Como seguir em frente quando se perde tudo o que te motiva? O que te faz continuar no mesmo caminho quando até mesmo suas últimas esperanças são jogadas fora?

Como uma marionete, Rukia e Ichigo foram controlados desde o inicio para estarem nesse lugar, dessa forma e com os mesmos sentimentos que possuem no momento, com sua confiança totalmente perdida e sem retorno. Aqueles que um dia se amaram hoje trocaram suas últimas palavras... Palavras de ódio e tão cruéis que simplesmente enterraram a alma de Rukia no mais profundo desespero.

Ichigo seguia para fora, indo ao jardim da escola enquanto Rukia ainda não se mexia.

– Ulquiorra... – diz Rukia, tentando não voltar a chorar. – Me leve onde estão os outros.

– Por quê?

– Apenas me conceda esse último desejo. – diz Rukia quase sem expressão.

– Como quiser.

Ulquiorra começa a caminhar com a Rukia enquanto Ichigo segue para a batalha final contra seu adversário.

– AIZEN! – Ichigo grita com todas suas forças no jardim.

– Meus parabéns. – diz Aizen enquanto se aproxima de Ichigo. – Você conseguiu chegar aqui sem nenhum problema, se distanciou de tudo o que te maltratou e agora apenas tem o desejo de acabar com nosso duelo assim como eu queria.

– Cala essa boca, eu não quero saber o que você quer, ou o que planejou.

– Tudo isso por causa daquela garota, Ru...

– NÃO OUSE... – Ichigo se irrita e solta outro grito interrompendo Aizen.

Aizen apenas observa enquanto Ichigo esta prestes a perder o controle.

– Não ouse dizer o nome dela. – diz Ichigo ainda irritado, mas mais baixo.

Aizen simplesmente nota que ele ainda sente algo por ela, apesar de não conseguir perdoa-la.

– Parece que os sentimentos que você possui por essa garota são mais fortes do que eu poderia esperar, será que eu deveria tê-la usado mais?

– Do que esta falando?

– Me vença e poderá saber.

Ichigo simplesmente avança sem pensar duas vezes e quase atinge um soco direto no rosto de Aizen que apenas esquiva.

– Então tudo o que eu tenho que fazer é te derrotar, isso facilita muito a minha vida. – diz Ichigo quase não se aguentando de vontade de derrotar Aizen.

– Vejamos o quanto isso facilita então. – diz Aizen.

Enquanto isso, dentro do prédio da escola, Rukia se encontra com os reféns, logo ela nota que os tais reféns eram na verdade os amigos deles que não haviam se unido a Rakuen no Kiba. Naquela sala estavam Keigo, Ishida, Chad, Orihime e Renji. Tatsuki estava servindo de guarda.

– O que você deseja com eles?

– Queria salvá-los... – diz Rukia praticamente sem interesse. – Mas no momento, não me vale de muito, por isso eu tenho um pedido no lugar.

– Qual?

– Os solte, eu sirvo de refém sozinha mesmo.

– Rukia do que você esta falando? – diz Renji sem entender.

– O desejo deles é ter o Ichigo como aliado e depois do que aconteceu... Não acredito que ele queira ser aliado deles, mas com certeza, não vai se importa com o que acontece comigo, então vejam isso como meu pedido de desculpa para vocês e ele. – diz Rukia, sorrindo.

– Não faz isso Rukia-chan. – diz Orihime.

– Eu sei o quanto eu magoei vocês esse tempo todo, por isso, esse é meu último desejo, salvar vocês desse destino, eu estava presa a isso desde o inicio tudo o que eu fiz foi tentar trazer mais pessoas para essa vida de sofrimento que eu estava condenada, mas... – Rukia começa a chorar. – Agora chega, já não aguento mais ver aqueles que eu amo se machucando e se odiando por minha causa.

Todos os presentes não conseguem acreditar na declaração de Rukia, ela simplesmente desolada e sem esperanças.

– Isso é o seu desejo? – diz Ulquiorra.

– Ulquiorra, faça o que ela pediu. – diz Tatsuki.

– Isso não foi uma ordem do Aizen-sama.

– Não importa. Se ela deseja se entregar no lugar dos outros é o mínimo que podemos fazer, além do mais, eu conheço o Ichigo bem o suficiente pra saber que mesmo que tenhamos apenas ela é o suficiente para podermos mantê-lo sob controle.

Aquela conversa surpreende a todos e faz Keigo não conseguir nem mesmo se mexer.

– Como achar melhor.

Ulquiorra solta todos, porém, quando eles se levantam Keigo se mantém sentado.

