Metal contra as Nuvens escrita por Girl Gemini


Capítulo 1
Sou Metal, Raio, Relâmpago e Trovão




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Sou metal, raio relâmpago e trovão

Metal contra as nuvens

Sou metal, raio relâmpago e trovão.


Depois de quase um ano morto, voltei a ver o brilho da vida, o brilho da esplêndida lua, o brilho que na verdade era a sombra, o brilho que significava... A morte.

Nosso Mestre, Shion de Áries, mantinham seus olhos fixos nos seus fiéis cavaleiros, cavaleiros que foram amados e queridos por todos, carregaram o ouro em seus corpos e emanaram a harmonia da luz e que hoje estavam submersos na escuridão, na angústia e no medo de serem eternamente esquecidos por todos...

“... Cavaleiros! Seremos chamados de traidores, por todos e por toda a eternidade. Estão certos de que querem fazer isso?”

Concordamos em conjunto.

“Obrigado!...” – Agradeceu emocionado.

“Tudo por Athena!”

Assim decidimos voltar ao santuário.

Através dos cosmos, podíamos comunicar sem que algum espectro desconfiasse de nós.

Shion nomeou-me a ser o líder do grupo. Sim, eu, Saga de Gêmeos, mais uma vez no comando.

“Saga será o líder do grupo.”
“Eu? Logo eu? Não, Mestre!”
“Ora, mas o quê isso Saga, como não?”
“Você sabe melhor do que eu!”
“O que aconteceu no passado já não existe mais! Esqueça o antigo Saga e reviva novamente, nem que seja por poucas horas.”
“Não posso Shion! Não posso! Não sou digno de ser líder de nada e nem de ninguém! Se estou aqui agora é por causa de Athena! Não me faça dar ordens aos meus amigos outra vez.”

Nesse momento, agachei-me desconsolado.

“Saga, você precisa superar isso!”
“Jamais conseguirei, jamais!”
“Então porque aceitou?”
“Como?”
“Se um homem como você não é capaz de perdoar a si mesmo, como pode ser chamado de cavaleiro?”
“Shion...”
“Escute Saga, você é um novo homem! Todos nós, seus amigos, sabemos disso. Agora, levante-se e junte-se a eles!”
“Eu...”
“Você vai ser o líder sim, querendo ou não, pois isso é uma ordem! Eu acredito em você e o tenho como amigo.”

Shion me fez acreditar ser um novo homem. Foi então que sem mais pensar, direcionei-me a frente dos meus companheiros e ordenei que começássemos a batalha.

Quando a sapúris se montou em nossos corpos, senti não só o meu pavor, mas também o medo e o desespero dos meus companheiros. Foi então que pela primeira vez, arrependi...


“ Não sou escravo de ninguém
Ninguém senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz.”



E assim seguiram os espectros “fiéis seguidores de hades”’.

Hahahaha! Que ironia!
...

Chegamos na 1ª casa, a casa de Áries, onde um verdadeiro e fiel cavaleiro de Athena a protegia.

“Não permitirei que atravessem as doze casas!”

Mú de Áries conseguiu driblar os espectros Câncer e Peixes, mas suas forças se resumiram após aparecermos.

“Saga! Vocês realmente venderam suas almas? Como puderam fazer isso?” - O Cavaleiro de Áries não queria acreditar.
“Não é assim. Nós simplesmente vimos o que devemos fazer e que caminhos devemos tomar.”
“Está dizendo que se rebelar contra Athena é algo que os cavaleiros de ouro deveriam fazer?” – Colocou-se em posição de ataque.
“Isso mesmo!” – Respondi provocando-o.
“Eu te julguei mal Saga!”

O cavaleiro de Áries me atacou, seu ódio crescera e explodira de uma só vez, mas seu golpe não surtiu efeito algum sobre mim. Shura, Kamus assim como eu, estávamos muito fortes e empenhados a cumprirmos nosso objetivo.

Foi então que resolvemos contra atacá-lo, ferindo-o, mas mesmo assim ele se mantinha irresoluto...

“E então, Mú de Áries, já percebeu que sua missão é totalmente inútil?” – Perguntei tentando disfarçar minha angústia.
“Mas por quê? Não entendo, porque fazem isso? Amh? Talvez... Saga...”

