Lendas De Fendor : O Príncipe Bastardo escrita por Caio Gelmo


Capítulo 1
Capítulo 1 - A Chegada de Argrim




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Essa historia se passa em um mundo habitado por criaturas fantásticas, tais como Dragões, Trolls, Ninfas e muitos outros dos quais vocês nem deve se lembrar, pois os mesmos já não existem mais em nosso mundo. Mas deixemos estes seres para depois e nos foquemos em nosso personagem principal.

Corin era um garoto pequeno e magrelo, daqueles que se vivesse em nosso mundo, certamente seria humilhado na escola. Mas devemos lembrar que em qualquer que seja o lugar, os meninos menores são motivo de chacota para os valentões. E era exatamente isso que acontecia todos os dias com nosso Herói, cujo único feito realmente heróico ate agora fora conseguir sobreviver todos os dias a Todd, o garoto mais estupidamente forte da escola de Gregory.

Agora que já conhecemos esse rapazinho, irei contar sua grande historia que, segundo me lembro, começa mais ou menos assim...

– Cala a boca – disse Corin já vermelho de raiva

Mal voltaram de férias e Todd já infernizava o garoto.

– Olha como fala Tursley, você não quer colocar o merdinha do seu pai em mais encrenca quer? – Depois que o valentão descobrira que o Sr. Tursley trabalhava para o seu pai, ele aumentara as surras ao menino.

As poucas pessoas que estavam na sala apoiavam o valentão, pois uma escola onde a rotina predomina, costuma ter crianças entediadas, e uma confusão dessas é sempre melhor do que o tédio.

Corin nunca fugia de uma briga, apesar de sempre levar a pior em todas. O que geralmente impedia o garoto de ser hospitalizado era seu amigo Andrew, que sempre dava um jeito de chamar algum professor que levava Todd para sua sala jurando que da próxima ele ganharia uma detenção, coisa que nunca era cumprida, já que os Mcfly eram os maiores contribuintes da escola.

E nessa briga não foi diferente, assim que Andrew entrou na sala e viu a confusão gritou:

– Mcfly, você realmente quer que eu chame seu professor aqui? – o garoto mantinha um olhar severo para o brutamonte.

– Um dia eu esqueço quem é seu pai e te mando pra enfermaria moleque - disse ele largando o garoto e saindo da sala. Mas Todd nunca faria isso, pois ate mesmo um idiota como ele sabe que não se deve bater no filho do diretor da escola

Assim que o Valentão fora embora, as crianças que estavam aproveitando a briga se sentiram encabulados com isso e foram se sentar.

– Vamos, levanta daí.

– Não precisava ter me ajudado, eu conseguiria me livrar dele sozinho – mesmo sendo pequeno, o orgulho do garoto era enorme, e ele odiava ter que ser salvo pelo amigo.

– Olhe pra você, ainda esta com o olho roxo da semana passada. Quando você vai tomar jeito e contar pra alguém sobre isso?

– Deixa isso pra lá. Vamos logo nos sentar também. – ele realmente não gostava da idéia de precisar de alguém pra se defender.

Enquanto os garotos conversavam sobre trivialidades a sala se encheu com outros alunos e logo o professor chegou e deu inicio a aula.

No mesmo instante que esse momento tão corriqueiro na vida de Corin acontecia, adentrava a pequena vila onde o garoto morava, um homem que mudaria todo o seu futuro.

Todos na cidade estranharam uma pessoa que em pleno verão, usava um manto que lhe cobria todo o corpo. Mas mesmo estando curiosos, ninguém teve coragem de perguntar quem era ele ou o que ele queria, pois o homem levava em seu rosto uma expressão taciturna de quem não quer ser incomodado, e ninguém ali queria se meter com alguém assim.

Pouco depois de entrar no vilarejo, ele logo chegou á taverna, pois como eu disse, esse era um lugar realmente pequeno. Deixando seu cavalo solto, o que, pra qualquer um que entenda de cavalos, é uma atitude muito incomum, entrou no estabelecimento e sem olhar pros lados se dirigiu ao balcão e pediu:

– Quero uma taça de seu melhor vinho - o homem tinha uma voz grossa, porém muito baixa.

