All Apologies. escrita por Catarina_Rocks


Capítulo 3
Capítulo 2: Lar, doce lar!


Notas iniciais do capítulo

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Capítulo 2: Lar, doce lar!

BPOV.


Alguém disse uma vez que quando nós pensamos de jeito positivo, a força desse pensamento faz com que as coisas aconteçam.  Quando você pensa de jeito negativo, o universo pega o não e o transforma em sim, fazendo com que quanto mais você não queira algo, mais rápido isso vai acontecer e com mais intensidade. Claro que se aquilo realmente fosse verdade á essa altura eu já teria ganhado um bilhão de dólares, minha alergia a lactose já teria desaparecido e eu provavelmente estaria morta, já que sempre que eu acordo de manhã, penso em como eu não estou afim de morrer naquele dia. Claro, algumas pessoas dizem que a diferença entre os desejos realizados ou não, é no tamanho da sua crença por algo.

Se eu fosse uma pessoa esperançosa ou um pouco mais crente nas coisas, eu desejaria que nesse momento, todas as pessoas que eu conheço se esquecessem de tudo que aconteceu nos últimos sete anos para que elas me recebessem de um jeito normal. Quando chegamos aqui, na casa dos Cullen, eu já tinha o conhecimento de que não seria fácil reencontrar todos eles após tantos anos. Mas eu não podia imaginar que eu iria me encontrar nesse estado de nervosismo tão ridiculamente alto. Eu tinha em mente mil cenários da minha volta, mas nenhum deles era carinhoso.

Eu ainda me mantinha em choque ao olhar de boca aberta aquela mansão a minha frente. Era óbvio que quando eu saí de Forks, a casa deles já estava bem maior e mais sofisticada do que quando eu era criança, mas a casa que eu via hoje era ridiculamente absurda de tão gigante. Eu tentava imaginar quantas promoções ou quantas vitórias na loteria Carlisle deve ter tido para poder ter uma casa desse porte.

Claro, Carlisle havia comentado comigo sobre sua demissão do ER de Forks e que ele havia decidido montar sua própria clínica especializada, para ajudar quem não tinha condições de procurar um médico melhor em Port. Angeles ou Seattle. Só que em nenhuma de suas cartas ou seus telefonemas para checar se estava tudo bem comigo, ele havia comentado que estava assim tão bem de vida por conta disso.

Seth, ao meu lado, sugeriu que antes de mais nada entrássemos pelos fundos para que eu pudesse surpreender Sue entrando escondida em sua cozinha. Eu concordei, pois Sue seria uma das recepções mais calorosas que eu imaginei que receberia e o reencontro menos... desconfortável e complicado.   

Contornando aquela casa magnífica, Seth me mostrou o belo jardim/solário que Esme havia montado no quintal. Eu sorri ao imaginar Esme acordando todos os dias para cuidar de suas tão amadas plantas. Eu me lembrava de quando ela chamava a mim e Edward para ajudá-la, no até então pequeno jardim e nós acabávamos sempre em uma guerra de água que destruía todo o amado roseiral dela. Ela adorava aquelas rosas, pois ela as plantou em homenagem á todos nós – mas de algum modo, elas nunca duravam mais que uma semana depois de abrocharem, pois nós sempre acabávamos esbarrando nelas, ou, “acidentalmente”, pondo fogo. 

Seth também me mostrou uma pequena edícula que se concentrava atravessando o imenso jardim, que agora era onde ele morava. Seu sorriso de orgulho por ser um cara que, parcialmente, morava sozinho e não tinha mais que ficar partilhando uma parede com a barulhenta da Reneesme, era encantador. Ele também disse que no Natal passado Edward havia comprado para ele uma moto. Era uma Harley Sprint da qual fez com que ele quase beijasse Edward na boca quando ganhou, porém era, nas palavras dele, perigosas demais para uma velha rabugenta Quileute como a chata da dona Sue e que ele não poderia andar nela até completar vinte e um anos.

Eu sorri me sentindo cada vez mais em casa, e quando eu entrei pela porta da cozinha e vi Sue de costas para mim, cozinhando algo em frente ao fogão, eu quase entrei em prantos de emoção.

Sue trabalhava como empregada/babá/cozinheira/amiga/conselheira nos Cullen desde que eu tinha dez anos. Ela veio morar na casa junto com seus dois filhos Leah e Seth. Leah tinha nossa idade, mas ela sempre odiou qualquer um de nós e Seth era um bebê ainda recém-nascido. Sue sempre foi como uma segunda mãe para todos nós e salvação para Esme e minha mãe. Quando Esme engravidou de Reneesme, cuidar de seis crianças como nós, se tornou um pouco mais difícil e Sue apareceu como um bote salva vidas para todos.

