Dupla de Três escrita por MrsDaddario
Eu abaixo a zarabatana, disfarçando-a ao lado da perna, e nós entramos no internato. Há um grande portão de vidro que dá numa mini-sala onde fica o porteiro, e na frente há outra porta, essa sim que leva ao hall do prédio central do internato. Esse prédio é basicamente administração. Aqui ficam a sala dos professores, a diretoria, a secretaria, a tesouraria etc.
Quando passamos pela porta, eu faço sinal para Tom e Dustin pararem de andar. Entro rapidamente, atiro um dardo no porteiro antes mesmo que ele tenha tempo de gritar, e chamo os gêmeos para vir.
– Quanto menos de nós ele vir, menos ele reconhecerá depois – explico.
– Ótimo – diz Dustin. – Para onde vamos agora?
Eu pego o papel com o endereço e vejo o número que eu havia pensado ser o do apartamento, mas provavelmente é o do quarto de Tamsin.
– Duzentos e quinze... – penso em voz alta. – Dormitório dois, ainda bem, é bem perto daqui. Vamos.
Eu ando na frente deles, já que conheço o local e estou com a zarabatana. Há vários funcionários circulando, mas nenhum deles dá muita importância para nossa presença, e A Névoa disfarça minha arma.
Nós andamos até o fim do prédio principal e saímos. Nos fundos dele, há uma espécie de pátio ao ar livre, cercado pelos dormitórios. Ali sim há mais gente, mas na maioria, alunos. O fato de Tom e Dustin serem completamente idênticos chama mais atenção do que deveria. Tenho a impressão de que as pessoas olham para mim tipo "a loirinha e seus guarda-costas idênticos".
Nós entramos no dormitório 2, que tem quatro andares e é um dos maiores, pois a escola tem bem mais meninas do que meninos (a não ser que isso tenha mudado desde que eu estudei aqui). Felizmente, não há nenhum funcionário no corredor.
Nós subimos para o primeiro andar e começamos a andar sorrateiramente nos corredores, procurando o quarto 215. De repente, quando viramos em um corredor, há um funcionário de limpeza. Ele mal nos vê e vem se aproximando da gente, e diz:
– Ei, crianças. É proibido meninos nos dormitórios femininos. Se vocês querem conversar com alguém daqui, por favor--
Ele infelizmente não tem tempo de terminar a frase porque meu dardo tranquilizante foi mais rápido.
– Vamos – digo, apontando para uma porta perto do funcionário caído. – Ali o quarto 215.
Nós passamos pelo homem, o arrastamos para fora do caminho do corredor e batemos na porta do quarto.
E batemos de novo.
E de novo.
Não tem ninguém no quarto.
– Qual era o plano B caso ela não estivesse no quarto mesmo? – pergunta Tom.
De repente, uma garota sai de um quarto a duas portas do de Tamsin. Ela nos encara, franze as sombrancelhas ao olhar para Tom e Dustin (normal), e passa direto.
– Ei, espera! – eu chamo.
– Oi – diz a menina, se virando para a gente.
– Você sabe onde estão as meninas desse quarto? – Tom pergunta.
– Na educação física, como todas do primeiro ano – ela responde. Ela está com uniforme de educação física.
– Obrigada – digo.
– Você também não deveria estar lá? – Dustin pergunta.
– Deveria – ela enfatiza, virando de costas e indo embora.
Nós esperamos ela se afastar antes de voltar a falar.
– Quer dizer que nós viemos até aqui para descobrir que ela está na educação física? – resmunga Dustin.
– Como se fosse muito longe – digo, já voltando na direção que viemos. – Vamos, preguiçosos.
– O que você pretende fazer quando chegar lá? – pergunta um dos gêmeos, dessa vez eu não consigo reconhecer. – Atirar dardos tranquilizantes de cavalo em todos os outros alunos e deixar só Tamsin consciente?
Posso apostar que foi Dustin, mas eu respondo mesmo sem saber:
– Esperar a aula acabar. Aí damos um jeito de deixar só ela na quadra.
Nós vamos até a quadra, mas também está vazia. Isso significa que a turma está no ginásio fechado. Nós andamos mais até lá. Quando chegamos, alguns alunos suados começam a sair. Eu olho em volta rapidamente, procurando Tamsin, e não a encontro.
– E se ela já tiver saído? – pergunto.
Tom olha em volta e cutuca o ombro de um garoto qualquer, que está pingando de suor.
– Ei, você pode me fazer um favor? – diz Tom. – Sabe quem é Tamsin Cage?
– Sei, a estranha – diz o menino. Já não gostei dele.
– É – responde Tom, fingindo indiferença. – Você pode pedir para ela nos esperar lá no ginásio? Nós queremos falar com ela.
Ele franze as sombrancelhas e nos olha, tentando adivinhar o que nós queremos fazer com Tamsin, mas acaba aceitando.
Nós esperamos o fluxo de alunos saindo do ginásio terminar e entramos. O último aluno além de Tamsin a sair é o menino com quem falamos.
– Obrigada – murmuro.
– De nada – ele responde.
Eu espero ele se afastar e murmuro "idiota". Se não fosse por pessoas que fazem isso com Tamsin, nós não precisaríamos resgatá-la, pois ela não teria feito a besteira de passar para o lado de Cronos.
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