A Prova De Fogo escrita por Miss Swen


Capítulo 4
Omitindo os fatos


Notas iniciais do capítulo

Baseada em spoilers do episódio 5x02 'Cloudy with a chance of murder'



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Abri os olhos, ainda estava sonolenta, percebi que uma fina coberta cobria meu corpo, então me lembrei de ter deitado para ler e provavelmente peguei no sono.

Toc-toc-toc

Foi aquele barulho que me acordou. Levantei devagar e fui até a porta, ao abri-lá eu vi Castle ali, parado, me olhando.

–Olá... – cumprimentou notando meus olhos semicerrados que ainda estavam tentando despertar.

–Nossa, oi.

–Posso entrar?

Pisquei algumas vezes para poder olhá-lo.

–Claro. - confirmei abrindo caminho.

Ele parecia sem graça, parou no meio da sala e esperou que eu me aproximasse.

–Desculpe pela hora Beckett, mas é que como você nunca dorme cedo, ou nunca dormia... - hesitou ao constatar que eu havia acabado de acordar.

–Oh, não, tudo bem. Eu ia ler um pouco e acabei pegando no sono, só isso. - disse ao ajeitar a coberta no canto do sofá e me sentar, logo fiz sinal para que ele se juntasse à mim.

Ficamos quietos, até que como num sopro de coragem, ele falou:

–É impressão minha ou está um clima meio tenso entre a gente?

–Eu não vejo assim. Só estamos sem assunto, acontece.

–Bom, podemos falar sobre o jantar...

–Não.

–Por quê não?

–Porque eu não quero saber! - afimei, mas a verdade é que tinha medo do que ele poderia me contar.

–Nem se eu dissesse que comentei sobre o caso com a Kristina pra ver se obtia mais alguma informação?

Virei o rosto para ele.

–Você fez isso?

–Sim.

–Oh, ok. E descobriu algo?

–É, algumas coisas que acho que ela não estaria disposta a comentar com a polícia.

Me interessei.

–Que coisas?

–Segundo ela, Grace não era exatamente o ‘anjo’ que todos descreviam.

–Como assim?

–Ela era uma mulher muito ambiciosa, com certeza bem mais do que permitia que os outros soubessem.

–Então ela mentia se fazendo passar pela típica ‘moça inocente e com grandes sonhos do interior’?

–Quase isso.

–Seja mais claro.

Ele sorriu.

–Parece que a matéria que ela estava preparando era muito mais importante do que aparentava. Kristina disse que ela parecia obcecada com tudo, sempre querendo que estivesse perfeito, sempre colocando pressão.

–Ah, mas não tem nada de demais nisso, se tratava da carreira dela, é natural que fosse perfeccionista.

–Perfeccionista sim, neurótica não!

–Continua.

–Grace brigava com todos que não faziam tudo como ela queria, o que consequentemente acabou arrumando muitos inimigos para ela.

–Sabe de alguém em especial?

–Kristina preferiu não me dar nomes, disse que eram vários, mas que não valia à pena envolvê-los nisso.

–Não valia à pena?

Ele assentiu.

–Ah, por favor, isso porque ela se diz amiga da vítima.

–E era.

–Não me parece coisa de amiga ficar omitindo informações enquanto poderia dizer logo tudo o que sabe, ou até mesmo marcar encontros quando há coisas mais urgentes para serem resolvidas.

–Então é esse o problema?

–Que problema?

–Toda essa sua hostilidade e ironia quando se trata da Kristina... Tudo isso é por quê ela pode estar interessada em mim?

Me levantei.

–“Pode estar”? Ah não, ela está Castle! - afimei me virando para ele.

–Como pode ter certeza?

–Ela não te convidaria pra jantar se não quisesse algo a mais.

–E?

–E... Que nós mulheres percebemos essas coisas logo de cara.

–Sei... - deslizou para a ponta do sofá – Só isso?

–Acha pouco?

–Não, só acho desnecessário, afinal, ela poderia muito bem estar se aproximando de mim pra ficar por dentro da investigação.

–E por quê ela faria isso?

–Talvez ela seja a assassina.

Me surpreendi com aquela suposição.

–Sério?

–Por quê não? Você mesma disse que todos são suspeitos até que se prove o contrário.

–É, eu disse, mas você parecia acreditar que ela fosse inocente.

–E ainda acredito. Mas também não descarto a hipótese de que seja culpada.

Fiquei feliz, ele não ‘colocou a mão no fogo’ por ela como pensei que faria.

Fitei o chão.

–O que foi? - perguntou.

–Isso é estranho. - disse ao levantar a cabeça e olhar para ele.

