Tears In Heaven. escrita por Ale Brenny


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Bom, é uma oneshot, só pra retomar!
Adoraria receber reviews de quem ler, mesmo que tenha críticas não tão boas sobre a história.
Agradeço desde já!
Para o capítulo sugiro que ouçam a música "You And Me" da banda "Lifehouse":
http://www.youtube.com/watch?v=AM62i1Q_P_0&feature=related



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Paris, 11 de setembro de 1945.


Querida Mônica,


Não quero ser infeliz ao começar esta carta, então bom dia. Bom, aqui onde estou é dia, talvez eu termine esta carta à noite, talvez você a leia a tarde, isso se chegar a lê-la. O que venho lhe contar não é triste, não para você, mas feliz também não é, pelo menos não para mim.

Pelo pouco que sabe sobre mim, logo notará que a minha escrita não é das melhores.

Queria começar citando o momento que certamente marcou minha vida, pois se ele não existisse, não existiria nada dentro de mim. Minha vida teria sido diferente e eu gosto dela do jeito que está.

Desde o primeiro dia em que olhei dentro de seus olhos castanhos, que estavam vidrados nas bonecas com quem você brincava enquanto eu me divertia no balanço, nunca mais consegui me apaixonar por outro alguém, era você. Na época eu nem ao menos sabia que aquela agonia vinda do fundo do meu peito, fazendo-me querer chorar, era chamada de amorrz. Desculpe a rasura, eu quis dizer amor.

A minha má caligrafia se deve também a esta estrada pela qual estou passando, é uma via de mão única um tanto quanto esburacada entre duas enormes florestas com árvores muito altas. Se não sabe, estou voltando à Paris, a guerra enfim está terminada. E estou vivo! E já estou cansado de ficar sentado.

Mas estou fugindo do assunto e essa não era a minha intenção.

O que realmente tenho a dizer é que o amor perdurou. Ele é forte, mas dessa vez apunhala-me com tanta força que sou incapaz de descrever a dor. Soube que está noiva. Deve ser um sonho não? Afinal, você está casando com aquele que você sempre amou.

Não pense que estou completamente mal com isso, sabes que estou, mas também tive meus momentos de felicidade.

Já éramos jovens, você estava sofrendo pelo homem que agora vai casar. Encontramo-nos no parque, estava nevando. Eu olhei novamente em seus olhos e algo me disse para ir até você. Fui. E falei:

“Olha, você não precisa se sentir assim.”

“Eu estou ótima para a sua informação, Do Contra. Não preciso de sua ajuda.”

Você nunca foi uma pessoa muito pacífica, risos.

“Eu sei que você não está. Mônica, você não precisa sofrer assim, você merece alguém que te dê valor, alguém que te ame de verdade”.

Se fosse para escolher algum poder, naquela hora eu desejaria ler mentes, para ver o que pensou quando entrelacei meus dedos em seu cabelo e logo que pousei minha mão em seu rosto, você me beijou. Eu correspondi é claro, não era tolo. Mas estava errado.

Você era apaixonada por outro e eu não queria tê-la desse jeito.

Estou tendo certa dificuldade para escrever esta carta, confesso. Esta farda me incomoda. Este sentimento me incomoda... Na verdade, acho que é ele que está fazendo a farda me parecer estranha. Se eu apenas não tivesse partido, bom, isso não adiantaria muita coisa, a única diferença é que eu poderia ter ficado perto de ti e ter lutado por você, pelo seu amor.

Você algum dia teve os mesmos sentimentos por mim como pelo Cebola?

Está em itálico, eu sei. Porém não foi algo dito, mas sim algo que deveria ter sido. É estranho escrever para você, eu desejaria te contar tudo pessoalmente, mas já não posso. Na verdade, nunca pude.

A maioria dos sentimentos agora eu tento ignorar, pois a vontade que tenho é de gritar e depois chorar até não ter mais lágrimas.

Se você me perguntasse se é certo dedicar tanto seu amor a alguém que nem sequer deve saber mais meu nome? É só isso que me mantém vivo, eu responderia.

Se outra chance fosse me dada, eu desejaria olhar para ti, ver o seu sorriso e beijá-la com a maior alegria que meu ser tem a oferecer. Eu a aqueceria com um abraço. Secaria suas lágrimas. Passaria fome. Arrastar-me-ia. Não há nada que eu não faria para fazer você sentir o meu amor.

Com todo o meu carinho, Do Contra.

Ao terminar de ler a carta, caí aos pedaços e de joelhos na grama molhada. Um abraço confortou-me, era de Cebola. Ele não disse sequer uma palavra, só secou algumas de minhas lágrimas que insistiam em deixar meu rosto molhado. Tinha chovido naquela manhã, mas agora o sol era radiante.

Diante de mim estava na lápide:

Do Contra

n. 09-01-1920

f. 11-09-1945

R.I.P

Do Contra havia morrido no mesmo dia que me escreveu a carta. De acordo com os médicos que o atenderam, ela estava em seu bolso do lado esquerdo do peito, mas continha manchas de sangue.

Um vento frio passou pelo meu corpo tirando os fios de cabelo de meu rosto de limpando minhas lágrimas.

Algo me fez olhar para o céu. Ele estava limpo e azul.

Requiescat in pace”.



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Notas finais do capítulo

FIM!
Espero que tenham gostado, beijos!