O Cavaleiro de Áries jazia caído ao chão nos observando com os olhos assustados. Parecia ver alguma coisa diferente em nós, talvez aquilo que escondíamos.

“Está chorando! O coração de Saga está chorando... E não é só Saga. Eu posso sentir! As almas de Kamus e shura também choram e derramam lágrimas de sangue. Eu vejo assim são as coisas!”

Foi exatamente isso que ele pensou, eu pude sentir através de seu cosmo. Ele estava certo, mas eu não podia hesitar.

“Então, Mú, prepare-se! – Disse firme para não entregar o jogo, meu coração estava dilacerado.”

Preparei-me para acabar com um amigo. Quando estava prestes a cometer essa loucura, um outro amigo chegou e livrou-me dessa insanidade.

“Saga! Já chega.”

Olhei estagnado para meu superior.

“Eu paralisei o corpo de Mú.”
“Shion...”

Desliguei-me dele com dificuldade, sem querer, eu estava começando a virar o que Hades queria que eu fosse: um assassino.

“Vocês vão atrás de Athena, e rápido!”

Prestávamos atenção em suas palavras.

“Vou dizer só mais uma vez: Vocês só têm doze horas para me trazer a cabeça de Athena. Doze horas! Será que fui claro?”
“Sim!” – Respondemos todos.

Saímos em direção às próximas casas, a voz de Mú estava fraca devido à imobilização feita por seu próprio mestre.

“E...Esperem!”

Olhei para trás e vi meu amigo desesperado. Ele tentava recuperar a todo custo os movimento de seu corpo para em vão tentar ir atrás de nós.
...
...
...

O silêncio tomou conta das escadarias que ligavam Áries à Touro. Estávamos perplexos com nossos atos e com nossa frieza diante de uma pessoa tão extraordinária quanto Mú.

“Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé é o que destrói.
Estes são dias desleais.”


Passamos tranqüilamente por Touro, um outro espectro já havia atravessado enquanto distraíamos Mú. Deparamos com nosso amigo morto, mais uma vez nossos corações derramaram lágrimas de sangue...

“Sou metal – raio, relâmpago e trovão
Sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Sou metal: me sabe o sopro do dragão.”


...

Continuamos a subir, um cosmo demasiadamente incrível emanava do Templo que um dia pertenceu a mim.

“Saga, mas que cosmo energia é essa? O Templo de Gêmeos não está vazio?” – Kamus e Shura estavam mais assustados que eu.
“O Templo de Gêmeos está sendo protegido por alguém tão forte quanto nós, melhor termos cuidado!”

Adentramos com cautela...

O dano foi quase irreversível quando percebi que o guardião daquela casa era ele, ninguém melhor que Kanon, meu irmão gêmeo.

“Reconheço o meu pesar:
Quando tudo é traição,
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.”


Eu estava atordoado.

“Eu não esperava que ele ainda estivesse vivo. E se isso não bastasse ainda veio se intrometer no meu caminho mais uma vez!”
“Por acaso sabe que é este homem que está usando a armadura de Gêmeos que já te pertenceu?” – Shura me perguntou.
“No passado, foi ele que não parou de tentar me convencer a ir para o lado do mal.”
“Amh?”

Kamus e Shura não conseguiam entender.

“Andem depressa, eu resolvo aqui! Vocês continuem em frente!” – Eu disse agoniado.
“Muito bem! A casa de Gêmeos é a casa que esteve em sua guarda durante anos, demorar aqui não irá fazer mal a ninguém.” – Kamus tentava me acalmar.
“Depressa!” – Ordenei que saíssem rápido.
“Está bem! Alcance-nos depois, Saga!” – Foram correndo.
...

Então nós começamos a discutir, eu na verdade. Kanon estava completamente diferente, ele já não era mais aquele ser arrogante que antes era, estava sereno e confiante. Não acreditava que ele tinha se redimido. Ele então me disse que Athena livrou todo mal que existia em seu coração e que de agora em diante, só lutaria pelo amor e pela justiça.