–O que?

–Você ficar contra alguém tão... - não encontrava as palavras – Bonita quanto ela.

Ele sorriu.

–Beckett, eu não ligo pra isso. O que você pensa? Que toda vez que uma mulher bonita se aproximar de mim eu irei defendê-la?

Assenti, ainda constrangida por admitir.

–Pois fique sabendo que não é assim! Eu não sou assim!

–E como você é?

–Sou alguém que está com você, e só com você!

Um leve sorriso me dominou, aquelas palavras fizeram meu coração aflito se acalmar, mas não completamente.

–Certo. Então quer dizer que não aconteceu nada durante o jantar? - engoli em seco.

–Não.

–Nem depois?

–Nada. Eu a levei para casa dela, depois fui para minha ver minha mãe, ligar para a Alexis e perguntar como vão as coisas, e aí vim pra cá.

Eu suspirei, aliviada. Ele estava sendo sincero.

Mas enquanto à Kristina? Será que ela sabia que Castle não estava interessado?

–Está bem, eu não devia ser tão paranóica assim não é mesmo? - abaixei o olhar.

–Claro que devia. Isso é o que eu mais amo em você.

–O que?

–Esse seu jeito de se preocupar com tudo sem querer parecer preocupada. O modo discreto com que luta por aquilo que ama, mas que é claro, as vezes explode e se torna totalmente visível, como agora. - se aproximou ainda mais.

–Puxa! Você me conhece mesmo.

Então ele me beijou, como uma confirmação para minha última frase, pois sabia que tudo o que eu queria naquele momento era que nossos lábios se tocassem.

Dormimos juntos e na manhã seguinte, ao acordar, me assustei por não vê-lo ao meu lado.

–Castle? - chamei me ajeitando na cama.

–Estou aqui! - respondeu, com a voz vindo da cozinha – Preparando o café.

Levantei, vesti o hobby e fui encontrá-lo,

–Bom dia. - falei ao chegar perto e beijá-lo.

–Bom dia. - respondeu ao nos distanciarmos um pouco.

–O que está fazendo?

–O mesmo de sempre: café e torradas.

Sorri.

–Não tive tempo pra preparar as panquecas, estamos atrasados.

Ao ouvir aquilo olhei para o relógio e vi já passava das 08:00.

–Nossa! Por quê não me acordou? - perguntei o encarando.

–Eu já ia fazer isso, mas você foi mais rápida.

–Eu tenho que tomar banho, e rápido! - afirmei andando até o quarto – Você vêm?

–Oh, eu já tomei. Quis adiantar um pouco as coisas.

–Ok, eu volto logo.

Tomei banho rapidamente, o tempo estava passando, não podia demorar.

Ao sair, escolhi a primeira roupa que vi na minha frente e voltei para a cozinha, onde Castle já estava arrumado, me esperando para tomar café.

–Demorei? – perguntei ao me sentar ao lado dele.

–Não. Foi rápida como sempre. - sorriu.

Tomamos café, com certa pressa é verdade, mas sem deixar de aproveitar o momento.

–Sabe... Eu estive pensando... - falei enquanto pegava minhas coisas – Talvez possa usar o que você descobriu sobre Grace Adams.

–Como?

–Bom, é importante saber detalhes sobre a vítima, e pelo que você me contou ela não era bem como pensávamos que fosse.

–É, mas não pode usar o que eu disse, precisa de alguém que realmente saiba do que está falando.

–E eu tenho esse alguém! - afirmei ao abrir a porta.

–Quem é? – perguntou antes de sair.

–Kristina Coterra.

Saí, e ao notar que não me acompanhou, me virei.

Ele estava olhando para mim, aparentemente confuso.

–O que você vai fazer?

–Interrogá-lá.

–Espera aí. Não pode!

–Por quê? - não tinha entendido.

–Porque se fizer isso ela vai saber que nós conversamos sobre o jantar e pode se afastar. É melhor que continue confiando em mim. - afirmou.

–Não se preocupe com isso. Eu vou dizer que a chamei por outro motivo.

Suspirou, como se tivesse se rendido a minha ideia. Passou por mim e disse:

–Espero que dê certo.

Ignorei, não tinha como dar errado, ou pelo menos eu acreditava que não.

Chegamos na NYPD para mais um dia no qual precisaríamos fingir que não estávamos juntos.

Avistei Esposito e fui até ele, Castle poucos passos atrás.

–Bom dia. – cumprimentei.

–Bom dia Beckett - olhou para Castle –Bom dia Castle!

–Olá. – respondeu ele.

