Danger escrita por Cami


Capítulo 1
Apenas um começo


Notas iniciais do capítulo

Esta é minha terceira fic, é um pouco diferente do que eu geralmente escrevo, espero que gostem!



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Era uma noite fria de inverno. Eu observava calmamente os flocos de neve se chocando de leve contra o vidro de uma das grandes janelas daquele casarão. Ouvi batidas leves na delicada porta do cômodo aonde eu me encontrava. Abri-a cautelosamente. Deparei-me com o mordomo do local, Joshua, que aparentava ser poucos anos mais velho que eu.

– Senhorita Florence, seu avô já está a sua espera. – ele anunciou

Acenei com a cabeça em forma de agradecimento. Fui guiada até a sala de meu avô, entrando silenciosamente na mesma. Apesar de estar entretido com seu jornal, vovô notou minha presença e logo se levantou da grande poltrona cor de vinho onde estava sentado.

– Florence! O que faz por aqui? Achei que tinha mandado seu irmão aqui, não você. Sem querer ser indelicado, mas onde está ele?

– Ele está finalizando uma missão, então me mandou no lugar dele. Posso perguntar o que tanto te assombra a ponto de fazê-lo chamar meu irmão aqui?

– Ora, Florence, você sabe muito bem quem me assombra. Mas acho que você não está pronta o suficiente para enfrentá-lo...

– Está dizendo que eu não sou capaz de enfrentar Payne?

– Minha querida, você sabe muito bem do que ele é capaz. Ele ameaça toda a nossa geração. Ele é a arma secreta da Ordem dos Caçadores.

– Mas nem ele sabe ainda do que ele é capaz! Ele só sabe que foi criado para ser um assassino, mas não faz a mínima ideia da existência de seus próprios poderes!

– Fale mais baixo, menina! Nunca se tem certeza. Eles também acham que você não faz a mínima ideia de seus poderes, quando na verdade você é muito bem dotada deles! Não se pode confiar no que os outros dizem, Florence. Sua avó confiou. Ela confiou em cada um dos Payne. E bem... você sabe aonde isso terminou.

Meu avô não gostava de tocar no assunto da morte de minha avó. Se ele chegara a isso, então o caso deveria ser muito sério. Mas eu precisava persistir.

– Vovô, eu consigo! Confie em mim.

Ele se deu por vencido.

– Tudo bem, mas você não trabalhará sozinha. Chamarei Horan e seu irmão para te acompanharem.

– Ah, não! Vovô, você sabe que os dois vão ficar pegando no meu pé e tentando me proteger toda hora!

– Florence, é para o seu próprio bem. Você é nossa única esperança. Você sabe que, assim como Liam é a arma secreta dos Payne, você é a nossa. E também, Louis é seu irmão e Niall é seu melhor amigo. Você não pode deixá-los de lado desse jeito!

– Está bem, vovô. Mas qual é nossa missão?

– Creio que você sabe a resposta.

– O senhor sabe que eu não gosto de matar pessoas!

– Sua avó e seus pais também não gostavam, mas olhe aonde eles foram parar!

– Eles só morreram por que eles foram obrigados a persistir com isso! Se você tivesse os deixado desistir, eles ainda estariam aqui!

– Mas eu não estaria! E sem mim, a nossa geração não estaria mais de pé! Os Payne já teriam nos destruído!

– Se você apenas confiasse em mim...

– Mas eu não confio! Agora vá logo se arrumar para a droga de missão, senão eu te retiro da mesma imediatamente!

Saí da sala vermelha de raiva. Oras! Eu sou a mais poderosa dessa família. Por minha causa a nossa geração ainda está de pé, não por causa desse... desse velho vagabundo! Ele é tão egoísta, que deixa os outros morrerem para preservar a própria vida!