De todos, ela sempre foi uma das que mais me entendeu em minha partida. Eu pude contar com o apoio dela e de Carlisle em qualquer decisão que eu tomasse, pois eles estariam sempre comigo. Era somente uma pena que o resto da minha família não pensasse daquele jeito.

Meu objetivo e o de Seth era surpreendê-la, porém, Masen tinha outros planos e grunhindo alto como nunca anunciou nossa chegada, fazendo uma Sue completamente assustada nos olhar pasma.

“Oi” Acenei em murmúrio e ela arregalou seus grandes olhos pretos pra mim.

“Pequena Bee?! É você mesmo?!” Ela perguntou em tom surpreso.

Dei de ombros e deixei a malinha onde Masen se encontrava no chão, correndo em direção a ela. Eu não consegui conter a lágrimas que preencheram meus olhos e num impulso a abracei tão forte quanto pude.

“Senti tanto sua falta” Sussurrei com a voz trêmula e o rosto colado a seu cabelo.

Senti ela me afastar de leve e me olhar com os olhos marejados. Eu podia sentir o amor sendo transmitido por ela e um aconchego de bem-vinda ao lar. Fazia muito tempo que ninguém me olhava daquele jeito. Como uma mãe adorando um filho.

“Uau!” Ela sussurrou pra ela mesma, passando os dedos pelo contorno do meu rosto. “Você está tão... tão linda. Está tão mulher. Mas eu ainda vejo minha pequenina Bella.” Sorriu docemente me fazendo lhe dar outro abraço apertado. “Eu jurava que você não vinha.” Ela continuou. “Alice vai ter um treco!” Exclamou e eu ri um pouco desconcertada.

Alice iria é me matar, isso sim! – pensei.

Depois de alguns segundos sentindo o abraço mais gostoso da terra – em minha opinião – Sue se afastou e correu em direção a porta de acesso ao Hall.

“PESSOAL! DESCE QUE EU TENHO UMA COISA ÓTIMA AQUI EM BAIXO!” Ela gritou tão alto que eu e Seth tivemos que tapar os ouvidos em desconforto.

E foi nisso que Seth se aproximou e me deu duas batidinhas no ombro. “Se prepara.” Ele disse com um sorrido prestativo.

E claro, eu senti meu coração batendo mais forte que asas de um colibri ao perceber que seria a hora de rever todo mundo.

“SUE, SE NÃO FOR A TORTA DE PÊSSEGO COM SORVETE QUE VOCÊ ME PROMETEU, É BOM VOCÊ ESTAR PREPARADA PARA A MINHA FÚRIA!” Uma voz desconhecida respondeu e Seth ao meu lado bufou.

“Tinha que ser o monstrinho.” Ele disse e eu bati meus olhos imediatamente nos dele.

“É ela?!” Perguntei desacreditada pelo tom de voz diferente que eu ouvi.

“Infelizmente.” Ele rolou os olhos.

Então eu ouvi passos descendo a escada e um vulto rápido atravessar pela porta, falando algo.

“É sério, você não sabe as crises que eu tenho passado – quer dizer, você sabe e por isso eu preciso da torta. Não é muito legal passar por um momento como esse sem a sua sobremesa favorita. Eu poderia morrer de um colapso nervoso, você sabe. Eu sei muito bem que você...” Ela entrou tagarelando, e olhando para Sue, sem nos notar.

Ela estava linda, lógico, como qualquer outro Cullen, mas mesmo assim eu fiquei surpresa. Ela tinha os cabelos dourados na cor dos de Edward e eles eram todos cacheados e longos. Os olhos dela eram da cor dos de Esme, castanhos, e seu corpo era de uma mulher já completamente formada. Seu rosto era todo delicado e eu me perguntei se finalmente Esme havia se superado na produção de filhos encantadoramente belos.

“Garota, cala a boca!” Seth resmungou e ela finalmente olhou na direção onde estávamos.

Ela arqueou uma sobrancelha e me analisou dos pés a cabeça e eu quase pude ouvir o estalo em sua cabeça, quando logo em seguida, ela gritou:

“BELLUDA?!” Correu em minha direção com os braços abertos.

Eu soltei uma longa gargalhada a abraçando. “E aí, monstrinha?” Eu murmurei o apelido que eu e Emmett havíamos dado a ela.