Eu estava desesperado para chegar à Athena e nem dei ouvidos a ele, apenas mandei um golpe até o décimo terceiro templo para tirá-lo do meu caminho. Visto que tinha conseguido, fui atrás dos meus amigos, mas não tive muita pressa em sair de lá. Meus pensamentos estavam em meu irmão, em nossa infância e em nosso triste passado.

“Kanon, como as coisas foram tomar este rumo? Irmão perdoe-me por ter que ser assim... Espero que não o tenha machucado muito.”
...

Meu coração estava destruído, eu estava impotente. Depois de treze anos, senti o cosmo do meu irmão tão forte e decidido quando o meu e tão desesperado e emocionado quanto eu. Sim, meu irmão, Kanon de Gêmeos. Uma mistura de orgulho e alegria tomou conta do meu ser, por instantes achei que estava sonhando. Lágrimas incontroláveis escorriam em meu rosto, eu estava chorando por ele...

“Jamais poderia imaginar que eu dia veria meu irmão Kanon, defendendo a casa de Gêmeos eu meu lugar. Nunca! Nem mesmo em sonhos...”

“Saga! O que foi?” – Perguntaram preocupados.
“N... Não é nada! Estamos perto da quarta casa, a de Câncer, vamos depressa!”
...

Eu subia as escadarias em prantos, a cena de meu irmão não saia da minha cabeça, ansiava muito em vê-lo.

“Kanon se for verdade que você abandonou o mal e despertou do lado da honra e da justiça, terá de provar de agora em diante, somente suas ações dirão se seu coração é verdadeiro ou não...”

Kamus e Shura não entendiam o porquê da minha aflição. Então contei a eles quem era o misterioso guerreiro que protegia a casa de Gêmeos.
...

Chegamos à casa de câncer que supostamente estava vazia.

Começamos a atravessá-la até sermos interrompidos por almas penadas e agonizantes.

“Mas que diabos!”
“Saga!”

Meus amigos me chamavam pedindo ajuda, eles haviam caído naquelas ilusões... Foi então que pela primeira vez disparei:

“EXPLOSÃO GALÁCTICA!”

Desapareceram por alguns instantes. Continuamos. Mais à frente outras novas ilusões apareceram.

Sem temermos continuamos adiante até depararmos em cima da mão de Buda, foi aí que percebi. Shaka de virgem!

Eu, enfurecido, não pensei duas vezes em mandar-lhe um golpe e acabar de uma vez por todas com isso.

Sabia que não o acertaria em cheio devido à proteção que ele mesmo criara em volta de si.

Ficamos aliviados quando sentimos que as ilusões de Virgem tinham acabado, mas não era bem assim, Shaka revidou na mesma intensidade. Por sorte eu criei uma barreira protegendo todos nós.
...

Passado o perigo, voltamos a subir até a próxima casa, Leão.

No caminho encontramos três espectros, Kiew, Ox e Milles. Matamos os miseráveis e pegamos suas Sapúris.

Chegamos a Leão. Aioria nos esperava bem na entrada do templo. Um outro espectro o distraia...

Adentramos a casa junto dos outros espectros e passamos. Novamente nos direcionamos à próxima casa, Virgem.

Shaka nos esperava com um semblante tranqüilo. Estava carregado de energia e disposto a eliminar todos de uma só vez, mas eu não podia permitir isso, não agora...

Foi quando que junto dos cosmos de Capricórnio e Aquário consegui bloquear seu ataque neutralizando-o.

“Você sabia que nem todos nós nos assustamos com seus truques baratos?” – Eu disse sagaz.
“Hum?” – O Cavaleiro de Virgem queria não acreditar.
“Shaka, sai do nosso caminho!” – Ordenei sem paciência, mas há muito tempo não mandava mais ali.
“Idiotas! Terão que me matar pra poder passar!” – O Cavaleiro de Virgem mantinha-se resoluto.
“Foi você quem pediu!” – Eu estava com os nervos à flor da pele.

Começamos a contra atacá-lo. Shura iniciou o ataque sendo seguido por Kamus e depois por mim.

“A espada sagrada que corta tudo: EXCALIBUR!”
“O brilho do zero absoluto que congela tudo: PÓ DE DIAMANTE!”
“Acompanhe as estrelas divinas da galáxia, suma: EXPLOSÃO GALÁCTICA!”