Entrei rapidamente no quarto onde eu estava hospedada e tranquei a porta. Prendi meu olhar a foto colada no canto do espelho em cima da pequena cômoda. Se meu avô soubesse que eu guardava aquela foto, ele me enterraria viva. Na foto, é a Ordem dos Caçadores e a Ordem dos Magos, unidos, como uma grande família. Era assim a alguns anos atrás. A Ordem dos Caçadores era formada pelas famílias Payne, Styles e Malik. A dos Magos era formada pelos Tomlinson e Horan. Juntos, os Caçadores e os Magos caçavam relíquias e monstros pelo mundo todo, fazendo do mesmo um lugar seguro. Todos nós convivíamos em paz. Até a guerra. Houve um grande desentendimento entre as famílias Payne e Horan, pois ambas as famílias foram traídas umas pelas outras. A família Malik ficou do lado da Payne, enquanto a Tomlinson ficou do lado da Horan. Porém a Styles fugiu em busca de paz. A família Styles continuou sendo caçadora de monstros. As famílias Malik e Payne também, porém adicionaram nós, os Magos, na lista de monstros a serem caçados. Os poderes das famílias Horan e Tomlinson foram desaparecendo, até sobrar apenas um mago restante: eu. Nunca me contaram o motivo da traição, mas ao descobrir que também havia um mago na família dos Payne, logo descobri. Alguém dos Horan (a mãe de Niall) havia traído alguém com um Payne (o pai de Liam). E ambas as famílias descobriram sobre a traição. Como eu descobri isso? Simples: poucos sabem, mas raciocínio rápido e grande inteligência também são poderes. Não são poderes tão prestigiados e raros quanto fazer feitiços, ficar invisível, voar ou algo do gênero, mas são os melhores poderes que um ser humano poderia ter. Entenda: se você tem inteligência, você tem tudo.

Eu não sou a arma secreta da família apenas por ser poderosa, mas também por ser sábia. E Liam também é sábio. Por isso ele é um grande perigo. E eu teria que enganá-lo, fingir que era do bem para obter sua confiança e matá-lo. Eu odiava fazer isso, mas era minha única opção. Era matar ou morrer.

Arrumei minhas malas e peguei uma foto de Liam, para poder analisar bem minha presa. Se você simplesmente batesse o olho na foto, pensaria que ele é um típico menino de Wolverhampton. Mas se olhasse bem, notaria o brilho psicótico em seus olhos. Outro grande e importante poder: observar bem as coisas. Se você não observa bem, sua vida pode correr grandes riscos.

Ouvi um barulho alto vindo da janela, como se algo tivesse batido com força no vidro, o que me assustou. Mas aliviei-me ao ver que era apenas Jess, a coruja desastrada de Louis.

– Realmente, a coruja puxou o dono. – disse para mim mesma e rio

Abri a janela e me deparei com Jess um pouco tonta por causa do impacto, mas nada muito sério. Peguei a carta que estava presa no bico de Jess. Me surpreendi ao ver que quem havia escrito a carta não fora Lou, mas sim Eleanor, namorada de meu irmão e também minha amiga de infância.

“De: Eleanor Jane Calder

Para: Florence William Tomlinson

Flor,

Louis ainda não finalizou a tal missão em que ele se meteu, então eu fiquei encarregada de te avisar que ele recebeu a carta de seu avô e virá para Wolverhampton daqui mais ou menos uma semana. Niall também já foi avisado e partirá com você amanhã de manhã.

Tenho que admitir que estou muito preocupada com o fato de que vocês três vão enfrentar a arma secreta dos Payne. Ele é realmente muito poderoso. Certo, você também é, mas o caso de vocês dois é como o caso de Harry Potter e Voldemort: Um não pode viver enquanto o outro estiver vivo.

E o Louis... Olha, Flor, o Louis não tem mais os poderes, e você sabe muito bem disso. Cuide dele para mim, por favor? E se cuide também. Eu não consigo imaginar minha vida sem vocês dois, falo realmente sério!