“EU SIMPLESMENTE NÃO ACREDITO!” Ela gritou mais uma vez. “SÉRIO, ALGUÉM ME BELISCA QUE EU ESTOU SONHANDO!” E então riu. Bem alto.

“Que horror! Que gritaria é essa aqui dentro?!” Uma voz resmungando surgiu. E eu não precisei de mais pra saber quem era.

Assim que ele chegou até a cozinha, eu o olhei fechada no abraço de Reneesme.

“Não!” Sorriu desacreditado. “Não!” Repetiu. “Sério? É você mesmo ou estou tendo só uma miragem?”

“Sou eu, Jazz.” Sorri sem graça e Reneesme me soltou, para Jasper ficar finalmente de frente pra mim.

E ele me abraçou. E eu fiquei pensando quantos mais daqueles eu receberia. Pois até ali, não tinha muitas dificuldades de reencontro. Mas com a minha sorte, o pior obviamente viria no final.

“Eu senti sua falta, Bee.” Ele sussurrou com fervor e eu o apertei mais forte.

Jasper era meu melhor amigo. Eu sempre pude contar com ele e sua calma, em cada problema que eu tinha. Toda vez que eu brigava, ou com Edward ou Alice e até mesmo Emmett, ele me dava uma força e me ajudava a resolver tudo. Nós tínhamos Jasper como o ponto de equilíbrio entre nós e revê-lo, era incrivelmente bom.

Ele estava, claramente, diferente. Seus cabelos estavam tingidos de castanhos, o que eu estranhei, pois sempre me recordaria de Jasper com seus cabelos incrivelmente louros.  O rosto estava muito mais másculo e havia um brilho em seus olhos, que eu pude identificar como já sendo o brilho paterno.

“Eu também senti sua falta. Eu nem acredito que você vai ser pai!” Exclamei.

“É...” Ele disse enquanto se afastava. “Eu também não acreditava até um mês atrás. Na verdade, eu estava apavorado com a idéia.”

“Ele até chorou.” Nessie provocou com um sorriso zombeteiro.

“Ele começou a brincar com as bonecas da Nessie pra aprender a cuidar de um bebê.” Seth entrou na brincadeira.

Jasper rolou seus olhos. “Quando você e a Nessie tiverem seus filhos, vão passar por coisa pior.”

“Vocês estão juntos?!” Perguntei curiosa e animada, batendo meus olhos nos dois, que estavam lado a lado.

“Eca!” Nessie fez cara de nojo, enquanto Seth balançava a cabeça em negação constante. “Claro que não, Bella. Eu tenho bom gosto.”

“Ah, garota, se enxerga. Eu sou um pedaço de mau caminho e você morreria por um gato como eu.” Seth brincou e todos nós, exceto Nessie, rimos.

“Então...” Eu incitei após um tempo. “Cadê o pessoal?”

“Bom, a Noivazila e as garotas foram fazer compras. Emmett saiu com Carlisle e Edward para uma partida de futebol e nós, bem... nós estamos aqui.” Jasper me respondeu sorrindo.

E naquele instante eu senti meu estômago revirar só de ouvir o nome dele. O clima instantaneamente se quebrou e eu pude perceber como todos se sentiram estranhos. Claro que eu, Edward e sua noiva seriamos o elefante branco na sala em relação á aquele casamento e eu tinha quase certeza que aquele seria um assunto que quase ninguém tocaria em sã consciência.

Porém, eu não esperava um pequeno fator X.

“E aí Bella,  quando você vai fazer ele desistir de casar com a mosca morta?” Nessie perguntou em tom casual.

“Menina!” Sue reprovou e eu corei abaixando o rosto. “Isso lá é coisa que se diga?”

“O que, que tem?! Todo mundo aqui pensou isso que eu sei!”Nessie relutou batendo o pé.

“Garota, deixa de ser sem noção.” Seth se manifestou. “Você não vê que ninguém quer tocar nesse assunto?! Você vai deixar a Bella mal.”

Eu continuei com a cabeça abaixada, enquanto Sue, Nessie e Seth entravam numa acalorada discução, mas eu podia sentir o olhar de Jasper queimando em mim. Ele não ia deixar aquilo passar.

“Chega!” Sue declarou depois de um tempo. “A minha menina acabou de chegar e vocês já estão enchendo a cabeça dela com essas coisas. Vem Bells,” Ela me olhou me puxando pela mão. “você deve estar cansada e precisa descansar.”

Eu assenti com um meio sorriso e Masen ao meu lado grunhiu lembrando-me sua presença.