Até mesmo o dono da taverna, que era um minotauro com mais de 2 metros de altura, se sentiu intimidado pela estranha figura. Mas ele, mais do que ninguém, podia temer o sujeito, pois ate agora fora o único a ver os olhos brancos e sem vida que estampavam o rosto pálido do homem. Ainda com pavor do homem, o taberneiro serviu-lhe o vinho tinto mais caro que tinha.

– Mais alguma coisa Senhor?

– Gostaria de uma informação, e por essa, eu pago dez vezes o valor do vinho – Disse o homem depois de beber a taça em um só gole.

– Pois por esse preço eu lhe contaria os boatos mais sórdidos de cada habitante dessa cidade – Ele já tinha esquecido os olhos do homem, pois não há nada melhor pra um taberneiro do que ganhar ouro fácil

– Poupe-me de sua ganância repulsiva, a única coisa que quero saber é onde encontro um garoto chamado Corin.

– Acho que você se refere ao filho dos Tursleys, eles moram numa choupana velha depois do templo. – O taberneiro agora parecia novamente incomodado com o sujeito.

– Entendo, Acho que isso paga minha divida – e dizendo isso, o rapaz jogou uma moeda de ouro no balcão e saiu sem dizer mais nada.

O taberneiro não tinha levado a serio o fato da informação valer tanto, mas a moeda pagava, no mínimo, três barris daquele vinho

Depois dessa pequena conversa, o homem subiu novamente em seu cavalo e rumou em direção ao templo. Não precisou mais do que alguns minutos de cavalgada para ver a velha casinha dos Tursley, onde a mãe de Corin dava de comer as mirradas galinhas que ciscavam no quintal.

A velha senhora só percebeu o homem quando este desmontou seu cavalo e se dirigiu a ela. Antes que pudesse dizer qualquer coisa a ele, o estranho afastou sua capa do peito mostrando um brasão da Mui Nobre dos Protetores de Fendor. A mulher, sabendo que não se deve dirigir a palavra a um soldado real antes que o mesmo apresente-se, se manteve calada.

– Sou Argrim Dihalk, Chefe da guarda pessoal do Rei Prym III, e tenho assuntos para tratar com o seu filho Corin. – O homem continuava a manter a voz em tom quase inauditivo.

–Sin... Sinto muito senhor, meu filho esta na escola agora. Mas o que ele poderia ter em relação a realeza? Ele é só um garoto pobre como qualquer outro de um vilarejo sem importância ao reino. – A mulher transpassava o horror que toda mãe teria ao saber que seu filho esta sendo procurado por um soldado real.

– A senhora esta errada sobre duas coisas. Primeiro: todos os vilarejos são importantes para o reino, pois todos são terras de Fendor, não importa o quão pequeno sejam. Segundo: o seu filho não é um garoto qualquer, mas o resto desse assunto nós discutiremos quando ele chegar. Importasse se eu o esperar dentro de sua casa minha senhora?

– Claro que não. Por favor, entre, só não se sinta acanhado, pois como pode ver, nossa casa é simples e humilde, e não sei se será do seu agrado. – Ela ainda estava aprienssiva com a inesperada visita.

A velha colocou no chão a vasilha de ração e entrou na casa, sendo seguida por Argrim. Eles esperaram em total silêncio, o que foi realmente incomodo para a mulher, pois Corin demorou cerca de 3 horas para chegar.

Assim que o Garoto entrou em sua casa, antes que pudesse perguntar qualquer coisa sobre o parrudo homem sentado a mesa, sua mãe disse:

– Este Senhor esta aqui para vê-lo filho, seja educado com ele.

– Boa Tarde Sr. Corin, estou aqui para encaminhar-lhe ao destino que lhe fora negado a quatorze anos atrás, e para isso serei o mais direto possível.

Mas quem é vo... - Antes que o garoto pudesse terminar a frase, percebeu que o mais correto seria ouvir o homem dos terríveis olhos brancos, que o encarava continuamente.

– Como eu ia dizer antes de ser interrompido, você, como eu espero que saiba, não é filho biológico dos Tursley- dizendo isso, Argrin olhou para a mãe do garoto que balançou a cabeça confirmando o que ele acabara de dizer.