Com carinho (e preocupação),

Ellie”

Sorri ao ler a carta de Eleanor. Era bom ver que alguém (além de meu irmão) realmente se importava. Sim, Louis pegava muito no meu pé, mas ele sempre cuidou de mim, e eu o amo muito. Ele é o melhor irmão que eu poderia desejar. E Ellie tinha mesmo razão em se preocupar. Infelizmente, essa comparação que ela fez de mim e de Liam com Voldemort e Harry Potter era real. Eu conhecia essa história melhor que ninguém, já que o próprio Harry já fez parte da Ordem dos Magos, há séculos atrás, antes das famílias Potter, Weasley e Granger serem destruídas.

Percebi outras duas corujas voando em minha direção. Uma delas eu reconheci ser a de Niall, que entrou pela minha janela. Já a outra, que eu não fazia a mínima ideia de quem era, desviou o caminho e foi em direção à janela do escritório de meu avô. Peguei a carta de Niall e li-a.

“De: Niall James Horan

Para: Florence William Tomlinson

Flor,

Já recebi a carta de seu avô, Eleanor provavelmente já te informou sobre isso, então me encontre na estação amanhã às dez e meia. Sem atrasos, baixinha, senão eu vou te encher o saco até o seu último segundo de vida.

Com amor,

O duende que você mais ama no mundo inteiro.”

E esse foi Niall James Horan, meu melhor amigo nada convencido e muito delicado! Ri ao ler a carta e resolvi descer para jantar. Encontrei meu avô na mesa, um pouco perturbado.

– Vovô, está tudo bem? – perguntei

– Sim, sim, claro, definitivamente. – ele disse apressado, com um grande sorriso no rosto que já estava me assustando

– O senhor tem certeza? Esse sorriso já está me assustando...

– Os Styles, Florence! Eles estão de volta!

Então era daquilo que aquela outra carta de tratava... – murmurei a mim mesma – Mas vovô, eles vieram nos ajudar?

O sorriso de meu avô desapareceu.

– Droga, Florence, essa sua lógica toda sempre estraga minha animação... Bom, querida, eu não sei. Mas aquele tal de Harry, o mais novo dos Styles, está indo para Wolverhampton também. Ele vai caçar alguns vampiros de lá, pelo que entendi...

– Vampiros em Wolverhampton? Isso é realmente impressionante... ou é uma grande mentira. Vovô, quantos vampiros já foram vistos naquela região?

– Nenhum, eu acho...

– Exatamente! Wolverhampton não é um lugar tão apropriado para vampiros assim! Isso deve ser uma armadilha!

– Forks também não é, e os Cullen se deram muito bem lá!

– Vovô... não exagera. Crepúsculo é apenas uma saga.

– Hm... mas você realmente acha que é uma armadilha? – ele perguntou, aflito

– Não sei, vovô. Mas é sempre bom tomar cuidado.

– Certamente.

O assunto se encerrou e jantamos em silêncio. Ao terminar o jantar, subi para meus aposentos, coloquei minha camisola e logo fui me deitar. Não eram nem onze horas ainda, mas eu precisava de uma longa noite de descanso. Porém, minha noite foi em vão. Haviam muitos pensamentos em minha cabeça. Eu não via Louis e Niall há anos, apenas conversávamos por cartas. Será que eles estavam bem? E era estranho os Styles estarem mandando Harry para caçar vampiros em um lugar como Wolverhampton, que não era nada apropriado para vampiros. E Liam... eu teria que matá-lo. E talvez tivesse que matar Zayn e Harry também. Isso era doloroso por que, embora fora há muito tempo, eu ainda me lembrava bem de quando éramos amigos. Tínhamos apenas quatro anos de idade. Lembro-me de nosso último dia juntos, que fora o dia em que a guerra começara.

FLASHBACK – 18/04/1996

Estávamos todos reunidos na pequena praça perto da mansão aonde as Ordens se encontravam para as reuniões mensalmente. Já que morávamos em lugares diferentes, só nos víamos uma vez por mês, e todas essas vezes eram especiais. Harry, com seus três anos, ainda estava aprendendo a falar direito, e Louis estava tentando ensiná-lo. Niall e Zayn discutiam para ver quem ficaria com última bolacha do pacote. Eu e Liam estávamos balançando alegremente.

