E Eu Vos Declaro... escrita por mulleriana, Nina Guglielmelli


Capítulo 10
A primeira briga




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BPOV


- Edward, você sabe que horas são? – Eu cruzei os braços em pé ao lado da cama, já vestida, enquanto ele fingia estar dormindo. O idiota não respondeu, e eu gritei seu nome outra vez. – Edward! Caso você ainda não esteja acostumado, você precisa trabalhar. Lembra? – Eu continuei, e ele apenas virou na cama, resmungando. – Suas desculpas para chegar atrasado estão acabando!

Ele não se moveu um centímetro a mais, relaxando o corpo no colchão. Eu podia ver suas costas subindo e descendo com sua respiração pesada, mas o resto de seu corpo nu estava coberto pelo lençol. Eu não vou ser hipócrita e dizer que vê-lo assim era uma visão terrível, mas me irritava por saber que ele estava fazendo aquilo apenas para me incomodar. Não, nós não tivemos nada desde que voltamos do Rio. Nem mesmo um beijo ou qualquer recaída. Ele não tentaria nada depois de receber um chute tão bem dado, e eu estava irritada demais com suas provocações ridículas para sentir falta de nossas transas.

Já fazia algumas semanas desde que nos mudamos para aquele apartamento, e todas as noites eu precisava lidar com Edward “à vontade” ao meu lado. E ele realmente acreditava que isso era um passo para quebrarmos o trato de vez.

A única hora pior do dia, além de quando íamos dormir, eram as refeições. Ele sempre insistia em roubar comida do meu prato como uma criança, ou discordava propositalmente do que eu propunha. E, sim, como nenhum de nós dois cozinhava, havia mais uma briga para saber quem sairia e compraria o jantar. Nós comíamos ao som de suas reclamações sobre o novo emprego – Edward agora era o mais novo e dedicado vendedor da loja de decorações de sua tia - e então brigávamos para saber quem tomaria banho primeiro. Um verdadeiro inferno.

- É só a Esme. – Ele finalmente disse, com a cara no travesseiro.

Revirei os olhos e bati os pés até a cozinha. Eu precisava fazer tudo pra aquela merda de plano funcionar!

Despreocupadamente, enchi um copo com água da torneira e voltei para o quarto, assobiando uma música qualquer. Para minha sorte, ele voltara para a outra posição, com o rosto à mostra. Eu sorri e parei com a música, virando a água lentamente para seu rosto. Ele fez uma careta assustada e pulou sentado, passando as mãos pelo rosto.

- Você fica cada dia mais maluca! – Gritou.

- Você tem 10 minutos antes da sua carona chegar. – Anunciei, entediada, e saí do quarto.

Meu cavalete estava preparado no meio da sala, e a tela apoiada nele já continha alguns rabiscos, mesmo que eu ainda não soubesse o que seria. Eu devolvi o copo na pia e me sentei, respirando fundo para voltar a me concentrar. Outras pinturas ainda molhadas descansavam ao meu redor, e eu estava no céu.

Peguei o lápis mais grosso que encontrei no meu estojo e continuei a contornar as linhas. Minhas sobrancelhas se franziram automaticamente conforme eu tentava encontrar coerência no esboço – era assim que saiam minhas melhores pinturas, de linhas perdidas. Mais um pequeno círculo e eu identifiquei o que poderia ser um rosto feminino. Sorri com tal descoberta. O lápis se movia sozinho em meus dedos.

Eu subi um pouco, dando-lhe grandes olhos expressivos. Estava pronta para que a figura ganhasse um longo cabelo ondulado também, quando um barulho atrás de mim me atrapalhou.

Eu virei no banquinho e vi Edward já vestido, mexendo nos armários da cozinha. – O que você quer aí? – Perguntei.

- Estou com fome. – Ele rebateu.

- Você teria tempo para comer se acordasse mais cedo.

- Escuta, por que você não cuida da sua vida que eu... – Ele falou enquanto virava para me olhar, e então parou, franzindo a testa. – Bella, que porra toda é essa?