–Você é o fruto de um relacionamento do falecido Rei Prim III com uma camponesa de Hiler, uma vila vizinha a essa. Á treze anos um Feiticeiro vindo de Terras Alem Mar travou uma luta com o nosso rei, que durou exatamente três dias. Essa luta aconteceu no Castelo Real e teve como resultado o assasinato do Rei e a ascensão do Feiticeiro ao trono. Porem ninguém soube disso até hoje por que o Homem de alem mar enfeitiçou os súditos reais que souberam da batalha e manteve para si a aparência do Rei Prim III, e vem roubando a energia mágica de nossa terra, sem que ninguém saiba, para fortalecer os próprios poderes. – Argrin parou de falar, como se esperasse a interrupção que Corin faria.

– Isso é impossível, eu sei que fui abandonado na igreja quando ainda era um bebê, mas ninguém nunca soube quem são meus pais biológicos. Como você quer que eu acredite nessa historia maluca? – Corin parecia mais irritado do que surpreso.

– Corin meu filho, os guerreiros da Mui Nobre Ordem dos Protetores de Fendor não mentem nunca. – A velha parecia ter total aceitação por tudo que Argrim falara.

– Isso mesmo minha senhora, nós somos impossibilitados de mentir por um juramento mágico, mas isso não tem maior relevância. Como eu dizia, pouco antes do Rei Prim III falecer ele me contou sobre o filho que tivera fora do casamento e me fez jurar que levaria esse garoto ao trono quando completasse 14 anos.

– Mas isso seria impossível, eu não posso ser Rei. – O garoto ainda mantinha o ar de irritação com o homem.

– Você é descendente da Grande Rainha Lucia, o sangue da família Branford corre em suas veias, você é a pessoa mais apta de todo o reino para governar.

– E por que essa noticia só veio a mim agora?

– Por que é com 14 anos que o Dom da família Belford desperta, e eu posso provar isso pra você. – Dizendo isso, Argrim levantou-se da cadeira, sacou a enorme espada que levava nas costas e com um movimento rápido e certeiro golpeou a mãe de Corin.

A velha não tivera nem tempo de gritar, pois tudo aconteceu muito rápido. O garoto pulara entre os dois e parara a lamina com as mãos nuas, o sangue escorria em seus braços e pingava no chão da casa. Ele mantinha a cabeça baixa e os cabelos caiam pelo rosto, mas mesmo assim podiam ver o brilho azul que escapava pelos olhos do garoto.

– Nunca mais faça isso, NUNCA MAIS. – Corin falava com uma voz áspera e seria.

– Não teria como um verdadeiro Branford presenciar a morte de um inocente sem que tivesse o Dom revelado – Argrim estava com um sorriso no rosto, pois sabia que estava diante de um guerreiro tão temível quanto seu grande amigo Prim fora.

– Peço desculpas a senhora por toda a confusão. – E dizendo isso o homem guardou sua espada e começou a procurar algo em sua bolsa.

– Você é louco, saia já da minha casa já – o brilho azulado estava sumindo dos olhos de Corin e ele voltava a ter a voz infantil de sempre.

– Respeite esse homem filho, pois por mais estranho que isso pareça, ele é um bom sujeito que só quer o melhor para Fendor. – A mulher estava mais calma, pois agora o destino de seu filho parecia inevitável.

– Agradeço a confiança minha senhora. Venha aqui garoto, vamos cuidar dessas mãos machucadas. – O soldado tinha pego em sua mochila algumas ataduras e um tipo de pomada.

– E o que eu tenho que fazer agora? Partir em uma aventura contra esse tal feiticeiro? – Corin fazia caretas de dor enquanto o homem enfaixava suas mãos.

– Exatamente isso. Não temos tempo a perder, pegue suas coisas e partiremos em direção a Malpetrin, temos negócios a tratar lá.

– Mas eu preciso me despedir de meus amigos, do meu pai.

– Meu filho, suas responsabilidades agora são com Fendor, garanto que seu pai ficara feliz em saber quem você realmente é, mesmo que você não se despeça dele. Agora vá aprontar sua mochila.



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