Shaka estava em posição de lotús, concentrando toda sua energia. Após atacarmos, com muito custo, ele conseguiu neutralizar-nos, abrindo os olhos e desparando a sua energia acumulada.

Os outros espectros que estavam lá ficaram confusos, pois não conheciam aquelas técnicas.

...

“Saga, Shura, Kamus! Porque vocês estão usando a Sapúris daqueles três? São traidores!” – Um dos servos de Hades me indagou.

Depois que descobriram que não eram seus companheiros, Kiew, Ox e Milles, ficaram enfurecidos com a gente, mas eu dei um jeito de abaixar a bola deles.

“Estavam apenas fingindo lealdade ao imperador Hades, vão pagar por isso!”

Aproximou-se tentando-nos contra-atacar. Foi então que eu paralisei seu corpo:

“Não poderiam derrotar Shaka nem se todos vocês o atacassem ao mesmo tempo. Se quiserem continuar vivos mantenham-se fora disso.”
“O quê?” – O espectro irou-se ainda mais.
“Prometemos conseguir a cabeça de Athena e vamos cumprir essa promessa, ficou bem claro?”

E elevando meu cosmo, o atirei longe da minha presença. Os outros recuaram um pouco, não eram idiotas o bastante para me enfrentar.

Shaka mandou que continuássemos, pois não queria enfrentar nós três ao mesmo tempo.

Os otários servos de hades ousaram a encará-lo. Shaka com um só golpe acabou de uma vez por todas com aqueles insetos malditos.

Logo após destruí-los, ele pediu que parássemos e contássemos toda a verdade, mas ainda não podíamos fazer isso.

“Esperem! Como podem ver, aqueles que os vigiavam acabaram sendo destruídos. Agora podem me contar a verdade.” – O virginiano pediu serene.
“A verdade?” – Perguntei confuso.
“Sim, os verdadeiros pensamentos que vocês não podiam expressar diante desses espectros.”
“Muito bem, Shaka. Viemos matar Athena!” – Respondi seco e indiferente.

Shaka tinha esperanças que estávamos apenas fingindo tal lealdade barata, mas infelizmente, tivemos que enganar outro mais uma vez.

Foi então que ele nos direcionou até a sala das arvores gêmeas. Como ele mesmo disse: “Um lugar apropriado para morrer.”
...

Começamos mais uma árdua batalha. Kamus e Shura atacavam sem tréguas, eu me mantinha quieto, estava só observando, quando tive uma oportunidade, tentei manda-lo para a OUTRA DIMENSÃO. Meu esforço foi em vão. Shaka era e é um guerreiro muito forte.

Percebendo o andamento das coisas, sem hesitar atingiu-nos com o Tesouro do Céu, fazendo-nos perder nossos sentidos vitais.

Shaka era astuto e inteligente, há muito descobrira o real motivo que estávamos ali. Então nos obrigou a matá-lo. Obrigou-nos a usar a EXCLAMAÇÃO DE ATHENA.

Shura e Kamus reagiram de imediato, não concordaram com a idéia insana. Eu por minha vez, tentei faze-los enxergar, faze-los alcançar o nirvana e esquecerem tudo que era importante para eles naquele momento.

“As batalhas dos cavaleiros de Athena, são batalhas em nome da justiça. O combate deve ser em pé de igualdade. E é por isso que Athena condena até mesmo o uso de armas.” – Kamus tentava me fazer entender.
“A Exclamação de Athena é uma técnica que combina o poder de três cavaleiros de ouro contra um único adversário. É um ataque desigual, não adequado para uma batalha de justiça e por isso mesmo Athena o repudia! Você percebe isso Saga? Se usarmos a Exclamação de Athena, que foi considerada uma técnica covarde, trairíamos os princípios que seguíamos em vida e a nossa honra.” – Shura afirmava.
“Nós perderemos toda honra por termos sido cavaleiros e ainda depois da morte, carregaríamos o estigma da indignidade e seremos desprezados por toda eternidade!”

Eu escutava meus amigos, indignado. Não é possível que não entendessem o real fato que estávamos ali.