“Hey, amorzinho,” Sussurrei abaixando até ele. “eu esqueci você aí dentro, desculpa.” E abri sua gaiolinha.

“Masen!” Reneesme exclamou assim que o viu e logo o pegou no colo, cambaleando no processo. “Uou! Ele tá pesado.” Ela sorriu.

“Bom, já faz tempo desde a última vez, é normal você notar a diferença.” Eu disse docemente.

“Eu só espero que ele não estrague a minha cozinha.” Sue suspirou e nós rimos. “Não, vocês não riam de mim meninos, eu ainda não me recuperei desde a última vez que esse peste de porco estragou toda a casa e eu tive que limpar.” 

“Não é peste, Sue.” Defendi com um bico. “É meu bebê.”

Ela balançou a cabeça em negação sussurrando algo como ‘porcos sendo bichinhos de estimação, coisa de doido’ e pôs uma mão em meus ombros.

“Vem, vamos te levar pro seu quarto. Nessie, leva o porco no colo pra ele não sujar a casa e Seth, traz as malas dela. “ E me levou até a porta da cozinha, com todos em nosso encalço.

“Jazz...” Eu chamei pelo ombro e ele sorriu. “Você pode conversar comigo?” E ele assentiu nos seguindo.

Todos nós subimos em direção ao longo corredor do segundo andar dos Cullen. Havia uma outra escada que segundo Nessie, daria para o terceiro andar, que era onde Esme e Carlisle dormiam. Eu não pude deixar minha boca não cair ao perceber que a casa era maior ainda por dentro.

Eles me guiaram até a última porta do corredor, o que eu pré-julguei ser o quarto de hóspedes. Porém, assim que eu pus meus pés dentro daquele cômodo, meu coração falhou uma batida.

Era o meu quarto. Não exatamente o meu quarto, mas todas as minhas coisas antigas estavam lá. Eu podia ver a cama do mercado de pulgas que meu pai havia comprado para mim. Nela, ainda havia a mesma roupa de cama roxa e florida na qual eu dormi durante toda a minha adolescência. A estante, meus livros, meu velho e jurássico computador, minha escrivaninha, minha poltrona. Tudo. Estava tudo lá e parecia como um pequeno relógio do tempo.  Por um momento, eu achei que estava na casa dos meus pais, no meu velho quarto.

“Esme fez questão de trazer tudo pra cá. A casa de vocês ainda está lá, mas o seu quarto e o do Emmett estão ‘remontados’ aqui.” Sue comentou atrás de mim, enquanto eu observava tudo atentamente.

Balançando minha cabeça desacreditada, entrei e olhei em minha estante uma foto da época da formatura. Nós seis estávamos lá. Edward ao meu lado, sorrindo para mim; Eu e Rosalie dando um beijo em cada bochecha de Emm, e ele tinha Alice em seus braços enquanto Jasper nos olhava rindo. Parecia a imagem de um pequeno conto de fadas.

“Está tudo exatamente igual. Eu nem acredito.” Sussurrei baixinho.

Sue sorriu para mim. “Nós gostamos de saber que esse quarto está aqui. É como se você nunca tivesse saído daqui...”

“Eu me sinto tão... Nossa! Isso é... muito, muito bom.” Eu comentei desnorteada com aquele ato.

Eu nunca imaginaria que depois de todos esses anos, depois de eu ser uma completa imbecil com todos eles, eles ainda insistissem em me manter próxima. Eu acho que me senti completamente idiota... Era horrível sentir que eu fui tão negligente com essas pessoas. As melhores pessoas do mundo inteiro. Eu era ridícula.

“Agora, nós vamos deixar você descansar um pouco... Você parece tão cansada...” Sue comentou, se aproximando de mim e passando seus dedos pelos círculos que provavelmente rodeavam meus olhos.

Sorri apologética e observei todos, com exceção de Jasper, saindo do quarto com promessas de próximas longas conversas comigo.

A porta havia sido fechada, o silêncio no quarto era inquietante e o olhar do meu melhor amigo era quase preocupante.

Certo, a primeira explicação dentre muitas que ainda terei que dar.

Mordi meus lábios nervosa e fiz um aceno com a cabeça para que Jasper se sentasse na cama comigo.

Eu tomava coragem para começar a falar, mas Jasper parecia concentrado em algo em meu rosto. Ele olhou no fundo dos meus olhos e começou a rir.

É isso aí, ele fodidamente começou a rir. Não, ele gargalhou.