– Não vou. – diz Keigo.

– O que?

– Se quiserem sair daqui, façam como quiserem. Eu não vou entregar a Rukia pela chance de fugir daqui.

– Mas Keigo-kun – diz Orihime.

– Concordo. – diz Renji.

– Não tinha planos de sair mesmo. – diz Ishida.

– Não irei a lugar algum. – diz Chad.

– Tem certeza disso? – diz Orihime sem entender seus amigos.

– Concordo que tudo o que fizemos e aguentamos nesse tempo foi culpa da Rukia. – diz Keigo se deixando levar pelas lembranças. – Concordo também que passamos por muitos problemas para salvar ela, mas...

Keigo encara Tatsuki com um olhar agressivo que simplesmente não sabe como encara-lo.

– Se não fosse por ela... Eu jamais teria conseguido passar tanto tempo com a garota que eu amo. Não podia nem mesmo pensar nela como uma garota bonita, mas graças a Rukia ter aparecido eu pude conhecê-la melhor e hoje eu posso dizer que eu realmente a amo, mesmo depois do que ela fez.

Tatsuki começa a se emocionar com o comentário de Keigo, mas tenta manter a postura firme.

– Ela sempre foi uma amiga que eu pude contar, e não acho que seja certo deixa-la na mão agora. – diz Renji com convicção.

– Ishida-kun... – diz Orihime.

– Desculpe Orihime, mas se não fosse por ela ter vindo eu jamais poderia ter tido coragem de falar com você. – diz Ishida. – Eu sei que ela não foi responsável por isso, mas a presença dela nos motivou a fazer isso para ajudar o Ichigo e por mais que tenha sido por ele, não muda o fato de que foi por causa dela.

Orihime se sente emocionada pelo discurso de Ishida e acaba por decidir ficar também.

– Sabem muito bem que o seu amigo atualmente planeja cortar todos os laços com todos vocês, não sabem?

– Essa não. – diz Tatsuki muito preocupada.

Ulquiorra nota a preocupação dela e simplesmente sai da frente da porta, permitindo a passagem deles.

– Podem ir, vejam seu amigo ser levado pelo ódio.

Todos tentam sair da sala para ir atrás de Ichigo, mas antes de Rukia conseguir sair ela é puxada para dentro e Ulquiorra fecha a porta.

– Rukia! – todos olham desesperados.

Tudo o que se pode ouvir são sons meio desesperados, como se ela estivesse se debatendo para fugir, até que finalmente conseguem ouvir sua voz.

– Vão atrás do Ichigo, salvem ele, não deixem que...

A voz dela acaba sendo interrompida e logo pode se ouvir o som de algo caindo no chão com toda a força. Tatsuki tenta abrir a porta e acaba por dar um chute e arromba a porta, porém, dela sai um gás estranho e enquanto todos estão sendo cobertos pela cortina de fumaça Ulquiorra passa por eles levando a Rukia desmaiada.

Quando eles notam tentam segui-lo, mas logo começam a sentir tonturas, o gás liberado era um gás sonífero que Ulquiorra usou para desmaiar Rukia. Em pouco tempo todos estavam desmaiados.

Enquanto isso, Ichigo e Aizen tem sua luta final, Ichigo insiste em tentar atingir Aizen, mas acaba falhando, os golpes físicos que Ichigo se garantia contra os soldados não eram nada para o temível Aizen e sua incrível agilidade e sua esquiva.

– Seu maldito, por que não me ataca? – diz Ichigo.

– Não me leve a mal, mas por mais que eu seja bom com espadas, não sou tão bom quanto você em combate corpo-a-corpo. – diz Aizen enquanto observa o Ichigo perdendo fôlego.

– Então você planeja esquivar até eu estar cansado par você me atacar.

– Não sei. Não me parece uma má ideia.

– Maldito.

Ichigo volta a tentar atingi-lo, mas ainda falha, até que aos poucos começa a parecer mais perto de atingir um golpe. Ichigo tenta acertar um chute, mas Aizen defende o que anima o Ichigo que tenta emendar com um soco que quase o atinge, mas Aizen esquiva e atinge um gancho direto no queixo de Ichigo deixando ele meio tonto por um tempo.

– Parece que decidiu lutar de verdade agora.

– Você consegue ser meio difícil e irritante quando quer, deve ser isso o que eu admiro em você.

– Como assim?

– Não percebeu ainda não é? – diz Aizen. – Meu objetivo nunca foi te derrotar, mas sim te testar e ver até aonde vão as suas habilidades.