- O que? – Eu olhei para mim mesma, sem entender.

- Essa imundice! – Ele andou até perto de mim, apontando para as manchas coloridas de tinta no chão. – Eu não me lembro de você fazer isso na sua antiga casa!

- Normalmente eu forro com jornal. – Dei os ombros. – Mas, bom, não tinha. E eu queria pintar. Tanto faz, esse chão era muito sem graça mesmo.

- Ah, é? – Ele riu, irritado. – Por que só o chão? Por que você não aproveita e joga tinta pela casa toda?

Eu dei os ombros, pensativa, e peguei um pincel recém-usado apoiado no cavalete. Estiquei em sua direção e bati o polegar na ponta, fazendo seu rosto se encher de pequenas pintas azuis. Ele fechou os olhos e respirou fundo.

- Vai ficar realmente lindo. – Eu sorri.

- Bella, a minha paciência também tem limite. – Ele ameaçou, e eu gargalhei em resposta.

Minha risada o irritou ainda mais, eu pude ver em seus olhos. Fingindo estar totalmente controlado, ele pegou um pincel do estojo e mergulhou no pote de tinta vermelha próximo a mim, fazendo um longo risco do meu pescoço até o final da minha camiseta branca.

- Então, o que? – Eu provoquei, divertida. – Você está tentando provocar briga com uma artista enchendo-a de tinta?

- Não. – Ele respondeu com um sorriso, pegando o pequeno pote nas mãos e andando até a janela aberta. – Eu estou provocando briga com a artista destruindo suas tintas.

Eu observei indignada enquanto ele, ainda retribuindo meu olhar, virava o pote e despejava toda a tinta para o lado de fora da janela. Ele esperou até que a última gota caísse. Poderia parecer algo pequeno, mas aquele ato era realmente um insulto para mim. Um insulto gravíssimo.

Edward começou a rir, saindo de seu semblante cheio de raiva, e eu desci do banquinho onde estava sentada para pegar outro pote em mãos. – Pra que desperdiçar, Edward? Você não queria que eu pintasse o apartamento inteiro? Vamos lá! – Eu abri a tampa do pote verde e despejei tudo no piso da sala, esfregando com meus próprios pés descalços.

Ele apenas arregalou os olhos, incerto do que fazer; como Alice dissera, Edward tinha essa obsessão que não combinava com ele: Odiava ambientes sujos e desorganizados. Ele podia ser um vagabundo inútil, mas só se entregava ao ócio em lugares dignos de sua herança milionária. Um mauricinho filho da puta, era isso que ele era.

Eu joguei outras cores no chão e continuei a misturar – e, acreditem, aquilo não era nada incômodo pra mim. Ele tentou se aproximar e me parar, prestes a ter uma síncope com tanta sujeira, mas assim que chegou perto demais conseguiu apenas um grande punhado de tinta na cara. Eu gritei quando ele segurou meus braços, e minha tentativa de me soltar acabou nos derrubando em cima das tintas ainda molhadas.

Edward levantou, realmente irritado, mas eu escorreguei ao tentar imitá-lo.

- Para com isso! Esse lugar tá nojento! – Ele reclamou, e eu bufei. - Todas essas coisas estavam no outro quarto. Não estavam? Você devia estar pintando lá! Eu não preciso viver nesse seu mundo sujo!

- Isso não é sujeira! – Eu rebati, finalmente me colocando de pé. – Isso é arte! E você realmente não entende!

- Não, não entendo, e não quero entender. Eu não quero entender nada que venha de você. – Nós nos encaramos em silêncio, e ele continuou. – E aí? Você vai fazer o que? Me ameaçar? Contar pros meus tios? Matar meu gato? – Ele riu. – Não tente agir como a vilã da história, Bella. Você não coloca medo em ninguém.

- O que deu em você hoje? – Eu franzi a testa, ofendida.