“O quê?” Perguntei franzindo o cenho. Ele apenas balançou a cabeça. “Sério, o que foi Jasper?”

“Isso é apenas muito estranho.” Ele murmurou entre risadas.

“O que é estranho?” Perguntei confusa.

“Isso...” Ele apontou os dois braços em minha direção. “Você. Aqui. De novo. Eu... Eu não consegui associar isso bem ainda.”

 “Eu sei...” Eu disse apenas, ficando em silêncio e mordendo o lábio com força.

Jasper me olhou ainda mais desacreditado.

“Eu vou te bater.” Eu disse olhando-o estressada.

“Não.” Ele balançou a cabeça. Eu estava ficando preocupada com o fato de todo mundo ficar me encarando como se eu fosse uma aparição no deserto. “É só... Desculpe, Bella... É que é você... Sabe, você aqui na minha frente mordendo o lábio e tudo mais... É muito surreal.”

“Eu entendo, Jasper.” Suspirei tentando tomar coragem. “Eu sumi por anos e agora, de repente, eu resolvo voltar assim... Eu sei que ninguém esperava por mim e sei que vai ser difícil, mas... eu voltei pra tentar fazer a coisa certa de uma vez por todas.”

“Então o que a Nessie disse é verdade? Você veio pelo Edward?” Jasper perguntou com os olhos curiosos.

“Não. Mas é claro que não!” Respondi de pronto. “Eu nunca faria algo assim. Eu estou feliz por ele, sério.” Sorri fraco. “Claro, eu acho estranho ele se casar e tudo mais, mas... Edward é tudo pra mim. Eu nunca brincaria com a felicidade dele assim. Eu gostei de saber que ele seguiu em frente e que ele pôde ser feliz sem mim.” Eu disse sentindo o peso de minhas palavras.

De uma forma estranha, aquilo era a mais pura verdade. Eu sentia um alívio por saber que o amor da minha vida podia ser feliz finalmente. Eu sentia que ele teria tudo o que merecesse, independente do que acontecesse comigo – o que, da minha parte, era duro de conseguir. Era bom saber que ao menos ele conseguia seguir em frente. Mas aquilo não deixava de tornar a situação menos dolorosa ou incômoda.  Eu ainda sentia o peito doer ao ouvir seu nome; eu ainda não queria enfrentar a dura realidade de que havia alguém melhor que eu pra ele. Só que Jasper não precisava saber daquilo.

“Desculpe... Eu sei que você não é assim.” Ele balançou a cabeça. “ É só... muita gente vai achar isso, sabe. Principalmente a Izzy.”

“A noiva dele?” Ele assentiu. “Eu não me importo mesmo, Jasper. Eu vim pelo Emm e pela Rose. Pela promessa que fizemos de sermos damas de honras uma das outras. Pelo fato de eu ter quebrado isso quando você se casou.” Eu o olhei na defensiva.

Jasper me olhou suspirando.

“Me desculpe. Sabe, por não ter vindo no casamento, eu...”

“Você tinha seus motivos.” Ele me interrompeu. “Eu entendo. Digo, não o seu motivo, mas entendo que você deve ter achado difícil.  O único problema é você explicar isso á Alice. Ela parece estar ainda mais chateada agora que pro casamento da Rose você voltou.”

“Eu percebi pelo recado na minha secretária.” Eu sorri apologética. Jasper me olhou com os olhos tristes, mas tanto ele quanto eu sabíamos que Alice não tinha mais que a razão.

“Mas, me conta Bella.” Jasper começou depois do minuto de tensão. “Como você tem andado, o que você tem feito? Você me parece um pedaço de mulher bem mais linda agora, não que antes não fosse.”

“Obrigada.” Respondi corando. “Mas eu meio que não tenho feito nada de muito especial. Escrevo uma coluna de contos num jornal online de Chicago. Acho que duas pessoas lêem.”

“Mas você está fazendo o que gosta.” Meu amigo consolou. “Eu tenho certeza que o que você escreve é algo digno de Jane Austin ou Nietzsche.”

Bufei alto. “Quem me dera. Acho que eu não sirvo nem pra escrever recadinhos do biscoito da sorte.”

“E a Bella insegura continua com toda a força.” Ele sorriu brincando.

E nós seguimos conversando por algum tempo.

Era diferente.

Éramos adultos agora e as conversas estavam bem mais sérias do que há sete anos eram. Ele me contou sobre seu medo irracional da paternidade e como ele sentia que estragaria tudo  a qualquer segundo. Eu sorri, pois aquele sempre seria Jasper. Ele sempre tinha tendências a pirar por achar que a responsabilidade estava bem maior que os seus ombros seriam capazes de carregar.

