No começo, ele só a entretia para ver se ela deixava de incomodá-lo com suas perguntas. Oreki não era de se vangloriar de suas habilidades – pelo contrário, achava isso um gasto de energia - , mas sabia de seu dom de investigação.

Depois, ele começou a usar um pouco de seu tempo para ela, mas só algo mísero e insignificante. Algo que fizessem aqueles olhos brilhar, aquele sorriso aumentar só um pouco e aquelas palavras soarem no final.

“Obrigada, Oreki!”

Um dia, porém, ele se pegou esforçando-se por aquela garota, querendo desvendar aquilo por ela e somente por ela. Algo tinha de estar errado com ele.

A culpa era justo a exceção de suas habilidades. De cabelos negros, sorriso largo e olhos brilhantes, a aluna de ouro Chitanda Eru.

De alguma forma, ele não conseguia entendê-la, bem como sua vontade enorme de se esforçar por ela. As ações daquela garota não faziam sentido, não fazia a mínima ideia de como podia ser tão curiosa.

Ela era a prova convicta e viva da simplicidade, e ao mesmo tempo o maior mistério de sua vida. O que a fazia feliz? Quais eram seus passatempos? O que a deixava triste? Zangada? Por que ele queria descobrir aquilo tudo?

Não era mesmo seu plano daquele ano, tentar desvendar as ações da garota curiosa. Mas ele se viu instigado a desvendá-la um pouco mais, a saber um pouco mais.

Talvez um pingo de cor em sua vida preta e branca não fosse tão ruim.

Ele convenceu-se mentalmente que este era o motivo dele não conseguir tirá-la da cabeça.