- O que? Você achava que eu me divertia com as nossas briguinhas? Eu só cansei, Bella! Cansei das suas maluquices! Eu não sei mais se vale a pena continuar nesse plano, ou se eu vou pirar junto com você! Tipo, você acha mesmo algo normal pintar no meio da sala e sujar tudo? Ou... Ou... Ter uma cobra? Que porra de pessoa no mundo tem uma cobra?

- Eu! – Gritei, a ponto de chorar.

- Exatamente! – Ele arregalou os olhos verdes para mim, abrindo os braços. – Eu não sei lidar com você. Eu nunca soube! Nós temos quase um mês de casados e eu não aguento mais morar com você!

- Acho que nós dois sabíamos que isso seria insuportável. – Ralhei.

- É pior, Bella. Muito pior! Eu tenho vontade de sair correndo daqui logo quando eu acordo e olho pra sua cara, pras suas roupas de hippie maluca e o banheiro lotado com as suas coisas, tipo, você nem tem pele suficiente pra tanto creme! E a sua cobra, puta merda, como eu odeio a sua cobra! – Ele gritou, segurando a ponte do nariz.

- Eu sei, você já mencionou isso. – Eu respondi, irônica, sentindo o sangue subir por meu rosto. – E o que me diz de você? Você acha que é incrível dividir um apartamento com você? – Eu ri no final da frase, colocando as mãos na cintura. – Edward, existe uma coisa chamada pijama, se ninguém nunca te contou. E uma melhor ainda, que apelidaram de lava-louça. Você odeia que a casa fique suja, mas não move um dedo pra limpar!

- Bella, louça suja dentro da pia não é sujeira. Sujeira é essa imundice que você insiste em juntar e chamar de trabalho!

- Ao menos eu tenho alguma merda pra chamar de trabalho! O que me diz de você? – Eu gritei de volta, ficando mais perto dele. – Você tem inveja porque não tem um único talento na vida além de comer um monte de puta!

- Pois saiba que você está nessa lista! – Edward ergueu as sobrancelhas, realmente tentando me ofender com aquilo.

- Você é o cara mais nojento que eu já conheci na minha vida! Eu não acredito que aceitei me casar com você! Nenhum dinheiro no mundo vale isso!

- Você devia agradecer que entrou nesse casamento de mentira, Bella, porque é o único que vai conseguir na vida!

Minhas mãos, fechadas em punho, de repente relaxaram. Eu respirei fundo e desci das pontas dos pés, assentindo.

- Ótimo. Eu já entendi que não está dando certo. Não tem mais casamento, não tem mais dinheiro. – Eu disse calmamente. – Você vai embora daqui.

Acho que ele tentou retrucar enquanto eu andava até nosso quarto, mas não veio atrás de mim. Eu deixei que algumas lágrimas caíssem por meu rosto, apesar de estranhar a chegada delas – eu nunca chorava. Sozinha ou em público, nunca. Não havia razão para suas palavras terem me ofendido tanto, mas junto com sua reação à minha pintura, era algo que eu não podia tolerar. Eu as sequei rapidamente antes de abrir o guarda-roupa e puxar um punhado de suas roupas, jogando tudo sem jeito em cima da cama. As peças que eu tocava rapidamente ficavam manchadas de tinta, mas não me importei.

- Bella, tudo bem, desculpe. Vamos ser racionais. – Ele suspirou enquanto entrava no quarto, mas eu não parei para ouvi-lo. – Nós não podemos desistir agora. Só precisamos entrar em um acordo melhor. Eu sei que nós não convivemos muito bem, mas com um pouco de...

- Cala a boca! – Eu gritei, puxando uma mala da última prateleira do guarda roupa. – Eu já entendi, Edward! Eu sou uma maluca fodida e você não suporta estar no mesmo metro quadrado que eu. Se você não for embora, eu vou!

- E o que você pretende dizer aos meus tios? Aos seus pais? 1 mês, Bella! O que vamos dizer para eles se nos divorciarmos agora?

- Que tal a verdade? – Eu grunhi enquanto jogava suas roupas dentro da mala.

- Se você contar que eu forjei um casamento, nunca mais vou conseguir meu dinheiro!

