Você Me Faz Sorrir escrita por Chrysanthemum


Capítulo 2
Um bom plano do destino


Notas iniciais do capítulo

Bem, essa é a segunda e ultima parte ^^
Espero que tenha sido agradável toda a leitura!
Dito isso, peço que leiam carinhosamente ♥



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Um mês se passou e, a cada dia, o frio aumentava mais. Já era noite naquela segunda-feira quando por toda a casa dos Shiroyama o som da campainha pôde ser ouvido. Yuu, que estava abrigado sob um grosso edredom, franziu seu nariz que tinha a ponta muito vermelha e gemendo levantou-se para atender a porta. Do lado de fora encontrou um Kouyou que se encolhia no casaco para se proteger do vento frio.



— Oi. — Cumprimentou com sua voz um pouco fanha, abrindo espaço para que o amigo entrasse.



— Então você está gripado? — Kouyou perguntou enquanto se abaixava para tirar os sapatos no genkan.



Yuu sorriu de lado e tornou a fechar a porta. — Estou. — Assim passou pelo loiro seguindo novamente para o sofá, para debaixo de seu edredom.



Kouyou o seguiu e se sentou sobre o tampo da pequena mesa de centro, ficando assim de frente para Yuu. — Eu fiquei preocupado por você não ter ido à aula.



Yuu sorriu e desligou a televisão, já que, com Kouyou em sua frente, não conseguiria assistir o dorama. — Tive febre hoje cedo, minha mãe ficou preocupada e não me deixou ir, mas não acho que meu estado seja tão ruim, amanhã já estou novo em folha.



— Assim espero, porque, acredite, é horrível ficar sozinho com o casal. — Yuu riu. Ainda achava incrível ver Kouyou fazendo piadinhas, ainda que a maioria fosse bem sarcástica.



Ele realmente mudara desde que o conheceu.



— Admite de vez que você sente minha falta. — Soou divertido e esticou um pé para cutucar o maior.



Kouyou negou fracamente e segurou o pé de Yuu começando uma massagem suave. — E porque eu sentiria sua falta? — Perguntou com uma sobrancelha erguida. — Eu me virei bem toda a vida sem você.



Yuu ergueu uma sobrancelha com o comentário, mas acabou por rir e girar os olhos antes de soar divertido: — Cuidado com as palavras, Kouyou, um dia você ainda vai me magoar.



Mas Kouyou sorriu, como era tão raro de acontecer, e, ainda massageando o pé do amigo, ergueu os olhos, mirando diretamente os orbes negros. — Eu só brinco assim porque sei que você sabe que não é verdade.



O moreno sorriu com isso e se permitiu continuar naquela troca de olhares durante algum tempo antes que puxasse o pé de volta e se erguesse. — Bem, estou com fome, você cozinha pra mim?



— Se você quiser morrer de vez, tudo bem. — Ambos riram e se encaminharam para a cozinha.



E, mesmo dizendo que não sabia cozinhar, Kouyou se virava bem na cozinha. Assim começou a preparar o jantar de Yuu, e o moreno amava observá-lo nesses momentos, fitando as costas esguias, o modo como o maior se movia, como interagia bem com aquele ambiente. Passou minutos o observando assim, em silêncio, mas em algum momento, sem que ao menos notasse, acabou se levantando e o abraçando por trás.



Kouyou parou o que fazia por um momento, sentindo os braços quentes que o circulavam, a cabeça que pousava em seu ombro e o corpo menor que se encostava ao seu. — Carente? — Perguntou enquanto voltava a cortar alguns legumes, mas Yuu não respondeu.



Porque se sentia infinitamente bem ali, como se, no calor daquele corpo, se escondesse de tudo de ruim do mundo. Era confortável tanto a forma, o cheiro e, até mesmo, a textura que achava em Kouyou. Talvez pudesse até parecer estranho que agisse assim, poderia parecer carência excessiva ou algo do tipo, mas não importava de verdade. Não quando seus pensamentos se entorpeciam tanto ao contato daquele delicado amplexo.



Ficaram assim durante um longo tempo, até que, se sentindo preso demais por aquele abraço, Kouyou parou o que fazia e se virou ficando de frente para o moreno, fitando seus olhos que sempre lhe encantavam de alguma forma e, naquele momento, Kouyou soube que aquilo que tinham não era só uma amizade convencional. Ergueu uma mão e acariciou o rosto de Yuu, sentindo seus contornos, admirando sua beleza e o mais velho sorriu, exatamente daquele jeito que congelava algo em seu peito.