Ryan chegou e nos cumprimentou também. Logo me lembrei do nome que o amigo da vítima havia mencionado.

–Hey, o que descobriram sobre o cirurgião plástico com quem a vítima estaria tendo um caso?

–40 anos, esposa, dois filhos adolescentes... - informou Ryan lendo alguns papéis.

–E o endereço.

–Bom ele passa a maior parte do tempo no consultório, aqui está endereço.

Me entregou um papel.

–Tudo bem. - pensei em ir mas precisava falar com Kristina – Esposito, vá até lá com Castle.

–Sério?

–Sim. Eu tenho que falar novamente com a Srta. Coterra então preciso que faça isso.

–Ok.

Castle me olhou, e seguiu com Esposito rumo ao elevador.

Para mim era estranho fazer algo longe dele, mas tinha que me acostumar.

–Ryan, ligue para a Stra. Coterra e diga que preciso de um novo depoimento.

–Certo, mas se ela perguntar o motivo o que eu digo?

–Diga que surgiram novas informações e que precisamos falar com ela.

Ele assentiu e pegou o telefone enquanto eu me afastava.

Peguei meu café e voltei, comecei a analisar os aspectos da matéria de escândalos que Grace investigava.

Em meio a tantas palavras sobre traição, mentiras e dinheiro, notei alguém se aproximar, era Ryan, que parou do meu lado e disse:

–Ela chegou.

–Quem? - eu estava distraída.

–Kristina Coterra. Ela chegou e está na sala nº 01 esperando por você.

–Oh, é. Nossa, obrigada.

Fui até a sala de interrogatório. Ao ver Kristina lá, sentada, com o mesmo ar confiante de sempre, achei que não me afetaria, já que havia conversado com Castle e me tranquilizado, mas me enganei. Senti a mesma tensão, como se ela ainda representasse algum risco.

–Obrigada por vir Srta. Coterra.

–Sem problemas.

–Eu lhe chamei aqui porque fui informada de que Grace poderia estar envolvida com um homem casado. - expliquei ao me sentar.

–O que? A Grace com um homem casado?

–Isso mesmo.

Ela riu, discretamente é claro.

–Desculpe, mas parece meio improvável pra mim.

–Por quê?

–Bom, porque ela não fazia esse tipo. Sempre foi tão certinha, sempre acreditou no casamento e na vida a dois. Inclusive foi por isso que ela quis cobrir uma matéria sobre infidelidade, ela tinha nojo de pessoas que traiam seus parceiros.

–Entendi. - fiz uma pausa – Mas não acredito que uma coisa impeça a outra.

–Pois pode acreditar detetive, impede sim!

O tom usado por ela me incomodou.

–Parece bastante segura do que diz. Quer me contar mais alguma coisa?

–Eu já disse tudo o que sabia.

–Tem certeza?

–Absoluta!

Deve ter percebido que eu não acreditei, então continuou:

–Por quê não me pergunta logo o que quer saber pra que não percamos mais tempo?

–Da primeira vez que nos falamos a senhorita descreveu a vítima como alguém de bom coração e incapaz de despertar ódio de alguém. Estou certa?

–Sim, está!

–Então isso me leva a duas opções: ou você não a conhecia o suficiente, ou está mentindo. Me diga, qual das duas está correta?

Semicerrou os olhos.

–Tudo bem. Se é assim que quer, é assim que vai ser. - fixou o olhar em mim – Grace não era o como eu falei, ela era alguém que com certeza despertaria o ódio de muitas pessoas.

–E por quê não disse isso antes?

–Porque ela nunca fez nada contra mim, e eu gostei de poder ensinar um pouco
à ela.

–Ensinar? - ela assentiu – Mas ensinar o que?

–A ir além dos seus limites. Quando eu a conheci ela era muito acorrentada a coisas que só a atrapalhariam na carreira.

–Por exemplo?

–Por exemplo se importar com o que pensam. Se tem uma coisa que eu aprendi foi que todo mundo vai nos criticar sempre por aquilo que escrevemos no jornal, ou que dizemos na TV. Mas ninguém nunca vai saber como realmente nos sentimos.

–Eu não entendi.

–Resumindo detetive: eu a ensinei a não ter escrúpulos quando se trata de vida profissional.

–Isso não lhe ajuda em nada Srta. Coterra.

–Pois eu acho que ajuda, porque a única coisa que eu não consegui mudar nela foi isso de se prender à fidelidade.

–Queria que ela fosse à favor de pessoas infiéis?

–Se fosse preciso sim.

–Nesse caso acho que pode se considerar vitoriosa, já que ela se envolveu com alguém comprometido. Ou seja, foi contra aquilo em que acreditava.