– Por causa de uma droga dessas, você tinha que obrigar a Rukia a me trair?

Aizen começa a rir, o que irrita Ichigo. Ichigo tenta dar um golpe contra Aizen que apenas esquiva e joga seu braço contra o rosto de Ichigo.

Ichigo insiste em tentar atacar, mas dessa vez Aizen simplesmente sai da frente e deixa seu braço no caminho atingindo o pescoço do Ichigo que cai no chão quase inconsciente.

– Qual é Ichigo? Não me diga que realmente caiu nessa história?

Ichigo não consegue acreditar no que ele diz, aos poucos a dor dos golpes que ele levou não o afeta mais, ele começa a temer que tenha cometido o único erro que não devia.

– O que você quer dizer? – diz Ichigo temendo a resposta.

– A Rukia é uma garota de palavra que te ama mais do que eu pensei mesmo. – diz Aizen.

– Responde!

– Ela realmente te escondeu algo, ela escondeu que Jessica havia feito um desafio para ela recentemente. “Falta pouco para o plano final se concretizar, quando acontecer seus amigos estarão em perigo, isso irá incluir o Ichigo. Você deverá ser capaz de proteger o seu amado Ichigo”. Foi essa a mensagem que eu pedi para Jessica entregar para ela.

– Mas por que...

– Ela não te disse? A condição extra era que se por acaso ela contasse para você ou se ela perdesse você seria morto.

Ichigo não acredita no que ele diz, mas aos poucos as coisas começam a se encaixar e ele nota o porquê ela não ter dito nada mesmo quando encontrou com o Grimmjow ou ainda mesmo quando foi questionada pelo Ulquiorra e começa a se sentir mal.

Ichigo se levanta e com um pouco de esforço, por causa da tontura, ele começa a tentar voltar ao prédio.

– Aonde você vai? – diz Aizen.

– Eu não tenho tempo pra ficar aqui perdendo com você. Eu tenho que falar com ela.

– Acha mesmo que terá como?

Ichigo sabe muito bem o porquê dessa pergunta, mas ainda assim ele se sente no desespero de perguntar.

– O que você quer dizer?

– Ulquiorra foi ordenado a leva-la a qualquer custo, mas... – diz Aizen começando a sorrir. – Pelo que eu imagino pela sua reação, eu duvido que ela tenha mostrado qualquer vontade de reagir.

Ichigo se lembra da expressão de Rukia, suas lágrimas caindo, seu desespero e a resposta cruel e agressiva que recebeu de seu amado, aos poucos Ichigo sente seu mundo caindo.

Ichigo se ajoelha no chão, ele sabe muito bem que por mais que volte ela não estaria mais lá, logo ele se deixa levar por suas emoções e começa a chorar enquanto se lamenta com sua cabeça baixa e se segurando para não destruir seus punhos socando o chão.

– Me perdoe... – diz Ichigo meio baixo.

– O que foi que você disse Ichigo?

Aizen se aproxima, mas Ichigo tenta dar um soco direto no rosto dele, mas Aizen esquiva e atinge um golpe direto no estomago e finalmente derrota Ichigo.

– Seus sentimentos por essa garota trazem a sua força, quando você se preocupa com ela seu desespero aflora, quando teve ódio dela não conseguiu ver a minha fraqueza e se deixou levar pelo ódio para me enfrentar. – diz Aizen enquanto analisa a luta. – Isso foi patético, sabe de uma coisa, que tal outra chance?

– Mal... dito, solte... Ela. – diz Ichigo quase sem fôlego.

– Façamos o seguinte, um último jogo. Vou chamar de “Rumo ao Paraíso”.

– Pra você... Nossas vidas... Não valem nada mesmo... Não é?

– Apenas gosto de me divertir. – diz Aizen o que irrita Ichigo. – Chame quem quiser dos seus amigos, pode até chamar aquele grupo de imbecis da Rakuen no Kiba, quanto mais melhor.

– Como você...

– As regras são simples, iremos nos enfrentar em nossa base principal, minha mansão. Você e quem quiser ajuda-lo contra os Três Lordes, atualmente os Espadas se desfizeram e só sobramos nós e nossos últimos soldados, como pode ver as suas chances são grandes.

– O que te faz... Pensar que eu vou... Fazer parte desse jogo doentio?

– Se você vencer, a organização KageInu será destruída, sua vida será poupada, seus amigos não correram mais perigo e acima de tudo, eu dou minha palavra que Kuchiki Rukia não será mais perseguida por nós.

– Você promete? Como eu posso confiar nisso?