E no fim não se incomodava realmente em tê-lo assim tão próximo, talvez até gostasse e isso explicaria o sentimento morno que embalava seu peito ao olhá-lo tão… amável em seus braços. Isso parecia estranho, ao mesmo tempo em que extremamente certo.



— Eu já disse que podia ficar o dia inteiro te abraçando assim? — Yuu perguntou e o loiro sorriu de viés.



— Você disse sim, mas depois disse que não falaria mais. — Comentou fazendo Yuu rir soprado.



— Mas você não se incomoda de verdade, não é? — Dizendo isso estreitou mais o abraço fazendo com que seus rostos ficassem muito próximos.



Kouyou o encarou seriamente nesse momento, não entendia bem o que se passava por detrás dos lindos ônix de Yuu naquele momento e isso lhe dava certa insegurança. Mesmo assim rendeu-se a sua vontade no momento e, contornando mais uma vez os traços de Yuu com seus dedos, deixou um beijo leve sobre sua bochecha.



— Não, não me importo, mas agora me deixa terminar de cozinhar.



Yuu assentiu ainda registrando a textura dos lábios de Kouyou contra sua pele, e se afastou voltando a se sentar à mesa.



***


Depois daquela segunda-feira algo mudou no relacionamento de Yuu e Kouyou, e essa mudança era perceptível a qualquer pessoa mais atenta. Os toques não eram mais eventuais, mas sim propositais, palavras de carinho que trocavam por meio de brincadeiras e nem ao menos percebiam. Sempre juntos, sempre próximos, sempre ao alcance um do outro… E Kazuki e Hiroto torciam para que os dois percebessem logo o que acontecia ali.



Porém não era tão simples.



Era incrível a capacidade dos dois de não perceber o óbvio e isso se arrastou por semanas a fio, até que cansado demais para esperar – e impulsivo como todo bom leonino – Kazuki se aproximou de Yuu para que conversassem sozinhos. Sentaram-se em um banco qualquer que ficasse afastado de onde se encontravam normalmente e Kazuki não se demorou em começar:



— Yuu, seja sincero, o que você sente por Kouyou? — Kazuki disse diretamente, mas, pela careta que o mais velho fez, logo percebeu que havia sido direto demais. — Digo, não sei se notou, mas, sabe, você e Kouyou, bem, se parecem com um casal às vezes. — E outra vez parecia que não havia escolhido bem as palavras, gemeu frustrado e se ajeitou no banco esperando levar um sermão do mais velho.



Mas Yuu só suspirou e negou em um maneio lento. — Eu gosto de Kouyou, bem, e já percebi isso há algumas semanas, mas não é como se fosse fácil fazer com que ele note isso e, sei lá Kazuki, não me parece que Kouyou gostaria de saber algo assim. — Dizia aparentando certa dificuldade em se expressar.



Mas Kazuki sorriu com essa resposta, não esperava que o amigo se abrisse tão rápido, porém entendeu que talvez Yuu já quisesse se abrir com alguém há algum tempo. — Nii-san… Eu acho que vocês dois se gostam “assim”, só não perceberam ainda… Quer dizer, você percebeu, mas Kouyou não, bem, entende o que eu quero dizer? — Yuu sorriu pequeno e assentiu. — Talvez ele só precise de algo mais direto para entender isso.



— Mais direto como?



— Ah, você pode tentar dizer o que sente ou bolar alguma situação onde vocês acabem se beijando ou algo assim. Eu sou péssimo em pensar nas coisas, normalmente sou muito impulsivo e acabo nunca seguindo planos. — Confessou sem jeito fazendo o mais velho rir. — Mas você é mais ponderado, deve conseguir uma solução.



Yuu assentiu displicente. — Bem, mas não acho que eu deva ficar bolando planos… Acredito que quando algo tem que acontecer acontece, o momento certo acaba aparecendo e acreditar nisso faz com que eu não acabe me metendo em qualquer furada.



Kazuki deu de ombros e se ergueu animado. — Faça como achar melhor, eu só desejo que você possa ser feliz.



