Inconsequencias escrita por L Holiday


Capítulo 2
Viagem




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      Eu não tinha opção além de segui-lo de volta para o elevador. As portas fecharam e ele apertou o botão 3. O terceiro andar mais lembrava um spa do que qualquer outra coisa. Ele chutou a porta do quarto dos seus pais para abrir. O quarto estava escuro, a iluminação era fraca, e era impessoal, como um quarto de hotel chique. Fiquei sem graça de mexer em alguma coisa, mas não resisti em abrir as portas duplas que davam para o banheiro. Banheira de hidromassagem, duas pias, um vaso, um chuveiro com hidromassagem vertical. Era tudo luxuoso, mas também muito impessoal. Provavelmente o quarto todo tinha sido decorado por algum arquiteto. Voltei ao quarto para ver o que Gabriel estava fazendo. Ele estava remexendo gavetas de uma cômoda alta e eu reparei em uma foto de família. Gabriel, Cecília, os pais e mais dois garotos mais novos.

 - Quem são? - eu perguntei apontando para os garotos.

Gabriel levantou a cabeça e riu.

- O mais alto é o Lucas, o pequeno é o Thiago. São meus irmãos.

- Seus irmãos? - Eu não sabia que ele tinha irmãos e não tinha visto nenhum dos dois na casa. Eram só oito horas então provavelmente eles não estavam dormindo. - E cadê eles?

- Sei lá. - Ele voltou a procurar alguma coisa na gaveta, e eu me debrucei para ver que eram várias chaves. - Devem estar em algum dos dez mil cursos que eles fazem. Eles saem de manhã e só voltam na hora de dormir. Precisa ver eles reclamando de que não têm tempo para ver Bob Esponja. Pelo menos é melhor que um colégio interno na Suíça. Achei.

 

         Ele me mostrou orgulhoso um chaveiro com duas chaves. Ainda sorrindo ele se abaixou ao nível do bar que seus pais tinham no quarto, pegou uma garrafa de champanhe e me puxou de volta para o elevador. Eu estava cansada de ser puxada de um lado para o outro. Quando chegamos na sala de jantar ele me entregou o champanhe e me mandou esperar, foi até a irmã e disse alguma coisa, voltando com um sorriso maior ainda.

 - Vamos, a minha irmã vai dizer pros meus pais que eu tive que te levar para casa.

- Mas para onde a gente vai? - eu só perguntei quando nós já estávamos sentados no carro e ele o tirava da garagem. Tinha esquecido que Gabriel tinha bebido provavelmente uma garrafa inteira de vinho tinto sozinho, mas em nenhum momento ele parecia bêbado. Na verdade, ele tinha que beber muito para conseguir ficar mal... o problema é que ele era determinado.

Já estávamos pegando a Avenida das Américas quando ele resolveu responder.

- A gente está indo para o Leblon, vou te mostrar o apartamento que eu cresci

- Seus pais não venderam?

- Claro que não. Meus pais não vendem nenhum apartamento em que eles já moraram. Superstição da minha mãe.

 

         A viagem foi curta porque rimos o tempo todo, embora eu estivesse um pouco nervosa depois que lembrei que Gabriel tinha bebido. Entramos no prédio e ele cumprimentou o porteiro, que o chamou pelo sobrenome e me deu um sorriso de político. O apartamento era na cobertura e felizmente tinha luz e tudo mais. Era quase do tamanho de um andar da casa dos pais dele, e estava inteiramente mobilhado. Gabriel foi até a cozinha colocar o champanhe na geladeira e eu sentei no sofá, olhando a televisão de 52” desligada.

 


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