– Ei, Lili... – eu disse

– Fala, Flô. – como ainda éramos muito pequenos, nenhum de nós sabia pronunciar “Flor” ou “Florence”, então todos me chamavam de “Flô”

– Quando esse dia acabar, eu vou sentir sua falta. Eu não sei quanto dura um mês, mas demora demais...

– Eu também, Flô. Sempre que estivermos separados eu vou sentir sua falta.

Reparei que o balanço de Liam se balançava sozinho, que nem o meu. O que era estranho, já que ele não era um feiticeiro que nem eu ou mais alguém de minha família ou da família dos Horan.

FLASHBACK OFF

Depois disso, apenas lembro de ouvir um grito, uma grande discussão e de ser puxada por minha mãe, por meu pai e pelo Sr. Horan para fora da praça, junto com Louis e Niall. E sempre que eu perguntava quanto tempo faltava para completar um mês para que as Ordens se encontrassem de novo, me olhavam com raiva ou com pena. Lembro que um dia, meus pais e minha avó não voltaram mais para casa. E eu fiquei sentindo falta do Liam, até o dia em que eu descobri sobre essa guerra.

Finalmente consegui dormir, mas tive um terrível pesadelo. Eu estava naquela mesma praça de anos atrás, mas ela estava deserta. De repente, alguém surgiu na minha frente. Era Liam, com aquele mesmo brilho psicótico no olhar da foto e com um sorriso cínico.

– Se lembra de mim? – ele perguntou, logo depois soltando uma risada maléfica

Acordei no meio da noite, gritando de horror. Será que aquilo fora apenas um pesadelo ou ele havia usado um feitiço para adentrar em meus sonhos?

***

Eram dez e vinte e nove da manhã e eu estava esperando Niall na estação, com medo de não o reconhecer e vice-versa, afinal, fazia anos que eu não o via pessoalmente!

– Flor? – uma voz rouca atrás de mim falou, e eu instantaneamente me virei

– Niall? – perguntei, não acreditando no que via. Ele sempre fora um pouco mais alto que eu, mas agora ele estava muito mais alto que eu. Ele havia tingido os cabelos e agora estava loiro. Apenas seus olhos extremamente azuis continuavam iguais.

– Florence, como você está diferente, baixinha!

– Eu que deveria estar dizendo isso para você! Olha só isso, você está loiro!

Apesar de não o ver pessoalmente desde os quatro anos de idade, pude perceber que essa expressão desanimada não era característica dele.

– Niall, aconteceu algo? Você parece estar triste...

– Ah, é que ontem três amigos meus de Mullingar sofreram um acidente... Dois estão hospitalizados e um deles faleceu...

– Poxa, Niall, sinto muito! Não a nada pior do que perder um amigo!

– Você já perdeu um amigo? Sem querer ser indelicado, mas eu pensei que eu e a Eleanor fôssemos seus únicos amigos...

– Sim, já perdi um amigo... Dois, para ser mais específica. – disse me lembrando de Zayn e Liam. Eu até mencionaria Harry, mas naquela idade ele nem sabia falar direito.

– Flor, por favor, eu sei de quem você está falando e realmente não quero tocar nesse assunto.

– Desculpe-me, foi indelicado de minha parte.

– Não foi nada, é só que... Eu, Liam e Zayn éramos muito próximos. Éramos como irmãos.

Eu sei como você se sente... – sussurrei mais para mim mesma do que para ele

– Mas isso passou, não é? Não podemos mais nos abalar com o passado. Eles são de famílias inimigas, não devemos sentir nada além de ódio por eles, certo?

– Certo! – falei. Niall realmente estava certo, mas eu não conseguia (aliás, nunca consegui) esquecer o quão especial Liam foi para mim. E saber que eu tinha que matá-lo me matava por dentro.

Anunciaram a chegada de nosso trem e embarcamos. Próxima parada: Wolverhampton.



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Notas finais do capítulo

mereço reviews?



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