O moreno sorriu e também se ergueu, assim foram atrás dos outros dois. Porém, quando passavam perto de um lugar mais vazio do campus viram Kouyou e uma garota qualquer conversando de um modo muito suspeito. Yuu mordeu o lábio inferior e ergueu uma sobrancelha parando de andar, fazendo com que Kazuki o imitasse.



— Aquele é realmente Kouyou? — O mais novo perguntou.



Yuu só pôde assentir.



Ficaram ali durante pouquíssimos minutos, não o suficiente para que Kouyou os notasse, mas o suficiente para que vissem o loiro tomar o primeiro passo para beijar a garota. Yuu respirou fundo e, segurando Kazuki pelo braço, se afastou dali.



— Nii-san, você deveria ir até lá! — Kazuki tentou protestar mais Yuu bufou em resposta.



— E dizer o que Kazuki? — Parou de andar encarando seriamente qualquer ponto no chão. — Eu sou um amigo de Kouyou, seria extremamente desagradável para nós dois se eu fizesse algo assim.



Com isso, foram até Hiroto, mas Yuu não falou mais com ninguém naquele dia e no fim da aula não esperou qualquer um deles para que fosse embora.




***



O restante daquela semana se desenrolou em dias tensos onde o silêncio e introspecção de Yuu eram capazes de incomodar extremamente a todos eles, não que o moreno parecesse se importar com isso. Yuu, quando estava com eles, só se fechava com aquela aura taciturna e não conversava ou sorria, e isso se estendeu até a semana seguinte, quando, em uma brincadeira, Kouyou se voltou para o moreno e disse:



— Se é pra ficar calado, porque você ainda está vindo ficar com a gente? — Seu tom foi divertido, em seu rosto ele trazia um sorriso encorajador, para o loiro aquilo era um incentivo para que Yuu falasse, mas para o mais velho aquilo foi o suficiente para que se erguesse e se afastasse sem olhar para trás.



E naquele momento Kouyou entendeu que qualquer que fosse o problema era com ele e que sua brincadeira talvez só houvesse piorado as coisas. Pensando nisso todo seu rosto se tornou uma máscara dura de seriedade e, se levantando, foi atrás do amigo sem dizer nada.



Kazuki e Hiroto somente se entreolharam, desconfortáveis com tudo aquilo.




Kouyou andou pelo campus com passos largos, sabia o lugar mais provável onde Yuu poderia estar e queria resolver aquilo o mais rápido possível. E como já imaginava, o encontrou no lugar mais afastado de todo o campus, em um banco com vista para o estacionamento. Era típico de Yuu querer se isolar totalmente quando não estava bem, algo com não querer dividir suas preocupações com os outros. E isso fazia com que se sentisse culpado pela brincadeira.



Aproximou-se cauteloso e ficou algum tempo parado as costas do moreno só observando sua silhueta, pensando no que poderia dizer, mas nada parecia muito bom. Por fim suspirou e dando um passo a frente resvalou os dedos pelos fios negros de Yuu, mas isso fez com que ele se levantasse, afastando-se do toque.



Olharam-se diretamente durante algum tempo, até que Yuu rompesse o contato para tentar se afastar, mas Kouyou o segurou firmemente pelo pulso.



— O que aconteceu? — Perguntou se colocando na frente do mais velho.



Yuu suspirou e sentindo-se desconfortável tentou se soltar, mas isso fez com que Kouyou o segurasse com mais força. — Não quero conversar. — Soou chateado e tentou se soltar outra vez, mas sem sucesso.



— Vamos Yuu, você está assim desde semana passada… O que aconteceu? — Pediu outra vez buscando o olhar de Yuu que insistia em desviar.



— Eu não sou obrigado a te dizer, agora me deixa.



Kouyou respirou fundo com aquela resposta e, em uma tentativa diferente, se adiantou para abraçar o corpo menor. Isso fez com que Yuu se retesasse e tentasse afastar o contato, mas Kouyou não cederia. — Eu te fiz alguma coisa? — Perguntou contra a orelha do moreno e isso fez com que ele parasse de se debater.



— Kouyou, eu não quero falar sobre isso. — Yuu disse em um suspiro contra o ombro do maior. — Eu vou ficar melhor, não precisa ficar insistindo nisso.



— Mas eu me preocupo com você. — Kouyou disse e se afastou um pouco ao notar que Yuu não parecia resistir mais.



Yuu olhou diretamente nos olhos de Kouyou e sabia que a preocupação dele era verdadeira, sabia que talvez estivesse sendo um pouco infantil, mas estava tentando lidar com a idéia de que Kouyou não gostava de si como gostava dele.



