▬ Muito obrigado pela carona dona Valéria! ▬ Disse e me despedindo dela.

▬ Até amanhã Rodrigo. ▬ Sorri para ele.

▬ Até amanhã Paulo, boa noite.

▬ Boa noite. ▬ Disse baixinho, enquanto o carro já estava na esquina de minha casa.

Minha mãe abriu a porta. Já estava receioso. Mas enfim.

▬ Isso é hora? Quase 23:00 h ! Tu não teins juízo na cabeça mesmo né? ▬ Minha mãe tem um problema que ela aumenta as horas, porque sinceramente... Se eu chego em casa às 19:00 h por exemplo, para ela é como se fosse 00:00h. Odeio quando ela faz isso.

▬ Desculpa mãe.Vou evitar de demorar da próxima vez.

▬ Desculpa não adianta! Tem é que criar vergonha na cara e começar a estudar. No meu tempo não tinha amigo. Meu único amigo era meu pai e minha mãe.

▬ Por favor não começa! A senhora tem que entender que seu tempo já passou. Tenho amigos. Eles são sinceros, sabem me escutar, me entendem. Me dão o que eu preciso.

▬ Como é ? Estás me respondendo? ▬ Ela deu um tapa em meu rosto. Fiquei surpreso. A raiva parecia ferver meu sangue. Estava sentindo ódio dela. Comecei a lacrimejar, e fui para meu quarto. Tranquei a porta, e me joguei na cama. Chorei enquanto olhava através da janela. Vadia!

Dormi o resto da noite. E nos meus sonhos, eu podia ver toda a noite que eu tinha passado com Emy e Rodrigo. Via Rodrigo em grande parte deles. Podia senti-lo junto à mim.

▬ Oi! ▬ Disse uma voz não tão estranha para mim, enquanto eu estava "dopado" de sono.

▬ Quem é? ▬ Eu disse, abrindo meus olhos. Notei que ainda tinha lágrimas em meu rosto. Quando consigo visualizar o dono da voz, levo um susto. É Rodrigo.

▬ Meu Deus! O que você está fazendo aqui?! E a essa hora?! É quase 02:00h da manhã! Como entrou?!

▬ Calma. ▬ ele riu. ▬ Eu tive uma discussão em casa com a minha mãe, acabei me irritando e peguei um ônibus e aqui estou. Entrei pela janela do seu quarto. Ela estava aberta. Desculpe pela invasão. Mas não sabia o que fazer. ▬ Sua voz mudou. Sua expressão facial também. Ele estava triste.

▬ Não que isso. Tudo bem. ▬ Me sentei na cama, e ele sentou na minha frente. ▬ Eu também tive uma discussão com minha mãe que resultou em um tapa no meu rosto.

▬ Deixe-me ver. ▬ Ele pegou cuidadosamente com as duas mãos em meu rosto e virou contra luz, viu que meu lado direito estava vermelho.▬ Nossa! Que horrível o que ela fez. Está vermelho.

▬ Eu sei. ▬ Olhei novamente pela janela. ▬ Tá tudo bem.

▬ Não. Não está! ▬ Ele me abraçou por um longo tempo. Senti seu coração ao meu, batendo. E quando nos soltamos, seu rosto tocou no meu. Nos fitamos. E ele me deu um beijo. Eu estava sem reação. Estava de olhos abertos. Não sabia o que fazer. Apenas senti o momento. Deixei meus sentimentos falarem por mim. O beijei, intensamente. Seus lábios eram tão macios, que eu me perdia neles. Ele parou, olhou para mim e sorriu.