Propositais e Premeditados (HIATUS) escrita por isthattoomuch


Capítulo 1
Perdidos na rodovia, parte 1


Notas iniciais do capítulo

vai sem prólogo, e vou tentar fazer capítulos menores e menos cansativos do que eu costumo fazer :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/257258/chapter/1

POV Melissa

– Voltem aqui! - gritei a plenos pulmões, o que era consideravelmente difícil quando eles - os pulmões - são esmagados contra a mochila de alguém. Mas era tarde. O ônibus da excursão da escola provavelmente já estava a dois quilômetros dali.

Me levantei com dificuldade da posição constrangedora da qual eu me encontrava: caída de bruços no meio da estrada, em cima do, bem, de um garoto, e com mochilas semi-abertas, roupas e escovas de dente nos rodeando.

Fiz menção de ajudar Ícaro, mas ele se ergueu com um pulo antes que eu pudesse oferecer a mão. Ele bateu de leve em suas roupas para limpar a poeira, aparentemente tentando manter o controle, mas pude ver uma linha de desespero em seu olhar.

– Eles esqueceram de nós.

– Você sabe o que a gente tem que fazer, não é? Manter a calma - minha voz soou tranquila, o que, embora eu não estivesse, não exigiu tanto esforço. Eu estaria mais exasperada se estivesse perdida no meio do nada com qualquer outra pessoa. Mas era com ele, e eu estava me acostumando com esses, hum, encontros estranhos entre nós dois.

Mas agora não era brincadeira. Estávamos perdidos no meio de uma rodovia desconhecida.

Ele me analisou com seus olhos cor de mel, como se tentasse descobrir no que eu pensava só pela minha expressão, e minhas pernas bambearam. Por um minuto até me esqueci da gravidade da situação.

– É... Estamos ferrados. Seu telefone tá com sinal? - Ícaro perguntou, ansioso.

– Sem bateria - respondi lentamente. - Estamos perdidos, estamos perdidos - comecei a andar de um lado para o outro, perdendo o controle.

– Mantenha a calma - ele me lembrou. Parou um segundo, encarando o chão e com as mãos na cintura, e eu podia jurar que ele pensava algo como "Minha vez de ser o líder e botar ordem nisso aqui com um discurso sensato."– Vamos sempre naquela direção - apontou com o queixo para aonde o ônibus desaparecera. -, e uma hora ou outra vamos achar algum posto ou algo assim, daí a gente liga pra alguém que estiver no ônibus - hesitou. - Se não se importa, o sol tá escaldante, e isso aqui é quente - ele apontou para a blusa de uniforme e me fitou receoso, mas parecia não aguentar mais.

Tirou a blusa com um puxão rápido e meio envergonhado, enfiou-a na mochila rapidamente, pegando as outras roupas que caíram no chão, e eu arfei discretamente. Me abaixei e peguei minha mochila, alguns outros objetos e minha escova de dente (é, eu não usaria de novo nem a pau), que estavam caídas na estrada. Começamos a andar em silêncio pela rodovia, que era uma fina tira de cimento no meio de todo aquele matagal fechado.

Hum, oi. Meu nome é Melissa, tenho 15 anos, estatura média, cabelo médio, beleza média... enfim. Tirando a personalidade, é tudo médio. Ah, se faltar alguma coisa nesse relatório, é porque meus miolos estão sendo fritos, e tá meio difícil pensar com clareza. Estou perdida no meio da estrada, sem GPS, sem nem sinal de celular, debaixo de um sol terrivelmente quente, com um, é, amigo realmente interessante. E que, é claro, tem uma namorada.

Olha, pode parecer mais uma história de amor estúpida, mas essa aqui é diferente, ok?

Ah, a quem eu quero enganar? O amor é estúpido, eu sou estúpida, e é isso aí.

Agora vou explicar a parte realmente intrigante, o centro do mistério e tal. Ultimamente, por uma força maior ou não, eu e Ícaro estamos nos encontrando em estranhas situações. Sempre estamos juntos por uma coincidência engraçada, como na vez em que a porta do banco travou quando só nós dois estávamos lá dentro, fazendo pagamentos. Ou quando a luz na escola acabou e nós dois éramos os últimos a voltar do intervalo. E coisas intrigantes do gênero. Mas nunca tínhamos ficado perdidos em uma rodovia antes. E, ah, claro que Jessica, a atual namorada dele, não ficava feliz com esses supostos acasos. Mas, teoricamente, ela não tinha direito de reclamar.

Eu acredito que sejam apenas coincidências muito cagadas, até que me provem o contrário.

A questão é que eu não sei se vou me aguentar muito tempo com esse moleque sem camisa aqui do lado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

rewiews e critiquem construtivamente *3*