Eu parei tudo o que fazia ao pensar no assunto, suspirando e fechando meus olhos ainda úmidos. – Eu não posso voltar pra casa. Não posso. Eu finalmente saí de lá, eu... – Ergui o rosto enquanto falava comigo mesma, vendo um Edward esperançoso e arrependido. – Nós precisamos mudar. Precisamos... Aprender a conviver um com o outro. Calmamente.

- Se isso nos colocar de volta no plano, eu topo. – Sorriu.

- Eu não consigo olhar pra sua cara agora. – Completei, ignorando o que ele disse. – Vai logo pro trabalho, e vamos decidir isso com mais calma. E... – Ele estava prestes a sair, mas parou. – Eu preciso de você fora hoje à noite.

- Por que?

- Isso não é da sua conta, seu imbecil. – Eu respondi, irritada. – Só saia de casa. Liga pro Emmett, eu sei lá. Eu quero você longe daqui.

- Você vai ter um encontro? – Ele cerrou os olhos.

- O que? Eu não posso?

- Pode, é só... A gente se dava bem, sabe? – Ele deu os ombros, receoso. – Você não precisa procurar outro cara se quer...

- Qualquer cara que eu encontrar vai ser melhor do que você. – Eu mal esperei que ele terminasse sua frase para responder. – Você está avisado.

(...)

Limpar toda a tinta do chão e das roupas de Edward foi algo que realmente doeu. Tinta não é algo que se limpa – ela pode ser bem arrumada em qualquer lugar e se tornar algo lindo, é o que eu sempre digo. Mas eu estava irritada demais para voltar a pintar, e precisava me livrar de toda aquela sujeira antes que nossa empregada chegasse e eu não soubesse explicar o que fizemos. Leah era a sobrinha de Sue, jovem e acho que inexperiente, mas ajudava com tarefas domésticas que eu me recusava a fazer. E, ao contrário do filho da puta do meu marido, não se importava com Mimosa e elogiava meus desenhos ao invés de reclamar.

Eu só saí de casa para meu encontro perto das 7 da noite, e Edward ainda não havia chegado. Minha carona estava me esperando pontualmente – algo que Edward nunca fizera. Sim, eu estava comparando, e cada vez mais percebia o erro que cometi ao simplesmente falar com aquele desgraçado alguma vez.

Entrei no carro, e o motorista sorriu pra mim, mais bonito do que eu me lembrava. – Olá, linda.

- Oi, Jacob. – Cumprimentei, recebendo um beijo em minha bochecha.

Eu conhecera Jacob na mesma semana durante um almoço com Alice; ele me convidou para sair, e eu aceitei imediatamente. Eu deveria ter medo de aceitar convites para jantar de caras que conheço em restaurantes, depois da primeira experiência. Mas Jacob realmente parecia um cara bacana pelo pouco que conversamos, e pior do que me pedir em casamento ele não poderia fazer. Eu não planejava nada sério, de qualquer forma.

Ele me levou a um lugar realmente lindo, e não hesitou em pedir os pratos mais caros. Eu sabia que ele estava tentando me impressionar da maneira mais clichê possível, mas eu não podia reclamar.

- Então, você nunca me contou... Com o que trabalha? – Sorri, apoiando os talheres em meu prato já vazio.

- Eu ainda não trabalho, na verdade. Estou no último ano do curso de Direito. – Ele arrumou o paletó, cheio de si. – Pretendo trabalhar com meu pai ano que vem.

Sei. Então aquele carro e toda essa grana vêm do bolso do papai? – Parece ótimo. – Respondi.

- E quanto a você? – Ele quis saber.

- Eu sou formada em Artes, mas ganho muito pouco com isso, ainda. – Admiti.

- É mesmo, você pinta? Eu adoraria ver.

Eu, que estava um pouco distraída com a conversa entediante, arregalei os olhos na mesma hora. – Adoraria? Jura?

- É claro, eu adoro artes, Bella. Não exatamente pintura, sou mais fã de artes plásticas, mas aposto que seus trabalhos são ótimos.