Nós já havíamos tido uma conversa parecida quando ele começou seu relacionamento com Alice. Ele achava que não era o tipo de cara que já começava a namorar uma garota que o conhecia tão bem quanto Alice; algo sobre começar a namorar logo no quinto encontro e o quão sério isso parecia ser.

Eu geralmente não era muito boa em conselhos, mas eu sabia como partilhar a desgraça dele e tomar como minha. E mesmo que não fosse de muita ajuda, eu sabia que Jasper se sentia bem com aquilo. Como quando Irina havia morrido e eu fiquei cinco dias trancada no quarto com Rosalie e ele, apenas sentindo a depressão da perda de uma mãe.

De algum modo, eu me senti como se estivesse lá – como se nós estivéssemos novamente juntos em um barco naufragado. Pois Jasper sabia o que eu tinha pela frente e se comovia de forma solidária por toda a história mal resolvida de anos que agora eu teria que consertar.

E então eu não percebi quando Jasper se sentou ao meu lado na cama e nós acabamos entrando em um cochilo pesado e repentino.

Senti-me acordando, encostada no ombro de Jasper, no que percebi muito tempo depois de ter chego. Eu ainda não havia aberto meus olhos quando ouvi vozes sussurrantes ecoando pelo quarto.

“Ela está tão pálida... Acho que não tem se alimentado bem em Chicago.” Eu ouvi uma voz familiar lamentar em um suspiro. Presumi ser Esme.

“Ai, Esme, pára com isso... “ Uma voz feminina soltou uma risadinha. “Ela está linda, você não vê? Mais linda que nunca. Olhe esse par de seios... Com certeza ela não coloca mais meias no sutiã.“ Definitivamente, Rosalie.

“Eu sei disso.” Esme respondeu. “Mas com certeza ela não tem cuidado bem da saúde. Eu conheço a Bella, deve se entupir de besteira ao invés de comer comida de verdade. Quando ela acordar vou fazer um jantar bem caprichado com ajuda da Sue. Minha menina parece que está até anêmica.”

Sorri fracamente sem que elas percebessem. Esme sempre seria a mamãe urso que eu conhecia. Eu ainda estava incerta sobre abrir ou não meus olhos, mas fora a terceira voz no quarto que me fez decidir fingir que ainda estava dormindo.

“Vocês estão alegres demais...” Alice sussurrou emburrada. “Ela tem que explicar muita coisa ainda pra gente. Ninguém tá ligando pra isso... Eu não quero nem pensar como vai ser quando o Edward chegar.”

“Alice,” Esme começou com voz de repreenda. “isso é uma coisa que cabe apenas aos dois pra decidir. E eu fico extremamente feliz quando a minha afilhada volta pra casa e eu a encontro dormindo, linda desse jeito do lado do meu genro, como se estivéssemos voltando no tempo.”

“Ok, mãe. Isso é muito bonito e blá, blá, blá. Ela voltou e todo mundo tá feliz, mas... o que nós falamos pra Izzy lá embaixo? Porquê obviamente ela vai querer saber como a Bella é tão importante pra gente, se ela nunca nem ouviu sequer o nome dela.” Alice resmungou, me fazendo arquear silenciosamente.  

“Bom, Allie, isso é coisa do Edward.” Rosalie retrucou brava. “Foi ele quem quis esconder quem era a Bella e fingir que ela não passava da irmã sumida do Emm. Ela é minha irmã e eu não vou fingir que ela não é uma parte importante da família, só porque alguns de nós estão com mágoas mal resolvidas.”

“Você fala como se fosse minha culpa.” Alice retrucou.

Com as informações que ouvi em alguns segundos, não consegui reprimir a vontade dos meus olhos de se abrirem e de me mover desconfortavelmente.

Quando eu finalmente abri meus olhos, as três mulheres na soleira da porta me encararam surpresa, mas minha mente ainda estava presa na discussão de outrora.

Edward fingia que não me conhecia para sua noiva. E aquilo doeu pra caramba.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Comentem! Pois incentivo é batata pra alguém postar mais rápido e me dêem uma luz se está boa ou não, porquê sei lá, as vezes eu penso que é uma droga e dá uma vontadezinha de desistir. Então se você gosta ou odeia, não custa dizer porque é sempre bom alguém pra dar a opinião. HUSHASUSA.
ROBEIJOS E KRISSES!



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