E isso era muito, muito doloroso.



— Eu não quero que se preocupe… Você com certeza deve ter qualquer coisa melhor para fazer. — Dizendo isso se livrou do abraço e deu um passo para trás.



Kouyou girou os olhos e bufou exasperado. — Yuu, eu não tenho paciência com isso. Eu definitivamente não vou adivinhar o que está acontecendo com você, então você podia simplesmente dizer. Você nunca deixou de me contar nada.



— Nada que não tivesse haver com você! — Yuu se alterou, mas respirou fundo logo a seguir. — Eu só não quero dizer, é meu direito, e outra que seria extremamente desagradável para nós dois se eu dissesse. Agora só me deixa em paz.



Dizendo isso Yuu deu as costas para o loiro e tentou se afastar, mas Kouyou o puxou outra vez e olhando tão sério como nunca para o mais velho tentou ler o que quer que estivesse por trás daquela expressão magoada, mas não conseguia.



Yuu, sempre tão oposto a si.



— Eu não vou te deixar em paz. Não quer me dizer, tudo bem, mas eu não vou deixar que você se afaste assim. — Com essas palavras se aproximou outra vez e, parecendo indeciso, segurou o rosto de Yuu fazendo com que se olhassem de muito perto. — Somos amigos, você não pode simplesmente me descartar assim e achar que está tudo bem.



Yuu inalou profundamente, sentindo o cheiro de Kouyou tão próximo a si. — O problema é que, pra mim, não somos “só amigos” há muito tempo. — E com essas palavras puxou Kouyou pela nuca, unindo seus lábios com agressividade.



E não foi um beijo romântico e apaixonado, mas foi feroz e esclarecedor. Enquanto se beijavam, em uma verdadeira briga por espaço, tudo se clareava. Yuu parecia finalmente estar no lugar certo, e Kouyou percebeu, quase enlevado por todo o quadro, que aquilo era muito melhor do que só abraçar Yuu ou afirmar possessivamente que eram amigos.



Assim, logo as mãos achavam descanso no corpo um do outro e o espaço entre eles diminuía. Um carinho forte e único fluía entre eles e não importava mais todo o resto. Naquele momento mágoa ou irritação se perderam como em uma névoa, dúvidas eram esclarecidas e certeza era como um bálsamo.



Quando se afastaram, com os lábios vermelhos pela força do beijo, olharam-se como se ali se enxergassem a primeira vez. Yuu ofegante e surpreso consigo mesmo, sentia o coração descompassado e seus olhos não podiam piscar esperando por qualquer reação de Kouyou. Mas o loiro estava atordoado, seus pequenos lábios entreabertos diziam o quanto estava surpreso, porém foi ele quem segurou o rosto de Yuu e em um ato mais tranquilo voltou a unir os lábios.



Houve um carinho manso desta vez, suave e aconchegante. Certo como nunca pareceria ser antes. E Yuu não teve opção senão se abandonar ali, totalmente entregue a vontade dócil do sempre sério Kouyou. Eram finalmente um, eram finalmente certos, eram finalmente completos.



***



— Espera… — Kazuki olhava diretamente para os dois amigos sentados em sua frente. — Então vocês dois estão namorando?



Kouyou girou os olhos e Yuu riu.



— Bem, sim. — O moreno respondeu paciente.



— Finalmente! — Hiroto e Kazuki gritaram quase ao mesmo tempo. — Sério, eu pensei que vocês nunca iriam se resolver. — Hiroto continuou em tom de troça.



Yuu riu outra vez, mas Kouyou só fingiu não dar atenção. Estavam felizes e, mesmo todas as brincadeiras dos amigos, não tiraria aquilo deles.



E Yuu podia não acreditar em coincidências, mas com certeza tinha que admitir que o destino fez um bom plano em seu caminho.




[Fim]



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Notas finais do capítulo

Foi curtinha, mas escrevi em um lapso que tive depois de algum tempo sem escrever. Bem, e apesar que eu pareça nova por aqui, escrevo já há algum tempo, e seria interessante se alguém percebesse quem eu sou só por minha escrita XD
Mas não se esforcem nisso! E àqueles que acompanharam eu agradeço muuuito, os reviews me deixaram feliz!
Assim, me despeço: até uma próxima fic =*
Reviews?!