Depois daquilo, daquela conversa, não sabia o que ia fazer. Então esperei Emilly decidir o que faríamos. Se íamos permanecer na sala ou não. Ela por sua vez resolveu ficar. Fiquei ao seu lado. E durante todo o tempo ela permaneceu em silêncio. Até o final da aula.

Enquanto eu arrumava meu material para ir embora, ela pergunta o que eu vou fazer, à noite.

▬ Paulo, o que vai fazer hoje à noite?

▬ Bom. Ficar em casa como sempre.

▬ Vamos ao cinema? Tenho um ingresso sobrando, eu vou com um amigo. Vamos assistir Resident Evil 5. ▬ Disse ela toda empolgada.

▬ Não sei. Eu amo Resident Evil. Mas minha mãe, tudo o que eu faço tenho que dar satisfação.

▬ Vamos, eu te pego na sua casa. Minha mãe fala com a sua!

▬ Ah quer saber, eu vou ligar pra ela, e vou dizer que ficarei para o treino. E vou pro cinema com você. Mas que horas é esse filme? Ele vai demorar ?

▬ Ebaaa! - Ela deu um grito, uns pulos e ficou mais alegre. Abriu um sorriso enorme. ▬ O filme começa às 19:00h , ele vai até umas 21:00h . Ainda é 18:15 h , quer ir pra minha casa então? De lá vamos para o cinema.

▬ Hmm. Tá bem então. Vou ligar para minha mãe e avisá-la que ficarei para treinar.

▬ Ok.

Enquanto Emilly liga para sua mãe nos buscar do colégio para sua casa, eu pego meu celular no bolso da minha calça e ligo para minha mãe. Estou nervoso, apesar de eu mentir pra escapar às vezes, uma nova mentira nunca tira o peso que está nas suas costas das anteriores. Só acumula.

▬ Alô? ▬ Disse minha mãe.

▬ Oi mãe.. É.. Eu vou ficar pro treino, que acaba 21:00 h , tá?

▬ Já vai começar com bola?! Você tira meu sono desse jeito! Bola nenhuma dá futuro. Toda vez que você inventa isso, deixa os estudos de lado! ▬ Disse ela, em tom de raiva.

▬ Poxa mãe, eu nunca saio de casa, vivo trancando, quando quero treinar a senhora fica frescando! Eu volto às 21:00 h! ▬ Disse começando a me irritar, mas não forçando a barra.

▬ Que nada! Tu és cheio de frescura isso sim! Se demorar já sabe!

▬ Tá mãe, tá! Tchau!

Encerrei a ligação. E notei que Emilly, tinha escutado a conversa, e abriu um sorriso de canto, de lado. Não me questionou, nem nada. Apenas me olhou como se estivesse dizendo: " Tá tudo bem. Eu sei como é. Não liga pra isso. ". Dei um sorriso meio que forçado, para demonstrar que não me importava com o que minha mãe havia dito.

Enquanto a mãe de Emilly, parava o carro na nossa frente, esperei um pouco enquanto ela explicava para Valéria, sua mãe, que íamos ao cinema,e tudo mais. Sorri para Valéria, ela retribuiu, E logo entramos no carro, em direção à casa de Emilly.