minha concentração

–Eu não sei... - olhei em seus olhos e depois para o chão – Eu só queria falar com você.

–Então fale, eu estou ouvindo.

As palavras sumiram, ou pelo menos as que eu poderia dizer sem parecer insegura ou frágil.

Droga! Não queria que ele me visse desse jeito.

–Castle, eu só...

Então ele colocou o dedo suavemente nos meus lábios, cortando a minha fala.

–Lembra o que a gente combinou? Que quando estivéssemos a sós você me chamaria de ‘Rick’?

Sim, eu me lembrava, e como me lembrava. Só o fato de agora me sentir bem para chamá-lo assim já me deixava incrivelmente feliz.

–Sim, eu lembro... Rick. - sorri

–Pode continuar.

Eu não sabia mais o que dizer, os poucos instantes em que achei ter encontrado as palavras, ele me tocou e fez com que todas sumissem de novo.

–Eu não...

–Tudo bem, não precisa falar, eu entendo. - se afastou e entrou no quarto, indo até o banheiro

Eu esperei um pouco e o segui, parando na porta.

–Estamos sozinhos? - perguntei

–Sim. Minha mãe está em um jantar com uns amigos do teatro, e Alexis... Bom, você sabe, na universidade.

Ele passou algum tipo de loção no pescoço, e penteou os cabelos, deixando-os arrumados.

Fazia tudo com cautela e precisão, o que começou a me incomodar.

Eu não resisti e tive que dizer:

–Tudo isso pra que pareça real?

Ele parou e se virou para mim, não demorou muito até que abrisse um sorriso.

–Acha que estou exagerando?

–Acho.

–Ah, é que eu quero que seja perfeito, sabe, que não existam falhas. - semicerrou os olhos ao chegar mais perto

Eu me encostei no batente da porta.

–Mas é claro que quer. - falei, debochando

–Sabia que eu adoro isso? - perguntou ao voltar e se olhar de novo no espelho

–O que? - perguntei

Passou por mim.

–Ter a chance de comparar o seu ciúme de antes, com o de agora.

Aquilo me intrigou.

–Como assim?

–Ah, você sabe, o de antes de estarmos juntos... Com o de agora. - disse enquanto colocava o casaco

Eu senti um nó na garganta.

–E quem disse que antes eu sentia ciúmes de você?

–Ah por favor Kate, ambos sabemos que sentia, não negue isso. Eu admito que sentia também, e muito!

Minha respiração se intensificou.

Ouvir ele confessar aquilo fez com que eu me sentisse repentinamente mais segura.

–Você... Sentia... - eu gaguejei

–Mas é claro, não é novidade que eu sempre fui apaixonado por você, é natural que sentisse ciúmes.

Aquela frase me atingiu de diversas formas, me fez lembrar do tempo que ele esperou por mim e me fez pensar se ele inda sentiria ciúmes agora.

–Eu não sabia. - admiti

–Perderia a graça se você soubesse. - sorriu

–Só é engraçado pra você então, já que sabia o tempo todo sobre mim enquanto eu não fazia a menor ideia...

–Então você admite? - perguntou, me interrompendo

Ao olhá-lo eu vi o quanto aquilo tudo o divertia, e senti um misto de raiva e incerteza.

–Admito o que?

–Que sentia ciúmes antes de estarmos juntos.

–Eu não disse isso!

–Não, mas foi por pouco. Vamos lá, pode dizer.

–Eu não vou falar nada ok? Não sei aonde você quer chegar com essa conversa!

–No que te incomoda de verdade, é lá que eu quero chegar.

–Não importa. - mas é claro que importava, mas eu ainda não estava pronta pra admitir para ele

–Pois eu acho que importa.

–E eu acho que você vai se atrasar se a gente continuar com isso.

Ele ergueu as mãos em sinal de rendição, pegou o celular de cima da cama e o colocou no bolso, junto com a carteira e as chaves da Ferrari.

Só eu sei a raiva que sentia ao pensar que Kristina andaria no carro dele, sendo que nem eu havia tido essa oportunidade desde que começamos a namorar.

Começamos a descer as escadas, até que eu resolvi quebrar o silêncio ainda nos primeiros degraus.

–Ainda não entendo como eu pude não notar!

–Não notar o que? - ele perguntou

–O seu ciúmes.

Chegamos ao primeiro piso e ele virou para mim.

–Bom, é porque eu sei ser discreto, diferente de você.

–Hey! - falei dando um leve tapa no braço dele

–Vamos Kate, é só dizer que sim... Vamos, não tira pedaço, só admita. - pediu com a voz aveludada

Resolvi me entregar, e confirmei com a cabeça, bem devagar, olhando dentro dos olhos dele, que estavam a apenas alguns centímetros dos meus.

Ele sorriu ao ter a confirmação de que precisava.

–Eu sabia! - exclamou animadamente

Ao ver que eu fiquei séria, se aproximou e colocou uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha, fazendo que eu me arrepiasse com seu toque.

–Ei, tudo bem, é bom saber disso.

–Pra quem?

–Pra nós dois.

Ele me beijou, de um jeito suave, delicado, sem pressa, ao separar nossos lábios eu o olhei e deixei todo o resto para trás, o puxei para outro beijo, esse foi mais intenso, cheio de vida, desejo, paixão.

Como era bom estar com ele, sem medo, sem preocupações.

Mas um flash de memória me atingiu, fazendo com que eu parasse, ele se afastou, o olhar confuso.

–O que foi? - perguntou

–Nós temos que fechar esse caso, pegar quem matou Grace Adams.

Ele suspirou.

–Eu sei. Bom, nós teremos bastante tempo pra terminar isso mais tarde. - e piscou para mim

–É mesmo.

Uma alegria repentina tomou conta de mim, ele estava certo, teríamos bastante tempo.

O ‘encontro’ com Kristina duraria apenas algumas horas, e se eu tivesse sorte, não chegaria a tanto.

Logo poderíamos continuar de onde havíamos parado.

Mais uma noite, e o fantasma daquela repórter e seu claro interesse por Castle desapareceriam da minha frente, eu mal podia esperar pra que de fato acontecesse.

Mas querendo ou não, eles ainda estariam juntos por um tempo, um tempo torturante para mim, no qual eu estaria dentro de uma van, ouvindo e vendo tudo o que faziam.

Eu podia ‘controlar’ as atitudes de Castle, mas enquanto a Kristina?

Eu não tinha como impedi-la de fazer o que bem quisesse, e isso me apavorou, nos poucos passos que demos em direção ao elevador, e ao entrar nele e esperar que a porta se fechasse tudo se mostrou ainda complicado.

Então ele olhou para mim e segurou minha mão, sorriu.

Nós sabíamos que precisaríamos nos afastar assim que saíssemos do prédio, mas até lá, nesses poucos segundos, eu manteria a calma e tentaria transmitir segurança a ele.

A segurança que não me pertencia desde que essas malditas dúvidas surgiram, e como agravante, ainda acompanhadas com a presença daquela mulher, sim, aquela mulher cuja mera menção do nome já me faz perder o ar por alguns instantes, até que perceba que preciso respirar, para continuar aqui e lutar por aquilo que tanto desejei durante tanto tempo, aquilo que quase perdi uma vez, aquilo, ou melhor, aquele que finalmente parecia ser meu: Castle.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem do breve momento 'Caskett' *---*
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