Minhas mãos estavam suando como nunca suaram antes. Eu sentia que meu coração poderia pular do meu peito a qualquer hora.

- Bom dia – um homem alto, bonito, porém com aparencia cansada sentou-se na minha frente – Meu nome é James McDonald , mas eu deixarei você me chamar de James.

Eu ri, um pouco nervosa com a situação.

- Não fique assim – ele me tirou dos meus pensamentos – Todos aqui já passaram pelo primeiro dia.

- Eu sei – sorri fraco – Mas eu me sinto um pouco deslocada ...

- Tudo bem, novata – aquele apelido não ajudou muito – Você é a mais nova, mas alguns já começaram com a sua idade. Cá entre nós, 18 anos não é tão nova assim!

Dessa vez eu ri mais verdadeiramente. Ele conseguiu me fazer sentir connfortável com tudo que estava acontecendo.

- Um segredo. De chefe para policial. Eu tenho apenas 30 anos. – ele piscou o olho esquerdo

- E eu pensava que você era mais velho.

Ele colocou a mão sob seu peito em forma de ofensa.

- Vou fingir que a senhorita não disse isso, ainda mais que é o seu primeiro dia.

- James, eu queria dizer que ... – um homem, um pouco mais velho do que eu, entrou na sala sem ao menos bater.

Ele olhou para mim, depois olhou para James. Seus olhos mostravam que ele queria saber, o que uma adolescente estava fazendo na sala do chefe.

- Essa é a Caroline – James me apresentou – Ela trabalhará conosco agora.

- Quando você disse que iria contratar alguem para esse caso, eu não pensava que você chamaria uma criança. – senti meu sangue subir rapidamente para minha cabeça.

- Uma criança com muitas qualidades, eu diria – James disse e nós dois rimos

- Eu não estava brincando, James – ele o olhou serio

- E nem eu – James sorriu – Você aprenderá mais sobre nossa nova companheira na apresentação de hoje. Precisávamos de alguem como ela.

- Alguem que possa ser a vadia da turma ?

- Como é que é ? – eu perguntei, levantando da cadeira.

- Desculpa, eu te ofendi ? – a ironia dele me matava

- É preciso de muito mais para me atingir do jeito que o senhor quer – eu sorri ironicamente, arrancando risadas do meu chefe.

- Nos vemos mais tarde – ele disse a James, sem tirar seus olhos dos meus.

- UAU! Isso foi bem.... intenso – ele disse

- Desculpa – eu olhei para baixo – Eu não deveria ter respondido daquela maneira.

- Você fez o que achava que era certo, não tem problema.

- Obrigada, senhor. – ele fez uma careta

- Vamos combinar o seguinte. Eu te chamo de Carol nos dias normais, e quando tem algo errado de McNally. Você me chama de senhor quando percebe que meu humor não está nos melhores dias.

- Feito – eu apertei sua mão que estava estendida

- Adorei fazer esse trato com você – arrumou a camisa – Vejo você em cinco minutos lá fora. Iremos fazer o anuncio oficial para a equipe especial.

Sim, novamente senti minhas mãos suarem e minhas pernas queria ceder. E novamente, eu queria que tudo fosse como um dia normal, mas quando se trabalha na polícia, quando seu dia é normal ?

Os cinco minutos de paz se esgotaram e eu sai da sala. Apenas algumas pessoas estavam na sala ao lado. Essa deve ser a equipe especial que James havia mencionado.

- Equipe – James disse – Essa é Caroline McNally.

Ninguém respondeu, o que me deixou um pouco constrangida com a situação.

- Carol, sente-se por favor.

Apenas uma cadeira estava vazia, e era a cadeira daquele idiota que invadiu a sala e me insultou. Quando eu me sentei, ouvi ele bufando alto, em forma de desconforto.

- Vocês estão aqui por um motivo. Cada um de vocês é especial para essa equipe...

- Eu só não entendo o que uma criança está fazendo aqui! – o cara ao meu lado praticamente gritou.

Eu me segurei para não avançar em seu pescoço e cortar cada veia e artéria importantes para a sobrevivência desse ser humano.

- David – então era esse o nome do bastardo – Acalme-se e logo você descubrirá o dom dessa criança.

- Que seja – David bufou

- Vamos começar com as apresentações. – ele sorriu – Camille Jones, 25 anos, especialista em drogas. Trabalhará na narcóticos com Ian.

- Sim, senhor – Camille respondeu

- Ian Cloud, 28 anos, especialista em drogas e tecnologia, mas obtou por trabalhar na narcoticos nesse caso.

Eu vi Ian concordar com a cabeça.

- Marcos Jenner, 26 anos, especialista em armas, ficará na balística com Norah. Norah tem 22 anos e é especialista em armas também.

Os dois parceiros se entreolharam e sorriram.

- E por fim, David Weisman, 23 anos, especialista em armas, drogas e sabe atuar nas ruas. Nosso melhor policial até agora, consegue se adaptar a qualquer situação e por isso se juntará a Caroline McNally. – senti o corpo ao meu lado ficar tenso e o meu também - McNally, 18 anos, sabe lidar com armas, drogas, conhece o mundo criminoso, consegue ser isca e sabe muito bem se misturar com os outros.

- Como uma garota de 18 anos sabe tudo isso ? – Camille perguntou desconfiada

- Meu pai era policial – respondi – Com 14 anos ele me ensinou a atirar, com 16 eu me envolvi no mundo das drogas para ajudar a polícia de Miami a prender um traficante. Acabei aprendendo muito nesse tempo.