“Já se esqueceram a razão pela qual viemos até as doze casas do santuário ganhando a vida temporária que Hades nos ofereceu? Não importa o que nos custe, temos que chegar até Athena! Se for para isso, devíamos estar felizes de poder dar o nosso nome e a nossa honra como cavaleiros! Se é por uma causa nobre, então tudo que fizermos valerá à pena!”

“Saga...”
...

Eles finalmente entenderam, nós não poderíamos desistir.

Então, elevamos nossos cosmos ao extremo e derramando lágrimas de sangue outra vez, disparamos:

“EXCLAMAÇÃO DE ATHENA!”

Covardemente matamos mais uma amigo, desobedecemos a Athena e perdemos nossa honra de cavaleiros.
...

Sobrevivemos ao golpe gerado, Kamus com a audição, Shura com a fala e eu com a visão. Passamos a nos comunicar através dos cosmos.
...

Shaka era um guerreiro único, entendeu o perigo e não pensou duas vezes em alcançar o oitavo sentido. Seu espírito voltava à sala das arvores gêmeas para deixar um importante recado à Athena. Quando vimos não acreditamos: Shaka não havia morrido.

“Shaka!” – Kamus e Shura piscavam não acreditando.
“Não pode ser!” – Eu estava assustado.

...

“Mas minha terra é a terra que é minha
E sempre será minha terra
Tem a lua, tem estrelas
E sempre terá”

...

Shaka então com seu sangue escreveu nas pétalas das flores: “ARAYASHIKI” que significava alcançar o oitavo sentido, e as enviou até nossa deusa.

Tentamos nos confessar a ele, mas os malditos espectros de Hades ainda nos vigiavam.

Quando finalmente partiu, sentimos uma tremenda angústia e mais uma vez morremos por dentro.
...

A grande porta se abriu, lá estavam: Mú, Aioria e quatro dos cavaleiros de bronze.
Eles nos olhavam com desprezo e ira. Entreguei o rosário de Shaka para Mú. Ele captou a transmissão.

Aioria foi o primeiro a se manifestar nos atacando com fúria.

Mú tentou impedi-lo, mas foi em vão.

Tentou acertar-nos com o RELÂMPAGO DE PLASMA, com muito custo bloqueei o golpe dele.

Ele assustou-se, pois estávamos muito debilitados por causa do ataques de Shaka.

Sem esperarmos, surge outro guerreiro para complicar ainda mais nossa situação: Miro de Escorpião.

Fomos martirizados com quatorze agulhas escarlates, estávamos à beira de sermos novamente mortos, mas antes disso eu consegui contra-atacar concentrando minhas energias em um só golpe. Ele fora lançado brutalmente contra a parede.
Se não fosse por Seiya, Miro seria aniquilado pela força da Explosão Galáctica.
Novamente tive consciência do meu dever e recuperei uma boa parte das minhas energias.

Coloquei-me em posição de tríade, meus companheiros me seguiram, estávamos prontos para repetir o nosso pecado.

Nossos “inimigos” estavam em três, foram influenciados por nós e decidiram revidar.

Seiya, Shun, Shiryu e Hyoga não acreditaram em nossos desvairamentos. Tentaram impedirmos de qualquer jeito. Mas não demos ouvidos a eles e sem hesitar disparamos juntos:

“EXCLAMAÇÃO DE ATHENA”

Era incrível como nossas forças estavam perfeitamente equilibradas. Qualquer falha de um dos lados, a casa de virgem, ou melhor, o santuário todo se resumiria as cinzas.

Os cavaleiros de bronze estavam assustados, não sabiam o que fazer até então resolverem com muita coragem desviar aquela carga destrutiva para o céu. Reuniram suas forças e obtiveram êxito.

Houve uma tremenda explosão na casa de Virgem.

Com dificuldade consegui livrar-me dos escombros, Miro já estava pronto para acabar comigo, mas para minha salvação, pude ouvir a voz de Athena me redimindo e pedindo a eles que nos levassem até ela.
...
...
...

Finalmente chegamos, lá estava ela, com os olhos fixos em mim. Ao seu lado estava meu irmão, segurando um pequeno baú.

“Kanon! Dê o objeto para o Saga.” – Athena ordenou.
...

