Until The End. escrita por Ale Brenny


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

A música que acompanha a one:
http://www.youtube.com/watch?v=xJA6rLHeChU
Agustín Amigó - My Heart Will Go On.



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 Nós vamos morrer, não vamos?  ela me perguntou triste. Não pude respondê-la.

As memórias agora de uma vida inteira juntos passaram por minha mente, o que me deu uma extrema vontade de chorar. Mas eu tinha que ser forte não só por mim, mas por nós dois.

Primeiro éramos crianças. Nunca fomos muito próximos. Mas toda e qualquer brincadeira alimentava aos poucos nosso amor. Como aquela vez em que Magali pensou que iríamos nos casar. Pode ter sido uma brincadeira, mas teve um fundo de verdade. Afinal, olhe para a minha vida hoje. Ao lado dela.

Depois crescemos e tivemos alguns momentos românticos. Ela chegou até a me pedir em namoro.  Eu recusei. Não porque não a amava. Mas porque fui tolo o suficiente para seguir uma filosofia de vida ao invés de deixá-la (vida) seguir seus passos e assim, só o futuro poderia dizer as escolhas certas que fiz.

Distanciamos-nos com o tempo. Até aproximadamente um mês atrás. Entrávamos aos poucos a bordo do cruzeiro que fazíamos separadamente para relaxar, mas que coincidentemente nos esbarramos. Isto é, era noite, e ela estava chorando como nunca perto de uma das pontas do navio apoiada com os braços naqueles suportes que fazem você parar se não cai na água. Enfim, como eu disse, ela estava apoiada. E eu calma e silenciosamente me aproximava dela. Ela ainda nem sequer sabia que estávamos compartilhando a viagem. Parei atrás dela.

Foi quando de repente, o apoio onde ela estava se quebrou e ela iria cair se não fosse eu tê-la segurado e girado pela cintura. Ambos caímos no chão por conta disso. Ela em cima de mim. Então exclamou:

“Do Contra! Você me salvou! Meu Deus, eu podia ter morrido, mas você me salvou”.

Ela estava praticamente gritando essa frase repetidamente aos sete mares. Estava muito ansiosa. E com toda razão.

Foi quando as batidas de seu coração começaram a desacelerar que ela aproximou seu rosto do meu. Ela revezou o olhar entre meus olhos e minha boca. E eu continuava sem reação, só por debaixo dela. Mas ela se afastou.

Levantou-se, recompôs-se e eu fiz o mesmo. Nem mais lembrávamos que ela passara por um momento entre a morte e a vida, a qual eu fui o responsável. Dei meu casaco para ela se cobrir, pois estava arrepiada de frio. Percebi que as lágrimas haviam secado em seu rosto. Mas seus cílios ainda estavam muito molhados. Foi quando ela esfregou os olhos e por um momento ficou com a mão sobre eles. Não sei se isso significava que ela queria esquecer o que havia acontecido, ou qualquer outra coisa. Sei que resolvi retirar-me dali.

“Do Contra!”  ela gritou quando tirou as mãos dos olhos. Mas resolveu não correr atrás de mim, já estava muito longe.

Mal dormi aquela noite. E se dormi, tive sonhos com a mesma ocasião que acabara de enfrentar. Meu peito parecia ter aberto um buraco.

E da janela, com as mãos entrelaçadas em cima do peito, vi o sol nascer. Mais algumas horas passaram, e pouco eu me vi mover. Resolvi tomar um banho, lavar minha alma. Saí do banheiro com uma toalha da cintura para baixo, meus cabelos bagunçados e uma toalha pendurada do ombro.

Bem nesse momento, Mônica adentra a meu quarto, como quem estivesse assustada. Olhou-me de baixo a cima e caminhou até mim com convicção. Parou muito próxima para olhar meus olhos.

E me beijou. Daqueles tipos de beijo de cinema, que parecem que no mundo só existem nós dois e nada mais. Uma de suas mãos estava na minha nuca, enquanto a outra estava no canto de meu rosto. Eu a puxei pela cintura para mais perto de mim e com a outra mão também coloquei em sua nuca. Parecíamos estar girando.

Mas paramos, afinal, nenhum beijo é infinito. Nossos olhares estavam entrelaçados. Seu rosto enrubesceu.

“Me desculpa, você está de toalha”.

Eu ri. E ela mostrou seu lindo sorriso. O que me fez ficar ainda mais feliz.

Durante anos eu fui apaixonado por ela. Certos anos até escondi meus sentimentos. Mas nunca deixei de amá-la.

Os dias dentro do navio passavam rapidamente. Ainda mais quando estávamos juntos, de mãos dadas ou trocando afetos.

Até que numa noite nos desentendemos sobre qual roupa eu deveria usar para o baile do navio. Éramos tão birrentos. Tão compatíveis e ao mesmo tempo incompatíveis.

Decidi que eu usaria a roupa que quisesse. E fomos ao baile separados. Ela chegou até a conversar com outros homens. Mas cansou-se e foi ao bar. Fui atrás dela.

“Cansou de saber que nenhum homem aqui jamais chegará aos meus pés?”. Brinquei.

E aí veio o iceberg. O navio todo tremeu. As luzes piscaram, mas logo estavam normais. Mas eu a segurei pela cintura. Sabia que alguma coisa errada estava por vir.

E então avisaram pelos alto falantes o choque. As pessoas começaram a correr desesperadas, umas atropelando as outras. Eu olhei para Mônica ainda segurando-a em meus braços e falei:

“Da próxima vez, vista-me você! Eu te amo, sempre te amei e se alguma coisa acontecer com você, eu nunca vou me perdoar por essa briga ridícula que tivemos”.

Ela começou a chorar.

“Eu não queria que você se vestisse desse jeito porque eu estava com ciúmes. Eu não aguentaria olhar as outras mulheres te fitando toda a noite como ficaram”.

“Como você é boba Mô. Eu só tenho olhos para você e meu coração certamente é só seu.”

Beijei-a, como se fosse o último momento de nossas vidas.

Percebemos que o salão já estava vazio e corremos de mãos dadas até o deque. Não tinha mais ninguém, nenhum bote. Haviam nos esquecido. E o navio já começara a inclinar-se.

 Nós vamos morrer, não vamos?

 Não, não vamos.  abracei-a e comecei a gritar.

Um dos botes nos deu sinal de luz, estava um pouco distante, mas percebi que estava voltando. “Amém”, pensei.

Beijamos-nos. Agora o futuro era nosso. Nossas vidas compartilhadas formando uma só. Isso porque estávamos vivos!


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews se lerem, se não lerem (como isso?), se gostarem ou não!
Beijosss