- Impressionante – Ian disse sorrindo – Nos daremos muito bem.

Meu olhar pareceu confuso e curioso.

- Trabalhei em Miami também – explicou – Um ótimo lugar.

- Claro, se você gosta de praias, mulheres e muitas aventuras – eu disse sorrindo

- E quem não gosta ? – ele tinha um olhar malicioso que fez todos naquela sala rir

- Eu não irei trabalhar com uma piralha! – David se levantou

- Claro! Por que você é bem adulto, certo ? – eu me levantei também

- Eu vivi muito mais do que você, garota!

- Que evolução! – provoquei – Em alguns segundos eu evolui de pirralha a garota ? Preciso adicionar isso na teoria de Darwin!

- Sem palhaçadas por favor – ele parecia muito irritado

- Chega! – ouvi James gritar e eu estremeci – Weisman, lá fora!

David me olhou com raiva e apenas seguiu seu chefe. Eles foram para a sala ao lado, mas infelizmente nós conseguimos ouvir tudo que eles discutiam.

- O que você pensa que está fazendo ? – James gritou

- Eu não estou fazendo nada! – ele respondeu no mesmo tom

- Você está fazendo isso porque ela lembra você! – James deduziu

- Claro que não! Ela é uma criança!

- Como você! Você tinha a mesma idade dela quando entrou! Do que tem tanto medo, hein ?

- Eu não tenho medo de nada!

- Tem sim! – aquela conversa estava causando um certo desconforto – Você tem medo que ela passe por tudo que você passou!

- Eu nem a conheço James! – eu senti hesitação em sua voz

- Mas sente simpatia por aquela garota. – ele se acalmou de repente

- Eu quero que ela vá para o inferno. Eu vou trabalhar com ela, por causa do caso – ele parou – Mas não lhe garanto que serei legal.

A porta se abriu e David voltou a se sentar na cadeira ao meu lado.

- Bem, vamos voltar ao nosso assunto – James parecia calmo novamente – O caso não é nada simples. Já foram cinco garotas e dois rapazes mortos de maneira muito violenta.

- Qual é a assinatura dele ? – acho que eu estava assistindo muito Criminal Minds

- Um corte no pulso direito. Não profundo o suficiente para matar, mas deixa uma marca nada bonita.

- As causas de morte ? – Marcos perguntou

- Ele alterna entre estrangulamento e um tiro rápido no coração.

- Ele parece ter piedade – David tirou as palavras da minha boca – Um hora mata de uma forma dolorosa e devagar, em outra de uma forma rápida e como posso dizer, indolor.

- Talvez ele conheça a vítima de alguma maneira – tentei complementar – As vítimas que morreram com um tiro, foram os homens ou as mulheres ?

- Mulheres – James parecia pensativo

- Essas mulheres precisam ter alguma conexão. – eu disse – Algo que lembre alguma coisa do seu passado.

- Eu fico com essa parte – James disse

- Nós iremos verificar se as balas são do mesmo calibre em todos os casos – Marcos disse e Norah concordou

- E nós iremos fazer os exames tóxicológicos – Ian disse e Camille concordou

Após os trabalhos serem divididos, cada casal foi para suas respectivas salas.

- Vamos trabalhar – eu disse pegando os papéis e os analizando

- Claro, ainda bem que você sabe ler – ele brincou

- QUE MERDA! – eu gritei –SERÁ QUE UMA VEZ NA VIDA VOCÊ PODE AGIR COMO UM ADULTO E TRABALHAR ?

- Sabe de uma coisa ? – ele se levantou – Eu vou tomar um café.

- Vai na sombra – eu gritei assim que ele saiu pela porta

Aquelas fotos causavam um certa náusea, não era algo muito grande, mas incomodava. Eu precisava analizar os corpos de perto, a profundidade do corte poderia dizer muito mais do que uma foto.

Eu precisava saber o quão profundo eram, eu precisava saber o tamanho da raiva que ele sentia a cada vítima.

Mas antes, eu precisava de mais provas. Analizei os perfis públicos de cada vítima, nada era estranho. Cada foto foi vista, mas eu precisava continuar.

- Carol – James entrou na sala – Eu preciso ir, minha esposa está com alguns problemas. Qualquer coisa fale com David.

- Obrigada, James – eu sorri e ele foi embora

Enquanto eu passava as fotos da primeira vítima, Clara Lopez, uma foto me chamou a atenção. Ela estava com os amigos no parque, aquela foto fora tirada uma semana antes do assassinato, no fundo da foto uma pessoa, encapuzada, parecia estar olhando em direção ao grupo.

Uma sensação de conquista percorreu meu corpo. Eu passei as fotos das outras vítimas e todas estiveram nesse mesmo parque, e em todas as fotos a mesma pessoa estava no plano de fundo.

David já tinha chegado do seu café e procurava pistas, assim como eu.

- Achei! – exclamei e logo ele já estgava ao meu lado – Está vendo essas fotos ?

- Sim, e não vejo nada de errado.

- Aqui – apontei com o mouse – Essa mesma pessoa aparece em todas as fotos das vítimas nesse parque. Agora só precisamos achar uma conexão mais precisa...

- Parabéns, pirralha – ele sorriu – Conseguiu fazer uma coisa certa no primeiro dia.

Eu sorri, sim, eu tinha conseguido algo diferente.