Ao ver meu irmão aproximar-se, pude sentir sua aflição, ele já sabia o que viria pela frente e o que eu sentiria.

“Segure Saga.”
“Kanon...”

Ele me olhou com piedade, nessa hora consegui perdoa-lo e receber meu perdão. Não conseguindo mais olhar em meus olhos, levantou e pôs-se de costas pra mim.

Eu abri o baú, o susto foi imenso quando vi aquele punhal. Aquele maldito punhal!

Athena aproximou-se. Amedrontado, perguntei:

“Por que isso agora?” – Através do cosmo, podia me comunicar com ela.

Ela agachou-se em minha frente e colocou as suas delicadas mãos sobre as minhas. Confiante me disse:

“E você Saga, não entendeu ainda? Você deve tomar a minha vida com este punhal.”
“Mas...”
“Não tenha dúvidas, Saga! Acabe logo com a minha vida, então dessa maneira vocês se livrarão da dor e da agonia, já não carregarão mais esse fardo!”
“Athena... você... você...” – Eu já não conseguia mais continuar.

Foi então que ela segurou firme o punhal a ponto de sangrar sua mão.

“Saga!” – Sussurrou meu nome e sorriu.

Fechou os olhos deixando lágrimas e sem mais esperar, cravou a adaga em sua garganta.

Naquele momento eu fiquei estático, não acreditava no que ela acabara de fazer. Desejei nunca ter revivido, ou pior, desejei nunca ter nascido.

Ao percebê-la caindo, reuni minhas forças para tentar ao menos segura-la... Foi em vão. Meu cosmo gritava por ela.

“ATHENAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!”

Eu me arrastei até seu corpo, a peguei no colo e a abracei.

“Como pode Athena? Como pode? Nãaaaaaaaaaaaaaaaao!”

Kanon desabou em cima de mim, me abraçou e juntos começamos a chorar amargamente.

“Saga.” – Olhou em meus olhos. Seu semblante estava mais conformado que o meu.
“Kanon, meu irmão.”

Os outros estavam atônitos, mas finalmente entenderam o fundamento da morte de Shaka e Athena. Perceberam nossa angústia e entenderam que não estávamos do lado do mal.
...

Deixei o corpo de Athena aos cuidados do meu irmão e parti junto dos outros para o castelo de Hades.
...
...
...

Abrimos os portões daquele maldito lugar, lá estava Pandora, uma fiel serva de Hades.

“Trouxeram o corpo de Athena no prazo de doze Horas, não esperava menos dos cavaleiros de ouro conhecidos como os mais poderosos. Agora, retire o manto e me deixem ver o cadáver de Athena.”
“Antes disso...”
“Hum?” – Pandora assustou com a minha atitude.
“O imperador Hades nos prometeu vida eterna em troca da morte de Athena, podemos contar com a sua palavra ainda?”
“Porque perguntam isso agora? O imperador Hades nunca faria falsas promessas. Podem confiar em sua palavra.”
“Está bem.”

Pandora sorriu, mas eu estava disposto a tirá-la do sério.

“Gostaríamos de mostrar o cadáver de Athena diretamente para o imperador Hades.”
“O que? Não! O imperador Hades é um deus! Ele não se mostra diante dos humanos. Eu verei o corpo e isso será suficiente. Então, agora podem tirar o manto!”

Fiquei imóvel. Ela ordenou que seu servo, Zeros, tirasse o manto. Assim que o imundo se aproximou, dei logo um jeito de distraí-lo enquanto Shura imobilizava Pandora com sua técnica Excalibur bem próximo ao pescoço dela. Ela se assustou é claro, mas mantinha-se confiante. Sabia que nossas forças não durariam por muito tempo.

“Apesar de ser nossa inimiga, não queremos usar força desnecessária com uma mulher. Leve-nos agora mesmo até Hades!” – Disse intimidando-a, mas ela permanecia indiferente.
“E quando virem Hades, o que vão fazer?”
“Nós o mataremos é claro! Só que dessa vez, será com a nossa verdadeira vontade.”
“Eu já entendi. Respeito à dignidade de vocês. Claro, nunca deixaram de ser cavaleiros de Athena, mas não estão se esquecendo de um detalhe muito importante?” – Pandora dizia com uma malícia no olhar.