– Eu posso ser um criminoso perigoso e temido no mundo inteiro, mas sou um homem de palavra. Mas é claro, que fique ciente, se você perder ou decidir não participar eu irei publicamente executar Kuchiki Rukia em rede nacional para que você possa ver o quanto ela vai sofrer.

Ichigo perde a cabeça com o comentário de Aizen e mesmo quase sem respirar tenta dar um golpe em Aizen, mas o mesmo derruba novamente.

– Não encoste um dedo nela!

– Não esta em posição de fazer exigências aqui Ichigo, O nosso jogo começara daqui a uma semana, deve ser tempo suficiente para que você e Grimmjow possam se recuperar. Vou espera-los em minha mansão, Las Noches.

Aizen sai caminhando do local deixando Ichigo quase inconsciente enquanto continua a relembrar tudo o que houve e o que ele disse para Rukia, suas últimas palavras para sua amada foram tão cruéis que ele simplesmente não consegue se perdoar por não ter confiado nela, aquilo poderia ter acabado com um final feliz se ele não se deixasse levar por sua idiotice, mas ele não o fez.

Ichigo desmaia e quando acorda ele está rodeado de seus amigos que estavam esperando ele acordar.

– Ichigo, finalmente acordou. – diz Ishida.

– Ishida, Renji, Inoue, Chad, Keigo, Tatsuki...

Ichigo observa seus amigos, até que ele se lembra do que houve e se levanta indo direto para cima de Tatsuki e a prende contra a parede.

– Traidora Tatsuki, você sabia do plano daquele insano! – diz Ichigo quase querendo partir ela em dois.

– Eu sei muito bem o que eu fiz, eu sei que ele fez isso, e sei que você não vai me perdoar...

– Jamais! – diz Ichigo. – Você sabe o que ele planeja fazer agora não sabe, ele quer matar a Rukia em rede nacional se eu não for enfrenta-lo na mansão dele.

Tatsuki simplesmente não consegue esconder seu espanto.

– Espera um pouco, ele não me disse isso.

– O que?

– Ele me disse que o plano era apenas usa-la como refém.

Ichigo quase não se aguenta e tenta dar um soco em Tatsuki, mas Orihime o afasta quando Tatsuki consegue um pouco de espaço ela acerta uma tapa no rosto dela.

– Refém... Então me diga Tatsuki, o que você achava que ele faria se o plano de refém falhasse? – diz Orihime.

– Eu não esperava que ele fosse mata-la, ele sempre disse que precisava dela.

– Ele precisava dela para usar de chantagem, caso não funcione ela não será útil, fala sério, qualquer idiota consegue notar isso. – diz Orihime.

– Não me venha com essa agora, Orihime. – diz Tatsuki se irritando. – Você foi a primeira a querer que ela morresse quando ela voltou.

– Eu estava irritada, eu poderia não querer mais vê-la, mas jamais iria vendê-la para a KageInu como você fez.

– CHEGA! – diz Ichigo acabando com aquela discussão. – Não me interessa quem fez o que, vocês duas tem culpa nisso, assim como eu também tenho.

– Ichigo, o que você planeja fazer agora? – diz Keigo.

– Que pergunta idiota, ele me deu uma semana para me preparar e me recuperar, quando for o prazo eu vou invadir a base dele e vou resgatar a Rukia.

– Kurosaki, use a cabeça, acha mesmo que pode confiar nessa de uma semana?

Ichigo começa a pensar, ele poderia mesmo botar tanta confiança nas palavras de Aizen. Ishida começa a abrir os olhos de Ichigo, mas ao mesmo tempo ele não consegue ver o que ele possa fazer.

– O que você quer que eu faça Ishida?

– Me de dois dias, eu vou arrumar um plano para podermos salvá-la.

– Ishida, essa luta é minha.

– Mas a Rukia é amiga de todos nós, não vamos nos deixar ficar aqui parados enquanto você se mata enfrentando eles.

Ichigo consegue notar o brilho nos olhos deles, a vontade de trazer sua amiga de volta, por mais que isso seja previsto pelo Aizen, nem mesmo ele poderá prever o que realmente acontecerá nessa luta.

– Eu confio em você Ishida, vamos salvar a Rukia e dessa vez vamos acabar com isso de uma vez por todas.

Com aquelas palavras Ichigo e seus amigos se reúnem novamente para enfrentar a KageInu, dessa vez a última investida contra a organização, dessa vez será matar ou morrer.

A cortina se fecha preparando o próximo ato que decidira o destino de todos os amigos de Ichigo, a batalha final Rumo ao Paraíso.