Fui acordada (de novo), por uma grasna ou coisa parecida, mas depois me dei conta de que era apenas Charlotte me chamando delicadamente para ir almoçar, pois papai estava no clube. Ou seja: fodeu.

Infelizmente cheguei ao meu destino: O restaurante. Não tinha muita gente, e logo consegui enxergar meu pai e minha irmã mais velha, Emma, ocupando seus lugares na mesa, sobrando apenas dois lugares para mim e Charlotte.

Antes de chegarmos ao restaurante, perguntei a Charlotte como ela sabia que eu havia estado naquele lugar escondida. Dessa vez eu não fui ignorada: Ela me disse que sua amiga, Chloe, passou por lá e me viu dormindo. Que legal, ela tinha me dedurado. Deve ter contado também que ela tava quase... Bem, você já sabe. Chloe é uma antiga amiga de minha irmã, nem sei como não a reconheci. Então as amigas de minha irmã não são tão santas assim... Charlotte também não é. É só fingimento. Eu acho que a única menina que está mantendo as tradições e se comportando direito é Emma. A única que é a verdadeira “dama” das três. Tá, Charlotte se comporta bem nos lugares, é a primeira da classe, mas ela é uma vadia. É determinada, corre atrás de seus objetivos. Mas continua sendo uma vadia, com todo o respeito. Ela tem aquela essência perigosa, consegue tudo o que quer. Ela é forte, porém vadia. Fazer o que né?

Fiquei com medo de papai me dar uma bronca, ou perguntar pra gente onde eu estava, porém o mesmo nem se dirigiu a mim, e nem à Charlotte, que por sua vez também não mencionou que eu estava tirando uma soneca no mato. Fiquei calada enquanto almoçávamos, até porque eles estavam me ignorando. Tanto faz, já estou me acostumando, não faço a mínima questão de conversar, uma vez que não me interesso nem pela metade do assunto deles.

À tarde, fui obrigada a jogar golfe (eca), e como você já sabe, eu sou um desastre! Chegando lá, sozinha dessa vez – Charlotte e Emma combinaram de ter uma aula de esgrima juntas, excluíram-me, graças a Deus! Não trabalho bem com espadas, nem mesmo as de esgrima – vi Chloe dando em cima de Harry, ri um pouco até que ele me viu e acenou. Acenei de volta. Virei-me e direcionei até o lugar em que iria jogar. Parei e admirei a vista: O lugar era lindo. Quando olhei para o lado, levei um susto.

– Olá. – Disse Harry.

– Quer me matar de susto? – Respondi fazendo uma cara estranha.

– Desculpa. – Falou rindo – Não resistiu e veio ter uma aulinha com o sedutor aqui? Nunca falho.

Ri alto.

– Aaah coitado, que eu saiba foi você que veio até a mim! Virou professor agora? Pra sua informação, sei jogar muito bem! Não preciso de sua ajuda. – Menti.

– É mesmo? Pois eu ouvi exatamente o contrário sobre você. Quero ver isso... – Falou desdenhoso.

– Pois ficará de queixo caído. Jogo melhor que você, garoto. – Falei.

– Como?! Agora fiquei ofendido! Proponho-lhe uma aposta então! – Desafiou.

– Vá em frente. – Falei.

– Se eu ganhar, você irá comigo a um jantar... – Falou com seu sorriso malicioso no rosto.

– Um encontro? Que cavalheiro! Tá tão desesperado assim? – Falei ironicamente. – Chama a Chloe, ué.

– Não é bem um encontro... Tá com medo de perder? Pra quem jogava tão bem quanto eu!

– Tá, e se caso eu ganhar? – Perguntei com os braços cruzados.

– Ah, isso é impossível! – Começou a rir.

– Ai ai, se caso EU ganhar, você sairá correndo de sutiã e calcinha por aqui mesmo, por mais ou menos 10 minutos. – Falei com a cara séria.

– Que falta de criatividade, hein! – Reclamou.

Arqueei a sobrancelha.

– Tá, tá! Fechado. – Declarou estendendo a mão para que eu a apertasse.

– Let the golf games begin! – Gritei enquanto Harry ria da minha cara.

[...]

Adivinha quem perdeu?! Se você achou que eu perdi, você está completamente... Certo! Eu sou um desastre e não sei nem porque aceitei essa aposta! Maldito orgulho. Vivendo e se f... Opa, vivendo e se metendo em encrencas.