Foi então que do nada, sentimos o sol tocar nossas peles, foi como se ele estivesse nos queimando vivos. E estava mesmo.

“Tolos! Esqueceram que só conseguiram chegar até aqui por causa da bondade do Imperador Hades, que concedeu a vocês vidas temporárias? Os mortos que não apreciam tal dádiva, devem cair no inferno vazio e sofrer eternamente!”
“A... A força que me restava está se perdendo muito rapidamente! O que... O que foi que você fez?” – Eu dizia apavorado.
“Eu não fiz nada! Apenas foram tocados pela luz do amanhecer que atravessa a janela. O Imperador Hades concedeu doze horas de vida a vocês e agora é chegado o momento dessas vidas acabarem. Isso dói? Você tem medo de voltar ao mundo dos mortos?” – Perguntou sarcástica.
“Não seja ridícula!” – respondi irado.
“Me responda uma coisa, se fizer isso, talvez peça ao Imperador Hades que estenda suas vidas mais alguns instantes. Athena está supostamente morta, onde ela está?”
“Mesmo sendo uma deusa, Athena possui um corpo humano. Só há um lugar para onde os humanos vão quando morrem: o mundo dos mortos!”
“Ainda não me respondeu! Mas se o que Saga diz for verdade, Athena tirou a própria vida para ir ao mundo dos mortos. Não pode ser! Athena quer enfrentar pessoalmente o Imperador Hades?”
...

Pandora se retirou e mandou que Zeros acabasse conosco. Assim ele estava fazendo, não tínhamos forças nem para ficarmos de pé.

Foi então que nossos amigos de bronze chegaram.

“Vamos, fique de pé Saga! Nós temos que salvar a Athena!” – Seiya veio me amparar.

Era inútil, eu não tinha forças, não conseguia me levantar.

“Sinto muito, a verdadeira batalha apenas começou, mas não podemos ajudar...”
“Para de dizer besteiras, Saga!” – Seiya me encorajava.

Perto de nós, Shura despedia de Shiryu.

“Não se esqueça, em seu braço está o poder de Excalibur que eu deixei com você.”

Um pouco mais afastado, Kamus também dizia adeus a seu pupilo Hyoga.

“Não se esqueça do seu poder e para que ele serve.”

Foi extremamente devastador para aqueles jovens que conheciam pouco da vida, mas que tinham o mais sábio espírito de luta.

Pedimos para que eles sempre protegessem Athena e logo após, voltamos ao pó.
...
...
...

“Quase acreditei na sua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa.

Quase acreditei, quase acreditei.

E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo.

Vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo.

Olha o sopro do dragão.”


...

Voltamos ao mundo dos mortos, ao hades.
...

Nossos amigos continuaram lutando sem tréguas, mais tarde, sabia que nos encontraríamos novamente. E foi dito e feito, pouco depois, todos começaram a se encontrar.

Os cavaleiros de bronze, alguns de ouro como Donko e meu irmão Kanon, conseguiram atravessar o inferno com vida, alcançando o oitavo sentido.

Os outros guerreiros que morreram ainda no mundo dos vivos, como Mú, Aioria e Miro, ainda estavam presos numa das prisões do inferno.

Shaka e Athena estavam juntos procurando a morada de Hades.
...

O desempenho de meu irmão era incrível. Conseguia destroçar os oponentes em poucos segundos. Eu estava orgulhoso e contente por sua performance. Desejava que encontrássemos naquele lugar, mas infelizmente estávamos em dimensões diferentes.

“Ah... Saga, como seria bom se pudéssemos estar juntos novamente.”

Esse foi o último pensamente que consegui captar do meu querido irmão.
...

Kanon corria em direção à Giudecca quando Radamanthys, um dos três juizes do inferno, apareceu. Ele há muito cercava Kanon, mas até então não conseguiram acertar as contas.

Neste instante, as armaduras estavam em ressonância, elas se chamavam para se reunirem ao muro das lamentações, onde Donko, Shaka e os cavaleiros de bronze se encontravam naquele momento.