–Pena que isso possa ter acontecido tarde demais.

–Não. Pena que esse possa ter sido o motivo de sua morte.

–Está tentando fazer com que eu me sinta culpada?

–Claro que não, apenas quero que diga a verdade.

–Mas eu estou dizendo.

–Tudo bem, já chega. Pode ir, já sei de tudo o que precisava.

Ela assentiu e se levantou.

–Desculpe, mas tem certeza de que me chamou aqui por causa da Grace?

–Tenho sim. Por quê mais seria?

–Por nada.

Ela saiu.

Eu esperei um pouco, pensei em tudo o que ela havia falado sobre fidelidade, e no modo como encarava as coisas. Quando estava me preparando para sair a porta da sala se abriu. Era ela, parecia nervosa.

–O que houve? - perguntei sem entender o motivo pelo qual ela tinha voltado.

–Tem alguém vendo ou ouvindo essa conversa?

–Como é?

–É que eu ainda quero falar, mas não sobre a Grace, a matéria ou o assassinato.

–E sobre o que é?

–Primeiro me diga se alguém pode nos ver.

–Não. Ninguém está nos vendo nem nos ouvindo.

–Ótimo.

Ficou em silêncio, colocou a bolsa sobre a mesa.

–Pode dizer do que se trata? - eu estava impaciente.

–É que toda essa conversa sobre fidelidade e o verdadeiro ‘eu ‘ de cada pessoa me fez pensar em umas coisas... - fitou o chão.

–Que seriam?

–Ontem, como sabe eu tive um encontro com o Castle...

Não esperava que aquele fosse o assunto.

–Srta. Coterra, eu não entendo como isso pode ser revelante para o caso e...

–Tem razão. Talvez não seja, ou melhor, com certeza não é. Mas eu preciso falar com alguém que o conheça bem.

–Por quê?

–Porque aconteceu uma coisa ontem que eu ainda estou tentando entender. E que envolve toda essa história de fidelidade.

Eu estremeci, como se algo me preparasse para o que eu estava prestes a ouvir.

–Envolve como exatamente?

Ela andou de um lado para o outro antes de falar.

–Nós jantamos, conversamos, inclusive sobre a Grace e tudo mais. Acho até que foi por isso que tenha me chamado aqui. Ele deve ter falado sobre o que conversamos.

Então ela parou de frente para mim, senti que devia dizer algo.

–Olhe, ele apenas...

–Ah, tudo bem eu não me importo.

–Não? - estranhei.

–Não, porque se ele falou sobre isso quer dizer que também falou sobre o que aconteceu depois do jantar. O que provavelmente fez com que pensasse o pior de mim.

De repente todo aquela insegurança e medo estavam de volta, ela parecia se referir a algo que Castle não havia me contado, mas que ela pensou que tivesse dito.

Me esforcei para falar, e consegui.

–E o que aconteceu?

–Então ele não te contou?

–Não... Ele deveria?

–Eu acho que sim, afinal, vocês parecem confiar tanto um no outro.

–Por favor, me diga logo o que aconteceu! - aumentei a voz.

Precisava acabar com aquela agonia.

–Ele me levou até em casa, foi um perfeito cavalheiro e então eu o convidei pra entrar.

Esperei pelo resto, mas ela se calou.

–E o que ele disse?

–Que não é claro. - por um momento me senti melhor, – Eu não esperava nada diferente, então insisti e disse que poderíamos continuar falando sobre a Grace se ele quisesse, mas mesmo assim ele recusou, então num ímpeto eu o puxei pra dentro do meu apartamento. Obviamente que ele ficou sem graça mas se acostumou, nós ficamos lá por mais uma hora mais ou menos, então ele se levantou e disse que precisava ir embora. Eu me senti tão atraída pelo momento que...

Era uma tortura cada vez que ela parava de falar para pensar.

–Que o que?

–Que me aproximei e o beijei.

Foi como se um balde de água fria caísse sobre a minha cabeça.

Na noite anterior eu havia perguntado para Castle se algo tinha acontecido durante ou até mesmo depois do jantar com Kristina, mas ele negou.

Ele mentiu para mim, e me dar conta disso foi terrível.

Um bejio tinha acontecido e ele não me disse a verdade.

–Você beijou ele?

–Sim. Eu sei que não deveria estar me sentindo assim, até porque é raro que eu me sinta mal por algo desse tipo, mas dessa vez foi diferente. Porque ele se afastou e disse que era errado, que não podia acontecer. Eu me senti péssima, perguntei o motivo e ele falou que a gente não devia misturar as coisas.

–E o que aconteceu depois?