- Isso é... Uau, Jacob! E eu adoraria mostrá-los! Eu me mudei recentemente, e a maioria ainda está na casa dos meus pais, mas eu tenho alguns que acabei de fazer e...

- Tudo bem, Bella, acalme-se. – Ele riu, erguendo a mão e indicando para o garçom que queria a conta. – Você não ouve isso com muita frequência, não é?

- Não exatamente. Meus pais...

- Não apoiam, eu imaginei. Eles só vão entender o quanto um talento como esse é precioso quando começar a dar dinheiro. – Jacob explicou com um sorriso, e eu me senti derretendo por dentro. – É assim com a maioria das profissões, acredite. Pronta para ir pra casa?

Ele pagou nosso jantar e deixou uma ótima gorjeta em cima da mesa. Eu praticamente saltitei para o carro, e então durante o trajeto, tagarelando com ele sobre as matérias favoritas que tive durante a faculdade e os trabalhos que mais tinha orgulho. Jacob estacionou na frente do prédio, e eu ainda estava falando quando entramos no elevador.

- Desculpe, eu falo demais sobre mim, não é? – Apoiei as costas no espelho com uma careta.

- Eu gosto de ouvir sobre você. E de olhar pra você. – Ele ruborizou um pouco sob a pele morena. – Você é bonita. Suas roupas são bonitas.

Eu olhei para baixo, para o vestido colorido e meus saltos escuros, e lembrei das palavras de Edward. – Você não me acha uma hippie maluca? – Ri, sem jeito.

- Eu acho você... Única.

Eu o encarei por mais alguns segundos, analisando seu rosto alegre, e então me joguei para ele, comovida com suas palavras. Eu o beijei, e ele rapidamente retribuiu, apertando suas mãos em torno da minha cintura. Nós sentimos o elevador parar e fui guiada para fora; no corredor, eu o puxei para o meu apartamento, mal percebendo algo de estranho na porta destrancada.

Nós entramos e, ainda agarrada a Jacob, deixei que ele tentasse encontrar o fecho do vestido nas minhas costas. Por pouco não ouço o som conhecido de um pigarro vindo da copa.

Eu virei o rosto, um pouco ofegante, vendo Edward sentado próximo ao balcão, confortável em sua calça de moletom. Ele sorriu, cínico, comendo um pedaço da pizza quase inteira a sua frente.

Puta merda, ele não tinha ideia de como estava fodido.

Eu me soltei de Jacob imediatamente e tentei limpar o batom borrado, sem saber o que fazer parada ali, entre os dois.

- Boa noite, Bella! – Edward cumprimentou.

Eu respirei fundo antes de tomar qualquer atitude. – Jacob, esse é Edward, meu... Colega de quarto.

- Hm... Oi, Edward. – Ele cumprimentou, constrangido.

- E aí, cara! Vocês querem pizza? – O idiota ofereceu.

- Na verdade, eu só... Gostaria de usar o banheiro. – Jacob murmurou.

- Última porta a esquerda. – Eu respondi, olhando para o chão.

Ele assentiu rapidamente antes de seguir pelo corredor. Eu corri até Edward, dando um tapa no balcão para não bater na sua cara. – O que você está fazendo aqui, seu imbecil? Eu não disse pra você cair fora? – Sussurrei, irritada.

- Você acha mesmo que seu marido ia sair de casa pra você ficar transando com seu amante?

- Edward! – Eu grunhi, me segurando para não gritar. – Você não é meu marido! Você podia muito bem sair e comer outra garota, mas que porra, seu idiota! Por que você insiste em fuder com a minha vida?

- O que você acha que vai acontecer, senhorita esperteza? Vocês começam a namorar, e aí? – Ele ergueu uma sobrancelha.

- Nós não vamos... Argh! Por que você está fazendo isso, hein? Quer brincar de casinha agora?

- Bom, você disse que precisamos aprender a conviver, e eu acho que sair com outras pessoas e chegar bêbado em casa não é um grande passo. – Ele sussurrou de volta.

