A Floreios e Borrões estava lotada. Embora muitas prateleiras ainda estivessem cheias, o livro mais recentemente lançado, o ridículo livro novo de Gilderoy Lockhart, estava em falta no estoque.

“Sinto muito, Senhora. O último livro acabou de ser vendido” Hermione tentava consolar uma das muitas fãs do escritor que implorava por algum livro. “Por que não volta semana que vem? A próxima remessa chegará na terça.” Ofereceu um sorriso cansado.

Eram apenas três horas da tarde, mas Hermione sentia-se como se tivesse trabalhado por um final de semana inteiro. Buscar livros no estoque, acalmar clientes, vender, anotar. Parecia bastante simples, mas não era. Como se não bastasse, não conseguia tirar a imagem de Ronald com o cabelo desgrenhado de sua cabeça.

Essa nem era a pior parte.

Hermione sentia-se arrependida por não ter sentado no sofá e conversado com o ruivo.

“Hermione!” Uma voz conhecida tirou-a de seus pensamentos. “Quanto tempo, menina! Eu soube que estava de volta à cidade, mas não tinha certeza se era verdade.”

“Senhora Weasley!”

“Ora, querida. Não mereço um abraço?”

“Claro, Claro.” Sorriu enquanto abraçava-a. “Veio comprar o livro novo, não é mesmo, Senhora Weasley?”

“Me chame de Molly querida. Não é necessário formalidades, você sabe. Troquei suas fraldas quando ainda era um bebê.” Molly sorriu “e graças a Deus consegui um livro. Aquela vendedora simpática disse-me que era o último.” Apontou para Lavender.

“Acho que ela lhe deu a informação correta.” Seu sorriso desapareceu “Para variar” murmurou.

“Bem, já vou indo, querida. Apareça lá em casa qualquer dia desses.” Molly acenou alegremente ao sair da loja.

Hermione pensou em aceitar o convite. Gostava muito de Molly e sentia muita falta d’A Toca. Esse era o apelido que ela e Harry deram à grande casa dos Weasley que costumava ser um lugar perfeito para brincar. A castanha fugia das responsabilidades de tentar ser a filha perfeita e Harry escapava de seus tios e seu primo feioso.

Lembrava-se de grandes momentos por lá. Brincadeiras e festas de aniversário animadas. Sua infância, se pudesse, seria resumida a apenas dois lugares: As Ruínas e A Toca.

“Hermione, pode pegar alguns livros da Rita Skeeter no depósito? Estamos ficando sem aqui em baixo.”

“Claro.” Murmurou subindo as escadas estreitas que levavam ao andar superior, conhecido como depósito.

Era o paraíso para quem gostava de livros. Caixas e mais caixas cheias de livros, de todos os tamanhos e tipos. Um tipo de sonho para ela, que tinha a si mesma que se pudesse desejar muito alguma coisa, seria um dia ter sua própria livraria e vender seus próprios livros. Sonhos não colocam comida na mesa, Hermione. Repreendeu-se mentalmente utilizando uma das frases famosas de seu pai.

Pegou uma caixa pequena, franzindo a testa. Por que mesmo que alguém leria um livro de Rita Skeeter mesmo? Eram simplesmente horríveis: tinham milhares de fofocas em suas páginas, misturadas com rumores mentirosos e uma péssima escrita.

“Às vezes eu esqueço que a única coisa que as pessoas gostam de verdade é apontar o dedo para as outras e gritar seus defeitos para o mundo” resmungou, tropeçando em uma caixa e deixando tudo cair no chão.

“Droga!” gritou, deixando que sua voz ecoasse.

Abaixou-se para catar tudo, colocando os livros de volta na caixa sem uma ordem aparente. Que Lavender arrumasse tudo depois.