–Bom, quando ele estava indo embora eu perguntei se havia alguém na vida dele, alguém com quem ele estivesse envolvido ou pelo menos interessado, mas ele disse que não.

–E você acreditou? - até hoje não entendo como consegui manter o sangue frio.

–Não muito.

–Se eu disser que tem alguém, faria alguma diferença pra você?

–Sinceramente não.

–Então o que quer? Por quê tocou nesse assunto se não se importa com o que está acontecendo?

–Porque... Eu me senti confusa, em um momento ele é livre, me trata tão bem, como se retribuísse o meu interesse, e então de repente ele para e começa a se sentir culpado por alguma coisa.

–Aonde quer chegar?

–Eu acho que ele pode estar com alguém, mas não por completo. Entende?

Neguei com a cabeça, fitando o chão, incrédula com o que estava escutando.

–É como se ele não sentisse que deve algo a essa mulher, como se ele achasse que pode ficar com alguém, mas quando chega na hora ele se retraí.

–E o que eu tenho a ver com isso?

–Como eu disse antes, vocês confiam um no outro. Deve saber a verdade. O motivo pelo qual ele se comporta assim.

–Quer mesmo saber? - perguntei, considerando seriamente a possibilidade de dizer a verdade e me livrar de todas aquelas indiretas.

–Não, eu não quero, ou melhor, não preciso. Seja como for, eu ainda vou estar aqui. Só queria que você soubesse o que aconteceu e como aconteceu.

Fiquei quieta, as palavras não chegavam até mim.

–Você está bem? - ela perguntou – Ficou pálida de repente.

–Eu estou bem. - eu não estava, mas não queria dar esse gostinho a ela – Se me der licença eu tenho que ir, ainda preciso checar algumas coisas.

–Claro, eu entendo. Também vou indo.

Passou por mim, fazendo seu perfume embrulhar meu estômago.

No curto trajeto da sala de interrogatório até a minha mesa eu pensei em muitas coisas, estava me sentindo enganada, traída e manipulada.

Constatei que se não tivesse tido a ideia de chamar Kristina novamente, jamais saberia do que houve entre Castle e ela, pois ele nunca me contaria.

Meu olhar estava baixo, o pensamento longe, buscando as palavras falsas que ele tinha me dito na noite passada.

Então eu o vi em pé, conversando com Ryan e Esposito.

Meus olhos lacrimejaram, mas eu mantive o equilíbrio e fui até eles.

Esposito se adiantou e disse:

–Beckett, Castle e eu fomos ao consultório do tal Jeff Simons, quando ele viu a gente tentou fugir, mas aí pegamos ele e o trouxemos pra cá. Está na sala nº03.

–Ótimo, vamos lá.

Decidi ignorar os últimos acontecimentos, mas Castle não.

–E como foi com a Kristina?

Ao ouvi-lo falar o nome dela meu sangue ferveu.

–Ah, você nem imagina o quanto foi revelador! - afirmei asperamente e me virei em direção à sala de interrogatório.

–Posso ir com você? - perguntou ao apertar o passo e chegar perto de mim.

–Faça como quiser.

Ali, andando ao lado dele eu me senti horrível, queria questioná-lo sobre tudo, mas não podia.

Queria perguntar como pode mentir para mim daquele jeito.

Queria entender o porque de ter feito isso.

Se bem que eu tinha medo da resposta, ele poderia dizer o que eu não queria ouvir.

E se Kristina estivesse certa desde o início?

E se ele ainda não se sente comprometido de verdade?

Tudo bem, nós estávamos juntos há pouco tempo, mas isso não amenizava em nada o aperto que eu sentia no peito.

O que poderia ter acontecido com o “Eu sou alguém que está com você, e só com você.”?

Seria verdade ou mentira?

Meu medo era que nem ele soubesse a resposta.

Entramos na sala e eu fechei a porta. Então me dei conta de que realmente não podia tocar no assunto ali, precisava disfarçar mais uma vez, só que agora com muito mais dedicação, pois seria difícil fingir que não estava sentindo aquilo que me corroia por dentro.

Mas algo gritava dentro de mim, algo que eu vinha tentando calar, uma conversa que Castle e eu precisávamos ter.

Um conversa definitiva, na qual definiríamos o que éramos e o que devíamos um ao outro.

Eu sabia que o queria para mim, mas também sabia que não estava disposta a começar um relaciomento baseado em mentiras e desconfianças.

Eu não desistiria, mas precisava saber que ele também queria lutar.


Continua...



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Notas finais do capítulo

Dei uma dramatizada nessa fic, espero que gostem!
Reviews?? "-"



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