- Não! O melhor passo de todos é você parar de assistir terapia de casais na televisão!

Nós ouvimos Jacob voltando e paramos a conversa imediatamente. Ele parou ao meu lado e abriu um sorriso tímido, tão perdido quanto nós sobre o que fazer naquela situação estranha.

- Então... Edward, você tinha que dormir cedo pra trabalhar amanhã, não é? – Eu sorri.

Ele me encarou enquanto mastigava, com uma expressão inocente. – Não.

Eu suspirei e revirei os olhos, me certificando de que Jacob não veria. Ele colocou uma mão em meu ombro carinhosamente, murmurando em minha orelha como se não quisesse que Edward ouvisse. – Eu acho melhor ir embora...

Eu peguei sua mão e o acompanhei até a porta, conversando ainda mais baixo com ele, que já estava do lado de fora. – Sinto muito, Jacob. Mesmo. Eu adorei nossa noite. – Eu disse, me apoiando no lado de dentro da maçaneta.

- Eu também, Bella. Devemos repetir. E... Boa sorte com seu colega de quarto. – Ele fez uma careta.

- Obrigada. Eu realmente preciso. – Eu ri baixinho, me aproximando dele para um beijo de despedida.

- É, você sabe, o cara é mesmo maluco! Como você deixou ele trazer uma cobra pra morar com vocês? Que imbecil!

Eu fui para trás novamente, erguendo uma sobrancelha junto de meu semblante sério. Ele franziu a testa, sem entender, e eu apenas sorri cinicamente. – Quer saber, Jacob? Infelizmente, eu não namoro veteranos. Me liga quando tiver um diploma. – Eu disse, e bati a porta na sua cara.

Eu larguei meus saltos em algum lugar da sala enquanto me arrastava até o sofá. Liguei a TV com um longo suspiro, estiquei os pés até a mesinha de centro, e só então percebi Edward ao meu lado com um prato de pizza e uma garrafa de cerveja.

- Acho que está precisando. – Ele disse, estranhamente amigável.

- Hm... Obrigada. – Eu aceitei, e ele se jogou ao meu lado, na mesma posição. – Você ouviu, não é?

- Sinto muito. – Ele deu os ombros.

- Eu achei que ele fosse legal.

- Se quer uma opinião sincera, você não pode escolher um homem se baseando no quanto ele gosta da sua cobra de estimação. – Ele fez uma careta, e eu ri.

- Ainda bem que você está aqui. Eu teria me arrependido de transar com ele.

Edward me encarou de canto por alguns segundos antes de responder. – Eu só fiquei porque Emmett furou, e eu não tenho um carro. Desculpe ferir seu ego, mas eu não estava tentando “verificar” seu encontro ou algo assim. – Ele indicou as aspas com os dedos.

- Não feriu. – Eu sorri antes de colocar um grande pedaço de pizza na boca.

- O plano ainda está de pé? – Ele ergueu as sobrancelhas.

Eu pensei um pouco antes de responder, assentindo e sorrindo levemente para ele.

- Firme e forte.


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Notas finais do capítulo

Essa sim foi uma briga de verdade! Ninguém merece morar com alguém que tem as manias que você mais odeia... Mas esse encontro fracassado uniu eles um pouquinho (só um pouquinho bem pequenininho mesmo)! E como a Bella anda muito pegadora nessa fic, Edward também precisa ter a vez dele, né não? Olha o teaser aí!
"Eu (quase) esqueci completamente de Emmett nas próximas horas que passei conversando com ela. Fazia tempo que não conhecia alguém tão interessante. Ela não era como as outras garotas, eu quase poderia estar com um velho amigo ali, fã de beisebol, filmes de terror e viciado em cerveja. Lauren me lembrava Bella, mas muito menos maluca. E menos atraente, também, mas quem é que liga pra isso? Conversa vai, conversa vem..."
Mas e aí, Laurens e Jacobs à parte, vocês são Team Edward ou Team Bella? Até semana que vem!