Era uma vez, uma garotinha, cabelos e olhos castanhos, sorriso faltando dois dentinhos, idade de aproximadamente 6 anos, essa garotinha se chamava Emily e morava em uma casa com seus pais e seu irmão mais velho, Timmy.

Um dia, Emily ganhou de seus pais uma boneca muito bonita, pele clarinha, olhos esverdeados, cabelos ruivos cacheados, bem diferente das outras bonecas, Emily chamou-a então de Celly.

Celly possuía um sorriso largo e lábios carnudos, porém logo abaixo dos olhos ela possuía desenhadas algumas gotas, como se fossem lagrimas, mas, ninguém se dera conta desde fato tão incomum.

Emily brincava com Celly todos os dias, e a cada dia parecia que o sorriso da boneca se tornava mais alegre e as gotas desenhadas, pouco a pouco iam se desfazendo.

Já fazia alguns meses desde que Emily havia ganhado Celly -que não possuía mais nenhuma lagrima desenhada-, agora ela dormia todas as noites com sua boneca e ao acordar já começava logo a brincar com a mesma, levando-a inclusive para a mesa durante as refeições, porém, dali a dois dias Emily entraria para a escola.

Os dois dias se passaram como todos os anteriores, porém na manhã do primeiro dia de aula de Emily as coisas já começaram a mudar, ela havia acordado mais cedo, estava arrumada e pronta para ir à escola, com Celly em mãos e a mochilinha nas costas.

Chegando a escola, sua mãe lhe advertira sobre deixar a boneca no carro, mas antes de deixa-la lá Emily fez com que a mulher lhe prometesse que cuidaria bem de Celly enquanto ela não estivesse em casa.

Nos primeiros dias Emily ainda brincava bastante com sua boneca, mas conforme o tempo ia passando e as atividades escolares iam ficando mais difíceis ela acabava por deixar Celly cada vez mais de lado, passando às vezes semanas inteiras sem nem olhar para a mesma.

Cada dia sem ver o sorriso de Emily fazia com que o de Celly diminuísse, até que chegou a um ponto em que ela já não possuía mais um sorriso e as pequenas lagrimas voltaram a brotar no rosto da pequena boneca que imóvel ficava sobre a prateleira.

As férias logo chegaram e Emily voltou a brincar com sua boneca, que apenas por ver sua dona havia voltado a sorrir, mas assim como da primeira vez, mal suas lagrimas haviam desaparecido e lá vieram às aulas novamente.

Celly compreendia que Emily não pudesse mais brincar com ela todos os dias, mas a saudade se fazia presente e logo seu sorriso ia murchando até que as lagrimas acabavam por voltar, perdida nesse frenesi ela já nem se dava conta de quanto tempo fazia desde a ultima vez que havia visto Emily.

Dois anos haviam se passado desde que Celly tinha ganhado um lar e a sabe-se lá há quanto tempo não via o sorriso que para ela era como o raio de sol para nós e tão de repente quanto havia sumido, Emily voltou, pegou carinhosamente a boneca em mãos e sorriu, colocando-a novamente no lugar de destaque do quarto, sobre a cama.

Na prateleira onde antes Celly ficava, agora havia muitos livros então ela teria de ir para outro lugar, já sem mais espaço no quarto para a pequena boneca, Emily resolveu devolve-la para a caixa que sabia a mãe havia guardado.

Já dentro da caixa, Celly parou de se importar com o tempo, a saudade de Emily era tão grande que nem mesmo seu rosto possuía mais espaço para lagrimas, e essas então passaram a ser distribuídas pescoço a baixo, contornando todo o corpo da pequena boneca.

Diz Timmy, que ainda hoje, mesmo depois de tantos anos, se você procurar pela casa toda em completo silencio, conseguirá ouvir o choro em forma de melodia da pequena boneca e a encontrará escondida entre as caixas do sótão,  porque o seu sorriso era para ela tão importante quanto para nós os raios de sol.