Aquele momento em que a vida se torna a minha pior inimiga, de agora em diante o meu maior desafio vai ser continuar respirando sem ela ao meu lado. Daqui pra frente a história vai voltar o suficiente para que vocês saibam o que realmente aconteceu.

- Quinta-feira, 19:23, dia 24/05 –

~ Meu quarto ~

Eu estava na cama e ela sentada no kotatsu.

- Mio, com quem você anda conversando tanto por sms?

Ela me ignora, continua digitando concentradamente. Isso me irrita. Eu limpo a garganta, chamando a sua atenção.

-Ham? O que você disse Ritsu?

Eu reviro os olhos.

- Você está tão obcecada com esse celular, parece que nem liga mais pra mim.

Ela me encara, com uma cara feia.

- Para de ser besta, é só a Mugi.

Eu levanto uma sobrancelha.

- Mugi, é? Sobre o que vocês estão conversando?

Ela desvia rapidamente o olhar.

- N-Nada demais, Ritsu. Por que se importa tanto? – Ela volta a atenção em seu celular.

Eu fecho a cara.

- Você anda muito estranha, Mio. – Eu digo virando de costas para ela. – Vou dormir.

Ela volta seu olhar em mim e pisca algumas vezes. Ela se levanta e apaga a luz.

- Ei, para com isso, tá? – Ela diz deitando-se ao meu lado. - Não durma sem mim.

Eu resmungo.

-Ritsu, você está no meu lado da cama.

Eu fico em posição fetal. Ela franze as sobrancelhas.

- ... Você... Você está chorando...?

Eu abro os olhos e depois de alguns segundos respondo fechando novamente os olhos.

- Não, por que estaria?

Mio revira os olhos. Ela se aconchega em mim e cheira meu pescoço, fazendo meu corpo inteiro se arrepiar. Meu ombro levanta um pouco em defesa.

- Sua boba ciumenta. Você sabe que no meu coração só tem espaço para você, né? – Ela sussurra nos meus ouvidos.

Eu dou um sorriso de orelha à orelha. Ela percebe isso.

- Hum. Vai lá dormir com a Mugi.

Ela ri.

- Idiota, você quer levar um beliscão nessas suas gordurinhas?

Ela começa a dar mini beliscões na minha barriga, me fazendo rir como louca. Ela acaba sobre mim.

- Acho que ganhei.

Eu viro a cara tornando a minha cara séria outra vez.

- Sério, Mio. Eu não gosto que você fica de conversinha o dia inteiro nesse celular. Eu me sinto sozinha sempre que você trás ele com você.

- Awn... Tá carente, é? – Ela diz beijando meu pescoço.

- Ultimamente sim, por culpa sua. Perto dos outros até parece que nós somos duas irmãs que se odeiam. Às vezes parece até que nem nos conhecemos. Aqui, agora, você fica super—

Ela me interrompe com um longo e doce beijo. Cara, os beijos dela não são normais. Eu nunca beijei outra pessoa, mas tenho certeza que ninguém consegue beijar como ela. Meu coração chega a doer de tão boa que é a sensação de seus macios lábios nos meus, não é uma dor ruim, é uma dor que chega a ser viciante. Nosso beijo acaba se aprofundando mais. Sempre no outro dia acordamos sem pijamas, mas eu não ligo MESMO. Mio seria a ativa da relação? Talvez só hoje.  Suas mãos quentes dançam na minha barriga me dando calafrios. Nós finalmente separamos nossos lábios.

- Mio, me promete uma coisa...?

Eu conseguia ver seus olhos brilhantes graças à luz da lua que iluminava meu quarto. Era dia de lua nova.

- O que?

- Fica comigo para sempre?

Ela ri me dando um rápido beijo.

- Sempre e sempre. – Ela diz beijando minha testa.

Eu coloco os braços em volta de sua cintura e a aperto mais contra meu corpo.

- Você é muito quente.  – Eu digo cheirando seu pescoço, com seu esplêndido perfume.

- Culpa sua.

Nós duas sorrimos e voltamos a nos beijar.

Naquela noite fizemos amor até dormirmos sem sequer perceber.