Kanon ao entender o sentido daquele chamado, não hesitou em tirar a armadura. Ela logo se direcionou para junto das outras.

Radamanthys ficou exasperado em saber que Kanon lutaria sem armadura e pôs-se a atacá-lo, mas ele tinha se esquecido de um fator muito importante: “Um golpe não funciona duas vezes com o mesmo cavaleiro.”

Mesmo sabendo dessa vantagem, meu irmão não o subestimou, sabia que ele era muito forte. Kanon não podia esperar mais, foi então que usou a técnica mais poderosa e destrutiva de Gêmeos, a Explosão Galáctica, seguida de um impacto tão profundo provocado por ele mesmo, lançando-os para cima com toda intensidade. O golpe foi extraordinário, mas que também custou sua própria vida.

Para o meu desespero ainda, antes dele morrer, ouvi-lo chamar por Athena e por mim.

Kanon...

“É a verdade o que assombra,
O descaso o que condena,
A estupidez o que destrói.

Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais.
Tenho os sentidos já dormentes,
O corpo quer, a alma entende.

Essa é a terra de ninguém
Eu sei que devo resistir –
Eu quero a espada em minhas mãos.

Sou metal – Raio relâmpago e trovão.
Sou metal, eu sou o ouro em seu brasão.
Sou metal: me sabe o sopro do dragão.”


Shiryu e Hyoga ainda não tinham encontrado seus outros amigos, após verem a armadura de Gêmeos, puderam chegar até eles.

Lá estavam todos: Mú, Aioria, Miro, Donko, Shaka e os cavaleiros de bronze.

Eles precisavam atravessar o muro das lamentações para chegar onde Athena foi presa por Hades após tentar uma reconciliação. Porém, sem a luz do sol, derrubar o muro das lamentações seria impossível.

Os cavaleiros de ouro tentaram tudo que puderam e não surtiram efeito algum. Foi então que através do cosmo de Athena, eu e os outros voltamos à vida para ajudar nossos amigos a fazer este milagre.

Uma enorme luz foi irradiada dentro do Hades, luz que jamais fora vista há séculos desde a ultima guerra santa.

Então, para a surpresa de todos, nós aparecemos. Eles ficaram emocionados tanto quanto nós.

O reencontro dos irmãos Aioros e Aioria, me fez sentir vontade de abraçar Kanon outra vez, mas infelizmente não tive esta dádiva.

“Como isso aconteceu...?” – Donko perguntava admirado.

“Nossos espíritos ressuscitaram e vieram até aqui para lutar e defender Athena. Por isso não podemos nos render até alcançarmos nosso objetivo!”

Após proferir estas palavras, senti o espírito de meu irmão Kanon, penetrando em meu corpo, revelando-me que jamais me abandonaria e que sua alma estava em mim. Ele meu deu forças e incentivos para continuar lutando. Então, me senti confiante e cheio de coragem para implicar impaciente:

“Mestre... Devemos chegar aos Campos Elíseos agora mesmo!”
“Tem razão, Saga. Devemos destruir este muro já!”

Deixamos Athena nas mãos dos cavaleiros de bronze e aquecemos nossos cosmos.

Aioros posicionou-se em frente ao muro. Concentramos na flecha de Sagitário e elevamos nossos cosmos ao infinito gerando uma maravilhosa e intensa luz equivalente ao sol:

“Athena... entregaremos nossas vidas para que o mundo seja salvo!!!”
...

Nossa missão fora cumprida e nossos corpos mais uma vez voltaram ao pó.

Não me entrego sem lutar-
Tenho ainda coração.
Não a aprendi a me render.
Que caia o inimigo então.

- Tudo passa, tudo passará.


Meu coração foi destruído junto com o muro das lamentações. Talvez, isso fora um castigo dos deuses por minha conduta desenfreada durante aqueles sombrios treze anos. Mas eu nunca perdi as esperanças, sabia que algum dia veria meu irmão Kanon outra vez e que novamente seríamos uma família feliz e lutaríamos juntos em nome do amor e da justiça...

E nossa estória, não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.

E até lá vamos viver
Temos ainda por fazer.
Não olhe pra trás –
Apenas começamos.

O mundo começa agora –
Apenas começamos.


FIM.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada a todos!